Capítulo 9

2446 Words
      Havia se passado quatro dias desde o incidente de Regina na varanda, a loira continuava indo ao quarto da morena todas as noites e elas sempre trocavam carinho e muitos beijos, mesmo elas dizendo que isso não poderia continuar era impossível evitar. Parecia que existia um ímã que sempre puxava a boca de Emma para os lábios de Regina, era impossível evitar tal contato. Todos os dias Emma acordava com um maravilhoso sorriso nos lábios, mas nessa manhã de sábado ela estava diferente. Não havia conseguido dormir direito, sempre que fechava os olhos lembranças do dia do acidente de Ruby vinha a sua mente.     Se Ruby estivesse viva estariam completando hoje oito anos de casadas, durante esses dois anos de solidão esse dia sempre deixava Swan totalmente destroçada, ela passava o dia trancada no escritório se escondendo dos outros moradores da fazenda e afogando sua tristeza na bebida. A falta que sua esposa fazia era tremenda e a loira não sabia passar por esse dia sóbria, porém, esse ano ela não queria repetir esse ritual ela prometera a si mesma que tentaria mudar por sua filha que sempre ficava assustada com seus excessos.     Emma precisava ficar só, sofrendo, encarando seus monstros e o único jeito que ela encontrou foi cavalgar por suas terras para por as ideias no lugar. Quando o sol começou a despontar no horizonte a loira levantou fez sua higiene matinal, pôs sua roupa de montaria que se resumia a uma calça jeans, uma regata preta, botas e seu inseparável chapéu.     A casa grande estava silenciosa apenas seus empregados estavam de pé cuidando de seus afazeres. Foi aos estábulos chegou a baia onde Angus estava, mesmo depois de todos os cuidados e medicamentos que fora aplicado no cavalo ele não apresentava melhora, mas Emma não iria desistir dele. - Oi amigão. – disse ela se aproximando do animal que tinha um olhar sôfrego. – Eu sei, hoje é um dia difícil. – disse acariciando a cabeça de Angus. – Ela também me faz muita falta. Você precisa ficar bom logo tá, por ela. – acariciou mais uma vez o cavalo e foi selar Argo. Já fazia algumas horas que a loira estava cavalgando por suas terras, avistou um lago e seguiu para sua margem. - Vá beber agua, sei que você tá precisando. – disse para Argo assim que desmontou.     Ela viu seu amigo de quatro patas matando a sede e seguiu para uma grande árvore que havia ali. Sentou-se e encostou-se ao tronco, olhou para o céu que estava de um azul claro, fechou os olhos sentindo o vento tocar sua pele. - Mais um ano lobinha. – flou sentindo o líquido quente descer de seus olhos. – Você não tem ideia da falta que me faz. Nossa pequena está tão linda amor e bastante esperta. – sorriu entre as lágrimas. – Sabia que ela já está escrevendo nossos nomes? Você iria ficar muito orgulhosa dela assim como eu estou. – dizia Emma, parecia que Ruby estava ao seu lado.     A loira ficou ali por mais algumas horas recordando dos muitos momentos felizes que passara ao lado da esposa. Próximo ao horário do almoço a loira resolveu voltar para a fazenda. Estava chegando aos estábulos, viu Robin e Daniel que correu em sua direção. - O que houve Colter? – Perguntou ela ao desmontar de Argo. - Patroa o Angus... ele... – antes que o veterinário terminasse a frase Emma saiu correndo para a baia do animal. - Não, não, não. – repetia ela se ajoelhando ao lado do corpo sem vida de Angus. – Você não amigão. – disse ela com os olhos marejados acariciando a cabeça do cavalo. – Você também não. – sussurrou baixando a cabeça deixando algumas lágrimas vir à tona. - Patroa. – disse Daniel e nessa hora Emma abriu os olhos e levantou. Emma pôs uma mão no peito do rapaz e outra no pescoço empurrando Daniel contra a parede. - A culpa é sua, seu incompetente! – gritou ela. – Se você tivesse fazendo seu trabalho corretamente teria percebido os sintomas desde o início e agora ele estaria vivo. – disse ela apertando a mão no pescoço do veterinário. - Não consigo... respirar. – falou Daniel com dificuldade. - Solta ele patroa. – pediu Robin segurando o braço. Mas parecia que Emma não o escutava, não vendo outra alternativa Robin a abraçou por trás livrando Daniel do agarre de Emma. - Me solta! – gritou Emma e assim o capataz o fez.     A loira olhou com ódio para Robin que tinha as mãos em sinal de rendição, em seguida se virou para Daniel que tossia na tentativa de respirar. - Sai daqui. – pediu Emma. – sai da minha frente AGORA! – gritou a loira e Daniel saiu da baia ainda respirando com dificuldade.     A loira levou uma mão a cintura e a outra a sua testa pressionando o local. Olhou mais uma vez para Angus e se virou para Robin. - Cuide disso. – ordenou e saiu dos estábulos.     Emma entrou na casa grande apressada e com uma cara nada boa. Paloma vendo o estado da cunhada tentou saber o que havia acontecido, mas a loira passou por ela como se não tivesse ninguém ali.     A loira entrou no escritório e bateu a porta com força, foi em direção ao pequeno bar que havia no cômodo, pôs uma dose de Whisky e virou de uma só vez, voltou a encher o copo e mais uma vez tomou o líquido de uma única vez. - DROGA! – gritou Emma e chutou uma cadeira que estava em sua frente fazendo o objeto ir longe.     Emma não conseguiu mais conter as lágrimas, desabou em um choro compulsivo. Já era difícil para ela a falta de Ruby em mais um aniversário e agora o cavalo de sua lobinha também se foi. A loira continuou a beber e quebrar tudo que via em sua frente.   [...]       Regina que estava lendo um dos livros que Lexie havia levado para ela se assustou quando ouviu o barulho de coisas quebrando, ia levantar para saber o que estava acontecendo quando a porta do quarto abre e Lexie entra correndo com os olhos cheios de lágrimas, a garotinha se jogou na cama ao lado de Regina, ela tinha as mãozinhas pressionando os ouvidos. - Meu amor o que aconteceu? – perguntou a morena acariciando os cabelos de Lexie. - A mamãe. – disse a garotinha com a voz embargada pelo choro. - O que aconteceu com a Emma Lexie? -  perguntou a morena sentindo um aperto no peito, temendo que algo r**m tenha acontecido com Emma. - Ela ta triste Gina, eu não gosto quando ela fica triste. – disse olhando para Regina. - Porque ela está triste meu amor? O que aconteceu? - Ela fica triste porque minha mãe Ruby não está mais aqui. – disse a garotinha. - E onde sua mãe Ruby está meu amor? - Ela mora com papai do céu agora. E quando mamãe fica triste ela se machuca, eu não quero que ela se machuque Gina. – disse Lexie e Regina a puxou para seus braços a envolvendo em um abraço. - Calma meu amor, sua mãe vai ficar bem. – disse passando a mão nas costas da garota. – vai ficar tudo bem.     Nesse momento Paloma entra no quarto a procura de Lexie, pois ela sabe como a sobrinha fica assustada com as crises de Emma, fica aliviada ao ver a garotinha nos braços de Regina. Quando Regina percebe que Lexie havia adormecido acomoda a garotinha na cama e sai para ver como Emma está, a morena ainda sentia dores na perna ao andar, mas não iria deixar Emma se machucar como Lexie falou. Regina entra no escritório sem pedir permissão e fica assustada quando vê tudo revirado na sala, ela olha em volta e avista Emma em pé perto da janela com a garrafa de Whisky quase vazia na mão. - Emma. – chama em um tom baixo. - Vai embora Regina. – disse Emma sem se virar para a morena. - O que aconteceu aqui? – pergunta se aproximando da loira. - Por favor, sai daqui. – implora em um tom baixo, ela se conhece bem e sabe que quando bebe perde o controle. - Deixa eu te ajudar. – diz tocando o ombro de Swan que vira para encarar a morena. - Você quer me ajudar? – pergunta com o corpo tomado pela raiva, sim, raiva por estar mais uma vez enchendo a cara depois de ter prometido a filha que iria mudar, raiva por esses três anos sem sua amada esposa, raiva por ter perdido Angus o cavalo pelo qual Ruby tinha paixão e principalmente raiva de si mesma, pois, mesmo estando sofrendo por falta da esposa não consegue tirar Regina da cabeça, está sendo impossível fechar os olhos sem sentir o sabor dos lábios da morena nos seus, a macies da pele de Regina em contato com a sua, os gemidos que a morena libera sempre que estão se beijando.     Desde o primeiro beijo a loira está em uma batalha interna para não entrar naquele quarto e tomar a morena para si. Matar a vontade que seu corpo possui de se aconchegar e sentir a macies de cada centímetro daquela pele. A única vez que Emma se sentiu assim foi com Ruby e naquela ocasião Ruby a tomou nos braços e tiveram a primeira de muitas noites de amor.     Sem mais conseguir controlar a vontade de ter  Regina para si, Emma fita a mulher que estava deixando seus sentimentos completamente bagunçados e a agarra dando início a um beijo selvagem, a morena tenta empurrar Emma, mas não consegue quebrar o beijo. Emma encosta Regina contra a parede colando seus corpos e sentindo um arrepio correr por todo o seu corpo. A morena que antes tentava quebrar o contato agora estava entregue, correspondia ao beijo com a mesma intensidade. Dominada pelo desejo e guiada pela grande quantidade do álcool em seu corpo, Emma começa a explorar o corpo da morena com certa agressividade, a loira não vê mais Regina em sua frente, para Swan naquele momento ela possui nos braços mais uma mulher com quem ela quer aliviar a necessidade s****l que aumenta drasticamente quando tem essas crises. Nesse momento Regina sente medo, essa que estava ali não era a sua loira e isso a estava apavorando, Emma que sempre fora tão gentil agora parecia mais um animal faminto pronto para devorar sua presa, não tinha calma ou delicadeza, apenas a vontade de saciar sua fome a qualquer custo.     Emma continua com os beijos agora pelo pescoço da morena chupando com certa intensidade que com certeza deixará marcas, em um movimento brusco a loira põe as mãos sob as coxas de Regina e as leva a sua cintura, com tal movimento Regina sente um incomodo próximo as costelas, afinal, ela não estava totalmente recuperada. - Emma... para. – pede a morena, mas a loira não a escuta. – Para... por favor. – insiste, mas seu apelo não surte efeito. - Você disse que quer me ajudar. – falou com a voz carregada pelo desejo. – É disso que preciso agora. – Falou e levou as suas mãos para os s***s da morena.  – Para Emma... assim não... por favor PARA! – Grita Regina mais assustada e com os olhos marejados.     Emma ao perceber o desespero na voz da morena volta a realidade e a solta se afastando assustada. Ela se sente a pior pessoa do mundo quando encara os olhos marejados e o medo estampado no rosto de Regina. - Regina... me desculpa. – pede tentando se aproximar ao notar a morena um pouco inclinada para frente indicando que está sentindo dor. - Não! Fica aí! – diz fazendo Emma parar. – Não chega perto de mim. – pede chorando. - Por favor, eu não queria ... me perdoa. – Pede Emma chorando e sai do escritório correndo.   [...]       Mary a David estavam abraçados no sofá da sala da morena de cabelos curtos. Fazia alguns dias em que eles não ficavam sozinhos assim, sem nada importante para fazer, apenas apreciando a companhia um do outro, são interrompidos com batidas na porta, a morena frase a testa, afinal, ela não estava esperando ninguém. - Emma! – disse Mary sendo abraçada por Swan aos prantos. – O que aconteceu? – perguntou e guiou a loira para o sofá onde há poucos minutos estava com David. - Emma, por favor, fala o que está acontecendo? – perguntou David sentando ao lado das duas mulheres.     As perguntas do casal ficaram sem respostas até que Emma se acalmasse, o que aconteceu após longos minutos de muito choro. A loira estava deitada com a cabeça no colo de Mary como costumava fazer quando mais nova. David agora estava sentado no chão em frente a loira. - Está mais calma? – perguntou ele. - Sim. - Então me diz o que aconteceu? Eu sei que dia é hoje e o que ele causa em você. – falou com pesar. – Mas aconteceu algo mais para você sair de seu escritório e vir aqui, então me diz o que aconteceu? – pediu ele acariciando a mão da loira que dava apoio a sua cabeça na perna de Mary.     A loira contou tudo o que aconteceu, desde a morte de Angus, a destruição de seu escritório e o que ela fez a Regina e essa parte foi a que mais lhe doeu falar. Mary voltou a abraçar Emma quando ela se entregou novamente as lágrimas ao falar em Regina e lembrar da cara de dor e medo que viu em sua morena. - Emma, eu vou a fazenda ver como a Regina está se sentindo ok. – disse David. - Eu vou com você. – falou Emma ficando em pé. - Não senhora, hoje você ficará aqui comigo. – disse Mary segurando no braço da loira. – David vai ver a Regina e avisar a Granny que você está aqui e amanhã vou com você a fazenda. – disse sorrindo. - Ok, mas por favor Dave, cuida da Regina ela estava sentindo dor, eu tenho certeza que a machuquei e não vou me perdoar por isso. – disse a loira voltando a chorar.     Mary levou Emma para o quarto para que ela descansasse, em seguida foi para a cozinha preparar um café forte para a prima.     David pegou sua maleta e seguiu para a fazenda, onde tinha certeza que Granny estava morrendo de preocupação, pois, conhecendo Emma Swan como ele conhece, sabia que a loira saiu sem dizer nada a ninguém. 
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