Gabriel
Depois de ter uma noite mais que maravilhosa com a Mel, a menina que me enfeitiçou com o olhar e com o seu jeito meigo, tive que sair do meu sonho e voltar para minha realidade, viajei a madrugada de volta para Chicago, meu caminho inteiro foi pensando na minha vida, em tudo que deixei se viver para está sempre agradando meus pais, desde garoto que foi assim, abrindo mão das minhas brincadeiras prediletas, dos meus amigos, sempre para me encaixar nos padrões que eles queriam.
Quando chegou a época da faculdade foi o meu maior martírio, tive que prestar os exames para a faculdade de direito que era o que meus pais queriam que eu fizesse, mesmo eu dizendo que não tinha o mínimo de interesse nessa área, não adiantou e o meu pai já foi dizendo, que eu tinha que assumi o escritório dele, que eu era seu único herdeiro e tinha que da continuidade ao trabalho que meu avô começou, ele só esqueceu que eu não queria isso para minha vida, que eu tinha escolhas diferentes das dele.
Aceitei na época para agrada-los mesmo, mas fiz a prova de outra faculdade e consegui a bolsa integral para gastronomia e me virei em dois mas consegui me formar nas duas faculdades na intensão de realizar meu sonho de ser Chef de cozinha e montar meu restaurante, mesmo que isso fosse contra todos os desejos de meus pais.
Cheguei de Detroit e fui para o apartamento que aluguei há alguns dias atrás, desde que coloquei meu currículo no Le Second, que eu sabia que se fosse aceito ia ter que enfrentar a ira de meu pai e os pitis de minha mãe, e pra minha surpresa e alegria eu consegui a vaga. O meu sonho de fazer o que eu realmente gosto estava a um passo de se tornar realidade e para melhorar eu havia encontrado uma outra razão para mudar o rumo da minha vida, a Melissa chegou no momento que eu precisava para lutar pelo o que eu realmente queria.
Entro no pequeno apartamento e tomo um banho, pego uma muda de roupa dentro da minha mochila e visto, ligo meu celular que é bombardeado com mensagens e ligações perdidas dos meus, pais, dos meus tios e algumas do Arthur.
Resolvo ligar apenas para o Arthur, já que somos como irmãos e nunca tivemos segredos um com o outro e ele foi que me ajudou a conseguir terminar a faculdade de gastronomia e a poder cumprir meus estágios, ele está sempre ao meu lado, como eu ao lado dele.
Quando a Jessie morreu, eu fui o único que conseguiu tirar ele da depressão que entrou, ele se trancou num quarto por dois meses, não comia, m*l bebia água, eu tive que mostrar a ele que a vida dele não tinha acabado e que a Jessie e o bebê que ela carregava não ia ficar feliz em ver ele naquele estado, elas queriam que ele seguisse a vida dele e lembrasse de todos os momentos bons que eles viveram.
E foi assim que consegui tirar ele de dentro do quarto e retornar a sua vida, mas só que depois disso ele não quis mais se relacionar com nenhuma garota, se fechou completamente e se entregou aos estudos, já que parou quando a Jessie morreu naquele acidente.
Foi uma época difícil para ele e para meus tios, mas gracas a Deus ele conseguiu se reerguer e hoje está terminado a faculdade que ele tanto sonhou.
Combino com ele para irmos ao Shopping e contar a novidade a ele, tanto do emprego como da Melissa, sei que ele vai ficar meio confuso por causa de onde eu a conheci, mas não me importo sei que ela não estava ali por opção e sim por que era obrigada e por não ter opção de sair, mas eu vou tirar ela e a irmã daquele lugar.
Me arrumo e vou ao shopping e converso por mais de uma hora com o Arthur e falo tudo que estou sentindo e o que vou fazer de agora em diante, falo sobre o emprego e principalmente sobre a Mel e claro que ele me apoia e me dá forças para seguir em frente e buscar meu caminho, o Arthur sempre foi decidido, tia Grace e tio Thomas nunca impediu dele fazer o que ele queria, diferente dos meus pais que sempre impôs o que eu tinha que fazer.
Saio do shopping e vou enfrentar meus pais, sei que vai ser uma batalha dura, mas dessa vez eu não vou fraquejar e não vou desistir dos meus sonhos, dessa vez eu vou seguir o meu coração.
Estaciono meu carro e entro, já vejo meu pai sentando no sofá lendo um jornal, assim que me vê levanta as vista e me dá aquela olhada que em outros tempos eu já abaixava a cabeça e esperava a bronca, agora as coisas mudaram.
_ Espero que tenha uma boa explicação para sumir e não da satisfação aos seus pais.
_ Olá papai. Bom primeiro que eu não sou mais um adolescente que tem que dar satisfação de tudo que faz, segundo eu tenho o direito de dormir fora de casa a hora que eu quiser.
_ Sua mãe está a base de remédios preocupada com você.
_ Só porque eu dormir fora? Me poupe papai, eu sou homem e posso sair e dormir fora a hora que eu quiser e isso não é motivo para tudo isso.
_ Ficamos preocupados com você, sua teimosia em nos desafiar passou dos limites.
_ Não é teimosia pai, eu disse e repito o que falei no sábado, eu não vou assumir seu posto no escritório, eu não vou seguir seus passos, eu já cansei de fazer tudo que vocês querem, passei cinco anos estudando para um curso que eu odeio, so para agradar vocês, mas eu ainda tentei gostar, tentei me encaixar naquilo tudo, mas não deu, eu não nasci para aquilo, e eu não vou fazer, não vou assumir algo que detesto.
_ Você aprende a gostar, eu já quero que comece a seguir os negócios da família, seu avô deixou isso para mim e eu estou deixando para você, no começo também eu não gostei mas com o tempo fui aprendendo e você tambem vai.
_ Não pai, eu não vou.
_E vai fazer o que dá vida?
_ O que eu gosto.
_ Ficar atrás de um fogão? Ser um cozinheiro? Isso não dá futuro.
_ Talvez para o senhor não, que menospreza a profissão, mas eu vou provar ao senhor que ser um chef não é ser apenas um cozinheiro, é poder usar a comida para levar a felicidade as pessoas.
_ Tudo isso é bobagem, assim que entrar no escritório vai começar a gostar da profissão e esquece esse negócio de cozinha.
_Eu não vou entrar no escritório pai, quando que o senhor vai entender isso, amanhã eu começo meu trabalho.
_ Que conversa é essa. Que trabalho?
_ Não importa pai, so que não é no seu escritório. Aproveita e treina um dos seus advogados puxa saco para ficar em seu lugar, por que eu não vou.
_ Você sabe que suas despesas quem paga é o dinheiro daquele escritório né? Sabe que se eu cortar sua mesada, o que vai fazer?
_ Trabalhar pai, eu tenho dois braços e duas pernas, eu não vivo apenas do seu dinheiro, e não se preocupe que não vou usar mais seu dinheiro, eu tenho o meu emprego e vou ter meu lugar também, está na hora de ir viver o que eu gosto e com quem eu gosto.
_ O que você quer dizer com isso?
_ Que eu só vim buscar minhas roupas e meus livros, estou indo para meu apartamento, de hoje em diante eu vou andar com minhas pernas e não precisa se preocupar que não vou recorrer ao seu dinheiro.
Ele esbraveja, grita e me fala tantas coisas que me deixa perplexo, mas nada me faz intimidar e nem mudar de assunto, minha mãe escuta nossas discussões e vem e o drama começa, mas eu tenho que ser forte e nao deixar me abalar com as chantagens e os dramas dos dois, logo isso tudo passa e o dia que eles resolverem aceitar as minhas escolhas tudo pode mudar, mas nesse momento eu vou fazer o que meu coração está pedindo.
Subo arrumo minhas coisas com minha mãe no meu pé, soltando toda a ladainha que meu pai fala sempre, tento mostrar a ela a minha posição, o meu pensamento, mas é em vão então só termino de organizar minhas coisas e me despeço dela, aviso que vou está com o celular sempre a postos sempre que ela quiser falar comigo, eu não estou indo para a guerra, apenas iniciar os meus sonhos.
Foi uma luta conseguir sair de casa, minha mãe começou a dar seus shows, tive que ser mais forte e seguir meu coração, logo ela se acostuma e um dia quem sabe ver que eu fui apenas em busca dos meus sonhos.
Pego meu carro e sigo para minha nova casa, chego e vou arrumar tudo, quando termino me jogo no sofá e fecho meus olhos e todas as lembranças da Mel vem em minha mente, sua voz, aqueles olhos, o toque suave de suas mãos, meu corpo inteiro reage a essas lembranças, não vou esperar o final de semana para ir lá novamente, assim que organizar meu contrato amanhã eu vou lá, antes que seja tarde, antes que ela saia de lá e eu não consiga mais encontrá-lo.
******
O dia amanhecer e já acordo com o celular tocando, olho e vejo o número de minha mãe.
_ Bom dia meu filho.
_ Bom dia mãe.
_ Gabriel considere a proposta de seu pai meu filho e volte para casa, apenas um ano no escritório de não der certo você pode seguir sua vida do jeito que quiser.
_ Sem chance mãe, eu já tomei minha decisão e se infelizmente vocês não aceitam não posso fazer nada. Agora se a senhora não se importar eu tenho que me arrumar.
Ainda escuto mais uma vez sua ladainha até eu desligar, tomo meu banho e me visto, pego minha carteira e saio para tomar café em algum lugar e depois vou assinar meu contrato com o Le Second, vai ser o meu primeiro ano, mas vai ser o ano que vou mostrar o meu talento e conquistar o meu espaço.
Meia hora depois de ter acertado tudo, conhecido os colegas de trabalho, ainda falta alguns, já que o gerente me disse que está contratando mais duas auxiliares e como eu sugeri a ele que trouxesse gente jovem e sem experiência, assim fica mais fácil moldar nos padrões que eles exigem, eles não tem referências então aprendem do jeito que queremos.
Ele ainda me chamou para acompanhar as entrevistas, mas eu preferi conhecer minhas ajudantes depois.
Vou ao Rh, termino de deixar meus documentos e vejo meus horários, e saio pela parte de trás do restaurante, vejo que essa parte da rua é um pouco deserta, vou indo com meu carro devagar, imaginando que amanhã eu vou iniciar comandando um cozinha, fazendo o que mais amo, colocando meus conhecimentos e meu amor nos pratos que faço, mas sou tirado dos pensamentos com alguns gritos de socorro vindo de um beco, são vozes de duas garotas, acelero meu carro e assim que me aproximo, vejo dois caras, tentando abusar das moças, e eu nem penso desço do carro e vou em direção a eles.
_ Que tal vocês deixarem as garotas ela paz?
_ Vaza daqui o playboy, elas são nossas.
_ Não são não. Vazam vocês.
_ Eles largam elas e vem em minha direção, ainda bem que cinco anos fazendo boxer e luta livre vai me ajudar, eles estão apenas com facas, então foi fácil desarma-los e lhe dá uma bela surra, meu ódio é tanto de caras que tentam abusar de mulheres que coloco tudo que aprendi em anos nessa briga e deixo os dois desmatados no chão, amarro os dois e disco o número da polícia, vou ao encontro das duas que estão encolhidas no chão chorando.
_ Oi meninas vocês estão bem, eles machucaram vocês.?
E quando uma delas levanta o rosto e me olha, meu coração para.
_ Melissa.