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– Oh Gabieeeeeeeee_ minha irmã chega cantarolando meu nome, cheia de sorrisos.
– nossa, o por que de tanta felicidade?_ fecho meu livro e olho para a garota que estava parada na porta do meu quarto.
– eu estou super apaixonada_ fala soltando suspiros e acho que até vi corações voando para todos os lados.
– me conte algo que eu já não saiba Elena_ coloco o livro sobre a cama e então me levanto_ ontem você falou isso, sexta-feira você falou isso, na quinta-feira idem, e foi assim a semana toda, actualiza um pouco_ dou dois tapas em seu ombro e ela riu.
– actualizar para que, se o amor é a coisa mais incrível de se viver hein?_ ela repete a frase que eu sempre uso quando ela reclama da minha fascinação por romances.
– oh, estou chocada, você ouve as coisas que digo_ falo de forma dramática.
– eu escuto, quando não estou ocupada te arranjando um encontro_ fala sorrindo de orelha a orelha, pena que eu já conhecia perfeitamente o significado daquele sorriso.
– não, nem pensar_ respondo antes dela prosseguir com sua fala.
Eu passo por ela e ela me segue_ eu nem falei nada ainda_ ela reclama.
– o seu ainda, me faz reforçar o meu não_ entro no banheiro e ela entra junto.
– meu Deus Gabie, é só uma saída, ele é bonito, inteligente e muito sexy, se eu já não tivesse um príncipe encantado, de certeza que eu ficaria com ele_ argumenta tentando me convencer, mas m*l sabe ela que não está resultando_ você precisa viver sua história, não a dos seus personagens_ completa.
– Lena_ falo pegando meu cabelo e amontoando ele de qualquer jeito no cimo da cabeça, depois o prendo_ você por acaso andou lendo aqueles artigos de frases para fazer uma leitora compulsiva viver?_ a olho pelo espelho.
– claro que li, você é um caso perdido, se não está lendo, está trabalhando, eu hein, ser um gênio te fez m*l_ cruza os braços e se encosta a parede.
– gênio?_ pergunto juntando minhas mãos e pegando água para levar ao rosto_ eu não sou um gênio_ repito a acção.
– sério? Você não é um gênio, mas terminou o colégio com 14 anos e aos 20 se formou em medicina, garota, você precisa viver, você passou sua vida sempre estudando e agora você não vive, vai começar a curtir quando? Aos 50?_ fala indignada_ você não precisa cuidar sempre de tudo, eu sou a mais velha, eu cuido do papai.
Solto um suspiro_ eu sei, mas você cresceu tão rápido_ me virei para a encarar.
– ah qual é, não fui só eu, você também, e é exatamente por isso que eu insisto para você viver um pouco_ ela sai do banheiro e eu vou atrás com uma toalha limpando o rosto_ você não vai ter sempre o papai para cuidar e eu não estarei lá sempre, o Gael já até quer conhecer o papai, quem sabe eu não me case e vá embora_ dá de ombros.
– ei, ei, ei, como assim? O Gael quer conhecer o papai?_ a olho com um sorriso esperançoso.
– sim, ele quer, eu não falei?_ se faz de sonsa_ ele vem jantar amanhã_ fala sem muito interesse.
– e você não pensou em me contar antes? Elena, você já pensou no que vai cozinhar? Tem que falar com o papai, ah e pedir para os nossos vizinhos não darem uma de doidos, você sabe como eles são_ falo muito animada.
– calma Gabie, calma, vai dar tudo certo_ ela me acalma.
– eu te perguntaria como você consegui ficar calma com um acontecimento épico como esse, mas sei que amanhã serei eu te dizendo as mesmas palavras_ falo assim que respiro fundo.
– eu sei que sim_ ela assente rindo e ouvimos vozes vindas da sala, o que faz ambas nos olharmos confusas_ quem será?_ ela segue na frente e eu bem atrás.
– e-eu não tenho o dinheiro agora, mas eu posso dar para você uma das minhas filhas_ oiço a voz tremula do meu pai.
– e qual delas seria?_ uma voz desconhecida fala.
– o que está acontecendo aqui?_ Elena interrompe a conversa dos dois homens.
– me-meninas, eu não sabia que vocês estavam em casa_ meu pai fala assustado com nossa presença.
– é domingo, claro que estaríamos em casa_ Lena responde óbvia_ bem, pelo menos a Gabie estaria_ dá de ombros_ mas enfim, isso não responde a minha pergunta, o que está acontecendo aqui?_ cruza os braços.
– já que o pai de vocês certamente não dirá nada, eu digo, ele deve muito dinheiro de jogo e bebida para nós e não tem como pagar, por isso ele estava me oferecendo uma das filhas dele como p*******o, eu não aceitaria mas agora que as vi, certamente que meu chefe não se importaria de ter uma de vós como propriedade_ o homem com quase a mesma idade que nosso pai fala.
– como assim dar uma das filhas como p*******o, vocês estão doidos?_ minha irmã pergunta irritada_ eu vou ter que pedir que o senhor saia daqui_ aponta para a porta.
– Elena..._ meu pai tenta intervir mas se cala ao ver o olhar feroz da morena.
– o senhor fica quieto, eu me resolvo consigo depois_ fala para meu pai.
– humm, eu acho que a baixinha é melhor, meu chefe não gosta de ser contrariado, e você é muito faladeira_ o homem fala, ignorando totalmente tudo que minha irmã havia dito.
– você é demente?_ Elena quase grita.
– deixa que eu fale maninha_ toco o ombro de minha irmã_ primeiro, eu não sou a baixinha, eu tenho uma altura normal, segundo, tenha um pouco de noção, você deve ser pai de alguém e mesmo que não seja, você acredita que pode nos tratar como mercadoria? Vá embora ou eu chamo a polícia_ pego meu celular e já disco o número das emergências.
Ele solta um suspiro_ escutem aqui, o que vai acontecer é o seguinte, vocês vão chamar a polícia, ou eu irei embora, e tudo bem, mas depois eu voltarei, com vários homens armados prontos para acabar não só com a vida do seu pai, mas de todos aqueles que são próximos dele também, depois vou dar para vocês uns meses de vida, para poderem sofrer o luto e todo mundo saber que por vossa causa tanta gente foi morta, e todo aquele processo de ódio popular sobre vocês, mas não acaba aí, pois quando seus meses de vida acabarem, serão torturadas da pior forma possível e mortas, isso no melhor dos casos, porque no pior dos casos, vocês vão ser levadas para prostituição e trabalharão até pagar toda a dívida do pai de vocês e depois morrerão_ ele fala ameaçador.
– por que parece que eu e minha irmã é quem estamos pagando pela dívida do meu pai?_ eu cruzo os braços indignada.
– verdade, não deveria ser ele pagando por seus pecados? É o justo_ Lena concorda comigo.
– o mundo não é justo e meu tempo não é infinito, a baixinha ou nada feito_ o velho fala me encarando.
– eu iria perguntar por que eu, mas não vale a pena, eu p**o pelos pecados do meu pai, basta que nada aconteça com minha família_ descruzo os braços e suspiro.
– não, nada disso, ele deveria dizer ou isso, ou eu mato o pai de vocês e nós diríamos sim, mata ele, porque ele só faz merda_ Elena fala irritada_ eu não posso permitir que você seja dada como um objeto para um velho, desdentado, horroroso e sem escrúpulos, eu vou no seu lugar_ minha irmã me abraça.
– não, eu quero a baixinha_ o velho insiste em me chamar de baixinha.
– desculpa, esse é um momento privado de irmãs, pode não se meter?_ Elena fala rude com o homem que só revira os olhos para ela.
– e para de me chamar de baixinha_ acrescento brava_ eu já aceitei, pode ir embora agora?_ aponto para a porta.
– eu vou, mas antes devo lhe avisar que, se não conseguir fazer ele gostar de você em um mês, nada feito_ o homem fala sério.
– ah, eu sou um objeto de p*******o e ainda devo fazer o homem gostar de mim? Isso é inaceitável_ reclamo.
– fique preparada, ele poderá vir buscá-la a qualquer momento_ fala seguindo até a porta, e não obtendo resposta, ele se vai.
– meninas, eu..._ meu pai tenta falar, mas Elena o interrompe.
– chega, eu cansei, eu cansei do senhor, desde que a nossa mãe morreu, nós temos feito tudo por você, nós fomos adultas no seu lugar, mesmo sem muita noção das coisas nós procuramos tratamento para seu alcoolismo e seu vício no jogo, nós ralamos para caramba pra te ajudar a pagar suas dividas de jogo e para que? Para você nos oferecer como simples objetos de p*******o? Para você nos tratar como se não fossemos nada?_ ela explode de raiva.
– eu sinto muito_ fala de cabeça baixa.
– você sente?_ ela solta uma risada amargurada_ ah, ele sente muito, ele sente muito_ ela vai repetindo para ninguém em específico_ e sente muito pelo que? Por nos fazer cuidar de você e não viver nossas vidas, ou por nos oferecer como objectos? Pelo que você sente muito hein? Que m*l nós fizemos a você? Você nunca foi um pai responsável mas mesmo assim nós amamos o senhor, cuidamos do senhor, será tão difícil assim retribuir com um pouco de consideração?_ a essa altura ela já chorava e m*l parava para respirar.
– Elena, vêm, eu acho melhor você descansar_ eu seguro minha irmã, mas ela n**a.
– não, eu quero que ele escute, que ele saiba que eu preferia mil vezes que tivesse sido ele a morrer naquele acidente e não a mamãe, que ele perceba que ferrou com as nossas vidas e que, e que..._ ela não conseguiu terminar pois começou a ter um ataque de pânico.
Eu rapidamente corri e fui pegar o inalador dela no seu quarto, quando voltei para a sala, ela estava passando m*l encostada a parede e nem conseguia respirar direito.
– Elena, olha para mim, toma, respira_ ajudei ela a segurar o inalador_ vamos lá, inspira_ ela o fazia com a ajuda do inalador_ prende, 1, 2, 3, 4, e solta_ ela ia seguindo minhas indicações.
Repetimos esse processo umas 5 vezes até ela se acalmar por completo e sua respiração regular completamente.