Uma Criança Encontrada
Eu bati a cabeça de Springer contra os tijolos do beco. Se ele estivesse respirando, estaria roxo agora. Ele tinha 1,75 m de altura, com cabelo loiro quase branco e olhos violeta. Foi a linhagem do meu sire que lhe deu esses olhos, e eu estava prestes a tirá-los de volta se ele não tivesse o dinheiro que ele roubou de mim e uma boa maldita desculpa boa para sua mensagem leviana.
— Grrllbplmm — Springer gorgolejou.
Meu lábio se curvou em um rosnado. Eu queria esmagar a garganta dele da forma que ele merecia. Depois de tudo que eu tinha feito por ele, por quase oitenta anos, o pequeno bastardo me roubou! Passei quinze anos o rastreando até os Estados Unidos! Tive que viver de uma mala enquanto tentava descobrir para onde ele tinha ido! Não tinha nenhum servo para cuidar das minhas necessidades! Nada!
Não o encontrei até um doador me contar sobre um feitiço que te esconde do olhar dos outros, que eu descobri. Meu trabalho foi interrompido enquanto eu procurava meu filho rebelde. Malditos quinze anos!
Ficar adormecido por tanto tempo, abandonar meu território por tanto tempo, agora eu estava sem lar e sem reputação. Me tornei apenas um rumor, um fantasma no mundo dos mortos-vivos. O joguinho dele tinha me custado tudo pelo que eu tinha trabalhado.
Apertei com mais força o pescoço dele. Arrancar a cabeça dele me faria mais feliz do que qualquer dano que eu pudesse causar agora, mas eu queria mais do que uma libra de carne. Claro que ele não seria capaz de me contar nada se eu esmagasse sua garganta. Pelo menos, não até que se curasse e eu não queria esperar tanto tempo.
Suspirei, o soltei e dei um passo para trás. Springer caiu de joelhos, segurando o pescoço e eu olhei para ele com desprezo.
— Bem, onde está? — Rosnei.
— Gastei tudo. Desculpe, mestre! Por favor, não me mate — Ele implorou.
Ele tinha apenas cem anos, mas vinha causando problemas desde antes de eu o transformar. Ele não era minha primeira escolha para um filho meu. Se não fosse pelo fato de seu pai ter sido um querido amigo meu, eu não teria feito isso.
Jacob sempre se arrependeu de me pedir para transformar seu filho. E eu também. Ele queria que seu filho vivesse, mas a vida como vampiro não é a mesma que a vida como humano. Levou décadas para que a memória do garoto voltasse. Apenas a tempo de estar ao lado da cama de morte de seu pai.
— Em que você gastou meu dinheiro, Springer? — Sibilei, me aproximando novamente.
— Uma casa, carros, sangue, roupas. São todos seus... bem, exceto o sangue. Eu acho que os pais dela não vão vendê-la, mas posso te dizer com quem entrar em contato para se alimentar dela — Ele ofereceu empolgado.
— Pais? Você se alimentou de uma criança!? — Eu vi vermelho.
As palavras da bruxa que me falou sobre o feitiço de ocultação ecoaram em minha mente. Ele estava machucando alguém, estava machucando uma criança.
Essa era minha única regra quando se tratava de me alimentar. Nunca me alimentar de alguém que não seja capaz de entender o que está oferecendo, não pessoas com deficiências mentais, crianças, pessoas intoxicadas ou idosos. A punição para isso era a morte.
— Não foi culpa minha! Eu disse isso como uma piada e a mãe apenas deixou! Eu não sabia como lidar com isso quando ela levou minha piada a sério. A mãe dela insistiu em triplicar o p*******o e me deixar com a garota. Então... eu me alimentei dela — Ele insistiu.
— Dissesse a ela que você estava apenas brincando e que NINGUÉM se alimenta de uma criança. Que tipo de pais permitiria que isso acontecesse? A mãe dela é uma viciada? — Eu perguntei, furioso.
— Não. Família de classe média. Ela estava vendendo sangue porque precisavam do dinheiro. Agora, acho que fazem isso para se divertirem mais.
— Há quanto tempo você está se alimentando da garota? Você insinuou que foi mais de uma vez.
— Dez anos. Costumo vê-la uma vez por mês. Da última vez, os pais dela disseram que, se eu dobrasse o p*******o, me deixariam tirar do segmento da artéria da coxa dela. Por isso, tenho trabalhado como garoto de recados. Precisava do dinheiro. Ela é a melhor coisa que já provei, mestre. Fiquei viciado desde a primeira gota. Foi um inferno nos últimos meses, tentando ganhar isso — Springer choramingou.
— Quantos outros se alimentam dela? — Rosnei.
Todos eles morreriam. Começando por Springer. Aproveitar-se de crianças os tornava monstros de fato, em vez de apenas serem chamados assim. Não permitiria que eu, minha linhagem ou meu povo fossem associados a criaturas que fariam isso.
— Silence é o intermediário. Ela deve saber quem mais. Ela não sabe que combinamos com a mãe e nos alimentamos da criança. Silence apenas pensa que a mãe é popular porque tem sangue do tipo AB-, que é mais difícil de encontrar aqui — Springer disse.
— Até que eu resolva isso, você ficará na cidade. Feitiços não vão funcionar desta vez. Se você fugir, eu vou te amarrar em uma árvore e deixar o sol te levar. Você entendeu? — Eu disse em tom mortal.
— Sim, mestre.
— Me leve até minha casa — Eu ordenei, e ele guiou o caminho até o carro, que agora também era meu.
—
Dirigimos pela cidade até um bairro de classe alta. As casas eram grandes e distantes uma da outra. Ele estacionou em uma garagem com portão eletrônico e apertou um botão no visor para abrir.
Havia câmeras de segurança nos postes de pedra aos quais o portão de ferro estava preso. A longa entrada era alinhada com árvores, lâmpadas pontilhavam o caminho, mas não estavam acesas. À medida que nos aproximávamos da casa, fiquei ainda mais impressionado. Era uma casa grande no estilo colonial, o alpendre tinha colunas que alcançavam até o topo do segundo andar. Era branca, com venezianas azuis e uma porta da mesma cor. Estacionamos o carro e entramos.
A entrada era vasta, com uma escadaria e piso de mármore. Não havia nada nas paredes e ele não fez nenhum movimento para acender a luz. Uma mesa barata ficava próxima, com papel decorativo imitando madeira arranhava quando Springer jogou as chaves em cima dela. Eu fiz uma careta. Uma casa como aquela não merecia móveis baratos e eu queria poder dizer que aquilo era horrível, mas, infelizmente, ele havia decidido decorar a casa com móveis e objetos que encontrava na rua ou no Walmart. Era inaceitável. Ele morava ali há quase uma década. Ele deveria ter decorado no primeiro inverno que passou aqui. As lojas abriam depois do anoitecer no inverno. Não havia desculpa para um ambiente tão vergonhoso.
— Isso é revoltante. Você não tem cortinas nas janelas, onde você dorme? — Perguntei.
Springer pegou uma lanterna e me mostrou o caminho para o porão, onde não havia janelas. Um colchão estava no chão, o cheiro de sujeira, poeira e bolor contaminava o ar, o que me fez torcer o nariz de nojo.
Por que um homem compraria uma casa assim se planejava viver no porão, em um colchão velho, como um drogado? Eu achei que tinha sofrido. Ele fez isso a si mesmo por sua própria preguiça e falta de consideração.
— Você mora aqui há pelo menos dez anos sem serviços básicos. Sem sair do porão. Por que não arrumou um servo humano para cuidar das suas necessidades? — Perguntei.
— Tentei, mas não consegui mantê-los. Eles perdiam o controle da minha influência em três dias — Admitiu ele.
— Você não os alimentou com o seu sangue? Estava apenas usando o controle mental? — Pressionei. i****a.
— Eu... Não pensei em fazer isso. Desculpe, mestre — Springer abaixou a cabeça.
Mesmo quando estava vivo, ele era impulsivo e inconstante. Foi isso o que causou a ferida que fez seu pai me pedir para salvá-lo, com eternos vinte anos e parecendo mentalmente tão imaturo quanto fisicamente. Suspirei.
Essa cidade era perfeita. A população de vampiros era baixa o suficiente para evitar muitos conflitos, mas grande o bastante para nunca se sentir sozinho. Havia humanos em abundância para se alimentar e um intermediário de sangue quando você não estava com vontade de caçar. Tenho certeza de que também existia uma agência de servos diurnos, Springer só não tinha pensado em procurar.
— Me dê o endereço de Silence e depois quero que você prepare um lugar limpo e seguro para eu dormir. Quando eu voltar, VOCÊ estará aqui. Está me entendendo? — Rosnei.
— Sim, mestre — Springer se curvou e revirou sua carteira, me entregando um cartão com a imagem de um coração pingando sangue e o nome do intermediário.
Peguei as chaves no caminho de saída e coloquei o endereço no sistema de navegação do carro. Eu tinha que encontrar os vampiros que se alimentaram da garota e acabar com eles, fazer Silence tirar a mãe do cardápio e encontrar um jeito de me redimir com a garota que meu filho i****a transformou em uma iguaria neste território. Pelo menos uma dessas coisas poderia ser feita ainda hoje.