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1338 Words
Para encorajá-la, Andrea que já tinha colocado a sua mochila no porta-malas do carro falou: —Vamos? Bianca suspirou, olhou para o rosto que se mostra simpático à sua frente, engoliu seco e concordou. Seu coração acelerou um pouco mais ao saber que iria entrar em um carro com homens totalmente desconhecidos, sua cabeça começou a fervilhar, mas ela se apegou às palavras da diretora Cassandra e tentou jogar o medo para o lado. Olhou mais uma vez em direção a amiga, a diretora, o senhor Gerônimo e todas as outras crianças e tentou sorrir pela a última vez na esperança de deixar uma mensagem positiva, mas o seu sorriso não alcançou os seus olhos, o que todos notaram. Se rendendo enfim ao seu destino, ela abaixou a cabeça e entrou no automóvel que pareceu ainda mais luxuoso por dentro. Bianca nunca tinha visto algo assim antes e muito mesmo andado, olhou tudo ao redor encontrando um estofado preto em um couro brilhante e cheiroso. Andrea olhou mais uma vez em direção as pessoas sorriu largamente e entrou logo atrás da irmã pensando no que faria de agora em diante, se sentou ao lado dela e fechou a porta. O carro já estava ligado e assim que o motorista ouviu o som da porta se fechando, saiu com o veículo. Bianca olhou pela janela aberta do seu lado e sentiu a melancolia se misturar com o medo enquanto via a paisagem tão conhecida passar diante dos seus olhos mais rápido do que gostaria, em seguida virou-se para o vidro traseiro do carro e ainda conseguiu ver a sua amiga Anna acenando em sua direção, ela fez o mesmo ficando triste por não saber quando iria rever a amiga. Quando perdeu ela de vista, se virou em seu lugar e voltou a olhar pela janela, ela se sentia nervosa e estava sem coragem sequer de olhar para os homens ou algo dentro do carro, por dentro se sentia tremendo então começou a orar em pensamento pois isso era a única coisa possível a se fazer nesse momento. ‘Paizinho amado, eu sei que nada sai do seu controle, mas estou com muito medo do que vai me acontecer de agora em diante. Por isso, peço a sua proteção e cuidado porque literalmente agora eu só tenho o Senhor na minha vida, amém!’ O carro seguiu descendo as ruas de Cortona, deixando para trás a única vida que Bianca conhecia enquanto ela chorava silenciosamente para não incomodar as demais pessoas. Francesco estava sentado no banco do carona e a todo momento tentava olhar para a menina pelo retrovisor, ainda sentia o coração agitado mas ao mesmo tempo, sentia uma sensação boa que ainda não sabia identificar por enfim estar com a filha. Já Andrea observava a irmã em silêncio louco para iniciar uma conversa para acalmá-la porém se limitou a deixá-la quieta pois sabia que seu pai iria mandar os dois ficarem em silêncio caso ela entrasse na conversa, assim como sabia que não devia estar sendo fácil para ela e aproveitou para pensar no que faria da sua vida de agora em diante já que a chegada de Bianca prometia trazer uma grande mudança em sua vida também. Em pouco tempo eles já estavam no heliporto novamente, e o carro parava estacionando, Andrea tocou a mão dela chamando a atenção de Bianca que não fazia ideia do que estava acontecendo pois estava perdida em seus pensamentos e falou: —É hora de descer! Ele saiu do carro e ela fez o mesmo, porém do lado oposto do dele. Quando olhou ao redor, Bianca enfim viu o grande helicóptero e arregalou os olhos ao perceber que Francesco seguia em sua direção chegando a conclusão que ela teria que segui-lo. Imediatamente Andrea apareceu do seu lado com a mochila em mão e falou: —Andiamo ragazza! Ela olhou novamente para o helicóptero mas ficou travada no lugar, percebendo o medo da irmã Andrea a abraçou e falou do seu jeito alegre: —Não precisa ficar com medo, é mais seguro voar do que andar de carro. Ele começou a incentivá-la a andar ao seu lado e mesmo contra a vontade Bianca seguiu mas por dentro sentia o seu corpo tremer ainda mais intensamente enquanto pensava: ‘Será que isso é verdade?’ Ela nunca havia se imaginado andando em um meio de transporte como esse, pois isso não faz parte da sua realidade, mas pelo jeito a sua realidade acaba de mudar bem diante dos seus olhos e ela estava prestes a descobrir como se sentiria nos ares. Andrea a ajudou a subir, subindo logo atrás dela, a direcionou ao seu lugar, mostrando como colocar os headsets e o cinto de segurança explicando como se fazia para usá-los, percebendo que ela tremia levemente resolveu para tranquilizá-la se sentar ao lado dela, colocou o cinto e após estar devidamente instalado olhou para ela, sorriu e ofereceu a mão dizendo: —Se quiser pode segurar a minha mão, isso sempre ajuda a Beatrice! Pode ser ajude a você também. Bianca olhou para a mão estendida e aceitou com prazer se sentindo um pouco acolhida em meio a toda loucura que estava acontecendo, um pouco sem graça ela levou a mão pequena e repousou com delicadeza sobre a enorme mão sentindo o conforto oferecido assim que ela se fechou embalando a sua. Mais uma vez ele sorriu para ela, o que fez Bianca pensar que talvez pudesse confirmar no homem ao lado pois em todo o momento ele se mostrava gentil e alegre. De repente ela escuta o piloto passando as coordenadas e pedindo autorização para decolar, em seguida ela ouviu o barulho alto do motor, e sentiu as pás das hélices girar criando um vento forte ao redor, o coração dela acelerou mais uma vez e em seguida a porta foi fechada, o que diminuiu bem o barulho. Em questão de segundos ela sentiu o helicóptero saindo do chão, uma sensação de ansiedade começou na boca do seu estômago e isso a deixou mais nervosa então ela apertou a mão de Andrea que sorriu novamente tranquilizando-a. —Tá tudo bem ragazza, pode ficar calma! O helicóptero subiu rapidamente e isso só deixou ela ainda mais tensa, pois os movimentos do helicóptero a assustava, seu estômago embrulhou e ela sentiu a bile querendo subir então para não vomitar, fechou os olhos e começou a respirar fundo puxando o ar pelo o nariz e soltando pela a boca. Nesse momento tudo o que ela pensou foi: ‘Porque as pessoas andam nisso?’ Andrea percebendo o seu medo começou a falar com ela através dos headsets chamando a atenção dela que abriu os olhos com dificuldade. —Eu me chamo Andrea, me fala como você se chama. —Eu… eu me chamo Bianca. —Prazer em te conhecer Bianca, pode relaxar porque você está segura aqui! —Como você tem tanta certeza? —Eu passei a minha vida toda voando e estou vivinho aqui do seu lado. Bianca começou a se sentir um pouco mais segura e isso ajudou a relaxar um pouco mais os músculos que vinha mantendo tensos até esse momento, ela ainda permaneceu nervosa mas tentou a todo tempo manter a conversa com Andrea para passar por isso da melhor forma possível. Francesco estava sentado de frente para Andrea e tentava manter o olhar para fora da cabine mas seus olhos de tempos e tempos procuravam Bianca que ele tentava fingir não estar observando, ele fingia não ligar mas internamente gostou de ver o apoio que seu filho oferecia a sua filha já que ele não conseguia agir da mesma forma. Na cabeça dele pairava a ideia que ele precisava ficar o mais distante possível dela para manter a promessa feita a Emma, mesmo sabendo que a sua mulher está zangada com ele, ele não quer quebrar além do necessário o acordo que fizeram, mesmo que isso signifique continuar sem contato com a sua filha enquanto ela mora debaixo do mesmo teto que eles.
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