Sai de um morro para outro, cheguei no meu apartamento coloquei a minha calça, blusa, colete e bota, distintivo, arma na perna como sempre, desci para o carro que nem coloquei na garagem, fui direto pra a onze, os tiros lá comiam pra todos os lados, o pior é que se vacilar eles se unem contra a polícia. Dependesse de mim, nem vinha, mas o Estado nem pode sonhar que a gente fecha os olhos para isso que acontece, estacionei meu carro, desci me unindo a multidão, tudo é oportunidade para falar m*l de uma mulher por ocupar o cargo que eles queriam, se eles soubessem que eu nem dormi.
Estou vidrada de sono, hoje a cafeteira da delegacia chora, e tudo vai pra corrente sanguínea virando estresse. Mas se querem falar, façam pelas costas, na minha frente me respeitem, que temam a minha presença, apenas ao chegar eles acalmaram os ânimos. — Proença e Fernando vai pra lá, Marconi e Felipe pra esquerda, enquanto eu e Miranda vamos pela central, quero todos aqui em quarenta e cinco minutos, nada tiro ou surpresa desagradável se alguém desintegrar a equipe eu vou buscar qualquer um de vocês no inferno se for preciso. — Os aviso causado o temor que eles sabem que eu posso causar, não que eu seja sentimentalista, mas não quero perder mais ninguém ainda mais da equipe, pra vagabundo muito pior.
Eles me olharam esse sempre foi o meu legado, todos voltar para casa bem, sei que todo mundo tem família, mãe, pai, filho, mulher, se não tem um tem o outro, irmãos. Foi difícil deixar Maíra em frente ao seu prédio com ela aos prantos sabendo que eu ia pra uma invasão de morro, por isso moramos separadas, porque ela não me deixaria sair a essa hora se morássemos juntas. Mas foi o que escolhi para minha vida e nisso vou morrer.
Subimos pelo centro, enquanto os demais desliza-se pelos lados ouço o apto informando de lá cima, eles estão informando que nós chegamos com certeza, os tiros não parar mas eu não recuo, quero pegar pelo menos um filho da p**a que junto com a Maíra atrapalhou meu sono. Olho para o meu parceiro que dou cobertura, Miranda é um policial que já deveria estar aposentado, ele tem uma síndrome de tremer a mão, por isso se não sou eu, apenas Marconi tem coragem de fazer dupla com ele.
Há vários profissionais com problemas sérios, psicológicos, a verba pouco que os obrigam a migrar e fazer mão dupla, os bandidos aproveitam bastante desta falha que o estado deixa, olho pra o homem a meu lado, que treme muito ao segurar uma arma se dependesse de mim, ele não viria, mas não faço uma delegacia sozinha, os colegas colocariam no relatório, fazendo-o ter cortes no salário, ele ter dois filhos para sustentar, a mais velha acabou de ser aprovada no curso de psicologia.
— Esta bem aí cara? — Ele assente pra mim com as mãos trêmulas. — Ok! Vou seguir pra cima, tenho certeza de que igual a mim, você também está chateado com tudo isso pra atrapalhar o nosso descanso. — Ele esboça um sorriso.
— Peguei um fdp do lado contrário. — Ouço Marconi informar, só não sei pra quem se é pra mim ou pra seu chefe. — Leve pra viatura, algemado. — Ouço sua risada seguido de palavrões enquanto o leva. — 1 a zero doutora, vamos ver quem caça mais. — O FDP me desafia, olho pra Miranda que esta tremendo não posso desfazer dele, mas em comparação com Marconi, o pobre do Miranda deixa muito a desejar e sem querer desmerecer meu sexo, mas ser uma mulher praticamente sozinha me prejudica muito, se eu for pedir pra ele me cobrir, corro de ser baleada no lugar de um deles.
Dobro a primeira curva que vejo, uns três correm para algum lugar, pelo boné, o cabelo da barba pintando sei que é do morro. — Todos três parados pianinhos. — Grito colocando a arma em cheque, um deles param dois correm, atiro no pé de um que correu, vendo-o cair em seguida. — Miranda segura o primeiro que eu vou buscar o outro, se tu correr já sabe. — Aviso aos dois que me olha com ódio colocando a arma no chão. — Doutora, doutora. — Ouço Miranda me chamar.
Vejo que o terceiro sumiu. — Vamos, vamos não vou insistir dois FDP, esta bom demais. — Não acredito doutora dois de uma vez? — Marconi fala no comunicador, me fazendo ri. — Sabe como me desafiar me instiga não sabe? — Algemo um, Miranda o outro dando um tapa no pescoço que eu nunca quero receber, olho para o pé dele, mas é muito frouxo mesmo passou de raspão.
Miranda pega as duas armas deles, pistolinha simples que não a longo alcance, seguimos andando descendo o que subimos, com cuidado há bala pra todo lado. — Onde esta Farinha véi? — Alguém pergunta no rádio do cabeludo que estou carregando algemado, paro e olho pra ele, o faço de escudo pego seu rádio. — É Você que é Farinha? — Ele me olha com medo.
— Fala logo essa p***a Farinha. — O outro reclama quando Miranda para a meu lado. — Farinha esta comigo, digamos que vamos fazer um passeio por vocês ter atrapalhado meu sono. — Digo fazendo uso do radio comunicador dele que esta com as mãos presas nas algemas prateadas, eu seguro com uma mão. — KRL é mulher gato, pow toma aê. — Ouço o ranger do radio caindo. — Mas pelo que eu sei gato não dorme de noite. — Agora é a voz de quem eu já falei por rádio duas vezes que ousadamente me responde, vulgo o Gato, os outros riem de seu comentário. — Gato? — Pergunto ao escutar a sua voz, o fazendo ri cinicamente.
— Já conhece a minha voz doutora? — Fala com ironia, me fazendo rir também. — Se eu te disse que sonho quase toda noite com ela você não vai acreditar vai? — Ouço risadas ao fundo. — Se eu perguntar com o que a senhora sonha, vai dizer que esqueceu? — Ri de sua ousadia. — Claro que não, coloca a cara pra jogo que eu realizo meu sonho. — Ah uma zombaria de fundo, ele sabe ao que me refiro. — Me convidando assim doutora é bem capaz de eu ir mesmo. — Diz em tom de zombaria achando mesmo que eu irei me sentir atraída por ele, que nunca vi, mas imagino como deve ser, certamente igual aos outros.
— Pois venha, na viatura tem lugar pra mais um, acaba com essa p***a gato, eu quero dormir. — Reclamo com ele que não me responde. — Os caras tá correndo doutora solta os meus, Farinha tem mulher grávida em casa, eu não quero desafiar Laleska. — Dou risada do que ele diz. — Nunca imaginei você me fazendo um pedido tão educadamente, vem e troca de lugar com ele. — Chegamos a viatura, Marconi olha pra o cidadão a minha frente.
Os dois são enjaulados junto com o outro que Marconi pegou, e pelos olhares que trocam mesmo preso, só falta se marar com os olhos. — Algemem eles de costa um pra o outro, não quero dá explicação de cadáver pra os meus superiores. — Entro na viatura sentando ao lado do motorista, Marconi que assume o volante, me olha de lado, quem ver assim pensa que a gente se pega legal, mas y com y não rola. A cara dele chega a ser sexy, mas não me interessa, não me sinto nenhum pouco atraída.
— Pensei que não viria, os cara estava tudo com medo de subir a onze sem você. — Dou risada olhando os três no fundo. — Fui resolver os B.O da senhora encrenca. — Ele me olha de sobrancelha arqueada curioso. — Vou deixar um mês sem festa, depois da de hoje. — Eles riem ao me escuta, sorrio de canto pra Marconi que me olha, balança a cabeça em negação.
— Isso significa que a cafeteira vai ferver o dia inteiro. — Comenta querendo dar a entender que eu não dormir, de fato, não mesmo. — Sorte quem tem é vocês daqui a pouco larga o plantão, pelo menos temos três peixes para registrar antes da saída de vocês. — Ele me olha de lado, nos olhamos nos olhos, eu sei que ele esta preocupado com os dois últimos, mas é trabalho.
Meu celular vibra eu paro de olhar pra ele, tenho que admitir que com certeza esse homem deve ser uma fera na cama, mas logo iríamos brigar porque na minha transa quem domina sou eu, olho pra a tela Maira ligando. — A dona encrenca me ferra de noite e agora se preocupa? — Eles riem. Desligo e começamos a falar pelo aplicativo de mensagens.
“ Indo pra delegacia Maíra, porque não dormiu ainda?”
“ Porque suas unhas feriram meu rabo...” — A Sem-vergonha fala sem medo algum.
“ Que bom isso é pra você lembrar antes de dá essa p***a de novo, coisa feia Maira Pacheco Moraes, uma mulher linda, não te deixo faltar nada e você vai dá teu r**o, p***a, tem b****a não?”
“ kkkkkkk ele já me mandou mensagem perguntando se estou bem.” — Mensagem de Maíra Pacheco
“ Não responda Maíra, ou cancelo seu aniversario de vinte anos. “
“ Já respondi irmã, com tudo planejado duvido você cancelar”
“ O que disse?”
“Que estou bem, mas preciso dormir”
“Bloqueia esse cara Maíra, não quero te ver como muitas que chegam no departamento, ou ficam no presídio com drogas no rabo.”
“p***a Marília, você fala cada coisa pra mim, acha mesmo que vou dar meu r**o pra traficante colocar droga?”
“Desculpa irmã, me excedi, mais tarde nós falamos. — Peço desculpas, porque sei que Maíra pode ser desajuizada mas nem tanto. Ela jamais me daria tal vergonha, apesar que esta noite foi de fato constrangedor. Desço da viatura deixando para os rapazes fazer a declaração mais tarde.
Entro em minha sala, tirando o colete, a arma da cintura, faço os relatórios que preciso sobre a ação da polícia nesta madrugada, até haver mais ocorrências para resolver, saio em seguida. — Indo pra casa, todos só saem quando todos chegarem, já sabe não é? — Marconi assente me olhando pensativo em frente ao computador. Vejo meu carro que Miranda trouxe do morro onze, meu alívio, entro procurando por ele. — Marconi? — O chamo ele me olha pela frecha da porta. — Onde esta Miranda? Ele deixou minha chave com você? — Balança a cabeça. — Miranda as chaves da doutora?
Miranda grita de lá de dentro, vem andando fechando o zíper da calça me olha receoso acredito que não esperava me ver aqui, pega as chaves me entrega. — Valeu Miranda, não me liguem antes das oito. — Eles riem, ambos me olham de pé na porta, entro no meu carro ligo o ar-condicionado, buzino pra eles que acenam e conversam entre si. — Depois de coletar os depoimentos dos dois, pra descobrir quem tentou invadir lá libera o tal Farinha e o outro lá. — Vejo um sorriso de leve na boca de Marconi que bate continência com a mão pra mim, pisco pra ele entrando na pista.
Sigo pra casa de Maíra, pego as chaves entro no seu apartamento tudo está silencioso e escuro,as roupas espalhadas por sua casa totalmente bagunçada. Vou a seu quarto, temo que ela tenha sido contaminada com qualquer doença nessa festa, chego a seu quarto, acendo a tela do celular, apenas para me deparar com o tal do Paco na sua cama dormindo com ela abraçado, vou até o interruptor da luz. — Maíra? — Lhe chamo, nenhum dos dois acordam pela bagunça no quarto e nos lençóis percebo que eles continuaram o que não deram fim na favela.
Volto a apagar a luz, essa garota ainda vai me matar do coração, quando aparecer grávida de um FDP desses, saio do seu apartamento, volto ao meu carro, sigo para meu apartamento, chego finalmente em casa, já chego tirando minha bota, meia, calça, blusa, pistola sobre a mesa, entro no banheiro tomo meu glorioso banho, é mais um dia que não termina, emenda-se um no outro, m*l término de me enxugar, me jogo na cama.
Acordo com o despertador do celular tocando, não me lembro de ter acionado, mas já que está tocando olho as horas são oito e vinte e cinco da manhã, levanto-me num pulo, certamente os outros despertaram e eu não vi. Olho a paisagem da minha janela, penso num dia que poderei pegar uma praia tranquila sem correr de um lado pra o outro feito louca.
Meu celular tocando quebra o silêncio e a paz dos meus pensamentos, olho para cima da cama DP aparece na tela. — Estou indo, em vinte minutos estou a caminho. — Doutora. — Ouço a voz de Amanda na ligação me chamando meio preocupada. — Diz Amanda o que há? — Falo indo pra o banheiro pra mais um banho. — É uma equipe de reportagem que esta aqui querendo saber da invasão essa madrugada.
— É pra isso que você esta me ligando? — Pergunto me olhando no espelho. — é doutora, é apenas isso por enquanto. — Fala receosa, até parece que sou tão temível assim. — Ok, vou me atrasar mais um pouco.
Tomo meu banho em paz, preparo meu café da manhã me alimento, faço uma corrida no quarteirão escutando minha música preferida, mas minha família não permite o término do meu percurso, Maíra liga pra saber o que deve passar na área dolorida pra ir a faculdade como se eu não soubesse que ela terminou a madrugada com aquele traficante. Minha mãe quer comprar um anel que viu na televisão no meu cartão como se ela fosse pagar, e meu pai quer me ver pra me pedir pra não contar pra mamãe sobre seu rolo do dia anterior, como se eu falasse, jamais causaria uma guerra na família.
Volto para casa depois de correr meio quilômetro forçado com um fone via bluetooth na orelha. Mais uma vez no prédio, meus vizinhos comentam ao me ver chegar suada, com a blusa colada ao corpo, ser musculosa não é bem-visto por todos, alguns dizem que pareço homem quando olho em volta procurando tais homens musculosos me faltam aos olhos.