Lobo Narrando,
Eu vivi a maior parte da minha vida para carregar nas costas os erros dos meus pais, minha mãe assim como meu pai era de frente do comando, ela até era mais atrevida que ele, eu tenho algumas lembranças vagamente de momentos em que estávamos reunidos como uma família normal, um almoço de domingo, e até mesmo um churrasco na laje, mas havia muita prepotência, soberba e desejo de fazer justiça com as próprias mãos, sendo para o bem ou principalmente para o m*l, aminha mãe sempre gostava do cheiro de sangue que ficava em sua mão, eu me lembro bem dos sorrisos psicopatas que ela dava.
Meu pai era muito autoritário, não aceitava acordos e quase não dava prazos, e se dava era algo de horas, ele não estava interessado em quem devia e muito menos na família, morrer junto ao devedor para ele não fazia nenhuma diferença, e assim ele fazia até o último dia da sua vida.
Eu já comandava sobre as ordens dele, mas eu já tinha uma moral no comando pelo meu proprio mérito, eu não queria ser como meu pai jamais.
E quando assumi totalmente o comando após a morte do meu pai, era como se a comunidade pudesse respirar aliviada, minha mãe permaneceu no comando por mais alguns messes, depois disse que estava finalmente livre e iria viver a sua vida bem longe dali, e então ela foi para a Itália e nunca mais voltou.
Eu segui aqui, ela fez a escolha dela e nunca me incluiu em nenhum dos seus planos, nem parece minha mãe, mas depois de muito tempo remoendo a ausência dela, hoje eu não sinto mais nada.
A vida é feita de escolhas, ela fez a dela e eu seguia fiel a minha escolha.
Era final de tarde em uma segunda feira, eu estava descendo para a barreira aonde iria liberar a chegada dos novos moradores, sou sempre muito cauteloso eu só pergunto o nome completo e mando puxar a ficha no sigilo, se não tem passagem ou era de outro morro ta liberado, mas ainda assim eu fico de olho.
Eram cinco novos moradores, dois casais e uma moça solteira, não podia negar é linda e tem um olhar penetrante que me deixou encabulado, LIA VALMONTE, seu nome soava muito bem na minha boca, e eu na calada mandei pesquisar a vida dessa mina, pais falecidos e a tia que ela morava morreu também, era sozinha e tinha maior cara de patricinha, mas eu estava curioso para saber o porquê ela veio morar na comunidade?
Eu sentia que alguma coisa ela queria ali, e eu iria descobrir o que era, seja ele pro bem ou pro m*l.
Havia se passado pouco mais de uma semana e até o momento não havia nenhuma suspeita sobre os novos moradores, os dois casais trabalhavam saiam cedo e só chegavam à noite, porém a moça m*l saia de casa, ela sempre olhava as pessoas desconfiada e até mesmo com medo, mas era medo de que ou de quem? Será que ela está fugindo de algum ex namorado agressor, pois não entra na minha mente o que uma mina desse porte esteja fazendo aqui.
Cheguei no pagodinho que rolava no mirante do morro, aqui eu tinha visão de toda a orla da praia, e a noite a cidade era linda vista do alto, sentei no lugar de sempre e fiquei observando o movimento, alguns dançando outros brigando e até mesmo traindo, uns usando umas porcarias e no topo da escadaria, vindo para o pagode ela a mina que tem me gerado cada vez mais dúvidas, ela se sentou e pediu uma cerveja, não direcionou o olhar na minha direção em nenhum momento, apenas batucava os dedos na mesa e cantava baixinho algumas músicas que eram tocadas ali, me deixando ainda mais intrigado.
Ah Lia eu vou descobrir para que você veio.