Amizade colorida 2ª temporada
- MÃÃÃÃÃE!- Gritou Alice, pisando duro pelo piso da sala de estar.
Pamela, que estava concentrada em seu computador portátil, ocupada com o trabalho que desempenhara, olhou de esguelha para uma de suas filhas.
-Alguém colocou pasta de amendoim na minha calcinha.- Alice sacudiu a peça í.n.t.i.ma no ar, fazendo uma careta ao avaliar novamente o quão estava suja.
Pamela respirou fundo, tentando canalizar todo o resquício de paciência que poderia ter. As vezes se perguntava o porquê de ter engravidado de trigêmeas logo na primeira gestação, e depois, ter insistido com mais uma. Pamela quase teve uma síncope na possibilidade de ter engravidado de mais três crianças. Com seis filhos em casa, seria necessário tratamento psicológico todos os dias.
Amava os filhos, e daria qualquer órgão vital de seu corpo por eles, mas era tão difícil lidar com quatro personalidades diferentes… Cinco, contando com a de Léo, seu marido.
-Esse “alguém” só pode ser uma pessoa-
- O endiabrado do seu filho!-
- Estão falando de mim?- Pergunta Francisco, com a cara mais lavada do mundo
- Três filhas não eram o bastante? Por que ter outra gravidez? Para infernizar minha vida, é claro.
- Estão falando de mim?- Insiste o menino, como se não soubesse da resposta
Com apenas dez anos de idade, a astúcia e o cinismo de Francisco eram predicativos comparados á um homem de trinta.
- VOCÊ.- Alice apontou o indicador para o seu caçula.- Sabe que eu estou falando de você. Se entrar no meu quarto de novo, eu juro que…
- Se pensar bem… Eu fiz um favor.- Francisco tamborila os dedos no queixo, como se estivesse pensando.- Sua calcinha deixou de feder a queijo coalho, e está cheirando a amendoim.
Alice emitiu um grito gutural do fundo de sua garganta, e avançou como uma tigresa em caça na direção do irmão. Francisco empenhou toda a força de seus músculos para correr, até cruzar a segunda sala e chegar no escritório de seu pai, que parecia ler alguns documentos importantes. O menino praticamente se jogou ao corpo de Léo, que ficou atônito ao que estava acontecendo.
- Eu vou matar esse menino!-
- O que foi que aconteceu dessa vez?- Léo afastou os documentos com uma mão, já que o outro braço estava sendo agarrado por Francisco.
- Ele sempre entra no meu quarto e mexe nas minhas coisas! E você e a sua mulher não fazem nada quanto a isso.-
- Olhe o linguajar, mocinha. Somos os seus pais e exijo que nos respeite.- Seriamente, Léo ergueu o corpo, ficando de pé.- Seja lá o que tenha acontecido, você vai consertar.- Léo olhou para Francisco ao falar a última parte, voltando-se para Alice.- Quanto a você, vai ficar em casa pensando na forma que se dirige aos seus pais.
Alice resfolegou, pisando duro para fora do escritório. Sofia, uma de suas irmãs, vinha descendo as escadas quando acompanhou o restante da confusão.
- É incrível como eu sempre sou punida por tudo que aquela criatura medonha faz.- Resmunga Alice.
- Gente… O que aconteceu?- Pergunta Sofia.
- O que aconteceu? O Francisco só apronta comigo! É sempre comigo! Eu não tenho um dia de paz nessa casa.-
- Bom... Semana passada o Francisco entrou no meu aplicativo de conversa e mandou vídeos de conteúdo pornografico para todos os meus contatos… Incluindo o grupo da família. Disseram que a tia Leonora machucou o quadril porque caiu da cadeira com o susto.-
- Bom, então acho que a favorita dele é a Laura. Suspeito até que ela o ajude.-
- Falando na Laura, sabem aonde ela foi? A Dione disse que foi a primeira a tomar café da manhã.- Pamela irrompeu o espaço entre a sala de estar e o segundo ambiente que dava acesso as escadas, ouvindo o final da conversa de suas filhas.
- Ainda pergunta, mãe? Com certeza está com o Rafael jogando vôlei, você sabe que eles amam fazer isso o dia inteiro nas férias.-
...
- Assim não vale! Você se aproveitou que eu parei para coçar os cílios e fez uma manchete!
- Jogador que é jogador não coça os cílios no meio do jogo! .- Rafael, torna a jogar à bola em Laura, só que dessa vez, em direção as suas coxas.
-Ah é? Vou te mostrar o que uma boa jogadora faz com aproveitadores! - Laura fala em um tom de brincadeira, correndo na direção do Rafael para derruba-lo no chão.
Ele a imobiliza com facilidade e os dois caem no chão.
Ele por cima, ela por baixo.
Laura cai na gargalhada, e seu corpo se arqueia devido as ondulações de seu tórax emitidas pelo riso convulsivo.
Rafael, pela primeira vez na vida, teve um contato físico tão próximo com sua amiga. Um dos s***s de Laura ficou intimamente pressionado no tórax dele.
-Que palhaçada é essa? - Pergunta Jade adentrando a quadra de vôlei do condomínio.
Assim como Rafael, Jade é filha de grandes amigos dos pais de Laura, Mirela e Breno.
A voz de sua amiga fez com que Rafael saísse de seu estado de transe e retesasse o corpo.
- Rafael trapaceou no jogo e eu resolvi dar uma lição nele.- Explicou Laura
- Sei bem como terminam essas lições.- Jade não resistiu em comentar
-Am?- Laura não entendera a mensagem subliminar da resposta de sua melhor amiga.
Davi, irmão gêmeo do Rafael, acompanhado de Bernardo e Noah, chegam poucos minutos depois á quadra . Todos eles tinham um elo muito antigo, e cresceram juntos, como irmãos, devido a amizade de longa data dos pais.
Bernardo, filho de Virgínia e Hugo.
Noah, filho de Rodrigo e Bruna, o que o tornava primo de primeiro grau de Jade, já que Bruna e Mirela são irmãs.
Davi e Rafael, filhos de Ana Paula com Arthur. E apesar de ser gêmeos, não eram uni-vitelinos como as trigêmeas de Pamela e Léo.
Embora as meninas fossem idênticas, as personalidades extremamente diferentes fazia com que fosse muito fácil de diferenciar, claro, para quem as conhece bem.
- E aí? Vamo montar esse time? Não me coloquem no mesmo time do Rafael, preciso acertar uma bolada nele.- Davi deu de ombros
- E o que eu fiz para merecer tanto amor fraternal?-
- Você comeu o chocolate que eu guardei para comer hoje à tarde.- Davi olha para Rafael de cara feia.
- Em minha defesa, eu achei que fosse o meu.-
- O seu você comeu no dia anterior.-
- Na verdade… Fui eu que comi o chocolate do Rafa.- Laura interferiu na discussão.
- Então vamos fazer assim: Jade, Davi e eu, contra o Rafael, a Laura e o Noah.- Sugeriu Bernardo.
-Engraçado... Você sempre quer ficar nos mesmos grupos da Jade.- Provoca o Noah.
-É porque ela é uma ótima jogadora de vôlei.- Bernardo se justifica.
- Claro... Você sempre usa esse argumento para a maioria das coisas.- Insiste Noah.
-O que tá insinuando? - Bernardo finge desentendimento.
- Bernardo e Noah, para seus posicionamentos!- Gritou Davi.
E cada um foi para um lado da quadra.
...
-Ah... Sinto todos os meus… 650 músculos relaxados.- Fala Laura, saindo do banheiro de seu quarto enrolada na toalha, jogando-se á cama, ao lado de Rafael.
Não era a primeira vez que ele via a amiga de toalha, mas era a primeira que ficava tão nervoso.
- Depois de um jogo daqueles, entrar na água quente é o mesmo que colocar um pé no paraíso.
-Sim... É o paraíso...- Rafael manter seus olhos fixos na curva exuberante do quadril da garota, que está em voga, devido ao fato de Laura ter se deitado de barriga para baixo.
-O que está acontecendo aqui?- Léo irrompeu o quarto, irritado.- Já disse que não gosto dessa porta fechada.- Ele coçou a cabeça, demonstrando sinal de nervosismo.
- Rafa e eu vamos assistir filme...-
- De toalha? E por que não assistem na sala, junto com as meninas?
- As meninas não querem assistir, tio.- A voz de Rafael quase falhou.
- Calma, pai... Não to te entendendo sua reação, sempre fizemos isso.-
- Não são mais crianças...
-Leo? O que houve- Pergunta Pamela, ao ver o marido parado á porta do quarto da filha deles.
-: O que houve? Olhe ao seu redor.- Léo quase cuspiu as palavras
-Estou olhando e não estou entendendo.- Pamela pisca aturdida.
- Não é possível que…- Léo tenta falar algo, mas foi interrompido pela esposa.
-Assistam o filme de vocês, crianças, chamarei os dois para o almoço.- Pamela puxa o marido pelo braço, fechando a porta atrás de si.
- Vai ser cúmplice da sua filha?-
- São o melhores amigos e foram criados juntos, se amam como irmãos!
-Esse bordão era nosso e lembra o que aconteceu? Um certo dia eu estava dentro de você, e no outro, tivemos trigêmeas e depois o Francisco.
- Sim, depois de anos... E qual o problema nisso? O Rafa é filho da Ana e do Arthur, nossos amigos...
- Eu sei.- Disse Léo, secamente.
-É um menino ótimo, de caráter, o vimos nascer...
- Sim, eu sei.-
- Está com ciúme da sua filha, é apenas isso.Deixe de ser um velho ranzinza, você já teve essa idade.-
-Primeiro de tudo, 42 anos não é velho e segundo... Eu sei muito bem onde essa história vai parar.
-Ótimo… Mas eu sei aonde nós dois vamos parar nesse exato momento.- Pamela segura a mão de Léo conduzindo-o para o outro lado do corredor.
O quarto do casal sempre fica afastado ao dos filhos.
- Para onde vai me levar?
-Vamos... Assistir um filme, igual aqueles de antigamente.-
Com um sorriso malicioso, Leo se permite ser levado pela esposa.