Ida às compras

1761 Words
Saí da sala e fui para o meu escritório. Perguntei-me se o Drew realmente queria falar comigo ou não, mas quando abri a porta, ele estava girando na cadeira do escritório em frente à minha mesa. Revirei os olhos. — De verdade, Drew? Quantos anos você tem? — Eu zombei. — Quase duzentos em anos humanos, Victor. Ainda gosto de girar nessas cadeiras. Nunca é tarde demais para se divertir com uma boa volta — Ele riu. — Diga-me isso de novo daqui a seiscentos anos — Abanei a cabeça e fechei a porta. Depois de me sentar, fiz um gesto para que ele continuasse. — Então você não percebeu aquela insinuação mais cedo? — Drew riu. — Eu poderia perguntar que insinuação, mas isso daria a resposta — Eu respondi. — Quando você insinuou que tinha muito mais a oferecer para a garota. Pisca, pisca. — Você tem uma mente suja. Como a Silence te aguenta? Você não disse ou fez nada de inadequado com minha Echo, não é? — Rosnei. — Sua Echo? — Ele levantou as sobrancelhas. — Eu a comprei, ela é minha. É um fato — Eu respondi. — Nada de inapropriado foi dito ou feito. Saímos assim que acordamos pela manhã. Ela me pediu ajuda com as cortinas antes de comprá-las. Nunca vi uma mulher fazer compras tão friamente como ela fez, só experimentou algumas coisas, e comprou nas medidas e marcas específicas. Parecia que nem se importava com a aparência e o caimento. As compras no supermercado foram iguais. Ela entrou com uma lista na cabeça e pegou exatamente o que precisava. Sem hesitar e sem perambular pelos corredores. Paramos para almoçar e foi a primeira vez que a vi sem saber exatamente o que queria. Ela parecia prestes a chorar, então perguntei o que ela não gostava e fiz o pedido para ela. A Echo disse que nunca tinha ido a um restaurante de fast food antes e simplesmente não conseguia decidir. Ela usou meu telefone para fazer ligações, e depois definiu um alarme depois de guardarmos as compras e começarmos a lavar a louça nova antes de limpar todos os cômodos daqui debaixo, e depois pendurar as cortinas para você. Sem pausas, trabalhando direto até o alarme nos avisar que era hora de começar a fazer o jantar. Ela definiu alarmes a cada quinze minutos, assim saberia quando você acordasse. A Echo é realmente talentosa nisso. Em uma semana ela deixará sua casa perfeita. Eu garanto. Ela preparou aquela bandeja de petiscos antes de fazer o jantar. Comprou todas aquelas coisas em preparação para os seus doadores — Ele relatou. Sorri. Pelo menos algo de bom veio do comportamento horrível dos pais dela. Seria benéfico para mim mantê-la por perto. Assim que tudo estivesse em ordem, ela seria capaz de administrar facilmente minha casa e ter uma vida própria. — Como está indo tudo o mais? — Perguntei. — Paris diz que pode avaliá-la na quinta-feira. Está apertado, mas ele pode imprimir a transcrição enquanto estivermos aqui. Posso matriculá-la na sexta-feira, e em uma semana ela poderá estar na escola. Cass ligou e disse que ele tem tudo para agilizar a mudança de nome dela. Teremos os documentos até quarta-feira — Drew afirmou. — Ótimo. Vou encomendar um celular no meu plano com entrega para o próximo dia. Ela precisa poder usar o seu próprio telefone, afinal, você nem sempre estará por perto. Leve-a a uma loja de eletrônicos e compre um laptop para ela também. Provavelmente precisará de um para a escola — Decidi. — Sim, senhor. Se já terminou comigo, minha mestre acorda em vinte minutos, gostaria de estar lá para ela — Ele sorriu. — Pode ir. Obrigado pela sua ajuda hoje — Levantei-me e apertei sua mão. Tirando meu computador da bolsa, encomendei um celular com uma capa para a Echo e comecei a trabalhar nas informações que a Silence havia me passado. Ela ainda estava fazendo sua auditoria, mas já havia algumas pessoas com quem precisávamos lidar. Cuidaria delas depois que a Echo fosse dormir. Não queria que ela se preocupasse. Enquanto trabalhava, consegui sentir o cheiro dos produtos de limpeza que a Echo estava usando. Era uma mudança agradável em relação ao pó e à sujeira. Minha mente parecia mais focada, sabendo que ela estava trabalhando sem parar. Depois de algum tempo, meu telefone tocou. Olhei o identificador de chamadas, era a Rosalynn. — E aí, Rosy, como está indo a sua viagem até agora? — Perguntei. — Eu odeio tudo. Estou no porão de um avião. Está frio, e a minha bolsa de sangue estourou, então estou coberta de sangue, congelando e com fome. Posso passar alguns dias sem, mas não é exatamente o ideal. De qualquer forma, encontrei um caminhão para me levar até a sua casa, então ninguém precisa me buscar. Chegarei lá na terça-feira de manhã ou à tarde. Você pode mandar alguém do banco de sangue me buscar? Eu gosto de B positivo — Rosalynn reclamou. — Eu me lembro. Vou avisar a Echo para que ela te coloque em um lugar seguro, e vou ligar para a Silence para organizar o seu doador. Mais alguma coisa? — Perguntei. — E a garota? Você está conseguindo não provar dela? — A Echo está bem. Ela gastou muito do meu dinheiro hoje e gastará ainda mais amanhã. Agora, ela está limpando. E eu estou um pouco ofendido por você me perguntar se eu me alimentei dela, ela é uma criança, eu nunca faria isso. Vou te ajudar com os exames, mas o sangue será coletado com uma agulha, não com minha boca. Rosy, ela estava tremendo como uma folha quando achou que eu ia me alimentar dela ontem à noite. Estou surpreso que ela não tenha encontrado uma maneira de fugir hoje — Eu disse a ela. — Bem, ela sabe que você é m****o do conselho. Não há motivo para fugir de alguém que está lá para protegê-la — Ela riu com desdém. Foi isso que eu esqueci... Eu não disse para Echo que eu era m****o do conselho, apenas que estava investigando. Provavelmente devo informá-la do que está acontecendo. — Você contou para ela, não contou? — Rosalynn perguntou com um tom de lamento. Ela sabia que eu não tinha contado. — Talvez eu tenha pulado essa parte, Rosy. — É melhor você consertar isso antes que eu chegue aí, senão você estará em apuros, jovem — Ela me repreendeu. — Você só tem cinquenta anos a mais do que eu, Rosy. E você não é minha sire — Eu provoquei. — Conserte isso, Vic. Precisamos que ela saiba o que está acontecendo. Se a sua avaliação estiver correta, ela é a primeira meio-sangue em trezentos anos, a primeira meio-sangue que não foi sireada por um vampiro completo e a primeira meio-sangue a ser criada como algo além de uma guerreira ou uma reprodutora. Talvez precisemos verificar os irmãos dela também. Eles podem ser iguais, mas se apresentarem de maneiras diferentes — Rosalynn insistiu. — Então, estou supondo que não posso ficar com ela, né? — Eu ri. — Dependendo de quem pertence à linha de sangue dela, pode ser uma briga difícil para mantê-la com você. Ah, eu quase esqueci! Você está sendo oficialmente nomeado mestre do território. Há um assento no conselho disponível nessa área há um tempo. Você pode escolher seus dois apoios e começar a reestruturar a área. Eu sei que você sentiu falta de administrar um território — Ela disse com um tom simpático. — Obrigado, Rosy. Já estou trabalhando na limpeza. — Por que você desistiu de tudo para perseguir aquele filho em vez de apenas deixá-lo ir? — Ela perguntou. — Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer... — Eu ri. Todo mundo me pergunta isso — Sério, Rosy!? Ele me roubou! Não importa que eu não precisasse do dinheiro! Era uma questão de princípios! Você não morde a mão que te alimenta, você não rouba do seu maldito sire! — Eu gritei. — Olha a linguagem, Victor — Rosalynn repreendeu. — Desculpe. Você sabe como sou com relação à honra e às regras. Isso realmente me irrita, Rosy — Eu suspirei. — Bem, seus outros filhos certamente têm medo. Você o caçou implacavelmente e o matou como disse que faria, mostrando imparcialidade e nenhum sentimentalismo — Ela disse suavemente. Era isso que eu pretendia. O ano que lhe dei foi o que eu teria concedido a qualquer filho que cometesse um erro. O fato de eu ter confiado nele para voltar e não ter enviado rastreadores para encontrá-lo fez parecer que eu estava favorecendo-o. Houve uma batida na minha porta. Chamei Echo para entrar, só poderia ser ela e parecia preocupada. — Você está bem, Victor? Ouvi você gritar — Echo sussurrou e eu coloquei meu celular de lado. — Eu te assustei, pequenina? Não tenha medo. Eu estava apenas um pouco emotivo. Não acontece com frequência. Você está segura. — Você parecia muito bravo. Tem algo que posso pegar para você? Eu sei que você não come, mas posso fazer um milkshake ou algo assim com os saquinhos de sangue na geladeira e alguns molhos. Ouvi dizer que molho de chocolate vai bem com sangue tipo O. Você gostaria? — Ela disse baixinho. — Sim, por favor. Obrigado, Echo — Eu sorri. — Eu voltarei daqui a pouco — Ela assentiu e saiu do quarto. Peguei o telefone e Rosalynn estava rindo. — O que exatamente é tão engraçado? — Eu perguntei. — Você. Ah meu Deus, ela te trata como uma criança. É hilário! Sinceramente, a melhor parte dessa viagem! Você fez uma birra e ela te ofereceu um agrado como uma mãe com uma criança mimada — Ela riu tanto que fez um som engraçado! — Ela está apenas tentando ser uma boa serva, não me tratando como uma criança. Agora, pare de rir ou você vai ficar apenas com saquinhos de sangue durante toda a sua visita. Lembre-se de que você precisa da minha permissão para se alimentar de humanos no meu território — Eu avisei. — Ok, senhor rabugento. Vou dormir. Até daqui a dois dias — Ela disse enquanto desligava. Eu conseguia ouvir o liquidificador na cozinha. Ela estava me tratando como uma criança mimada? Geoff costumava me dar agrados quando eu ficava bravo também. Ele passou dez anos aperfeiçoando vários doces que poderia guardar em um bolsinho para quando eu ficasse de mau humor... Talvez eu precisasse refletir um pouco sobre isso.
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