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978 Words
Vitória ? Na manhã seguinte, assim que acordei e fiz minha higiene matinal, caminhei até a cozinha para tomar meu café. Descobri que meus pais já tinham ido para o trabalho, Bia já tinha ido para a escola e não sabia onde Lara estava. Beth também não soube me informar se ela tinha chegado, já que ontem à noite a vi sair. "Vitória, estou indo ao mercado. Você vai ficar bem aqui sozinha?", perguntou Beth. "Vou ficar bem, Beth. Não é como se eu não estivesse acostumada a passar mais tempo sozinha do que acompanhada. Além disso, tenho alguns currículos para fazer e enviar", respondi. "Tudo bem, filha. Volto logo", disse ela. "Vá tranquila, Beth", afirmei. "Não abra a porta para estranhos", ela alertou. "Beth!! Não sou criança, mas se isso te deixa tranquila, não vou abrir", revirei os olhos. O jeito que ela fala parece que sou uma criança. "Eu sei que você não é criança, é só o meu jeito de ser", respondeu ela. "Tudo bem, eu entendo", murmurei. Acompanhei-a até a porta e, assim que ela saiu, Lara entrou. "Bom dia, Lara", cumprimentei-a, mas ela passou por mim sem responder. "Não liga, filha. Ela deve estar tendo um mau dia", disse Beth. "Tudo bem, Beth. Tchau", despedi-me. "Tchau, filha", ela fechou a porta e voltei para a cozinha para ver se tinha algo para fazer. Depois faria meus currículos. Enquanto estava distraída limpando um copo de vidro, não percebi quando alguém entrou na cozinha. "Por que você fez isso?", ouvi a voz de minha irmã bem perto de mim. "Você me assustou", disse a Lara assim que me virei para olhá-la. "Responde a minha pergunta", ela estava com raiva. Fiquei confusa com a pergunta dela. "Sobre o que você está falando?", perguntei sem entender. "Não se faça de tonta, Vitória", acusou ela. "Eu não sei realmente do que você está falando", respondi. "Por que você falou para papai e mamãe que me viu em um carro com um homem?", ela finalmente disse. "Ah, então era você", confirmei minha suspeita, quero dizer, da Bia. "Não desvie da pergunta." "Eu não sei", disse. "Como assim você não sabe?", questionou. "Saiu sem querer", justifiquei. "Saiu sem querer? Me poupe, Vitória. Você que dá uma de inocente", ela me acusou. "Eu não quis nada disso, foi a verdade, saiu sem querer, mas eu pensei, e acabou saindo em voz alta. Quando percebi, já tinha contado", me defendi. "Vou te dar um aviso, Vitória. Cuide da sua vida e tudo que você vir não deve contar, nem comentar com ninguém", disse com raiva contida. "Desculpa, Lara", falei com sinceridade. Eu não queria que ela ficasse com raiva de mim. "O aviso já foi dado", disse, passando por mim, mas acabou batendo no meu ombro com força suficiente para me desequilibrar. Acabei caindo no chão, e o copo que estava na minha mão e tinha esquecido acabou quebrando no processo, cortando minha mão. Soltei um grito de dor. "Aí", gritei. "Está doendo." "Para de reclamar! Foi só um cortinho de nada", disse Lara, indo embora sem me ajudar. "Você está falando isso porque não foi em sua mão", respondi alto o suficiente para que ela ouvisse. Quando estava me levantando, Beth apareceu na cozinha. "Minha filha, você acredita que me esqueci...", ela foi interrompida ao ver o sangue em minha mão e roupa. "Mas o que aconteceu?", perguntou, se aproximando. "Eu escorreguei e o copo que estava em minha mão quebrou", respondi com a voz trêmula. Não vou contar que Lara bateu no meu ombro sem querer e também que não me ajudou. "Deixa eu ver esse corte", disse Beth, pegando minha mão e olhando. "Parece que o corte foi fundo. Vamos, vou te levar ao hospital", disse, me guiando para fora da cozinha, após enrolar um pano em minha mão. "Não chore também", falou enquanto saíamos do prédio. "Mas eu não estou chorando", tentei me convencer a mim mesma e a ela. "E esses seus olhos cheios de lágrimas são o que?", respondeu assim que entramos no táxi que estava por perto. 40 minutos depois. Chegamos ao hospital e fomos direto para a recepção. Beth entregou meus documentos e logo fui encaminhada para a enfermeira para ser atendida. "Vou chamar o doutor e já volto", disse a enfermeira ao sair da sala. O que? Não era para ela ter feito isso. Não demorou muito e um homem vestido com um jaleco branco entrou. Pela roupa, ele devia ser o médico. Ele é muito bonito, o homem mais lindo que já vi. Fico encantada com sua beleza, até fico muito feliz que a enfermeira não me atendeu. "Bom dia", cumprimentou o médico. "Bom dia", respondeu Beth. "Então, você é minha paciente", disse ele, olhando para mim. "Sou sim", respondi com um pouco de vergonha, pela maneira que ele estava me olhando. "Vamos, deixe-me ver sua mão, mocinha", disse, pegando minha mão e tirando o pano que a envolvia. Assim que ele tocou minha mão, senti um choque percorrer todo o meu corpo. Será que ele sentiu? "Bom, deixe-me ver aqui", começou ele. "Está feio, doutor?", perguntei. "Não, vou limpar e também dar alguns pontos. Depois farei um curativo e você estará novinha em folha", explicou. "Obrigada, doutor", agradeci. "De nada, meu anjo", disse. Fiquei com vergonha por ele ter me chamado de anjo. "Pronto, lindinha. Você já pode ir para casa", disse assim que terminou o procedimento. "Obrigada, doutor", agradeceu Beth. O médico saiu da sala, não sem antes olhar para mim mais uma vez. "Nossa, que gato", disse Beth, se abanando com a mão. "Pode parar, vamos para casa, velha assanhada", sorri para ela. "Vamos, filha", disse Beth. Saímos do hospital e pegamos um táxi de volta para casa. Lá, tomei um banho e depois um remédio que Beth me deu. Logo após, me joguei na cama e acabei dormindo.
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