⚜CAPÍTULO I⚜

1236 Words
⚜CAPÍTULO I⚜ SEATLLE-ESTADOS UNIDOS LUISA Se alguém me perguntasse os motivos de eu ainda trabalhar na Collins, eu só diria um, o salário, eu não podia reclamar, apesar de o mesmo não durar nem até o fim do mês, desde que meu pai fechou sua doceria, as coisas em casa estão muito difíceis, eu tenho arcado com as despesas básicas, e a escola da minha irmã mais nova, mas mesmo com um salário razoavelmente bom, eu não estava conseguindo. Minha mãe ficava preocupada comigo, ela sabia que eu gastava tudo que eu tinha nas contas de casa, então ela como uma ótima costureira fazia minhas roupas de trabalho, e eram lindas e me fazia economizar um bom dinheiro, dinheiro este que eu guardava para comprar um carro simples, para que eu não precisasse andar mais de metrô, como agora após um longo dia de trabalho, suportando aquele homem. Desço na estação mais próxima da minha casa, e caminho pelas ruas já tão conhecidas, viro a esquina onde ficava a antiga doceria do meu pai, ah que saudade eu sentia do cheiro dos bolos, dos pães, tive uma infância doce nesse lugar, assim que caminho um pouco mais, vejo um homem caído e outros três o surram e gritam com ele, penso em voltar, mas a voz do homem que pede por socorro me faz correr em sua direção. —Papai—grito correndo. Assim que chego próximo a eles, os homens param de bater nele e me olham dizendo. —Esse safado é seu pai? —O que esta acontecendo aqui?—inquiro assustada segurando o rosto do meu pai ensanguentado. —Ah você não sabe? Seu pai nos deve—o homem com aparência suja diz me olhando. —Não estou entendendo meu pai deve o que a vocês?—inquiro enquanto as lagrimas rolam pelo meu rosto. —Dinheiro boneca, muito dinheiro, e ele continua nos enrolando, dizendo que irá pagar, ouça boneca, ou ele nos paga os trinta mil dólares em uma semana, ou nós o mataremos—o mesmo homem, que parecia ser o líder deles diz, e eles saem andando. —Papai, como isso?—inquiro o ajudando a se sentar na marquise em frente a nossa antiga doceria. Ele me olha e da um longo suspiro, e depois começa a falar. —Quando tive que fechar a doceria, me sobraram as dividas, usei parte do que tínhamos no banco para pagar algumas delas, mas outras só aumentavam, eu achei que talvez se eu jogasse e ganhasse eu poderia liquidar as dividas e quem sabe reabrir a doceria, mas eu estava errado, peguei dinheiro com esses homens para jogar, mas eu perdi tudo que eu tinha e tudo que peguei emprestado, desde então tenho mentido pra vocês—meu pai diz abaixando a cabeça, sem conter as lagrimas. —Pai, por que não me disse?—inquiro. —Por vergonha filha, eu quem tinha que ajudar você, e no entanto você quem arca com todas as despesas de casa, eu sei que sua mãe quem faz suas roupas de trabalho, por que você não tem dinheiro para comprar, sei também que já colou a alça de sua bolsa três vezes, por que também não tem como comprar outra—meu pai diz. E sim tudo que ele disse era verdade, eu economizava em tudo que eu podia, até mesmo no almoço, tudo para que em nossa casa não faltasse nada, mas de onde eu tiraria trinta mil dólares, o máximo que eu tinha guardado eram uns dois mil dólares, eu precisava achar uma saída, em uma semana aqueles homens estariam de volta e eu teria que pagá-los. —Venha papai, vamos para casa, não iremos contar nada para a mamãe e para Lavínia, diremos que o senhor foi assaltado—digo. —Obrigado filha, mas eu preciso arrumar esse dinheiro—meu pai diz. —Eu vou dar um jeito nisso papai, agora vamos para casa—digo o ajudando a levantar. Assim que chegamos em casa, minha mãe e minha irmã se assustaram ao vê-lo naquela situação, mas logo elas acreditaram na historia do assalto, e ficaram mais calmas. Tomo um banho e sigo para o meu quarto, fecho a porta e me permito chorar, o que eu faria? Como eu arranjaria trinta mil dólares em uma semana? Consigo dormir por algumas horas e então levanto para iniciar mais um dia na Collins. Assim que sento em minha mesa, meu telefone toca e já sei que é o insuportável do meu chefe. —Pois não senhor Collins—digo. —Desmarque todas as minhas reuniões, não quero receber ninguém hoje—ele diz e desliga. Eu não sei como suporto esse homem, mas agora definitivamente não era a hora de eu desistir, faço o que ele me pediu, alias mandou eu fazer com toda a delicadeza que ele não tem, e começo a fazer meu trabalho como de costume. Reviso as planilhas, e checo as contas bancarias para ver se esta tudo em ordem, olho a quantia absurda em poder da empresa, e eu precisava apenas de uma pequena parte daquilo, se o CEO ainda fosse o Senhor George, eu certamente pediria a ele, mas sendo quem é eu não tenho coragem. Faço meu trabalho até o horário do almoço, e então o vejo sair de sua sala, ele me olha e inquire. —Não irá almoçar? —Não estou com fome, senhor—minto quando na verdade eu não tenho dinheiro para almoçar fora. —Pois bem, cuide de tudo então—ele diz e caminha para o elevador, ele é tão bonito, se fosse menos arrogante e não fosse tão m*l educado seria um homem perfeito. Assim que o andar esta vazio, retiro as bolachas da minha gaveta e pego café na maquina, aquilo enganaria o meu estomago até o jantar em casa. Meu celular toca me tirando de meus pensamentos, atendo e a voz desesperada de minha irmã ecoa. —Luísa, tem uns homens aqui, eles bateram no papai, e disseram que querem o dinheiro deles. —Como assim? Eles disseram uma semana—digo desesperada. —Luísa eles vão matar nosso pai, por favor, preciso de ajuda—Lavínia diz em prantos. —Lala, preste atenção, no meu guarda roupa há uma caixinha vermelha, nela esta meu talão de cheques, preencha um com a quantia de trinta mil dólares, de ao homem e diga para descontar no final da tarde—digo. —Luísa como tem todo esse dinheiro?—minha irmã questiona. —Eu não tenho, mas faça o que eu mandei, assim que eu puder vou para casa—digo desligando. O que eu faria agora? Se aquele bandido fosse descontar o cheque e esse não tivesse fundos, estaríamos perdidos. Penso mais um pouco e minha única saída era usar o dinheiro da empresa, um empréstimo eu acharia uma forma de devolver o mais rápido possível, olho mais uma vez para o andar vazio, e caminho até a sala da presidência, apenas a maquina do CEO poderia fazer essas transações, e eu tinha acesso às senhas. Sento-me ligando o computador e abro as contas da empresa, seleciono a minha conta e transfiro a quantia de trinta mil dólares, estava feito, não dava para voltar atrás, fecho as guias e saio da sala, rezando para que eu conseguisse devolver tudo antes que Ethan Collins descobrisse.
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