Mark narrando
Eu tinha acabado de chegar em casa, eu trabalhava como vendedor de carros em uma concessionária, passava o dia ralando para fazer horas extras, mas nem todo mês dava bom, aí eu fazia uns b***s de garçom durante a noite. Era o que dava né... Eu sou uma pessoa tranquila, gosto de festas, lógico, quem não gosta? Amo me divertir, sair em busca de novos desafios, de gente nova, experimentar comidas diferentes e tudo de bom que o mundo pode proporcionar... Mas nem sempre eu consigo fazer isso, eu sobrevivo com um salário mínimo por mês, não sou formado em nada, sempre ouvi minha mãe dizer "estude, para se tornar alguém na vida" e eu odiava essa frase, todo mundo é alguém na vida... Um diploma não deveria ser associado a isso... Mas eu entendia que o "alguém na vida" para a minha mãe era ter dinheiro o suficiente para não passar pelo o que ela passou, pelas dificuldades que ela passou. A gente vai ficando mais velho e traduzindo melhor o que os nossos pais querem dizer... Enfim... Eu subi tomar um banho tirar as bactérias do meu corpo, afinal lido com pessoas o dia todo e não via a hora de chegar em casa e descansar... Eu morava num apartamento bem simples, de péssimo encanamento e um prédio perdido no meio do nada, mas era o que dava para eu pagar de aluguel...
Quando terminei meu banho, eu sentei no sofá e peguei meu celular para me distrair um pouco e do nada ele começa a tocar com um número estranho:
Ligação on:
- Alô...- Eu disse do outro lado da linha.
- Mark? - Eu sorri com a voz que eu tinha ouvido...
- Helena, que surpresa a sua ligação...-Eu disse todo feliz, eu lembro que tínhamos trocado números de telefone, mas nunca pensei que ela faria a primeira ligação.
- Bom, eu liguei porque....antes...Você está ocupado?
- Não, acqbei de chegar do trabalho, mas estou tranquilo no momento...
- Tem certeza?
- Absoluta... Para provar que sim, vou te convidar para vir na minha casa, o que acha?- Ouvi ela rir baixo...
- Se não se incomodar, posso ir sim...
- É nesse endereço xxxx xx apartamento 6...
- Tudo bem, eu me acho...
- Estarei esperando...
ligação off
Eu ri baixo e lembrei da noite passada... ela era mesmo incrivel, o que a gente teve foi surreal, eu nunca tinha trombado com uma energia tão boa que desse certo com a minha como a de Helena... Mesmo não sabendo quase nada sobre a sua vida, eu ainda lembrava perfeitamente de cada detalhe da noite anterior...
Helena narrando
Quando cheguei na rua que apontava o gps pelo endereço que ele tinha me passado eu já me assustei, a rua era escura e h******l, quando enxerguei o prédio que o gps falou que era o meu destino eu estranhei de vez, ele era pobre? E o que fazia num barzinho como aquele da noite passada? Não entendi, como alguém conseguia viver num prédio de filme de terror daqueles? Estacionei ali em frente e tinha um portão gigante e uma janelinha ao lado onde tinha um homem...
- Tá perdida senhora?- Ele perguntou e eu franzi a testa.
- Acho que não... É aqui que mora o Mark?
- Ah sim, é sim... Pode entrar...- Ele disse abrindo o portão para mim, sorri sem graça...
- Obrigada, onde é o elevador?- Ele riu...
- Não tem elevador moça, é escada mesmo...- Ele disse apontando para infinitos degraus que eu não via nem o fim...
- Escadas?
- O apartamento dele é o 6, só vai precisar subir dois andares...- Respirei fundo, vamos lá Helena, você consegue... Comecei a subir aquelas escadas emcardidas, aonde eu fui me meter em? Passei bem longe do corrimão, eu não sabia o que tinha passado por ali né... Quando achei o numero 6 meio apagado numa porta, peguei um lencinho dentro da bolsa e toquei a campainha, mas acho que não funcionava, porque não ouvi barulho nenhum e ninguém veio atender... Cobri a minha mão com o lencinho e dei três toques na porta e logo ele abriu, sem camisa e com o cabelo bagunçado, ai meu pai que tentação, pelo menos valeu um pouco a pena ter passado por tudo isso para chegar ali... Eu sorri de lado e ele sorriu largo:
- Helena, oii, pode entrar... - ele disse me dando espaço e eu entrei, ele fechou a porta e e eu comecei a observar todo o apartamento, lá dentro pelo menos era tudo arrumado e limpo, mas era bem simples... Eu acho que eu não conseguiria viver num lugar tão pequeno como aquele... m*l caberia o meu closet aqui dentro...
- E então, o que devo a honra? - Ele perguntou e eu sorri amarelo...
- Eu precisava conversar com alguém e como você foi um bom ouvinte ontem, pensei que poderia me ajudar...
- então diz, é sobre o seu avô?
- Mais ou menos... é que eu sou a unica herdeira da herança dele...- Ele riu baixo e levantou indo até a cozinha, que era no mesmo cômodo... Ele colocou um suco numa xícara e me entregou... Eu peguei para não fazer desfeita... Sentamos no sofá de dois lugares que tinha em frente a uma tv...
- E isso não deveria ser bom? poxa você ta rica...
- Só que eu não posso tocar nessa herança, antes eu tenho que estar definitivamente casada e eu não quero casar, porque segundo o testamento, o meu avô disse que eu não tenho maturidade o suficiente pra tomar conta do seu "império"... - Eu disse como uma metralhadora de palavras e no final soltei um longo suspiro para recuperar o ar.
- Você é o tipo de garota que não quer casar e sim, ficar com os caras e f********o com eles num carro? - Ele perguntou rindo e eu rolei os olhos...
- Tá querendo dizer o que com isso?
- Nada, longe de mim querer induzir alguma coisa, só imaginei que fosse esse o motivo...
- Não é esse o motivo tá? Eu só não sinto necessidade nenhuma de acordar todos os dias com a mesma pessoa e levar ums vida chata de casados...
- Entendi... Bom, não tem nenhum outro jeito de conseguir a herança?
- Não, essa é a única exigência... casar...
- É, seu avô te adorava em...
- Ele me amava sim, eu sei que sim... Eu só acho que nisso ele errou feio...- Eu disse abaixando a cabeça, Mark suspirou...
- Infelizmente eu não posso te ajudar, só tem uma coisa que eu posso fazer... Repetir a noite anterior...- Ele disse se aproximando e eu ri sarcástica...
- Eu nem conheço você, o que rolou ontem foi... - Ele me interrompeu...
- Muito bom...
- E passageiro...- ele riu
- Não sei se é verdade...
- Eu não costumo fazer isso com quem eu não conheço ok?
- Tudo bem, eu acredito em você...
- Foi uma má ideia ter vindo aqui...- Eu ia me levantar e ele entrou na minha frente, nossos corpos se encontraram e meu corpo inteiro estremeceu, como ele conseguia fazer isso comigo? Ter esse tipo de efeito contra mim... ele deu um sorriso de canto...
- Espera, não foi uma má ideia, é só a gente achar algo pra fazer...
- Aqui? Nesse apartamento minúsculo?
- É o que eu posso pagar né, fazer o que... mas a TV funciona em uns bons filmes...
- Desculpa, mas eu preciso ir... Preciso tentar resolver a minha vida.
- Não vai fazer isso em um dia...
- Vou tentar... Tchau...- Ele assentiu.
- Tudo bem... Mas quando precisar, é só ligar no mesmo número...
- Obrigada...
- Tchau...