Willow
Eu tinha terminado meu café da manhã e estava trabalhando no piloto automático, me sentindo entorpecida, sem emoção para mostrar. Com tudo feito nesta manhã, eu sabia que ainda tinha um tempinho antes de ser necessária para qualquer coisa. Decidi que voltaria para o meu quarto por um tempo e, em seguida, voltaria para o horário do almoço.
Eu poderia usar pelo menos uma hora de sono, já que fiquei acordada a noite toda me preparando para essa maldita festa amanhã. Com o pensamento do amanhã, o pensamento de ir embora passou pela minha cabeça.
Eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos que estava observando à minha frente e, de repente, bati em algo, ou devo dizer, alguém.
Ouvindo um gemido baixo, então o cheiro mais intoxicante me atingiu, a canela encheu o meu nariz e eu não pude deixar de respirar fundo.
Ah, que cheiro era aquele? Respirei fundo novamente e meu corpo se arrepiou com o cheiro. Soltei um gemido suave e, rapidamente, coloquei uma mão sobre a minha boca. Olhei para cima e nossos olhares se encontraram: Milo. Uma palavra passou pela minha cabeça: companheiro.
Ah meu Deus, o medo atravessou por mim; eu não o via desde aquele dia na lavanderia.
Um sorriso presunçoso apareceu em seu rosto. — Bom, parece que alguém atingiu a maioridade, não é mesmo, companheiro?
Espera, companheiro? Como eu poderia ser a dele? Eu não fui dada a um lobo. Será que alguém que não tem um lobo pode ter companheiro? E por que de todas as pessoas, eu seria a companheira dele?
Ele esfregou as mãos. — Espere, onde está o seu lobo? Por que eu não consigo sentir o cheiro do seu lobo? Eu deveria ser capaz de senti-la! Meu lobo deveria senti-la e ele não sente!
Eu não respondi, não pude. Me senti tão humilhada por ter sido dada a alguém. Baixei os olhos, não querendo encará-lo.
— Me responda!— Ele gritou, se aproximando, segurando o meu queixo e levantando minha cabeça para olhá-lo.
— Eu, eu, eu não ganhei o meu lobo ontem. — eu consegui gaguejar, sentindo uma dor por conta de como ele apertava meu rosto.
— Você está sem lobo. — ele disse, me soltando com um empurrão que me fez recuar com a força que ele usou.
Só consegui assentir com a cabeça, sem querer dizer mais nada. Só queria correr e me esconder no meu quarto.
— Bem, isso me dá mais motivo para fazer isso. — ele disse, com um sorriso arrogante. — Eu ia experimentar um pouco de você antes de te rejeitar, mas agora eu nem quero isso, não com uma garota sem lobo e inútil como você.
Suas palavras doeram. Quer dizer, eu sempre soube que meu companheiro não me quereria, mas isso não significa que não doa, e ouvir essas palavras do meu companheiro torna ainda pior.
— Eu, Milo Hudson, futuro Alfa da Blue Moon, rejeito você, Willow Winters.
Dor rasgou o meu peito me fazendo cair de joelhos, segurando meu peito com as duas mãos. Para quem não tem um lobo, doeu como o inferno. Eu gritei enquanto estava ajoelhada no corredor.
Milo se ajoelhou à minha frente, beliscando meu queixo novamente com os dedos e forçando minha cabeça a olhá-lo.
— Você não vai contar isso a ninguém. Se contar, acabarei pessoalmente com a sua triste vida aqui.
Apenas balancei a cabeça, incapaz de encontrar palavras para falar. A dor era tão forte que pensei que poderia morrer por causa dela.
— Responda! Aberração sem Lobo! — ele rosnou. Abri os olhos e olhei diretamente para ele.
— Eu entendo, eu não vou contar a ninguém. — eu solucei. Vi um lampejo de arrependimento em seus olhos enquanto ele apenas me olhava, mas desapareceu tão rápido quanto veio. Ele me soltou e ficou de pé, olhou para mim,
— Se levante e vá para o seu quarto e fique lá o resto do dia. Vou dizer ao meu pai que você está doente, mas você será esperada para trabalhar na festa amanhã.
Com isso, ele se afastou sem me dar um olhar sequer. Fiquei ali por um momento antes de ouvir vozes. Reuni todas as minhas forças para me levantar e fazer o meu caminho para o meu quarto, me arrastando pelas escadas e caindo na minha cama. A queimação no meu peito pela dor da rejeição me deixou sem forças para fazer qualquer coisa. Eu não conseguia nem trocar de roupa suja de tão exausta.
Deitada na minha cama, chorei. Como eu poderia ser tão azarada? O que eu fiz para merecer tudo isso? Eu não pedi para meus pais serem mortos ou para essas pessoas horríveis me levarem. Eu preferiria morrer do que ficar aqui por mais tempo.
Não tinha certeza de quanto tempo fiquei lá, chorando. Não tinha mais lágrimas para chorar, meus olhos estavam inchados e secos, minhas bochechas secaram. Eu não conseguia dormir, mesmo que eu quisesse. Ninguém sentiria minha falta se eu nunca mais acordasse, mas eu não sou tão sortuda assim, não é mesmo?
Estava tão exausta que ninguém veio me procurar e eu estava grata por isso. Olhei para o relógio e vi que já passava das oito da noite. Eu estava aqui em cima por mais tempo do que eu pensava. Neste momento, minha barriga roncou, me lembrando que não comi desde que Mia me deu aquela comida outro dia.
Tentando me levantar, eu gemi um pouco, minhas costelas ainda doíam. E todo esse trabalho extra não estava ajudando. Indo em direção à porta, eu a abri e desci as escadas, esfregando meu peito ainda doendo um pouco, mas estava começando a ficar entorpecida. Espiando pela porta, vi que o corredor estava vazio. Todos devem ter terminado o jantar e a maioria deles já deve ter ido para os quartos, então será bastante fácil dar uma escapada até a cozinha.
Me movendo devagar, eu observo onde piso, sabendo que uma tábua solta iria me denunciar. Chego até a cozinha sem problemas; ninguém limpou aqui, todos os pratos estão empilhados por toda a cozinha. Ótimo, eu já sei o que vou fazer amanhã antes do café da manhã.
Minha barriga roncou novamente, desta vez senti um pouco de dor ao abraçar meu estômago. Fui em direção à geladeira e a abri, encontrei algumas sobras. Recuando, olhei ao redor para ter certeza de que ninguém estava lá. Em seguida, enfiei a mão de volta e peguei o recipiente. Não me incomodei em aquecer, não queria fazer mais barulho, então optei por comê-lo frio.
Quase terminei quando uma dor rasgou meu peito tão forte que caí no chão, chorando em voz alta. O recipiente de comida voou da minha mão enquanto eu me segurava no peito. Isso doeu mais do que quando Milo me rejeitou.
Ouvi a porta se abrir com estrondo, mas não consegui me mover para me levantar. Meu corpo tremia à medida que a dor só aumentava, fazendo com que eu vomitasse a comida que havia acabado de comer, junto com um pouco de sangue.
— Willow, que diabos?
Senti mãos me agarrarem e gritei novamente com a sensação de queimadura.
— Willow, se acalme, eu só vou te ajudar. — era a voz do Gamma Daniel.
— Aqui, precisamos tirar ela do chão. — ele tentou me levantar, mas a dor me rasgou novamente, fazendo-me soltar um grito ainda mais alto, um que certamente alertaria os outros.
— Gamma Daniels! O que está acontecendo aqui com esses gritos?— Era o Alfa Lucas; vi seus sapatos pararem ao lado da minha cabeça.
— Alfa, eu não sei, eu a encontrei assim.
O Alfa Lucas se ajoelha, agarra um punhado do meu cabelo, levanta minha cabeça e a solta antes de se levantar,
— É o companheiro dela.
Rolando no chão, cavo o meu peito, só queria que a dor acabasse.
— O companheiro dela?
— Sim, parece que ela encontrou o companheiro e ele deve estar deitando com outro no momento.
Senti um pé passar por baixo de mim, me virando para que eu ficasse de costas,
— Quem é o seu companheiro, mutante inútil.
Eu balanço a cabeça, lembrando das palavras de Milo, — Eu não posso. — solucei.
O Alfa pressiona o pé em minha garganta, cortando o meu ar. — Eu não vou perguntar de novo. Quem é o seu companheiro?
Ele pressiona um pouco mais e eu sequer consigo me levantar para tentar tirar seu pé de cima de mim. Começo a ver pontos pretos e sei que pagarei por isso, mas eu não quero morrer pelas mãos dele, — MILO!— Eu grito com o pouco fôlego que me resta.