Nas mãos do dono do morro

01

Vanessa

Acordei cedo com uma dor no estômago devido a fome, escovei os dentes, tomei banho gelado já que nem luz tem aqui, ela foi cortada a mas de uma ano, fiz minha necessidades, me arrumei, peguei minha mochila e fui para escola.

Eu só não desmaiei de fome no fds por causa de uma vizinha, ela é uma idosa e amorosa, ela me pediu ajuda e ainda me deu vinte reais, claro que eu recusei, só que ela falou que fazia questão. Escondi o dinheiro para meus pais não pegarem, quando eles saiam eu ia na padaria tomar um café com leite e pão com manteiga.

Encontrei minha amiga Camila na frente do portão me esperando como sempre.

- oi Camil - já fui abraçando ela - preparada para prova ?

- sempre - ela olhou o meu braço - de novo amiga - ela me abraçou forte - eu sinto muito.

Entramos e fizemos a prova, não vou negar que foi difícil fazer a prova com meu estômago reclamando e doendo de fome. Isso eu não contei para Camil, ela já me ajudou muito me dando algumas roupas e sua mochila do ano passado. Eu sofro calada todos os dias, sinto que esse sofrimento nunca vai acabar.

Terminei a prova, entreguei e fiquei ali sentada olhando pela janela vendo os passarinhos voando.

Camil

Todos os dias na escola vejo minha amiga com algum hematoma novo, sinto que cada dia ela está mais magra. Entramos e fomos fazer a prova, claro que eu estudei muito e tenho certeza que acertei todas as questões. Hoje vamos fazer um trabalho lá em casa, e pedi Vanessa para dormir lá né, vou levar ela em casa pegar uma roupa e depois vamos pra minha casa. Claro que eu ainda não contei isso pra ela, decidi hoje quando vi ela machucada de novo. No intervalo ela e eu fomos direto para saída, hoje não teria mais aula por causa de uma reunião de professores.

- amiga, vamos fazer o trabalho hoje lá em casa ! - já falo afirmando - te levo em casa e tu pega uma roupa e vamos.

Ela entrou no carro comigo, fui para sua casa e fiquei em choque quando vi a situação, ela ficou envergonhada e me pediu para ficar no carro esperando.

Vi um casal entrando logo depois dela, ouvi ela gritar e fiquei preocupada, entrei e vi minha amiga jogada no chão chorando, ninguém lá percebeu a minha presença.

- tu vai fazer e pronto - o homem deu um soco deu nela - preciso de grana e tu vai ficar com o cara sim, ele paga bem.

- não vou pai - ela falava chorando - não sou p********a.

Sai ali de dentro e ligue pro meu irmão, ele não atendeu, resolvi liga para Ph .

- oi pirralha

- cadê meu irmão?

- foi fazer um corre pra mim

- preciso da tua ajuda agora

- que foi ? tu tá aonde

- te mando as coordenadas, só vem logo por favor.

Mandei e vi o pai de Vanessa puxando ela pelos cabelos saindo pra fora. Não aguentei e empurrei ele, levei um t**a forte no rosto, quando ia levantar Ph desceu da moto já voando em cima do cara.

Puxei minha amiga para longe, ela estava muito machucada, a mulher só olhava e não fazia nada.

- chega Ph - ele soltou o cara e veio na minha direção, nesse momento Vanessa caiu e por sorte Ph segurou ela - preciso levar ela no postinho.

Ele colocou ela no carro, e saiu atrás de mim, em 20 min estávamos dentro do postinho. Contei o que sabia para Ph, ele só me olhou e quando ia sair o médico chamou.

- responsável da Vanessa ?

- sou a amiga dela.

- preciso de alguém maior de idade.

- fala logo doutor - Ph com raiva - tu sabe quem sou eu né !

Dava para ver o medo nos olhos dele.

- ela está com anemia, pelos exames ela não deve comer quase nada. Ela precisa de uma alimentação balanceada ou pode acabar morrendo de continuar assim.

Vanessa saiu lá de dentro, Ph com seu jeito ogro de ser a puxou para fora.

- quer morrer p***a ? - segurando o rosto dela para obrigar ela a olhar pra ele - ficar sem comer pra ficar magra, tu deve ser louca né !

Vanessa

Sai do quarto e me deparo com minha amiga e um deus grego ao seu lado. Ele me puxou com força até perto do carro de Camil.

- quer morrer p***a ? - ele segurou meu rosto me obrigando a olhar pra ele - ficar sem comer pra ficar magra , tu deve ser louca né !

Fiquei indignada com o que ele falou, me bateu uma raiva enorme.

- não é por isso - o empurrei com a força que ainda tinha - não como porque não tenho comida em casa!

Já fui sentando no chão chorando, minha amiga me abraçou e com a voz doce me fala.

- como assim amiga ?

- meus pais são dois viciados - precisava desabafar - tudo é só pra d***a, depois que meu irmão morreu minha vida virou um inferno, nem luz tem em casa. Agora eles querem me fazer ser p********a pra eles. Eu só quero arrumar um trabalho e sumir daquele lugar.

- quer trabalhar então vai ter - olhei para aquele homem - preciso de alguém cuidando da minha casa, tu sabe fazer isso ?

- sei sim .