• Concentre-se

1595 Words
— Ei. Eu tinha terminado de lavar a louça, iria tomar banho antes da sua voz me parar onde eu me encontrava. — Oi! — Não vai vir? Me prometeu que viria. A praça, Íago iria me ensinar voleibol, eu tinha-me esquecido totalmente, estaria de férias na sexta se passasse em geografia, estive ocupada estudando pela manhã toda, e acabei ajudando Deena com a sua total falta de atenção na matéria de história, diz ela que voltar ao passado é um erro, Íago não vê dessa maneira, ele acredita que voltar ao passado nos ajuda no presente, pois no futuro não cometeremos os mesmos erros que cometemos no passado. Eu vejo pelos dois lados, o passado pode ser r**m, algo que guardará na cabeça, momentos que aconteceram que deveriam ser apagados, mas é o seu passado... Se eu pudesse voltar no tempo, impediria muitas coisas de terem acontecido, mas essa é nossa vida, composta por erros, acertos, perdas, prêmios. A vida é uma roda gigante, e nem sempre estamos prontos para os seus giros. — Eu preciso estudar. Eu não precisava estudar, eu poderia parar, eu já tinha matéria toda na cabeça. Só não queria encontrá-lo, ele age como se aquela discussão nunca tivesse acontecido, mas aconteceu e ele não vê o quanto machuca, eu não sei o que ele quer. Os seus pais querem que ele vá para Pádua, fiquei a noite em claro vendo a distância entre Toronto e Itália, são 11 horas e 36 minutos de avião. Só de imaginar que quando este ano acabar, provavelmente ele vai fazer o que os seus pais mandarem, posso não conhecer os pais de Íago, mas sei que eles são persistentes. Lembro que mês passado, ele faltou o aniversário de Myra pelo seus pais o obrigarem a ir um jantar de negócios. Myra ficou brava por ele não ter vindo, ela gosta muito dele, ele trouxe vários presentes no outro dia, o que a deixou empolgada e contente e fez com que a sua raiva por ele diminuísse. Ele vai para Pádua, sei que vai, tudo que vivemos vai ser como um vento para as nossas vidas, vai apagar a memória do Íago assim que ele conhecer novas garotas, Glenna Sug será uma menina do passado. — estarei aqui até às seis, se quiser aparecer. — a sua voz parecia incerta, acho que não ficou muito alegre com a minha resposta, mesmo irritado ele iria esperar. Eu sabia disso. — Tudo bem. — Eu já iria desligar, quando ouvi a sua voz mais uma vez. — Glen, me desculpa... — Ficou em silêncio, um rápido silêncio, como se estivesse pensando em algo antes de falar qualquer coisa. — Eu fui i****a, eu sou um i****a, desculpa. Dessa vez, eu fiquei em silêncio. — Olha, ontem eu... fui meio rude. O fato de eu não te contar sobre a minha vida, não significa que eu não quero você inclusa nela. — O que ele disse mexeu comigo, para ser sincera, tudo o que ele diz, mexe comigo. Agora eu já não sentia raiva da noite anterior, parecia que o meu coração tinha esquecido de tudo o que houve. Os meus pensamentos só girava agora em torno do que ele tinha dito, cheguei até imaginar ele olhando para mim e dizendo aquilo de uma forma fofa e apaixonante. — Eu sei. Desculpa por me intrometer na sua vida. — Não, você não se intrometeu. — interrompeu-me. — Você só queria saber mais sobre mim. Eu entendo, todos querem saber sobre... Íago Reynolds. — Essa parte, ele brincou. Olhei para o espelho do meu quarto, vendo o shortinho e a blusa branca, estava ótimo para um jogo de vôlei... não é? Alguns minutos, eu não iria para praça e agora penso, — "todos merecem uma segunda chance não é?" — Bem, talvez eu apareça. — Digo, já prendendo o meu cabelo num rápido r**o de cavalo. — Ok. — Ouvi a sua risadinha. — Estou-te esperando na quadra. Desliguei o telefone, e dei pequenos pulinhos. Iria o encontrá-lo, por mais que ainda acho que não deveria perdoá-lo tão fácil. — Para aonde vai? — Vovô perguntou lendo seu jornal, no sofá assim que atravessei a sala. — Para praça. — Coloquei as mãos nos bolsos do short. — Ok. Andei para mais próximo e assim que abri a maçaneta... — Glen. — Vovô chamou-me e logo girei-me para trás. — O Íago é um bom garoto. — Piscou. — Se divirta na praça, só tenha JUÍZO. — disse de uma forma um pouco estranha. Um sorriso formou-se no meu rosto e logo tranquei a porta, e fui em direção a praça. Fiquei contente por vovô aprovar o garoto. Todos erram, nem sempre temos certeza do que sentimos, e do mesmo jeito, sei que o que sinto agora, é real. Talvez ele não goste de mim, e nunca sinta o que sinto por ele, mas acho que mesmo que nunca aconteça nada entre eu e ele, ainda assim sei que o terei aqui, como amigo, como um irmão, sempre terei o garoto do vôlei. Me peguei pensando em como ele deve estar, agora. Acredito que esteja usando uma camisa longa, aquelas que um dia vou pedir para usar e irá ficar enorme em mim, e eu vou rir disso. Aqueles seus tênis descolados, e provavelmente ele estará parado encostado na grade perto da quadra, olhando para mim. — Glen? — a sua voz ecoou pela minha cabeça. Parei de imaginar por alguns minutos, e o vi, do mesmo jeito que imaginei. Só que dessa vez, ele não usava tênis, era um simples chinelo, com uma camisa cinza, e o sorriso era o mesmo, os olhos... aqueles olhos que ainda acho que tem um brilho diferente. — Pensei que viria mais tarde. — Disse, ao se aproximar de mim. — Não tinha provas para estudar? — Sussurrou bem perto do meu ouvido. — Eu ia. Na verdade, eu vou. — Falei um pouco confusa. — Eu estudei a amanhã toda, pensei em esfriar a cabeça. — Inventei uma desculpa rápida. — Hum! Certo. — Balançou a cabeça. — E aí? — Vi o lugar vazio. — Cadê os seus amigos? — Eles não vêm. — Colocou as mãos no bolso, e saiu andando até a quadra. A praça tinha bancos espalhados, e alguns brinquedos infantis. Tinha um espaço, onde algumas pessoas faziam ginásticas, tinha uma outra quadra do lado, era a de basquete, os garotos do meu colégio jogavam lá, mas nunca tive v*****e de vê-los jogando. A quadra de vôlei estava mesmo vazia, o que era estranho, pelo horário aqui deveria estar cheio de pessoas e a maioria amigos de Íago. — Cadê as pessoas? Os seus amigos? — Falei, assim que entramos na quadra. — Eu reservei hoje, apenas para nós dois. — Ele deu um meio sorriso, mordendo o lábio inferior. Eu não pude evitar que os meus olhos disparassem e a minha boca se curvasse num sorriso. — Tudo bem. — Não vou mentir, fiquei muito feliz. Acho que nenhuma palavra demonstrava o que estava sentindo ali. Ele reservou uma quadra só para nós dois? Ah! Esse garoto é um fofo! — Então...- Ele mexeu nos cachos. — Veio aprender como Jogar vôlei, vem cá. — Levantou o queixo. — Vem. — Insistiu. Andei devagar na sua direção, e assim que cheguei próximo dele, ele segurou a minha cintura, o que me fez esforça-me para manter a minha respiração normal. — Ok. — deixe as suas pernas de forma que a distância entre elas esteja na largura dos seus ombros e projete o seu corpo para frente levemente. — Ele mexeu nos meus ombros. — Quando a bola vier na sua direção, deixe as mãos alguns centímetros separadas e as junte apenas quando a bola chegar mais perto. Isso facilitará para você se movimentar de forma correta. — Ele segurou o meu punho, enquanto a minha cabeça estava encostada no seu ombro. Eu não entendia nada do que ele dizia, estava perdida no tom suave da sua voz, e como se concentrava nas coisas que gostava, a sua aproximação me fazia suspirar. — Lembre-se de flexionar os joelhos, e manter os seus cotovelos travados. Fique sempre abaixada, isso faz-lhe sentir controle sobre a bola. Quando for a manchete, você n******e tirar os olhos da bola. — — O que é manchete? — O interrompi, o que fez tirar algumas risadas dele. — Manchete é o nome dado ao movimento quando o jogador recebe a bola com os antebraços esticados, e as mãos unidas pelos polegares. — Explicou. — Assim. — demonstrou, esticando os seus antebraços e colocando os polegares juntos. — Entendeu? — Eu nunca vou aprender isto.—Neguei, me afastando. — Ei. — Ele puxou o meu braço, me fazendo ficar perto demais dele. — Você só precisa se esforçar, Glen. — girou-me novamente para rede. — Concentre-se. — Ele colocou a cabeça no meu ombro. — Você segura a bola assim. — Segurou as minhas mãos, deixando elas do mesmo modo que ele tinha feito antes. Senti a sua respiração perto do meu pescoço. — Certo. — Tentei-me afastar um pouco. — Por que se afasta? — Me virou para ele, segurando o meu rosto. — Pensei que gostava da minha presença. — Essa última parte, ele sussurrou, bem devagar. Fiquei desnorteada com a sua chegada, estávamos apenas centímetros de distância, o que deixava-me arrepiada. Até pensei que ele iria... não ele não iria, ele me ver como uma irmã, não é?
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