Narrado por Anne Peterson.
Eu nunca tinha vivido uma verdadeira história de amor.
Na verdade, eu nem acreditava que o amor realmente existia. Meu mundo sempre fora limitado aos meus próprios desejos e para mim, sexo e conquista eram apenas uma diversão e homens, um mero objeto para satisfazer meus desejos.
Eu não sabia, mas minha vida estava prestes a mudar drasticamente.
Já sou um tanto quanto experiente em mudanças pois no auge dos meus dezessete anos, estou morando há quatro meses com meu pai aqui em Spokane, uma cidade pequena do noroeste de Washington e tão pacata que as vezes, chega a dar sono.
Minha mãe, Rebecca, se casou com um homem chamado Bill, um cara folgado pra caramba e depois de muito pensar, decidi que o melhor para mim era vir morar com meu pai, Will, xerife da cidade, com quem nunca tive muito contato já que quando ele se separou da minha mãe eu tinha apenas oito anos. Tenho também uma irmã mais nova, Mel, que tem doze anos e continua morando no Texas com a minha mãe.
No início, quando passei a morar aqui até que as coisas pareciam legais. Ganhei uma caminhonete do meu pai, fiz amizades com garotas muito legais como Liza, Jessica e Rachel, fiquei com alguns garotos, mas até hoje nunca encontrei um que realmente virasse minha cabeça, até porque a maioria dos que passam pelo meu caminho caem aos meus pés mais rápido do que eu gostaria.
Sinto falta da conquista, de fazer com que um garoto se apaixone por mim, pois todos que me interessam sempre já são a fim de mim.
Eram sete da manhã quando me levantei e fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Em seguida, fui até meu guarda-roupa onde peguei minha camiseta do uniforme, que é branca com o símbolo do colégio, uma calça jeans clara e um casaco pois pelo jeito, o dia de hoje será mais friozinho. Depois de calçar meu tênis, peguei minha mochila e desci apressadamente as escadas caracóis da minha casa que não é muito grande.
— Bom dia Anne! - Will me cumprimentou sem tirar os olhos do jornal onde lia atentamente as notícias do dia, como fazia todas as manhãs.
— Bom dia, pai. - Falei pegando uma maçã da fruteira que estava em cima da mesa e a mordendo, enquanto me sentava à mesa.
— Hum... - Ele olhou para seu relógio dourado de pulso e após tomar mais um gole de sua xícara de café, levantou-se da cadeira passando um guardanapo em sua boca. - Tem comida na geladeira, okay? E não me espere para o almoço pois estou com problemas na delegacia. - Explicou colocando uma jaqueta de couro marrom.
— Que tipo de problemas? - Franzi o cenho curiosa enquanto adoçava meu leite - Nessa cidade não acontece nada.
— Isso é o que você pensa, filha. - Pôs sua arma na cintura.
Desde que vim para cá, morro de vontade de pegar na arma dele, aliás, acho que tenho essa vontade desde que me dei conta que era filha de um policial.
- Tenha um bom dia! - Beijou o topo da minha cabeça e saiu de casa.
Will tenta ser um bom pai na medida do possível, mas sinto que poderia ser melhor, que podíamos passar mais tempo juntos porém, nunca tive coragem de dizer isso à ele pois não quero ser vista como um bebê chorão.
[...]
Após terminar meu café, escovei os dentes novamente e me maquiei passando uma base por minha pele clarinha para cobrir algumas espinhas que tenho e um gloss para destacar meus lábios. Penteei os cabelos, voltei a colocar minha mochila nas costas, tranquei a casa toda e sai em direção a minha caminhonete que é de tom pastel.
Dirigi rapidamente até meu colégio que é o melhor de Spokane que diga-se de passagem, tem poucas escolas. Estacionei meu carro e saí do mesmo, indo até o portão da escola onde uma galerinha estava batendo um papo que parecia muito interessante, já que as garotas da minha turma estavam cheias de risadinhas.
— Anne, que bom que você chegou! - Rachel disse me puxando para a rodinha das meninas.
Rachel tem dezoito anos e é muito bonita, dona de cabelos pretos curtos e um visual meio gótico que contrasta com seu jeito fofo e divertido. Ela é filha de Klaus, médico, dono do principal hospital e um dos homens mais ricos da cidade.
— O que houve? Por quê estão animadinhas? - Perguntei colocando as mãos no bolso do meu casaco roxo.
— Um cara muito, mas muito gato acabou de chegar na escola! - Liza respondeu sorrindo.
Liza é uma das garotas mais lindas daqui e é tão popular quanto eu. Ela é filha do diretor da escola mas mesmo com esse posto não é, nem nunca foi metida, muito pelo contrário, é amiga de todo mundo e inteligente pra caramba, especialmente na área de biológicas e exatas.
— Aluno novo? - Mordi o lábio sorrindo também.
— Acho que não, ele parece ser bem mais velho que nós. - Jessica, a garota mais doida que já conheci nesta vida, respondeu.
— Adoro caras mais velhos! - Exclamei e todas deram risada - Já aviso que se ficar atraída por ele, vou investir primeiro hein? - Deixei claro.
— Não tenho dúvidas que você vai se atrair por ele porque esse homem é simplesmente o t***o em pessoa. - Jessica disse me dando uma cotovelada, me fazendo pensar sacanagens.
— Vamos ver se ele é tudo isso mesmo. - Me fiz de difícil quando Arthur apareceu.
Arthur estuda na sala ao lado da minha e é encantado por mim desde que me conheceu, mas apesar de o achar bonitinho, não sinto vontade de beijar e muito menos t*****r com ele, por isso, até hoje não passamos da amizade e pelo jeito, vamos continuar assim por um longo tempo.
— Anne, que tal irmos ao cinema? - Ele pergunta andando lado a lado comigo e entramos no colégio - Tem um monte de filmes maneiros em cartaz, inclusive de terror que sei que é teu gênero favorito.
— Vou ver, minha agenda anda muito cheia nos últimos tempos. - Respondo olhando ao meu redor para ver se o tal gatinho está por aqui e suspiro frustrada ao sacar que não.
— Espero que consiga um tempo pra mim. - Ele diz tímido e eu sorrio e aperto o passo para alcançar minhas amigas que estão indo para a sala oito, onde temos as aulas de exatas.
Se tem uma coisa que odeio na vida são matérias como matemática que para mim é com toda a certeza a pior matéria do universo. Me confundo toda com esse lance de números e fórmulas e só não repeti nessa matéria ainda porque na hora da prova, sempre banco a espertinha e arrumo cola com algum aluno nerd.
— Não disseram que a professora Gilda se demitiu? - Rachel pergunta e me sento ao lado dela, no fundão da sala.
— Será ótimo se tiver feito isso, assim saímos cedo e posso ir para a cama fazer o que mais gosto na vida depois de...
— t*****r. - Jessica completa gargalhando.
— Exatamente. - Confirmo abrindo minha bolsa e tirando meu caderno e algumas canetas - Merda, esqueci o livro de álgebra! - Constato bufando.
— Sua sorte é que eu trouxe. - Liza, que está sentada na minha frente fala erguendo o livro para o alto.
— De que adianta ter o livro se você não entende nada? - Jess zomba de mim e mostro a língua para ela.
— Vá se ferrar. - Digo mas ninguém me responde, muito menos dão risada - Ei, o gato comeu a língua de vocês? - Pergunto olhando para Rachel que está com a boca entreaberta e parada como uma estátua.
Depois, olho pra Liza que está de costas para mim assim como Jessica que sempre se senta ao lado dela. Já saquei que elas estão distraídas com alguma coisa... Mas com o quê?
Olho para frente em direção a lousa e vejo um homem de pé parado. Meu olhar desce até os pés dele notando que está de tênis azul e vou subindo vendo sua calça jeans escura e paro minha visão onde fica seu m****o. Sei que pareço uma tarada, mas sempre que conheço um homem dou uma olhada nessa região pra tentar adivinhar se ele é de bom tamanho e esse pelo jeito é, já que tem um volume bem interessante ali.
Continuo subindo pela camiseta dele de manga comprida que é azul e apertada, delineando seu abdômen e braços sarados. Sinto meu corpo esquentar e finalmente, chego ao seu rosto.
Ele tem traços firmes, rosto quadrado, maxilar pronunciado, sobrancelha grossa, cabelos bagunçados e levemente acobreados, uma leve barba por fazer e seus lábios? São finos e muito atrativos. Só de vê-los já senti uma vontade imediata de prova-lo e sentir o sabor daquela boca.
Mas o que mais me chamou a atenção foram seus olhos verdes, profundos e enigmáticos. E quando cruzaram com os meus, meu corpo todo se arrepiou dos pés a cabeça e as batidas do meu coração se aceleraram estranhamente, me fazendo sentir algo que jamais senti em toda minha vida.
— Boa tarde, classe. Meu nome é Mathew Hank e sou o novo professor de matemática de vocês. - Apresentou-se me encarando tanto quanto eu o encarava e com isso, me forçando a desviar meu olhar.
Eu nunca desvio o olhar para um homem, mas com esse gostoso foi diferente não entendo por quê.
Aliás, nesse momento só sei de duas coisas.
Esse professor delícia ainda vai ser meu e minha vida com certeza nunca mais será a mesma depois de conhecê-lo melhor.