Nicolas Rossi: Entre o Amor e a Máfia.

03

Chegando em casa o portão pesado de ferro se abriu, ele entrou na bela área externa dando a volta a escultura que aprecia todos os dias da janela do seu quarto, parando o carro em frente a porta de entrada que logo se abre para recebê-lo.

Seu pai sai apressado com uma cara de poucos amigos e o questiona como se ele ainda fosse a criança que já foi há algum dia:

—Isso são horas? Por acaso se esqueceu do seu compromisso, garoto?

A sua vontade era respondê-lo da mesma forma que faz com os seus conhecidos mas se limitou a dizer de forma calma enquanto passava pelo o pai andando apressadamente já entrando no grande cômodo:

—Claro que não Dom, fique tranquilo que na hora marcada eu estarei devidamente arrumado e todos nós sairemos daqui como a família feliz que somos.

—Eu acho muito bom mesmo! Não esqueça que hoje você se torna um verdadeiro homem e não pode começar da forma errada chegando atrasado.

—Confia em mim, Dom!

Ele diz já chegando no topo da escada por onde subiu rapidamente pulando três degraus de vez, como sempre faz quando está com presa. Já no corredor, ele encontra a mãe que está perfeitamente vestida com um belo vestido longo na cor prata e caminha em direção ao quarto da sua irmã Beatrice.

Assim que a ver, sorri e ela faz o mesmo andando ao seu encontro já falando:

—Seu pai está uma pilha, mas não entra na dele, você tem tempo o suficiente para se vestir já que a natureza se encarregou de trazê-lo lindo.

Ele parou diante dela, beijou a sua testa e falou:

—Obrigada madre, a propósito, a senhora está perfeita! O padre já te viu assim? Ele vai ficar com ciúmes.

—Ele sempre fica! Agora vá, e fique ainda mais lindo porque tudo tem que estar perfeito hoje!

Ele concordou e seguiu o seu caminho, entrou em seu quarto se deparando com o seu mais novo terno completo, perfeitamente arrumado sobre a sua cama. Fechou a porta com força e seguiu para o banheiro já tirando a roupa, sentindo um leve ardor nos ombros pelo sol que pegou hoje sem protetor solar.

A primeira coisa que ele fez foi aparar a barba, deixando ela bem definida e no comprimento que gosta, em seguida, escovou os dentes e tomou um banho rápido lavando os cabelos para tirar o resíduo da maresia do mar e o cheiro dos charutos que o rondou o dia todo.

Saindo do box, se secou apressadamente, penteou o cabelo passando uma pomada modeladora para deixá-lo com o aspecto molhado e no lugar como gosta. E quando terminou, caminhou de volta para o seu quarto onde se vestiu colocando uma cueca, meias, sua roupa de gala e sapatos, tudo na cor preta.

Depois de pronto, se aproximou do espelho que fica dentro do seu closet para conferir o look escolhido pela sua mãe para o seu grande dia. Satisfeito com o que ver, ele passa o perfume que mais gosta sentindo o cheiro cítrico tomando conta do ambiente, coloca um dos relógios da sua coleção e para finalizar ajeita o lenço do seu bolso externo que fica no seu peitoral esquerdo o deixando devidamente dobrado e a amostra como tem que ser.

Feliz com o resultado final ,ele sai do quarto indo em direção a grande sala após respirar fundo se dando conta que o grande momento realmente está chegando. Lá ele encontra o pai agora com uma cara um pouco mais amistosa e o irmão que assim que o vê sorri já falando:

—Cara, você está quase tão belíssimo quanto eu!

—Saí daí, embora não admita você sabe que eu fiquei com toda a beleza da família ao nascer primeiro.

—Não é isso que as ragazze falam!

—Não sei que ragazze são essas que você anda encontrando, tem certeza que elas possuem uma figa entre as pernas?

—Com certeza tem! Eu me certifico disso sempre que posso.

Os dois se divertiam implicando um com o outro como sempre fazem quando ouviram a voz cansada do atual capô e seu pai Francesco:

—Já chega de falácias, quero saber se você está preparado para o que vai assumir hoje, Nicolas?

—Eu entendo o que irei assumir hoje Don, fique tranquilo, eu estou preparado!

—Acho bom, a sobrevivência da nossa família depende disso! Cadê essas mulheres que não aparecem?

O experiente Don reclama falsamente para acabar com o assunto pois sabe perfeitamente como o seu filho está se sentindo e não quer deixá-lo ainda mais nervoso. Nicolas caminha até o bar e se serve com um conhaque, o vira de uma vez sentindo o sabor forte do chocolate amargo na sua língua que desce o aquecendo por dentro.

Geralmente Nicolas não bebe mas hoje ele está abusando um pouco mais do álcool devido às circunstâncias, percebendo isso, seu pai se aproximou, segurou a sua cabeça, encostou a testa na testa de Nicolas e o repreendeu olhando em seus olhos:

—Deixe as bebidas para mim e mantenha-se sóbrio como sempre foi, assim você será bem aventurado meu ragazzo! Acredite em mim, na maior parte das vezes é melhor estar de cara limpa!

—Sim, Dom!

Quando se afastaram um do outro ouviram o barulho dos saltos das duas mulheres que aparecem no topo da escada e descem elegantemente fazendo os três sorrir e Nicolas falar:

—Eu retiro o que eu disse anteriormente, a beleza da família ficou toda com as duas!

Elas desceram e depois que todos se reuniram e se cumprimentaram saíram um após o outro se dividindo em dois carros que já aguardavam em frente a entrada da casa assim como os seus homens.

Nesse momento Nicolas começou a ouvir o seu coração bater como se quisesse sair do seu peito, porém guardou aquela informação para si e percorreu todo o caminho ao lado do seu irmão se sentindo inquieto e nervoso por dentro.