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1013 Words
Na porta do dormitório o senhor Gerônimo falou: —Meninas, deixem a Bianca pegar as suas coisas sozinha. Depois vocês terão tempo para se despedir. Mais uma vez ela sentiu o coração apertar, Bianca não queria abandonar o único lar que ela conheceu e muito menos as pessoas que ama. Enfim as lágrimas começaram a rolar em seu rosto, vendo isso Anna a abraça forte e fala próximo ao ouvido da amiga. Após ouvir cada palavra com atenção, Bianca se afasta o suficiente para olhá-la e concorda com a cabeça. Isso faz um leve sorriso nascer nos lábios de Anna que volta a abraçá-la em seguida se sentindo um pouco mais aliviada por saber que a amiga sempre cumpre o que promete. Depois Bianca pegou a única mochila que tinha e começou a colocar as suas coisas enquanto chorava, Anna a ajudava em silêncio e o senhor Gerônimo observava em pé no batente da porta com o coração na mão. Enquanto pegava as suas coisas Bianca viu o seu lenço que a amiga adora, então decidiu presenteá-la falando: —Anna, fica com esse. Sei que gosta, é uma forma de sempre me ter por perto! A amiga sorriu, segurou a peça com carinho e amarrou em seu pescoço. Em seguida a abraçou agradecendo, quando se separaram Anna seguiu até as suas coisas e fez o mesmo pegando o seu próprio lenço e voltando, amarra no pulso da amiga falando: —Aqui, leva o meu, assim você não fica sem lenço e também lembra de mim! Elas sorriram sentindo que mesmo a distância não seria capaz de acabar com a amizade que possuem. E voltaram a arrumação, em poucos minutos tudo estava pronto porque Bianca não tem muitos pertences, ela colocou a mochila nas costas, ficou de frente para a amiga e pediu: —Ora por mim que eu orarei por você! —Com certeza! Saíram do quarto mais uma vez sendo seguidas pelo senhor que pegou a mochila dela pela última vez para carregar como sempre fazia até a parte externa onde a diretora Cassandra já estava com os dois homens a esperando. Francesco sentiu o seu nervosismo aumentar ao vê-la tão perto pela primeira vez e Andrea se perguntava qual das duas ragazze era a sua irmã já que as duas choravam igualmente, embora sentisse seu coração bater acelerado ao ver a maior beleza inocente que já tinha visto à sua frente. Internamente ele se perguntava como uma ragazza pode ser tão linda e torcia para que a bela italiana não fosse a sua irmã pois se sentiu profundamente fascinado por uma delas. O rosto da senhora demonstrava tristeza, logo ela se aproximou de Bianca, a abraçou com carinho e falou suavemente: —Desculpa querida, fiz o possível para impedir a sua ida mas falhei. Bianca retribuiu o abraço mesmo se sentindo cada vez mais sozinha no mundo e deixou as suas lágrimas rolarem por um tempo considerável, mas antes de se afastar falou a senhora se sentindo grata por todo o cuidado que recebeu ao longo dos anos: —Grazie per esserti preso cura di me! (Obrigada por cuidar de mim!). Quando se afastaram ambas ficaram de frente para os dois e enfim eles foram apresentados. —Bambina, esses são os senhores Rossi. Eles vieram buscá-la, não precisa ter medo. Eles são a sua famiglia! Bianca olhou os dois homens a sua frente e sentiu um conflito de emoções enquanto se perguntava: ‘Como assim a minha famiglia, eles me adotaram, porque fizeram isso?’ Após alguns segundos a senhora continuou falando mas agora para os homens: —Essa é a Bianca, ela é uma excelente ragazza e está na responsabilidade de vocês de agora em diante. Francesco sentiu o peso das palavras e se sentiu péssimo por está tirando a menina daqui para entregá-la ao Izidoro mas mais uma vez não permitiu que isso fosse notado, ele olhava para ela fixamente ainda em choque até que acordou e falou: —Agora que já fomos apresentados, podemos ir. Se virou e começou a caminhar rumo o portão de saída, Andrea por sua vez se aproximou da irmã, sorriu do seu jeito alegre pela primeira vez para ela e falou: —Seja bem vinda a família Rossi, irmãzinha! Não liga para ele, ele é durão mas não vai te machucar porque o seu irmãozão aqui irá te proteger. Agora se despeça das suas amigas, o nosso retorno não pode demorar! Sem entender o porquê ele age assim Bianca faz o que lhe é instruído e começa a caminhar para perto das meninas que observam atentamente a uma distância considerável. Ela abraça todas com carinhos, assim como cada funcionário do orfanato que também veio se despedir. Todos falam o quanto foi bom conhecê-la e desejam felicidades, ela se sente amada e querida enquanto desejava permanecer em seu único e conhecido lar. Quando termina, volta a diretora e a abraça novamente, em seguida ao senhor Gerônimo e por último a amiga Anna que fala enquanto a abraça apertado: —Não esquece o que eu falei. —Pode deixar! —Eu te desejo toda a felicidade do mundo! —Obrigada! Andrea pega a mochila dela da mão do senhor, passa o braço pelo o ombro de Bianca, olha sorrindo para a Anna e fala: —Não fiquem tristes, quem sabe vocês se encontrem novamente? Agora a gente precisa ir! Andrea pisca para Anna em despedida e encaminha Bianca para fora do orfanato sentindo a tristeza que ela está, ele pensa no que falar para ela mas como não a conhece prefere deixá-la em silêncio para lidar com os próprios sentimentos nesse momento. O caminho até o carro foi doloroso para Bianca, suas pernas pareciam fraquejar e a impressão que teve é que cairia a qualquer momento, ela se sentia perdida e com medo pelo o que encontraria ao final do seu destino. Quando chegou em frente ao carro elegante, olhou a última vez para a entrada do orfanato, sentiu a melancolia invadir o seu coração e pensou: ‘Será que algum dia eu volto aqui novamente?’
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