Laila Fernandes
A vida é feita de escolhas e nesse momento olhando para o i****a do namorado da minha melhor amiga me prensando contra o armário da cozinha, eu me pergunto se vir para nova York foi uma boa escolha.
Quando a minha querida Tia se foi, eu me vi perdida, a Bruna era tudo que me restava, minha amiga de infância, minha irmã de coração, sempre estivemos juntas em todos os momentos de nossa vida e eu me apeguei mais ainda a ela.
No dia em que a Bruna me disse que queria ir para os Estados Unidos ficar com seu namorado americano com quem vinha se relacionando virtualmente a dois anos, eu fiquei arrasada, pois não queria perdê-la também, mas aí, a Bruna me propôs partir com ela para tentar uma vida melhor do que a que tínhamos no Brasil.
No começo fiquei meio receosa, mas ao ver os olhos dela brilhando de empolgação contando os seus planos para a viagem acabei me deixando contagiar.
Quer dizer, não é como se alguém fosse realmente sentir minha falta, namorado eu nunca tive, só mesmo alguns lances de dar uns beijinhos e tchau, a maioria dos homens correm de garotas como eu que tem a ideia fixa de se casar virgem, pode parecer uma ideia antiquada eu sei, mas é o meu sonho romântico e tenho certeza que quando encontrar um homem que me ame de verdade ele será paciente e esperará até depois do casamento, as amigas de verdade também são poucas, sendo a Bruna a mais próxima que tenho.
Apesar de conhecer muitas pessoas devido a minha personalidade falante, por algum motivo a maioria das garotas da nossa idade com quem convivíamos não gostavam muito de mim, então sair do Brasil não foi nada difícil de se fazer.
Quanto a minha família eu nunca conheci meus pais, sempre foram minha tia e eu, meu pai morreu vítima de uma bala perdida na favela onde morávamos e a minha mãe me abandonou quando eu era apenas um bebê, minha tia dizia que ela morreu nas mãos de um traficantes com quem se envolveu, mas nunca soube se isso é verdade o que sei é que a única mãe que conheci foi a tia Joana.
Mas voltando ao assunto do Eidham o pervertido do namorado da Bruna, ele com certeza não merece a minha amiga.
Desde o primeiro dia em que chegamos aqui, ainda no aeroporto, notei os olhares obscenos que ele lançava para mim, morar debaixo do mesmo teto que ele, se tornou um tormento que só ficou pior depois que a Bruna arrumou um emprego primeiro que eu em uma lanchonete, me obrigando a ficar longas horas sozinha com o i****a.
A Bruna trabalha no turno da noite, portanto não posso nem sair de casa e ficar na rua até ela chegar.
O pior de tudo é que o apartamento só tem um quarto e eu tenho que ficar na sala.
Muitas vezes fico fazendo hora na lanchonete até a Bruna sair, mas hoje fatidicamente não pude ir, pois a própria Bruna me pediu para ficar aqui e preparar um jantar especial para comemorar o aniversário do alecrim dourado dela, a se ela soubesse que ele não vale chão que pisa.
Eu não podia dizer não para a Bruna, afinal já estou morando com eles de favor e ainda não arrumei um emprego, então tenho que ajudar da maneira que puder.
O que me leva a esse momento, onde o Eidham está me prensando contra esse maldito armário, sinto a ereção dele rosando contra o meu traseiro, o que me deixa enojada.
Eidham_ A vamos Laila, eu sei que você quer, a Bruna não vai ficar sabendo de nada.
Seguro firme a faca que estava na mão para picar os legumes e viro de frente para ele.
Laila _ Se você e o seu amiguinho aí embaixo não ficarem longe de mim, vou cortá-lo em pedacinhos.
Digo apontando a faca para a ereção evidente dele.
Vejo o i****a se afastar com medo nos olhos, mas quando está há uma distância segura ele sorri maliciosamente.
Eidham _ Adoro as bravinhas, principalmente quando se fazem de difícil.
Laila _ Não estou me fazendo de difícil, pelo amor de Deus você é o namorado da minha melhor amiga.
Digo gastando o meu inglês com esse cafajeste pela milésima vez.
Eidham_ E se eu me terminasse com ela?
Laila _ A claro como se eu fosse ficar com o ex namorado da minha irmã de coração, sai fora cara! Sabe, tomará que um dia a Bruna acorde e veja o traste que você é.
Ele sorri cinicamente.
Eidham _ E, por que você não conta?
Bruna_ Contar o quê?
Minha amiga pergunta ao entrar na cozinha.
Eidham _ Amor, você chegou mais cedo!
Ele diz indo até ela com o descarado que ele é e beijando seus lábios rapidamente.
Bruna _ É eu consegui sair um pouco antes da hora hoje, afinal é seu aniversário e queria comemorar com você, mas o que estava falando para a Lalá me contar?
Ela questiona curiosa usando o meu apelido, o qual me chama desde que éramos crianças.
Laila _ Não é nada de mais, eu só disse ao Eidham que assim que encontrar um emprego planejo arrumar outro lugar para morar e estava sem saber como você ia reagir.
Bruna_ A Lalá, mas por quê? Temos que ficar juntas.
Laila _ É só que preciso da minha privacidade e vocês precisam da sua, além disso, não posso passar o resto da minha vida dormindo no sofá da sala de vocês.
Não é mentira, eu realmente quero ter o meu canto, mas não estaria tão apressada se não fosse esse i****a que ela chama de namorado, só não posso contar a ele sobre o que ele faz agora, pois tenho medo de como ela reagirá. Isso e o fato de que não temos para onde ir, pois não conhecemos ninguém em Nova York, mas assim que eu estiver trabalhando e puder pagar um aluguel contarei para a verdade, se ela acreditar pode vir comigo e se decidir que prefere confiar nele aí será escolha dela.
Bruna _ Sei disso, mas não precisa de pressa.
Eidham _ Já disse isso a ela amor.
O merdinha diz abraçando-a por trás e me lançando uma piscadela pelas costas dela.
Bruna _ De qualquer forma, não vamos falar disso agora, vamos comemorar. Amiga, sei que pedi para você preparar um jantar especial para a gente, mas estava pensando que tal aproveitarmos que cheguei mais cedo hoje e saímos para alguma boate?
Eidham _ Isso seria ótimo, vamos sim.
Laila _ Ficarei por aqui, vão vocês dois comemorar em casal.
Bruna_ A Lalá será legal, você adora festas e adora dançar.
Ela tem razão, eu realmente adoro me divertir, sair, ver pessoas e com certeza amo dançar, principalmente se for um funk, mas não há a mínima possibilidade de sair com eles, já não me basta ter que aguentar o Eidham em casa, agora terei que aguentar na balada! Não tô fora.
Laila _ É que eu realmente não estou afim hoje, estou com um pouco de dor de cabeça, prefiro tomar um banho e um analgésico e me deitar.
Bruna _ Se você quiser, podemos ficar em casa com você.
Laila _ Não, amiga, vá se divertir com o seu namorado e aproveite a noite, eu ficarei bem.
Bruna _ Tem certeza?
Laila _ Sim, podem ir, só terminarei o jantar para que vocês comam quando chegar.
Bruna _ Está bem, mas não fique nos esperando pode jantar antes de se deitar, até porque não temos hora para chegar em casa.
Laila _ Divirtam-se.
Digo para os dois que vão em direção ao quarto não sem antes o alecrim parar na porta e jogar um beijo em minha direção, ele é mesmo um sem-vergonha.
Ignoro sua ação e termino o jantar.
Tarde da noite os dois ainda não chegaram e continuo acordada pensando no que fazer, a situação aqui está ficando insustentável e eu preciso urgente de um lugar para morar, tenho algumas economias, mas nada que dê para bancar um aluguel assim estando desempregada.
Suspiro de frustração e me encosto no sofá, eu estou mesmo em um beco sem saída.
Olho para o lado e vejo o jornal que comprei essa manhã para ver se encontrava algum anúncio de emprego que se encaixasse em meu perfil, penso que talvez seja melhor eu abrir o meu campo de opções e procurar por outros empregos além de garçonete.
Sei que o melhor para mim como imigrante ilegal é o emprego de garçonete porque eles não fazem muitas perguntas e nem querem saber nossa situação no país.
Mas agora não tenho muita escolha, pego o jornal e começo a olhar os outros anúncios até que um em específico me chama a atenção, se trata de uma vaga de babá em uma casa de família e o melhor a moradia é inclusa já que é um trabalho em tempo integral.
Laila _ Com certeza o salário deve ser muito bom, e resolverá o meu problema de ser uma sem teto.
Penso em voz alta enquanto pego uma caneta e um bloco de notas e anoto o endereço, o anúncio dizia para os interessados comparecerem amanhã às oito horas e eu com certeza estarei lá.
Guardo o papel em minha bolsa, apago a luz, coloco o meu celular para despertar bem cedo e me deito no sofá pronta para dormir, com as minhas esperanças renovadas.
Tomara que eu consiga esse emprego, meu Deus, ele é a solução para os meus problemas...