Alissa tinha só mais dois dias livres. Com o início do seu estágio, ela não poderia mais trabalhar com Priscila como antes.
Para isso resolveu ir até lá e ter uma conversa.
- Bom dia Cila.
- Bom dia Alissa. Como foi lá na Editora?
- Foi óptimo. Conheci pessoalmente o Sr. Alencar.
- A sério?
- Sim. Ele é sério mas muito legal.
- E conseguiste a vaga?
- Bem! Eles têm um programa especial de recrutamento.
E eu tive a sorte de ser seleccionada para participar.
Se me sair bem, terei um emprego definitivo.
- Que óptimo. Só lamento não ter você mais aqui. E a Maria também não vai mais poder me ajudar.
- Eu pensei muito nisso Cila.
O estágio será de segunda à sexta-feira por meio período.
Eu posso vir a partir das 14 horas e trabalho até às 18.
- Mas, não será demais para ti querida?
- Claro que não. Cila sabes que eu viveria aqui se fosse possível.
Posso descansar em alguns finais de semana, mas venho fazer a habitual leitura para as crianças.
- Nossa Alissa. Você é mesmo muito especial.
- Eu adoro trabalhar aqui Cila.
Um emprego novo não vai mudar isso.
- Está bem. Aceito a tua proposta com uma condição.
- Qual é?
- Vou assinar a tua carteira de trabalho e aumento o teu salário.
- Mas Cila...
- Não podes dizer não.
- Está bem.. E quando começa a reforma?
- Daqui a duas semanas. Teremos muito trabalho. O espaço será maior, isto significa que poderei contratar mais pessoas.
- É óptimo Cila. E podes sempre contar comigo. Vou para casa me trocar e volto em meia - hora. Pode ser?
- Claro. Eu estarei aqui.
Alissa foi para casa. Melissa olhou para a sua livraria e soube o que tinha de fazer.
Ela estava com 50 anos e não tinha filhos. Via Alissa como sua filha, e decidiu fazer dela a sua herdeira legítima, mas não revelou nada.
Sempre muito discreta sobre a sua vida, Priscila tinha muito mais do que demonstrava.
Tinha herdado uma fortuna de seus pais além da livraria.
Ela manteve tudo na mesma por eles, mas com a proposta da Alencar, ela percebeu que realmente tinha que mudar.
O seu advogado já tinha feito as alterações necessárias no testamento.
Ela deixaria tudo para Alissa.
Sabia que o seu tempo estava no fim, por ter descoberto que tem um tumor.
Pouca gente percebia que o seu cabelo era na verdade uma peruca, e que ela estava cada vez mais magra.
Os remédios ajudavam, mas ela estava cada vez mais fraca e cansada, e não sabia se poderia suportar as dores por muito mais tempo.
Apesar disso, ela ia trabalhar e mantinha o seu sorriso sempre presente. Lamentava não poder contar à Alissa sobre a sua doença, pois sabia que ela sofreria demais.
- Cilla!? Você me ouviu?
- Sim querida. Me desculpe. Pensava no quanto este lugar vai ficar ainda mais bonito e especial com a reforma. Será moderno.
- Eu estou ansiosa. E vai ser óptimo termos cartões para todos. m*l posso esperar para ver tudo isso Cilla. E daremos uma enorme festa de inauguração.
- Claro que sim. Vai ser uma linda festa.
A reforma seria feita por partes. Cila não acreditava mais que estaria viva quando terminasse na totalidade, mas as surpresas para Alissa não seriam poucas.