capitulo 1

1131 Words
5 anos depois Alice Giordano Posso dizer que sou uma pessoa que não foi agraciada com a sorte. Depois que minha mãe morreu, aos vinte e sete anos, fui mandada pelo meu próprio pai, para um convento, onde fui criada pelas freiras e essa foi a parte em que fui mais feliz. Rezar para Deus, pedi por um futuro melhor, um pai melhor, era o que me motivava, mas no fim, acabei com um fardo maior do que eu tinha. Em uma noite fria, de muita chuva, Luca Giordano apareceu no convento, me pegou, quase a força, para virmos para a Polônia, onde sua mãe, e a minha, nasceram. Achei muito estranho, tudo era novo, um campo minado, e ele, estava pior do que antes, mais rude, exigente e parecia estar com medo de alguma coisa. Nos mudamos para uma casa de dois quartos, sala pequena e uma micro cozinha. Tudo era estranho, suas atitudes, a escolha de pais e o abandono da vinícola, sua maior paixão. A cidade de Varsóvia era linda, com muito turismo e foi onde me apaixonei por línguas, queria estudar para ser tradutora, seja lá de quantas línguas fossem, mas meu pai, um ogro que vivia no século errado, sempre deixou claro que minha vida já estava escrita e que mulheres não podiam ser mais do que donas de casa. Não tinha como o odiar ainda mais, porém, a vida adorava me surpreender, pois minha tia, Sara, irmã da minha mãe, que ainda morava na cidade e que nos ajudou todos esses cinco anos em que estávamos no país, contou-me o porquê saímos fugidos de Alessandria e da Itália. Eu não quis acreditar. Achei que mesmo que meu pai fosse uma pessoa r**m, um machista e que tornasse a minha vida um inferno, pelo menos tinha caráter. Por conta da minha distancia, não fiquei a par da rivalidade entre as famílias Giordano e Mancini. Minha tia não soube dizer como tudo isso começou, mas que foi por isso que minha mãe morreu, só por ser esposa de Luca Giordano, e que nossa fuga, se deu depois que meu pai, o meu carrasco, matou todos da família Mancini. Sara não precisava mentir para mim, na verdade, isso explicava o seu ódio pelo meu pai, e era só juntar os pontos para chegar a essa explicação. Era obvio que ele fugiu da polícia, por isso usava um nome falso, sempre estava escondido e odiava sair de casa, tornando a minha vida mais do que um inferno, uma tortura. Desde que viemos para esse lugar, não temos muito como nos sustentar, mas infelizmente outro carrasco apareceu em minha vida, dizendo que me amava e que faria de tudo para casar comigo. O pior era que esse i****a tinha dinheiro, muito dinheiro, e meu pai me vendeu para ele. Sim, eu disse vendeu, porque foi justamente isso que aconteceu. Oton Nowak pagou uma boa quantia para Luca, e hoje era o meu casamento. Quando ouvi essa negociação, quase surtei e morri de desgosto. Nunca chorei tanto na vida, nunca me senti tão só quanto naquele dia, mas eu não posso ser ingrata. Rezei tanto que Deus me agraciou com uma benção. Um milagre, no qual irei pagar a promessa que fiz. Minha tia Sara comprou uma passagem para Londres, onde eu ficaria na casa de uma amiga de infância. Era arriscado, eu não conhecia ninguém, mas sabia o idioma e faria de tudo para conseguir um trabalho e ficar no país. Era loucura estar fugindo? Sim, era. Porém, prefiro ser morta do que casar com o velho que me olhava como se eu fosse um pedaço de carne. Deus me perdoe, sei que não deveria julgar ou desejar o m*l de alguém, nem mesmo o pior dos homens, mas desejei que Oton tivesse um infarto e por causa desse erro, adicionei mais 500 ave marias a minha promessa. Sara estava me ajudando a sair do país. Desde que cheguei, ela me trata como uma filha e eu a tinha como minha mãe, já que não pude viver com a minha de sangue. Sabia que se meu pai me pegasse antes que o avião estivesse no ar, ele me arrastaria de volta para casa e me forçaria a casar com Othon e eu preferia morrer a isso. - Tia, eu não queria a envolver nisso, mas você é a única pessoa que me restou e não posso casar com aquele homem. – Falei sentindo a ansiedade bater. – Prefiro viver o resto da vida no convento, caso não consiga nada, do que passar os meus anos presa a um homem horrendo como Othon. - Não diga isso Alice, sabe que é inteligente e que logo arranjara um emprego. – Falou me abraçando forte. Meus olhos se encheram de agua e tive que segurar a emoção para não estragar a pouca maquiagem que fiz. – Seu pai morre de medo de ser descoberto, está sendo procurado, não fará nada para impedir. É possível que Oton fique com raiva, então tente se manter fora dos holofotes. Ri das suas palavras, pois eu odiava estar em destaque, fugiria de qualquer coisa que me colocasse a mostra de todos. - Não precisa se preocupar quanto a isso. – Falei ao me afastar, dando uma última olhada para a mulher que estava me salvando de uma vida de mais desgraça. – Vou sentir falta. - Eu também, mas está na hora. Daqui a pouco ele vem para busca-la e você tem que estar longe. – Disse me apressando. - Meu pai não é um homem bom, você tem certeza que... - Vá Alice, antes que ele a pegue. – Seu tom foi mandão. Ela foi o mais perto que cheguei de ter uma mãe e agora estava a deixando para trás, correndo o risco de receber a fúria do meu pai. – Cuido do seu pai. Deu um último beijo em sua testa antes de sair e pegar o taxi. Estava cedo, Luca acordaria as nove, e meu voo sairia as oito. Tudo estava calculado para não dá errado. Eu estava com medo, nunca me aventurei no mundo, mas as irmãs do convento sempre disseram que o mundo não era nosso inimigo e sim os homens maus. O problema era que eu me sentia uma fraca e burra, já que nunca sai de casa sem meu pai, como saberia distinguir dos bons dos maus? Coloquei a minha cabeça encostada no banco do carro e pensei o caminho todo como seria aminha vida em Londres. A cidade era rica, cheia de pessoas que nunca vi e eu estaria sozinha. Nunca trabalhei, porque meu pai não deixava, nunca fiquei em lugar algum, que não fosse vigiado por ele, então minha preocupação era estar indo para um grande erro.
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