Willow
Willow
— Acorde, sua preguiçosa!— Foi tudo que ouvi antes de sentir o frio se infiltrar nas minhas roupas, soltando um suspiro pelo choque instantâneo do frio sobre mim, sentei-me na minha cama, se é que você pode chamar isso de cama, piscando para focar meus olhos, já que fui acordada tendo um balde de água fria despejado sobre mim.
Finalmente me situo e, olhando para cima, vejo Kaitlyn fervendo de raiva parada sobre mim, balde em mãos, os olhos cravados em mim. Ela é filha do Alfa e a pessoa mais mimada da Alcateia, além de ser a mais nova. Seu irmão, Milo, é o mais velho e não é melhor que ela.
— Você não me ouviu? Eu disse para levantar, não tem café da manhã pronto e te encontro aqui dormindo!— Ela grita jogando o balde no chão e colocando as mãos na cintura enquanto estica uma perna para fora.
— Desculpe, mas hoje não é minha vez de fazer o café, é a vez da Mia. — eu respondo, tentando manter os dentes de baterem.
— Mia está ocupada, então você vai fazer as tarefas dela, agora levante! Ou vou dizer ao meu pai que você está negligenciando suas obrigações e não está fazendo o que lhe foi mandado.
Ela vira nos calcanhares e vai em direção à porta. — Você tem dez minutos!— Ela grita, batendo a porta com tanta força que as paredes tremem e um pouco de gesso cai no chão, criando uma pequena rachadura na parede; ótimo, mais um lugar que vou ter que consertar.
Olhando para o pequeno relógio na minha mesa, cinco e meia da manhã, solto um pequeno gemido. Só subi para o meu quarto à uma da manhã, porque Kaitlyn decidiu que eu precisava terminar todas as tarefas da noite sozinha. Ela não precisa de um motivo, é assim desde que cheguei aqui. Estava tão animada pensando que seríamos amigas, já que temos a mesma idade, mas eu estava enganada,
Tenho muitas cicatrizes em todo o meu corpo, especialmente nas costas. Espero que, quando eu tiver meu lobo, elas desapareçam ou pelo menos clareiem um pouco. Afasto rapidamente esses pensamentos e é melhor eu me mexer, não quero que o Alfa me pegue.
Pegando meu cobertor encharcado, me levanto e penduro ele em um pequeno gancho, esperando que seque antes da noite, já que é o único que tenho. Indo em direção à minha cômoda, abro as gavetas e tiro algumas roupas, tirando as molhadas e encontrando um lugar para pendurá-las também, já que não posso fazer lavanderia hoje, tendo que cobrir o café agora.
Calçando meu tênis, olhando para os buracos no topo e para as solas descolando na parte da frente do sapato, suspiro, terei que ficar de olho para ver se alguém joga fora um par que eu possa usar, esses estão bem gastos.
Me levanto, abro a porta do meu quarto, faço o caminho até as escadas, alcanço a outra porta e a abro apenas um pouco, ouvindo qualquer movimento, empurro-a um pouco mais e olho para o corredor, não vendo ninguém, saio e fecho a porta com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho.
Rapidamente, faço meu caminho pelo corredor, mantendo a cabeça baixa. Chegando às escadas, vou degrau por degrau, ouvindo-os rangerem um pouco, me encolho congelada no lugar, me certificando de ouvir. Nada, nenhum movimento, então continuo meu caminho, virando no corredor e indo direto para a cozinha. Agora estou segura, já que ninguém usa esse caminho para ir até a cozinha, só nós os Ômegas baixos e os outros trabalhadores de baixo escalão.
Solto um suspiro assim que entro na cozinha, grata por não ter encontrado ninguém no caminho até aqui. Contornando a pequena ilha no meio da cozinha, começo a pegar tudo que vou precisar. Normalmente fazemos estilo buffet de manhã, já que sempre há pressa com os guerreiros voltando do treino e outros membros da alcateia vindo, todos eles têm a opção de comer em suas próprias casas, mas a maioria ainda vem para a casa da alcateia para o café da manhã.
Colocando as panelas no fogão, começo a fritar o bacon em uma e as salsichas na outra. Uma coisa é certa, carne deve ser feita em todas as refeições, não importa o que. Enquanto elas cozinham, misturo um pouco de massa para biscoitos, enchendo três formas e colocando-as rapidamente no forno, ajustando o temporizador. O cheiro começa a encher a sala, meu estômago ronca, mas sei que é melhor não pegar nada, minha mente repassa o que aconteceu da última vez que comi, sacudindo a cabeça e voltando para a cozinha, pego um copo de água e bebo, isso deve me deixar cheia o suficiente para terminar aqui, ainda tenho uma maçã escondida no meu quarto.
Colocando o bacon e as salsichas em recipientes e vedando eles com tampas para mantê-los quentes. Não quero Kaitlyn gritando sobre comida fria. Vou pegar outra frigideira para fazer ovos mexidos. Assim que os coloco no outro recipiente, ouço o timer do forno apitar e o desligo, puxando as assadeiras e colocando elas nas divisórias quentes do balcão. Dou uma volta e pego mais duas bandejas na prateleira, colocando tudo nelas.
Droga, vou ter que fazer três viagens, não consigo carregar tudo de uma vez. Assim que estava prestes a pegar uma bandeja, as portas duplas balançam abertas, que levam à área de jantar. Eu pulo com o barulho, virando minha cabeça naquela direção.
Vejo Gamma Daniels parado lá, ele se aproxima de mim e eu volto, pressionando-me contra o balcão atrás de mim, meu corpo começando a tremer de medo.
Embora ele nunca tenha me machucado, eu não confio em ninguém.
— Willow, não vou te machucar, só vim ver se você precisa de ajuda, aqui vou pegar duas bandejas,— Ele diz, pegando as duas mais pesadas, virando-se e saindo pela porta.
Engolindo lentamente, tento acalmar meu coração acelerado, pego a bandeja com mãos trêmulas, certificando-me de segurar bem para não derrubá-la e ter que lidar com consequências, vou até a porta, empurro ela e prendo a respiração por um momento, dizendo uma pequena oração para que ninguém esteja aqui. Espio e vejo que está vazio, solto o ar, olho em volta e vejo Gamma Daniels atravessando a sala em direção à mesa mais afastada, colocando as bandejas lá. Vou atrás dele e coloco a minha lá também.
— Willow, eu puxarei os pratos e talheres e terminarei de arrumar a mesa. Por que você não começa o café? Todo mundo vai começar a entrar aqui em uns quinze minutos,— Ele vai para o outro lado da sala e abre o grande armário do chão ao teto, pegando um monte de pratos.
Não digo nada, apenas balanço a cabeça e volto para a cozinha, começo a fazer café.
Assim que encho os bules de café, Gamma Daniels volta à cozinha, eu largo as mãos ao lado do corpo e me afasto dele.
— As pessoas começaram a entrar. Que tal eu levar isso lá? Você pode fazer um suco de laranja, Milo vai querer um.
Novamente, balanço a cabeça e digo um simples — OK— e vou fazer o que ele pediu. Leva apenas alguns minutos para fazer o suco, coloco na bancada e, assim que Gamma Daniels volta, ele pega o jarro,
— Willow, certifique-se de comer alguma coisa hoje de manhã. — Ele diz enquanto se vira para sair da cozinha.
Silenciosa, me aproximo das portas enquanto o burburinho fica mais alto, olhando por uma pequena fresta posso ver a sala se enchendo rapidamente e, não querendo ser pega, me afasto das portas.
Olhando a bagunça do café da manhã, acho melhor começar a limpar, não parece que vou ter ajuda hoje de manhã e definitivamente não quero que Kaitlyn dê ordens para uma punição hoje.