5 anos depois... | Anna
— Senhora. — Miran entra na sala, carregando inúmeros papéis em seus braços. — O doutor Marcel pediu para que eu entregasse esses papéis a senhora. Ele disse que é de extrema importância que sejam assinados hoje.
— Sobre o que são? — Pergunto, enquanto continuo anotando as coisas importtantes do último contrato.
— Sobre a última reunião que a senhora não pôde participar. — Ela coloca tudo sobre a minha mesa. — A empresa Lewis&Co. está muito interessada em contratar a empresa para a construção de um novo resort no hawai.
Eu levanto o meu rosto, engolindo em seco. Eu não ouvia esse nome a anos — talvez, seja por ter me isolado depois de todos os últimos acontecimentos. Eu não tinha que ter feito isso, não quando eu sabia como isso poderia me afetar.
— E, quem está responsável pelo trabalho? — Questiono, pegando todos os papéis trazendo a minha visão.
— O senhor Lewis está solicitando a sua presença em um jantar onde ele será premiado. — Ela explica. — Ele quer que fechem. Marcel disse que é de extrema importância que a senhora compareça, é um trabalho grande, para pessoas importantes.
— Pode chamar Marcel aqui? — Pergunto, olhando-a.
— Claro. — Ela se vira, saindo da minha sala.
Eu, com certeza, estava muito insatisfeita com tudo o que estava acontecendo agora. Quero dizer, eu sabia o quanto uma pessoa como Adam Lewis podia influênciar no mundo da arquitetura e mais ainda, por saber que o fato de ter me fundido com Marcel e Andyn, me dava o bônus de ter a minha própria empresa de arquitetura e construção.
Crescemos no mercado e estamos subindo rumo ao topo. Não é segredo para ninguém que já estivemos em diversas capas de revistas pelas nossas inúmeras construções. Casas de artistas e milionários são rotina entre nós.
Os mais famosos, ou melhor, os que estão dispostos a pagar mais caro, exigem que eu mesma assine os seus projetos e supervisione. No entanto, mesmo com tudo isso, eu ainda não tinha me revelado ao público. A minha aparência é um mistério.
Não me admirava que Adam quisesse que eu e a minha equiper fizéssemos o trabalho, muito diferente disso, era muito esperado. Ele sempre quis o melhor e o pouco tempo que passamos juntos me provou isso.
— Oi. — Marcel entra na sala, um sorriso enorme e iluminado em seu rosto.
— Você sabe que eu não posso pegar esse projeto. — Eu murmuro.
— AH! Isso mais uma vez. — Ele murcha. — Eu tentei fazer de tudo para que o Adam Lewis desistisse de tudo, mas veja... — ele me entrega a única folha que estava nas suas mãos. — Esse valor é mais do que nós já ganhamos em toda a nossa história. Um trabalho dessa magnetudo nos levaria ao topo e você chegaria onde você quer chegar.
— Mas não assim. — Eu abaixo os meus olhos. — Não custando tendo que lidar com o passado.
— Pare de fugir! — Ele diz, sua voz sai dura. — Até quando vai se esconder como um rato? Pelo amor de Deus, você vai mesmo permitir que ela viva a sua vida, com o seu filho nos braços?
Eu sinto meus olhos lacrimejarem. Isso sempre acontecia.
— Você já é rica. Você já tem poder, você pode enfrentar ela agora. — Ela se aproxima de mim. — E, eu vou dizer mais...
Ele abaixa um pouco mais o seu tom de voz. Eu pressiono os meus lábios uns nos outros.
— Eu soube que Edmundo Lewis está cedendo esse valor como um emprestimo ao Adam. — Ele explica. — Ele já não pode mais lutar contra você. Você os têm na palma das suas mãos.
— E por qual motivo Edmund faria isso? — Questiono. — Eles se odeiam!
Eu me lembro bem de como eles tinham uma rixa.
— Você sabe, Edmund quer muito a empresa Lewis&Co., ele trabalhou muito por isso e por todas essas coisas. — Comento. — Ele tem dinheiro e Adam afundou a empresa do seu próprio pai, ninguém sabe o motivo. Mas, ele está a beira da falência, o valor e a penhora da empresa, caso Adam não consiga pagar tudo.
— Eu não entendo ainda. Como você sabe de tudo isso? — Pergunto.
— Todos estão comentando sobre isso. Acho que você saberia se frequentasse o clube. — Ele dá de ombros. — Edmund fez questão de espalhar para todos o quanto o "seu primo perfeito" — faz aspas com os dedos. — conseguiu destruir tudo que a sua família tinha.
Pisco, ainda em choque e mordo a minha bochecha. Eu não sabia de nada disso, mas não é como se eu procurasse também. Fingir que qualquer Lewis nao existia já tinha deixado de ser uma dureza e se tornado um hobbie.
— E, o que eu teria que fazer em um jantar com ele? — Pergunto.
— Você sabe, quando o cliente é exclusivo a esse nível, você é uma das exigencias. A sua assinatura. — Ele murmura. — Só que... você não pode usar o projeto como uma vingança contra ele.
— Eu não tinha pensando nisso, mas você sabe que eu sou profissional. Jamais mancharia a nossa imagem por um homem tão ridículo quanto ele; — Grunhi.
— E você não pode mais usar esse vocabulário. — Um sorriso brincalhão cresce no seu rosto.
— Estou odiando cada segundo disso. — Eu resmungo.
Naquele momento, a porta se abre. Andyn entra. O irmão mais novo — dois anos — de Marcel.
— O noivo chegou! — Anuncia e eu levanto uma das sobrancelhas.
— Quem é a maluca? — Pergunto.
— Você mesma. — Ele sorri.
— Do que você está falando? — Olho para Marcel com os olhos comprimidos.
— Achei que você não iria querer sair por baixo, e como eu sou publicamente noivo, sabe que eu não poderia ajudar você com algo assim. — Ele me encara.
— Marcel! — Reclamo.
— Se não quiser, eu não ajudo... mas aposto que aquela azinha' vai se encher de raiva e inveja; — Ele dá um sorriso presunçoso. — Cá entre nós, eu sou uma delicia.
— Já ouviu falar de Narciso? — Olho para ele, debochando.
— Háhá. — Reviro os meus olhos. — Eu vou aceitar, mas só porque eu preciso mesmo. Eu também não quero parecer uma i****a na frente de todas aquelas pessoas que me odeiam.
Eu suspiro, passando a mão na minha testa. Estou cansada.
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— Você está linda. — Andyn murmura.
— Obrigada, você também não está nada m*l. — Dou um sorriso de canto.
— Eu acho mesmo que Adam perdeu a oportunidade da vida dele. — Comenta, me oferecendo o seu braço.
— Não precisa tentar me animar, isso vai ser bastante incomo e nada vai fazer eu me sentir melhor. — Eu suspiro.
Ele para no meio do caminho, da sala da minha casa enorme e vazia. Era assim que eu me sentia.
— Você sabe que não precisa dele. — Segura as minhas mãos. — Eu quase não consigo ser uma pessoa séria e você sabe, mas eu posso jurar que você vai conseguir o seu filho de volta.
— Eu sei. — Solto um suspiro cansado. — Eu preciso do meu filho de volta. Eu mereço isso, ela me fez... — meus olhos lacrimejam. — Não! Eu não vou chorar!
Ele assente e me puxa para os seus braços, onde me aninha. Eu me seguro, enquanto apoio a minha mão no seu peito. Esse era um lado raro de Andyn, então acho que preciso aproveitar bastante.
— Vamos fazer essa ser a sua melhor noite. — Ele sorri abertamente.
Sai de dentro da casa e andamos juntos em direção ao carro enorme e caro na frente da minha casa.
Era impressionante como, no final, nada disso faria nenhum sentido para mim. A alguns anos, eu nunca me imaginaria longe de tudo aquilo que eu conheço e agora, veja onde eu cheguei. Todas as coisas que eu construi e conquistei. Todas essas coisas me preenchem, me deixam assustada e com a sensação de que é tudo muito novo ainda.
Cinco anos foram o suficiente para que eu saísse do nada — que foi como eu fui deixada —, para me tornar uma das mulheres mais ricas e impressionantemente requisitadas do meu ramo. Eu não entendo os propósitos da vida, mas esse, sem dúvidas, é o mais doloroso.
Acordar e perceber que o meu filho não estava ali, enquanto todas aquelas pessoas queriam jurar para mim que eu nunca tinha gestado me levou a beira de um colapso. Eu era somente uma menina, eu tinha tido o meu filho roubado de mim e fui largada em um hospital psiquiátrico.
E então, um dia eu aprendi a fingir. Não por necessidade extrema, mas por saber que eu nunca reencontraria o meu bebê lá dentro.
Eu tinha saído a quatro anos, tinha tido o meu filho roubado a cinco. Ele tinha quatro anos e meio.
Eu sempre deixava que a minha cabeça divagasse sobre o que tinha acontecido com ele, porque tinham feito isso, mas então... Adam e Lia anunciaram o casamento. Estão juntos desde então, ostentando uma criança que é minha. Uma criança que eu gestei.
Eu sofri, mas me reergui. Comecei a trabalhar e com a ajuda da família de Andyn e Marcel, eu consegui a minha faculdade. Juntos, abrimos uma pequena empresa e depois, fundimos com a empresa da família deles. Um tem mantido o outro. Um tem erguido o outro desde então.
Eu nunca pensei que cinco anos seriam o suficiente para que a minha vida mudasse completamente. Agora, eu tenho tudo e mesmo assim, eu ainda me sinto vazia. Eu me sinto oca. Eu queria muito ter uma perpesctiva de futuro, mas não tenho e isso me deixa confusa. Eu acho que só vou ter alguma paz novamente quando tiver o meu filho comigo.
Eu só espero que não seja tarde demais.
Sinto um toque em minha mãe. Olho para o lado, enquanto Andyn cruza seus dedos nos meus. Ele me dá um daqueles seu sorrisos de conforto e eu volto a olhar para a janela. Eu sabia que seria uma longa noite.
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