Eu andei pelo primeiro andar, fechando todas as cortinas e me certificando de que nenhuma luz solar entrasse. Ao chegar na porta do porão, ela se abriu, Victor estava sorrindo e me abraçou, o que me fez sentir feliz e segura.
— Muito obrigado por limpar aquele porão, criança! Foi tão bom acordar em um lugar limpo novamente — Ele riu.
— Eu achei que você pudesse ficar de bom humor se dormisse bem, Victor — Respondi.
— Você vai jantar? — Ele perguntou.
— Ainda são cinco horas, eu estava começando a aquecer tudo e fechar as cortinas para você. O cara dos vidros abriu todas. Depois eu iria abrir a porta e começar a cozinhar — Expliquei.
— Então vou com você e você pode me contar como foi seu dia — Victor pegou minha mão e me guiou até a cozinha.
Ele estava agindo estranho. Isso me fez pensar o quão estranho ele seria na noite seguinte. Eu precisava ficar acordada e terminar de limpar o resto da casa. Felizmente, não havia nada para fazer nos banheiros, eu poderia fazer isso na noite seguinte.
Eu trabalhei limpando a batata e esfregando a casca com óleo e sal antes de colocá-la no forno. Enquanto trabalhava, contei para Victor sobre todas as coisas que tinha visto e feito durante o dia. Ele estava entusiasmado que amanhã seria o último dia que passaria no porão.
Assim que ele se levantasse amanhã à noite, eu tiraria o colchão que ele estava usando lá embaixo e lavaria os lençóis antes de colocá-los na minha nova cama. Ele não precisaria mais de lençóis tamanho queen e eu finalmente veria como são os lençóis de alta qualidade.
Não falamos sobre o lance de vampiros ou sobre o lance de meio-vampiro. Eu só queria ter um tempo para me sentir normal e, em vez disso, falamos sobre o que eu precisaria para a escola na próxima segunda-feira, meu nervosismo em ir para a escola pela primeira vez e o que aconteceria amanhã quando tudo chegasse.
Levei até uma hora da manhã para terminar toda a limpeza e preparação para a mudança. Quando acordasse, eu tiraria a minha cama e a prepararia para ser levada. Eu não me importava com o colchão, mas Victor queria que eu tivesse itens de boa qualidade. Entrei em seu escritório antes de ir para a cama.
— Victor? — Eu disse da porta.
Ele olhou para cima de onde estava movendo seus arquivos para caixas e acenou para que eu entrasse. Victor parecia muito mais relaxado do que na noite passada, não havia gritaria desta vez.
— O que você precisa, princesa? — Ele perguntou.
Eu corei. Drew me chamava de princesa às vezes e acho que Victor gostava disso. Não me importava tanto quando ele fazia isso como quando Drew fazia isso, pelo menos era melhor do que criança.
— Estou indo para a cama. Se você quiser só colocar os arquivos no armário, eu agradeceria. Certifique-se de que seu laptop esteja em algum lugar seguro, ok? — Respondi.
— Dorme bem, criança. O meu escritório estará pronto de manhã — Disse Victor.
— Vou pedir para o seu amigo colocar na sala de jantar. Não temos visitas, então não comprei uma mesa para entreter, apenas uma pequena para a cozinha.
— Perfeito. Vejo você à noite — Ele piscou.
Segui para o meu quarto. O senhor Springer pode ter sido o mais gentil dos meus clientes, mas Victor era a pessoa mais legal que já conheci. Ele se importava comigo e garantia que eu tivesse tudo o que queria ou precisava. Ele sempre era gentil. Eu estava pensando que gostaria de ficar com ele, queria ser sua serviçal depois dos dezoito anos. Não conseguia pensar em mais nada que se adequasse tão bem a mim.
*
Na manhã seguinte, acordei às sete horas, vesti uma calça jeans e uma camiseta cinza e fui tomar café da manhã. As pessoas e os trabalhadores começariam a chegar às nove horas e eu queria ter o máximo de tempo para mim mesma. Eu sabia que a casa estaria cheia e não estava acostumada com esse tipo de atividade.
Depois de lavar minha louça, olhei para o relógio do meu celular: eram oito e meia. Verifiquei se as caixas de arquivos no escritório de Victor estavam guardadas e fiquei satisfeita ao ver que ele tinha terminado o trabalho. Abri as portas da sala de jantar em meu caminho de volta para a cozinha.
Com bastante tempo antes de qualquer pessoa chegar, eu estava um pouco curiosa. Morar com um vampiro era muito diferente de atuar como doadora. Eu sabia que ele estava lá embaixo, praticamente morto. Parte de mim queria ir olhar, parte de mim odiava a ideia de ver. Seria o Victor, mas não o Victor.
Um zumbido na entrada me tirou dos pensamentos, salvando-me da tentação. Fui atender e deixei os homens entrar para levarem os móveis velhos. Destranquei o portão, deixando aberto.
Eu sabia que não era totalmente seguro, mas significava que eu não teria que ficar indo e voltando o dia todo. Os homens começaram pelos quartos de cima e terminaram com a sala de estar. Fiquei feliz que as coisas estavam se encaminhando para um bom lar.
O caixa da livraria chegou logo em seguida com seu amigo e os fiz entrar pela garagem. Havia uma porta externa lá que era a mais próxima da biblioteca. Eles começaram a carregar caixas de livros assim que quatro caminhões com o logotipo da empresa de películas chegaram.
O chefe deles começou a dar ordens, então veio e conversou comigo. Eu não tinha percebido que o cara que estava dando o orçamento ontem era o dono. Ele me deu um prazo agora que sabia quantas pessoas havia e os homens começaram a trabalhar nas janelas do andar de cima. Com as janelas brancas, Victor conseguia se sentir humano novamente, podia desfrutar da luz natural sem que isso o machucasse.
Eu sorri e entrei para varrer onde os móveis antigos estavam e deixar tudo pronto para as entregas. Todas as decorações que comprei estavam guardadas na garagem e eu as colocaria depois que tudo estivesse no lugar.
Enquanto eu terminava de arrumar a sala de estar, um caminhão de entrega parou. Saí para encontrá-los, quando um homem se aproximou, enquanto outros dois tiravam uma caixa grande de dentro do caminhão.
— Senhorita Nightshade? — Ele perguntou.
Era a primeira vez que alguém me chamava assim. Fiquei um pouco nervosa em responder, mas precisava resolver tudo, Victor estava contando comigo.
— Sim. Como posso ajudar? — Sorri.
— Temos uma entrega dos restos mortais do seu ente querido. Para onde gostaria que a levássemos? — Ele respondeu.
A amiga de Victor, Rosalynn. Eu precisava agir como se estivesse esperando por isso. Precisava me colocar no lugar de alguém que perdeu um ente querido.
— Oh, meu Deus. Tia Rosa. Por favor, me siga — Disse com seriedade. Levei os homens até a sala de jantar e pedi que colocassem a caixa no chão. Eles se ofereceram para abrir a tampa para mim e eu concordei graciosamente. Dentro havia um caixão muito bonito, opalescente, com alças douradas. Muito bonito — Muito obrigada por trazer minha tia de volta para casa — Agradeci enquanto eles estavam saindo.
— Não há problema, senhorita. Ficamos sempre felizes em reunir famílias. Tenha um bom dia. Sentimos muito pela sua perda — Ele acenou com a cabeça e os homens voltaram para o caminhão.
Tranquei a porta da sala de jantar e fui verificar os homens desembalando os livros. Eles conversavam e se divertiam. Fui até a cozinha e peguei alguns biscoitos que tinha assado ontem, levando para os rapazes e eles agradeceram.
Menos de uma hora depois, vários caminhões de mudança pararam em frente à casa. Os homens que estavam fazendo a aplicação de película nas janelas tinham terminado o andar de cima e estavam quase terminando o térreo. Em algumas horas, Victor acordaria, e eu não sabia quanto tempo antes que sua amiga o fizesse.
Após guiar os homens com os eletrodomésticos para a lavanderia, assumi uma posição no andar de cima para orientar a colocação dos conjuntos de quarto. Nove camas queen size com cômodas e criados-mudos para os outros quartos, uma cama king size com cômoda e criados-mudos, um sofá pequeno, mesa de centro e cadeiras para o quarto de Victor, uma escrivaninha pequena e cadeira de escritório no meu quarto e algumas mesinhas para o corredor foram colocados.
Direcionei a posição de tudo no escritório de Victor, a configuração da sala de estar, o layout da sala de família e a colocação das cadeiras e mesas na biblioteca. A mesa de jantar e as cadeiras já estavam no lugar perfeito, então não quis mexer nelas.
O caixa da livraria, Steve, e seu amigo, Mark, se ofereceram para ajudar a fazer as camas e pendurar quadros. Vários dos carregadores ficaram para trás e ajudaram a pendurar cortinas. Eu estava realmente me tornando boa em influenciar as pessoas.