Ava
Faço questão de ser invisível. Uso roupas largas para não chamar a atenção dos garotos. Meu cabelo comprido, quase branco, cobre o meu rosto e ando curvada para frente para que ninguém perceba o quanto eu sou alta. Me camuflo no ambiente e quase não falo, a menos que alguém fale comigo primeiro.
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Fingir que sou invisível é mais fácil do que parece. Assim, consigo sentar em silêncio em algum lugar e ouvir o que os outros estão dizendo e planejando. Isso me mantém um passo à frente dos outros da matilha.
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Também escondo que tenho uma loba incrível. O nome dela é Carly, e ela é enorme! Seria difícil alguém não notar a presença alfa dela.
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O pelo dela tem os tons de branco e prata mais puros que já vi. Ela é c***l, mas tímida, não abaixa a cabeça e não dá bola para ninguém, mas se recusa a se transformar na frente de qualquer pessoa. Ela até esconde seu cheiro.
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Segundo ela, tudo isso é para o meu próprio bem, É só mais uma forma de ser invisível.
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Carly acha que a matilha não merece nem a ela nem a mim e diz que, quando chegar a hora, eles saberão disso.
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Até lá, finjo que não tenho loba. E é nisso que eu deixo a matilha acreditar. Mas, com a Carly, tenho a audição e a velocidade de que preciso para me movimentar sem que eles percebam minha presença.
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Ela se tornou minha única fonte de diversão nos últimos anos. Não tenho permissão para treinar, embora o faça em particular e não tenho permissão para participar dos eventos da matilha, como festas, bailes e confraternizações.
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A Luna Dhayana não permite. Ela não quer me ver, é engraçado como a Luna Dhayana parece ser a única a que percebe a minha existência, mesmo sendo quem mais gostaria que eu não existisse.
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Eu não a culpo. Afinal, eu sou a materialização da infidelidade do marido dela, andando por aí como uma lembrança constante dos desejos do alfa.
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Mas não fui eu quem dormiu, e que continua dormindo, com ele. Essa traição me afetou tanto quanto a ela.
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Talvez até mais, porque ninguém nunca me assumiu com orgulho, nem a matilha, nem meus pais. Eu sempre fui apenas tolerada.
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De acordo com as ordens da Luna, eu tenho permissão para morar em um quarto minúsculo embaixo da escada, perto da cozinha e tenho que agradecer pela comida e roupas de segunda mão para usar.
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Tenho permissão para servir às pessoas e limpar a bagunça dos privilegiados da matilha. Imagina que terrível se eles tivessem que limpar a própria bagunça!
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Ocasionalmente para o meu pai e ser tutora do filho deles, mas não sou paga por nenhum desses serviços.
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Ás vezes, fico imaginando o que aconteceria se eu não fizesse o que me é permitido e, em vez disso, fizesse algo para mim, algo que eu quero fazer. Bom, isso vai acontecer muito em breve.
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Estou contando os dias. Até lá, eu finjo...
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Fico na minha, falo baixo, e mantenho um sorriso tímido no rosto. Sobrevivo e faço o que preciso fazer até ter idade suficiente para ir embora.
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Na verdade, uma faculdade de tecnologia em nova York já me ofereceu uma bolsa de estudos integral. Só um professor sabe: o Sr. Malic.
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Ele é meu professor de tecnologia e quem descobriu meu amor por tudo o que envolve computadores. Ele também é o único que me incentiva.
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Embora seja um lobo, ele não pertence à matilha de meu pai. Ele é de outra matilha aliada.
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Ele me aconselhou a me inscrever nas faculdades de tecnologia e em algumas das universidades de elite, garantindo-me com minhas notas e minha motivação, eu não teria dificuldades para ser aceita em uma
universidade de humanos.
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Quando eu disse a ele que o alfa não pagaria e talvez não me deixasse ir, o Sr. Malic me lembrou que eu não faço parte da matilha do alfa.
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— Sua mãe também não. Tecnicamente, você é m****o da matilha Crista Prateada.— disse ele.
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Então, eu me inscrevi. O Sr. Malic me deixou usar seu endereço, e as cartas de aceitação foram chegando. Mas a de Nova York era a que oferecia bolsa fullride: cobre mensalidade, hospedagem, alimentação e material didático. Minha educação então está paga. Aproveitei a oportunidade e enviei toda a documentação.
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Isso me levará para longe daqui, a quilômetros de distância desta matilha e de meu pai.
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Falta uma semana para a formatura e para os meus 18 anos, e estou me dando de presente um adeus a tudo isso!
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Pratico meu discurso de oradora mentalmente enquanto ando pelas ruas, observando e ouvindo enquanto minha capa de invisibilidade funciona perfeitamente, a julgar pelos olhares vazios daqueles que cruzam meu caminho.
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Será o discurso que acabará com todos, revelando as traições do todo poderoso alfa. E, se acabar sobrando para a
minha mãe também, que assim seja.
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Sorrio para mim mesma e ouço Carly concordar.
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Será que essa semana pode passar mais rápido?