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945 Words
— A senhora Jennifer pede que ninguém leve os doces para perto dela — informei a Genno, o mordomo, com voz serena. — Vou repassar a informação às empregadas — respondeu ele com sua habitual calma e eficiência. Retornei à cozinha para pegar mais taças de champanhe, observando a agitação que dominava a mansão. Todos pareciam animados e envolvidos na celebração, e eu me mantive ocupada com minhas tarefas, decidindo deixar minhas dúvidas para serem esclarecidas mais tarde. Enquanto trabalhava, meu olhar capturou a figura de uma mulher ruiva entre os convidados. Eu a reconhecia de rosto, mas não conseguia recordar seu nome, o que me intrigava. Após algum tempo, finalmente todos tinham suas taças em mãos quando um homem imponente adentrou a sala. Vestindo uma jaqueta de couro e com cabelos curtos e pretos penteados para trás, ele exalava um ar de autoridade e elegância. Era ele, Thiago Sinclair. O senhor Alberto, pai de Thiago, ergueu sua taça, pedindo a atenção de todos, enquanto Thiago parecia visivelmente confuso e ansioso ao declarar: — Senhoras e senhores, hoje oficialmente vamos celebrar o noivado de Thiago e Nora. Murmúrios se espalhavam pela sala, criando um zumbido de expectativa enquanto Thiago se aproximava do pai com uma expressão de irritação estampada em seu rosto. Não consegui captar as palavras trocadas entre os dois, mas logo ele se virou para todos os presentes. — Pessoal, isso é um engano. Eu não vou me casar com Nora — declarou Thiago, sua voz ecoando pela sala em meio ao silêncio surpreso. — Já tenho uma noiva. Vou me casar com alguém que eu ame verdadeiramente, e não por conveniência. O choque e a confusão tomaram conta da plateia, enquanto todos tentavam processar a reviravolta inesperada. Olhares se encontravam, perguntas surgiam em murmúrios ansiosos e a atmosfera festiva se transformava em um clima de incerteza e curiosidade. A revelação de Thiago havia virado o evento de cabeça para baixo, deixando todos se perguntando o que aconteceria em seguida. Era irônico, ver os ricos se casando por conveniência, como se fossem peças de um jogo de xadrez sendo movidas pelos interesses das famílias. Observando a expressão de Nora, pude perceber sua vergonha e desconforto diante da reviravolta inesperada. Será que todo aquele evento havia sido planejado apenas para anunciar um casamento forçado? Abaixei a cabeça, perdida em meus pensamentos sobre as peculiaridades da alta sociedade. Era engraçado como problemas tão superficiais podiam se tornar grandes dramas para pessoas tão privilegiadas. Sacudi a cabeça levemente, afastando tais pensamentos enquanto me dirigia de volta à cozinha, deixando para trás o tumulto da sala onde as discussões pareciam apenas começar. Ao adentrar a cozinha, deparei-me com as empregadas envoltas em uma conversa animada, cheia de fofocas sobre o acontecimento na sala. — Eita, o cara negou a noiva na frente de todo mundo! — Pois é, coitadinha dela, tão bonita — rebateu a morena, com um tom de compaixão. Ouvindo tanto falatório, senti a necessidade de me intrometer. — Mas eu não me casaria com ele, imaginem casar com um homem que troca mais de mulher do que eu de calcinha? — comentei, tentando trazer um pouco de humor para a situação e desviar o foco da pena pela noiva abandonada. — Mas amiga, um homem tão bonito e rico, eu me fazia de cega — comentava Barbara, a loira, com um suspiro de resignação enquanto mexia nas panelas. — Mas a Lucy tem razão — concordava Sandra, a morena, com um aceno de cabeça sério. — É humilhante, nenhum dinheiro no mundo paga o respeito. As palavras delas ecoavam na cozinha, preenchendo o ar com um clima de compreensão mútua. Era reconfortante perceber que não estava sozinha em minha visão das coisas. Enquanto refletia sobre isso, Genno entrou na cozinha com uma expressão tensa e preocupada. — O jantar está arruinado. Arrumem a cozinha e a sala de jantar. O patrão vai comer em seus aposentos — anunciou ele, sua voz carregada de urgência e incerteza, deixando claro que algo sério havia acontecido e que as coisas não saíram como planejado. Depois de todos nos organizarmos na cozinha, senti a necessidade de buscar conforto no quintal, onde podia contemplar as estrelas. O ambiente estava envolto em escuridão, e apenas o som suave do vento preenchia o ar. O céu noturno estava pontilhado de estrelas, com a lua minguante lançando uma luz tímida sobre tudo. — Vida difícil — murmurei para mim mesma, deixando escapar um suspiro cansado. De repente, uma voz rompeu o silêncio, fazendo-me dar um leve sobressalto. Era a voz de Thiago. Ele se aproximou, passando por mim com um ar pensativo. — Com licença — disse ele, reconhecendo minha presença. Pronta para me retirar, senti-me desconfortável com a presença do patrão ali. No entanto, Thiago era conhecido por sua educação e respeito para com os criados, então esperei para ver o que ele tinha a dizer. — Lucinda, né? — ele questionou, demonstrando um tom de vulnerabilidade que me pegou de surpresa. — Pode me ouvir um pouco? Eu sei que não é paga pra isso... Mas estou precisando conversar. O herdeiro dos Sinclair queria falar comigo? Aquela pergunta ecoava em minha mente, deixando-me perplexa. O que alguém como ele, herdeiro de uma empresa milionária e CEO das Indústrias de Cosméticos Sinclair, poderia querer comigo? Era difícil acreditar que minha opinião ou conselho pudessem ser de interesse para alguém tão importante e poderoso como Thiago Sinclair. No entanto, o tom de sua voz e a expressão em seu rosto indicavam que ele estava genuinamente precisando de alguém para conversar, e isso me deixava curiosa e um pouco apreensiva ao mesmo tempo.

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