capítulo 10

2531 Words
      Emma acorda incomodada com a claridade que vinha da janela. Com a cabeça explodindo e um enjoo forte a loira tenta levantar, mas seu corpo se recusa a obedecê-la. Se convencendo de que perdera essa batalha a loira acomoda-se na cama fechando os olhos e massagear as têmporas em uma tentativa vã de fazer a cabeça parar de latejar.     Após alguns minutos pressionando sua testa a loira abre os olhos e observa o quarto em que está. Ela se recorda muito bem que quarto é esse, ela passou momentos bons ali enquanto morava com a prima, foi ali também que contou a Mary que o seu sentimento por Ruby passou de amizade para algo mais e foi ali também, exatamente naquela cama que depois de uma noite regada a muito álcool e com o coração cheio de inseguranças que Emma confessou a Mary que não conseguia mais ficar perto de Ruby sem querer beijá-la, mas tinha medo de estragar a relação de amizade que tinham há um tempo e Mary com todo o carinho e firmeza que possui a encorajou a se arriscar e contar tudo o que sente a Ruby, e graças a esses conselhos da prima, Emma conseguiu amar sua lobinha até quando a vida permitiu. Emma é tirada de suas lembranças quando escuta a porta abrir e Mary entrar no cômodo com uma bandeja nas mãos. - Bom dia, bela adormecida. – Brincou Mary com um sorriso meigo. - Bom dia, Mary. – sentou-se na cama. - Trouxe café, panquecas e um comprimido para essa dor de cabeça que sei que está te matando. – sorriu e pôs a bandeja no colo da loira.     Emma tomou o medicamento, depois comeu as panquecas e seu café. Durante esse processo não pronunciou um palavra sequer. Mary conhecia Emma muito bem e sabia que não adiantava forçar nada, quando à loira estivesse pronta para conversar a morena estaria ali para ela, pois, Mary sabia que havia muito mais do que os acontecimentos de ontem incomodando a loira e ela sabia que uma hora ou outra Emma falaria para ela, sempre foi assim.     Emma terminou de comer e levou a bandeja para uma mesa que fica próxima ao espelho do quarto. Olhou seu reflexo e o que viu foi uma mulher derrotada, com enormes olheiras pela noite m*l dormida e o corpo dominado pelo arrependimento e a consciência cheia de culpa. Toda vez que ela bebia e tinha suas crises a culpa sempre a acompanha ao despertar no dia seguinte, porém, hoje existia um agravante, Regina. A loira não podia fechar os olhos para que o rosto assustado e a voz desesperada da morena não a atormentasse, fazendo com que a loira acordasse várias vezes durante noite. E como se Mary estivesse lendo seus pensamentos quebrou o silencio. - Ela está bem. – afirmou a morena olhando Emma ainda de costas. - O que? – falou a loira virando e encarando a prima. - A Regina, ela está bem, o David veio ontem quando você dormia e disse que Regina está bem, não sofreu nada grave. – falou e fez um gesto com a mão para Emma sentar-se perto dela. - Graças aos céus. – solta o ar em sinal de alivio e senta ao lado da prima. – Mas eu a machuquei, ela só queria me ajudar Mary e eu a machuquei. Não vou me perdoar nunca por isso. – falou Emma com os olhos banhados de lágrimas. - Emma, você não teve a intenção de machucá-la. – segurou as mãos da loira. – Não se culpe tanto. - Como não? Eu só faço as pessoas que amo sofrer. – disse e pôs as mãos no rosto. - As pessoas que você ama? – perguntou Mary com certa curiosidade no olhar. - Sim Mary, a Lexie por todo esse tempo em que ficava me entregando a bebida e esquecendo de que tenho a melhor filha do mundo e agora a ... – parou assustada quando percebeu o que iria falar. - Regina. – sorriu. - O que? – perguntou Emma levantando-se. - Você ia dizer que ama a Regina. – insistiu Mary. - Não! De onde você tirou isso Mary? – falou nervosa. – Eu amo a Ruby e sempre vou amar. - Disso eu não tenho dúvidas Emma, mas infelizmente a Ruby se foi e você precisa seguir em frente. E vejo nessa mulher que está em sua casa uma nova oportunidade para isso. Desde que ela chegou você está diferente. – sorriu. – sei disso por que a Lexie sempre me conta como você ficou mais feliz desde que a “Gina” chegou. – pronunciou o apelido que Lexie sempre se referia a forasteira.     Emma não falou mais nenhuma palavra, ficou ali parada encarando o nada, refletindo sobre as palavras de Mary. Realmente desde que ela começou a conviver com Regina se sente mais feliz, não fica se lamentando pelos cantos pela falta de Ruby como acontecia antes, não tinha a necessidade de beber para esquecer a dor em seu peito. Até Lexie está mais contente com a presença da morena de belos lábios carnudos. Mas amar... não, ela não podia amar outra além de sua esposa. - Emma, está tudo bem? – perguntou Mary para em frente a loira. - Sim. Eu preciso ir. – falou Emma indo em direção a porta. - Eu vou com você. – Mary a seguiu.   [...]       Emma estava na sala conversando com Mary, Paloma e Granny. Desde que havia chegado não tinha visto Lexie, Paloma informou que desde ontem quando encontraram Regina caminhando com dificuldade pelo corredor, Lexie não saiu um só minuto de perto dela. Nem quando David chegou para examinar Regina, a loirinha quis sair do quarto. Emma pensou em ir ao quarto da morena, queria um abraço apertado de filha e ver como Regina estava, mas não tinha coragem ainda para olhar para a morena.     Emma estava em um canto da sala alheia a conversa das mulheres quando Lexie entrou correndo, falou algo no ouvido de Paloma, quando a garotinha começou seu caminho de volta Emma chama sua atenção. - Não vai me dar um beijo meu amor? – pergunta Emma com um pequeno sorriso. Lexie olha para a mãe por alguns segundos e sai correndo. Emma troca olhares com Paloma e sai atrás da filha. - Lexie! – chama, mas em resposta ouve aporta do quarto da loirinha batendo.     Ao entrar no quarto da filha, Emma a encontra deitada na cama abraçada ao travesseiro e com o olhar fixo no teto. Lexie tinha uma expressão séria, mas Emma percebeu seu nariz vermelho o que indicava que sua garotinha estava se segurando para não chorar. Emma lentamente sentou-se na cama olhando para a filha que mantinha seu olhar para cima. - Lexie, você não me ouviu falar com você na sala? – perguntou Emma na tentativa de saber o porquê da reação da filha para com ela, afinal, mesmo Lexie ficando assustada depois das crises de Emma ela sempre a tratava com carinho e agora estava a evitando. - Ouvi. – limitou-se a responder. - Então por que você saiu correndo sem me responder? - Eu queria vir para meu quarto.     Lexie em momento nenhum desviou os olhos para Emma, ela não estava com raiva da mãe, mas estava triste pelo que havia acontecido com Regina, ela ouviu uma conversa de David e Granny quando o médico veio examinar a morena e tinha ficado muito triste com a mãe.     Emma tinha o peito apertado, o que ela mais queria nesse momento era todo carinho que sua pequena sempre lhe dava. Um abraço já seria o suficiente, mas sua garotinha nem sequer lhe olhava. Sem mais aguentar essa indiferença de Lexie, Emma pôs uma mão no rosto da filha a fazendo encarar seus olhos. - Meu amor, por que você está me evitando? Eu te fiz alguma coisa? – acariciou o rosto da filha que desviou da carícia. - Você machucou a Gina. – falou a garotinha emburrada. - Filha... – Foi interrompida por Lexie. - Por que você fez isso? Ela é tão boa mamãe, você não podia fazer isso com ela. – disse se virando de costas para Emma. - Meu amor... não foi minha intenção machucar a Regina. – respirou fundo. - Ela estava chorando. – virou-se para Emma. A loira sentiu um dor no peito por pensar em sua morena chorando, sofrendo, sentindo dor por conta de uma atitude bruta causada por ela. – Eu não gosto de ver ela chorando. – disse a garotinha deixando as lágrimas que tentava segurar vir à tona. - Eu sei minha princesa, eu também não gosto e eu prometo que nunca mais vou fazer ela chorar. – disse Emma com um pequeno sorriso para a filha. - Prometeu, ta prometido ok? – disse Lexie com bico enorme e secando as lágrimas. – Ok! Agora vem aqui, eu preciso tanto do seu abraço, não me negue isso, por favor. – pediu com os olhos marejados.     No segundo seguinte, Lexie se jogou nos braços da mãe a abraçando forte. Emma afundou o rosto nos cachos loiros da filha sentindo seu cheiro. Depois de cada crise esse abraço era a única coisa capaz de trazer a paz ao coração da loira.   [...]       Emma passou o resto da tarde e o inicio da noite com Lexie em seu quarto. Assistiram a um filme, leram alguns livros, após a janta Emma deu banho na filha, contou mais uma história até que sua garotinha pegou no sono. A loira saiu do quarto da filha e foi tomar seu banho, passou a tarde inteira se segurando para não ir ao quarto de Regina. Ainda não se sentia pronta para encarar a morena.     Tomou um banho demorado em sua enorme banheira, depois vestiu uma calça de moletom e uma regata branca, apagou as luzes e se esparramou na cama, suplicando que o sono viesse e ela pudesse esquecer um pouco todo o caos que se tornou sua vida.     A loira virava de um lado a outro tentando achar uma posição confortável para que enfim pudesse dormir, porém, ela poderia estar na melhor cama do mundo, tomar todos os calmantes disponíveis da casa e o sono não chegava, pois, toda vez que fechava os olhos a imagem de Regina se formava em sua mente e cada vez que isso acontecia Emma tinha mais vontade de ir vê-la e depois de muito tentar dormir sem êxito algum, Emma se dar por vencida e vai em direção do quarto de Regina.     O quarto de Regina estava escuro, apenas a luz da lua que entrava pela janela fazia com que Emma pudesse enxergar as coisas no cômodo. A loira respirou fundo ao olhar em direção a cama, apesar de estar tudo apagado ela não tinha certeza de que Regina estivesse dormindo e o medo de uma rejeição da parte de Regina apavorava a loira.     Chegou mais perto da cama e sorriu ao perceber o quão bonita é Regina dormindo, os cabelos jogados no rosto, a boca entreaberta, a respiração calma, Emma se permitiu sorrir com a beleza daquela mulher. Porém, seu sorriso se desfez ao perceber duas manchas roxas no pescoço de Regina, foi inevitável conter as lágrimas, Emma sabia que poderia ser agressiva quando estava sobre o efeito do álcool, mas não imaginava que teria deixado marcas como aquelas em Regina, e se ela não tivesse se afastado da morena? E se ela tivesse dando continuidade a seu ataque e a tivesse tomado à força? Nessa hora Emma deixou um soluço escapar e pôs a mão na boca para impedir que viessem mais. - Emma. – sussurrou Regina sonolenta, vendo Emma que agora estava de joelhos ao lado da cama. - oi. – sussurrou de volta. - O que aconteceu? – perguntou preocupada vendo que a loira chorava. - Me desculpa. – pediu pondo a mão no rosto da morena. – Eu não queria ter feito isso, por favor, Regina me perdoa. – deslizou os dedos nas marcas que havia no pescoço de Regina, fazendo a morena entender sobre o que Emma falava. - Emma... – chamou à morena, mas a fazendeira só chorava e não conseguia tirar os olhos das marcas na pele de Regina. – Emma, olha pra mim. – pediu e teve a atenção de Swan. – Tá tudo bem. Eu estou bem. Vamos esquecer tudo ok. – pediu e a loira assentiu. – Agora deita aqui comigo. – pediu e a loira obedeceu.     Regina ainda estava magoada pela atitude de Emma, mas a loira estava tão abalada que não valeria a pena conversar agora, então Regina achou melhor dormir e sem entender direito o porquê não perdeu a oportunidade de chamar Emma para cama e dormir abraçada a loira.     Emma se aconchegou nos braços da morena. Ela sentia uma paz emanar de seus corpos unidos. A loira estava com a cabeça apoiada no ombro da morena que acariciava seus cachos. Swan fitou as marcas no pescoço de Regina mais uma vez e automaticamente começou a distribuir beijos em cada mancha roxa, como que com esse gesto elas fossem sumir dali.     Regina que estava com os olhos fechados perdida nos batimentos acelerados da mulher em seus braços, ao sentir o toque dos lábios de Emma em sua pele, abriu os olhos e suspirou. Como era prazeroso sentir aquele toque delicado de Emma, a cada beijo depositado em seu pescoço fazia uma descarga elétrica percorrer seu corpo. Os batimentos começaram a se alterar, Regina já estava louca para sentir os lábios de Swan nos seus e com esse pensamento, sem perceber fechou os dedos em meio aos cabelos de Emma puxando de leve a cabeça da loira para traz.     Os beijos que foram dados sem malícia nenhuma no pescoço da morena por Swan surtiram um efeito avassalador em ambas. Emma que também estava louca pelos lábios de Regina os capturou docemente dando início a um beijo cheio de sentimento, cheio de saudade e cheio de amor, mesmo que elas não tivessem ainda percebido esse sentimento dentro do peito, esse beijo demonstrava exatamente isso amor. Ficaram ali abraçadas, saboreando os lábios que tanto desejavam.     Após inúmeros beijos e carícias, Emma se aconchegou melhor na cama e puxou Regina para deitar com a cabeça em seu peito. A loira estava amando sentir o peso do corpo de Regina sobre o seu, ela fechou os olhos e estava gravando cada reação daquele corpo pequeno em contato do seu. Deixou escapar um sorriso dos lábios e delicadamente depositou um beijo na cabeça da morena. - Durma bem Regina. – disse Emma fechando mais o abraço em volta do corpo da morena. - Durma Bem Swan. – disse Regina ouvindo os batimentos acelerados de Emma.     Se dependesse de Emma, aquela seria a primeira de muitas noites em que ela dormiria na companhia da morena, mas ela estava apreensiva com a reação da morena ao acordar, ela sabe que errou feio com Regina e faria de tudo para se redimir, e já sabia qual seria o primeiro passo para conquistar o coração e a confiança de Regina se a morena a quisesse longe.
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