A Serva do Vampiro

Vinho tinto

Tudo foi feito vinte minutos antes de Victor acordar. Eles até me ajudaram a varrer e limpar tudo! Eu estava fechando a porta quando vi um carro parar e não estava esperando mais ninguém.

Saí e fechei a porta atrás de mim. Era a senhora Helen e um homem. Ela sorriu e acenou.

— Ei, Echo! — Ela chamou — Encontrei o Glen com o carro quebrado na estrada. Dê a ela a palavra-código, ela me conhece.

— A palavra-código é vinho tinto — Respondeu Glen.

— Meu mestre ainda não acordou e não me sinto confortável em tê-los em casa até que ele acorde. Por favor, sente-se no banco, eu irei buscá-los quando ele estiver acordado para o dia — Eu disse a eles.

— Sem problemas. Vocês são legais, não vou reclamar — Helen concordou.

Virei-me e entrei, trancando a porta atrás de mim e ajustando os portões para que ninguém mais pudesse aparecer inesperadamente. Desbloqueei e abri a porta da sala de jantar e depois a do porão. Em seguida, peguei a bandeja de lanches e coloquei as garrafas de suco no freezer para gelar.

Victor logo estaria acordado, e eu imaginava que sua amiga provavelmente também estaria acordada na mesma hora. Queria ter certeza de estar totalmente preparada para uma vampira estranha na casa. Não muitas mulheres se alimentaram de mim, mas elas não eram mais bondosas que os homens e isso me preocupava um pouco.

— Boa noite — Disse uma voz feminina atrás de mim.

Consegui não pular e virei em direção à voz. Uma mulher com aparência jovem estava de pé na penumbra da sala de jantar e não parecia que iria se aproximar mais.

Ela tinha a mesma altura que eu, pele pálida, olhos violetas como os de Victor e cabelos loiros longos. Suas roupas estavam cobertas de sangue e isso me deixou nervosa, mas Victor me prometeu que ninguém me machucaria. Eu confiava nele.

— Você é a senhora Rosalynn? — Perguntei.

— Sim. A casa é adorável. Victor me disse que estava tudo horrível — Ela sorriu.

— Consertei tudo. Deixe-me subir e pegar algo para você se trocar. Eu iria oferecer um banho, mas os doadores chegaram e estão esperando do lado de fora — Eu disse a ela.

— Obrigada, Echo. Vou esperar aqui.

Corri para o meu quarto e peguei um vestido florido rosa do meu armário. Serviria, ela não precisaria de roupas íntimas, pois não tinha curvas maiores. Perguntei-me onde estava a bagagem dela, ou se ela havia considerado pegar emprestado de mim. Também peguei uma toalha para que ela pudesse se limpar no banheiro do andar de baixo.

Quando voltei, avisei a ela que era seguro circular pela casa porque o sol estava bloqueado. Rosalynn estava grata e levou os itens para o banheiro. Fui até a porta do porão e encontrei Victor quando ele estava subindo. Ele olhou em volta, impressionado com a luminosidade da cozinha.

— Aqui não tem luz solar direta. As janelas estão cobertas com um plástico branco que impede a entrada. Você pode sair com segurança — Eu disse.

— Faz muito tempo desde que estive em um local tão claro como este.  

— Pensei que você gostaria de se sentir um pouco mais vivo quando acordasse cedo. Todos os cômodos do térreo têm essa cobertura, todas as áreas abertas do andar de cima também. Apenas os quartos são completamente escuros — Expliquei.

Victor saiu do porão e sorriu ao olhar em volta. A cozinha ficou muito mais acolhedora desde que adicionei a decoração. A mesa estava arrumada com jogos americanos e um centro de mesa bonito que eu gostei.

— Por favor, vá para a sala de estar. Os doadores estão aqui. A Rosalynn está se arrumando um pouco. Eu os deixarei entrar quando vocês estiverem acomodados lá — Eu disse a ele.

— Obrigado, Echo. m*l posso esperar para ver tudo — Victor sorriu e foi para a sala de estar.

Quando Rosalynn saiu do banheiro, a encaminhei e comecei a deixar suas roupas de molho em água fria. Depois disso, fui até a porta da frente e guiei Helen e Glen até onde os vampiros estavam esperando.

— Uau, Echo! Estou impressionada. Apenas dois dias atrás, isso estava tão r**m, Glen. Coisas realmente baratas. Quase não acreditei quando você disse que era temporário e agora está muito bom! — Helen elogiou.

Continuei andando. Algo nela me irritava e eu realmente não queria ter que fazer uma conversa. Estava exausta e não tinha ideia do que fazer para o jantar, talvez eu só fizesse uma salada. Tomar decisões era difícil quando estava tão cansada.

Cozinhar sem seguir as instruções de outra pessoa era muito difícil. Deveria fazer um plano de refeições. Assim eu não teria esse problema. Sacudi a cabeça. Precisava me concentrar.

— A senhora Helen e o senhor Glen chegaram, mestre. Tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você? — Perguntei.

— Não, obrigado, Echo. Vá descansar — Victor sorriu suavemente.

Fiz uma reverência e segui para a cozinha. Da última vez, ele levou apenas cinco minutos para se alimentar. Achei que seria o mesmo para ela. Se ela acordava tão cedo, então teria que ter a mesma idade... certo?

Configurando um cronômetro de quatro minutos, desci para o porão e tirei o colchão de lá. Depois eu chamaria o serviço de remoção para levar os dois colchões embora mais tarde. Levei meu pacote para a lavanderia e os coloquei na máquina de lavar grande assim que o cronômetro soou. Depois de tirar os sucos do congelador e pegar a bandeja, fui para a sala de estar. Ambos os vampiros tinham terminado de se alimentar e estavam se afastando de seus doadores, eu cronometrei perfeitamente, não queria vê-los fazendo suas refeições.

Coloquei a bandeja e entreguei a Helen uma garrafa de suco de cranberry, que ela me disse da última vez que gostava. Glen parecia feliz e pegou um suco de laranja. Victor e Rosalynn saíram da sala sem dizer nada.

— Acho que este é o meu novo cliente favorito. Móveis confortáveis, vampiros educados e lanches grátis — Helen sorriu enquanto tomava seu suco e beliscava a comida.

— Estou alimentando vampiros há três anos e nenhum deles era assim — Glen disse.

— Você também era uma doadora, não é, Echo? — Helen perguntou.

— Sim. Mas não faço mais isso — Sorri educadamente.

— Por que você não tem cicatrizes? Você fez um tratamento a laser? Conheci alguém que fez isso quando parou — Ela disse.

Não gostei da forma como ela estava investigando e fazendo perguntas. Mentir me serviria melhor, precisava fazer com que ela desistisse e saísse.

— Sim. A recuperação foi bastante dolorosa, mas não tenho mais cicatrizes — Eu concordei.

— Quantos anos você tem? Você não parece ter idade suficiente para doar na Cruz Vermelha, muito menos para vampiros — Ela pressionou.

— Vinte e dois. Eu só fiz isso por um ano mais ou menos — Sorri enquanto mentia.

— Nossa. Você tem essa carinha de bebê. Quer sair conosco na sexta-feira? Eu e o Glen tiramos essa noite para curtir com nossos amigos. Você vai se divertir — Ela insistiu.

— Eu janto com minha família às sextas-feiras. Obrigada pelo convite. Está pronta então? — Perguntei, levantando-me.

— Sim. Tenho mais um cliente hoje à noite. Normalmente não posso fazer dois, mas seu chefe não pede muito — Helen riu.

— Vou te acompanhar até a porta — Ofereci e os conduzi até a entrada.

Depois que eles foram embora, encostei-me na porta e suspirei. Ela tentou me chamar para sair na última vez também e, como estava se sentindo bem ainda, ela queria festejar. Eu não gostava dela. Havia algo nela que me incomodava, talvez fosse sua atitude. Ela não gostava de mim quando entrou pela primeira vez, mas então decidiu ser gentil. Não gosto quando as pessoas mudam rapidamente assim.

Voltei para a sala de estar para limpar a bagunça e depois fui para a cozinha ver minhas opções para o jantar. Talvez apenas um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia. Eu realmente queria tomar um banho e ir para a cama, no entanto, Victor queria fazer aquele teste.

Caminhando até o escritório dele, fiz uma pausa do lado de fora da porta. Eu deveria verificar com ele e, se eu colocasse um despertador, poderia cochilar no sofá enquanto esperava pela lavanderia.

— Mas você realmente acha que essa é a melhor ideia? — Rosalynn perguntou.

— É realmente a única opção. Ela está falando em se matar. Se parecer que ele pode ser do tipo que a levará, vou me casar com ela — Victor respondeu.

Casar? Eu não conseguia imaginar. Não sabia o que pensar sobre isso. Não era pior do que a morte, suponho, mas deve haver uma opção melhor.

— Tudo bem. Vamos fazer o teste e ver se é realmente uma preocupação. Cuidarei da papelada, se for o caso. Ela não pode agir como sua serva se você fizer isso. Quando estiver com outros vampiros, ela tem que ser sua esposa — Rosalynn avisou.

— Ela será. Echo é uma atriz maravilhosa, só se comporta como uma serviçal com pessoas que não conhece. Caso contrário, ela é apenas normal — Victor disse.

Bati na porta. Não queria ouvir mais, só queria fazer o teste e ir para a cama.