Capítulo 11

2608 Words
      A escuridão tomava conta do quarto onde as duas mulheres dormiam abraçadas embaixo das cobertas. Emma envolvia a morena em um abraço protetor e ao mesmo tempo delicado, carinhoso. Regina repousava a cabeça no peito da loira como se ali fosse o melhor lugar para descansar, o mais seguro e era.     O silencio e a tranquilidade do quarto foi interrompida por gemidos. Regina parecia estar em meio a um pesadelo e ficou agitada nos braços de Emma que acordou com os movimentos do corpo da morena. A primeira reação de Emma foi apertar mais os braços em volta do corpo de Regina tentando lhe passar segurança. - Calma Regina, é só um sonho r**m. – acariciou os cabelos negros. – eu estou com você, você está segura agora. – beijou a cabeça da morena com carinho. – pense em coisas boas minha morena e tudo vai passar. – sussurrou essa última parte aconchegando ainda mais o corpo de Regina no seu e sentiu a morena ir se acalmando aos poucos, até que ambas estavam dormindo tranquilas novamente.     Ficaram ali dormindo abraçadas, com as respirações calmas, corações batendo em sincronia, vez ou outra uma se mexia fazendo a outra apertar mais os braços com medo inconsciente de ser abandonada pelo corpo quente no qual estava aconchegada.     O sol enfim, começa a adentrar o local lentamente, trazendo Emma do mundo dos sonhos assim que seus raios alcançam o rosto da loira. Emma abre os olhos lentamente piscando-os algumas vezes por conta da claridade, quando seus olhos se acostumam com os raios solares ela percebe que não está em seu quarto e um sentimento de culpa a invade ao lembrar-se do que havia feito a Regina, a imagem dos olhos de medo que a morena lhe lançou não sai de sua cabeça, em contrapartida, lembrou-se do pedido de desculpas e da resposta de Regina, dos beijos trocados antes de adormecerem e com isso Emma soltou um suspiro de alíviio e se aconchegou nos braços da morena torcendo para ficar ali para sempre.     Emma tentou voltar a dormir, mas o sono não vinha, então ficou ali observando o rosto delicado da morena em seus braços. A loira se sentia bem, se sentia diferente nos braços de Regina. Desde a morte de Ruby que Emma não tinha paz, toda vez que fechava os olhos um grande conflito começava em sua cabeça, a falta de Ruby, a culpa por ter deixado sua esposa ir naquela viagem, a incapacidade de tocar sua vida sozinha, todos esses sentimentos tornavam a vida de Emma um verdadeiro inferno, o que a levava a encher a cara quando não dava para suportar toda a pressão. Mas desde a chegada de Regina isso foi mudando sem que a loira percebesse, Emma só sabia que ali, naqueles braços ela teve a noite mais tranquila durante esses dois anos, sem pesadelos, sem lágrimas, sem culpa.     Foi assim, com Emma acariciando cada detalhe daquele rosto perfeito que a loira viu Regina abrir os olhos lentamente. Era uma visão maravilhosa, Regina piscando os olhos para se acostumar com a claridade, em seguida a morena fez um bico lindo enquanto se espreguiçava nos braços de Emma que estava sorrindo encantada, ela nunca esqueceria essa cena. - Bom dia, morena. – disse Emma sorrindo ainda acariciando o rosto de Regina. - Bom dia, Emma. – falou manhosa. - Obrigada por ter me perdoado, juro que não queria ter te machucado. – disse a loira encarando Regina. - Esquece isso, já passou. – disse a morena pondo a cabeça no vão do pescoço da loira. – Faz tempo que acordou? – perguntou mudando de assunto. - Alguns minutos. – disse sentindo o cheiro dos cabelos de Regina. - Sabia que é falta de educação olhar uma pessoa dormindo? – perguntou sorrindo. - Desculpa se fui m*l educada. – pôs a mão no queixo de Regina fazendo seus olhos se encontrar. – Mas tive o privilégio de ver a mulher mais bonita do universo ao acordar. – a loira delicadamente encostou seus lábios nos da morena em um beijo suave. – Já que acordamos, vou pro meu quarto tomar banho e você fará o mesmo. Em trinta minutos venho te buscar. –falou se levantando ao findar o beijo. - Me buscar? - Falou também sorrindo. – posso saber para onde irá me levar? - A partir de hoje, você fará as refeições conosco. Então em trinta minutos esteja pronta. – Beijou os lábios de Regina e saiu sem escutar a resposta.   [...]       Todos estavam desfrutando de delicioso dejejum, Emma sentada na ponta da mesa como senhora e dona da fazenda, Lexie em seu lado esquerdo, Paloma ao lado da sobrinha, Granny na outra ponta de mesa e Regina ao lado direito da loira onde Ruby costumava sentar quando estava viva.     Belle e Lily estavam próximas à mesa como sempre ficavam a espera de algum pedido das patroas, esta última estava com uma cara nada satisfeita em ver Regina à mesa com o resto da família. Ela estava com muita raiva da forasteira desde o incidente na varanda e agora mais ainda por presenciar todo o cuidado e risadas que Emma destinava a ela, desde a chegada da morena a patroa nunca mais a procurou nem mesmo depois da ultima crise e isso Lily não podia aceitar. - Filha o que você acha de irmos cavalgar depois do café?  - perguntou Emma sorridente. - Ebaaaa. – gritou a pequena Swan com as mãos para cima, arrancando sorrisos de todos na mesa. - Mas primeiro você tem que terminar de comer, ok. – concluiu Emma. - A Gina pode ir com a gente? – a loirinha olhou para Regina. - Essa seria minha próxima pergunta. – sorriu. – E então morena, vem com a gente? – perguntou a loira pondo a mão em cima da mão de Regina. - Não sei Emma... não tenho roupa apropriada e não sei se poderei montar com essa perna. – disse sem graça. - Não se preocupe com isso, minhas roupas devem caber em você, eu lhe empresto uma. – disse Paloma entrando na conversa. - E em relação a montar pode deixar que eu cuido disso. – Swan sorriu para ela. - Por favor, Gina. – pediu Lexie com seus olhinhos suplicantes. - Com esse olhar não tem como negar. – disse Regina por fim.     Estavam tão entretidos na conversa que não perceberam Lily sair da sala de jantar soltando fogo pelas ventas. A morena chegou estressadíssima na cozinha que esbarrou em uma cadeira derrubando o objeto no chão assustando Helena que estava organizando os pratos na pia. - O que deu em você garota? – perguntou a senhora com a mão no peito devido ao susto. - Aquela.... Aquela... loira i****a tá caindo de amores pela forasteira. – disse quase berrando. - Menina, se a patroa ouve você falando assim dela, você vai para o olho da rua. – disse Helena. - E aquela morena sem graça ainda senta na cadeira que era de Ruby... na cadeira que Emma não permite ninguém sentar. – Estava possessa. - Menina não se meta nisso, vai sobrar para você. – aconselhou a mais velha. - Mas isso não vai ficar assim. Não vai mesmo. – a garota chutou a cadeira que estava caída e foi para fora da casa grande.   [...]   - Você está... linda. – disse Emma vendo Regina chegar à sala onde ela e Lexie a esperava.     Regina vestia uma calça de couro preta, uma camisa branca de manga comprida e com os primeiros botões abertos mostrando seu decote e um par de botas marrons de cano longo. A roupa de Paloma serviu perfeitamente na morena, parecia que tinha sido feita para ela. - Você está muito linda mesmo Gina. – disse Lexie correndo em sua direção e segurando uma de suas mãos. - Só falta uma coisa. – disse Paloma aparecendo na sala com um chapéu preto e pondo o abjeto na cabeça de Regina.     Elas seguiram em direção aos estábulos lentamente, afinal, Regina ainda sentia um incômodo na perna machucada. Desde que chegara a fazenda Regina nunca tinha passado da varanda, ela estava encantada com a beleza da propriedade, havia muitas árvores e flores espalhados pelo local, ao longe ela percebeu algumas casas simples, porém, muito bonitas, Emma ao vê-la admirando as pequenas propriedades informou que eram as casas dos funcionários da fazenda, a morena avistou algumas pessoas fazendo seu trabalho e sempre que viam a loira paravam seus afazeres para cumprimentar a patroa e a pequena Lexie. Chegaram aos estábulos e Regina ficou impressionada com a quantidade de animais que existia ali. - Bom dia patroa. – disse Robin ao sair de uma baia. - Bom dia Robin, você fez o que te pedi? – Perguntou Emma e o capataz confirmou com a cabeça. - Robin. – disse Lexie cumprimentando o capataz com o punho fechado e Robin sorrindo repetiu o gesto tocando delicadamente na mão da pequena. Era assim que eles se cumprimentavam todas as vezes que se encontravam, Lexie gostava muito do capataz e ela da garotinha. - Oi pequena. – sorriu. – Bom dia Senhorita. – falou ele cumprimentando Regina. - Bom dia. – respondeu sorrindo. - Você pode preparar o Sansão, vamos cavalgar. – disse Lexie toda sorridente. - Claro pequena, quer me ajudar? – perguntou e a garotinha segurou a mão dele como resposta, o puxando para a baia do cavalo. - Agora vou te apresentar o cavalo mais bonito dessa fazenda. – disse Emma pegando a mão de Regina. – só não diga isso a Lexie. – sorriu.     As duas foram em direção a última baia do estábulo e lá estava Argo, o cavalo de Emma. Quando a loira se aproximou do animal ele relinchou e balançou a cabeça, feliz por ver sua dona. Regina sorriu ao ver a reação do animal. - Oi amigão, como você está hoje? – Emma acariciou a cabeça de Argo. - Ele realmente é belíssimo, Emma. – a morena também acariciou o cabeça de Argo com um pouco de receio, mas o cavalo ficou parado apreciando o contato. - Vejo que já conquistou meu fiel escudeiro. – brincou Emma fazendo cara de surpresa.     Regina ficou no canto, observando Emma selar seu cavalo. Enquanto cuidava do animal, a loira olhava para Regina que lhe sorria admirando todo o carinho que a fazendeira demonstrava para com Argo.     Depois de os cavalos selados e já fora das baias, Emma deu um comando a Argo e o animal abaixou a seus pés, assim facilitaria para Regina o montar. Emma ajudou a morena a se acomodar na sela e com mais um comando fez o cavalo ficar em pé. - Você irá comigo morena, não sei se seria bom você montar sozinha com essa perna. – disse Emma e Regina assentiu.     Em seguida a loira se acomodou atrás de Regina, passou os braços por sua cintura e segurou as rédeas. Lexie que já estava montada em Sansão passou pelas mulheres sorrindo e dizendo que chegaria primeiro, mesmo a garota não sabendo para onde iam ao certo.     Cavalgaram cerca de uma hora até chegarem a margem do lago que Emma foi a dois dias quando queria ficar sozinha. Lexie que se afastava e se aproximava delas durante o percurso, abriu um sorriso ao ver onde estava, ela havia ido ao lago poucas vezes e adorava aquele lugar.     Regina abriu um sorriso ao ver que na sobra da grande árvore que tem em frente ao lago tinha uma toalha estendida no chão com uma enorme cesta. Emma ajudou a morena a descer do cavalo e a acomodou na toalha, Lexie que estava observando o lago veio correndo e se sentou ao lado de Regina. - Emma, como você preparou isso se ... saímos com você? – perguntou Regina encantada. - Pedi a Granny que preparasse a cesta e a Robin que viesse organizar as coisas. – sorriu. - Está perfeito. – disse a morena boba. - Mamãe, posso ir nadar um pouco? – pediu Lexie animada. - Claro meu amor, mas sabe quais as condições não é? – perguntou a loira arqueando uma sobrancelha. - Não ir para o fundo e chamar a senhora se precisar. – disse a menina revirando os olhos arrancando gargalhadas das duas mulheres.     Lexie tirou suas botas e as roupas ficando apenas de calcinha, em seguida saiu correndo e se jogou nas aguas calmas do lago. A garotinha era pura alegria, pulava, jogava água para cima sempre gargalhando. - Ela é uma menina muito especial. – afirmou Regina sorrindo para a cena que se passava na água. - É sim. – Emma sorria olhando a filha.     Emma desviou o olhar da filha para a morena a seu lado e ficou admirando sua beleza, os traços delicados que mostram uma mulher meiga e indefesa, mas também mostra uma mulher forte e decidida. Emma sabia que estava sentindo algo muito forte por essa mulher que chegou em sua casa de uma maneira tão trágica e que transformou sua vida de um dia para a noite. Ela ainda amava a sua esposa, mas algo dentro dele dizia, pedia, implorava para ela dar uma chance a uma parte de seu coração que suplicava por Regina e sem que ela percebesse sua mão se pôs em cima da mão da morena. - Está tudo bem? – perguntou Regina quando sentiu o toque de Emma e viu os olhos claros lhe encarando. - Você é linda. – confessou a loira fazendo Regina corar. - Emma... - Só estou falando a verdade. – disse se aproximando. - O que... - Eu quero te beijar. – disse a loira com o rosto perto do da morena. - A Lexie... – sussurrou Regina. - Ela não tá vendo. – sussurrou Emma roçando os lábios nos de Regina.     A morena ao sentir a maciez dos lábios de Swan não teve como recuar, deram inicio a um beijo lento, calmo, delicado, saborearam cada parte daquelas bocas conectadas. O ar puro, o vento que soprava e fazia alguns fios dos cabelos loiro e preto se misturar e o canto de alguns pássaros na grande árvore transformou esse momento em algo mágico, único. As duas mulheres entregues ao carinho, ao desejo, ao amor, pareciam estar desconectadas da realidade só existia elas naquele lugar. Quando o ar se fez necessário elas findaram o beijo, porém, ficam com as testas coladas, olhos fechados e possuíam sorrisos bobos nos lábios. - Eu não consigo mais ficar sem seu beijo, morena. – sussurrou Emma deslizando uma mão no rosto de Regina. - Eu sinto o mesmo Swan. – sussurrou Regina inclinando a cabeça de encontro a mão de Emma.     Iriam dar início a mais uma beijo, mas elas se afastaram quando ouviram Lexie chamando Emma para entrar no lago também. Emma tentou convencer Regina a ir com ela, mas a morena recusou com medo de sua perna incomodar. A loira tirou as botas, o chapéu e correu para a agua abraçando a filha e mergulhando com Lexie nos braços. Regina ficou ali observando mãe e filha se divertindo na água e abriu um enorme sorriso agradecendo aos céus por estar ali com aquelas loiras que aos poucos conquistaram seu coração.     Após alguns minutos Emma e Lexie voltaram para perto da morena, conversaram, riram, comeram o que Granny preparou. Ali estava uma família feliz desfrutando de uma maravilhosa manhã regada de carinho e cumplicidade.     Emma e Regina, duas mulheres que não sabiam direito o que estavam começando, mas tinham certeza que iriam aproveitar esse encontro que destino proporcionou, iriam aproveitar plenamente... até quando esse mesmo destino permitisse.  
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