L U Í S A
Passei na porta do quarto e vi minha mãe sentada, rezando com o terço de nossa senhora de Guadalupe nas mãos.
Toda vez que ela me conta sua vida, tudo o que passou, fico ainda mais encantada. Vi ela se levantando colocando o terço sobre a imagem da Santa, e vindo até mim.
Gabi: Bom dia filha, já está indo ? - perguntou.
Luísa: Bom dia mãe, já sim. - respondi.
Gabi: Cadê Rebeca ? - perguntou.
Luísa: Ainda está dormindo, aquela ali não quer nada com a vida. - falei descendo as escadas.
Gabi: Bom trabalho! - gritou minha mãe do andar de cima.
Sai de casa fechando a porta, descendo o morro vou cumprimentando algumas pessoas e outras, eu nem faço questão de falar.
Eu e minha irmã Rebeca somos muito diferentes, ela está prestes a completar dezessete anos e eu, já estou com vinte. Ao contrário dela, eu sou focada em estudo, já fiz diversos cursos e agora, trabalho com maquiagem e sobrancelhas em um salão aqui do morro mesmo.
Já Rebeca, não é ligada nos estudos, o negócio dela é dançar. A n**a dança de todas as formas, todos os ritmos e bom, ainda faz aula de dança com um amigo da mamãe. Aquela ali, está todo final de semana no baile, enquanto eu, prefiro sempre estar em casa estudando.
Vanessa: Achei que não viria margarida! - falou minha tia, já me esperando para fazer a sobrancelhas dela.
Luísa: Você é minha cliente especial bebê, jamais faria isso! - sorri.
Vanessa: E você que invente, você que invente. - ela falou me fazendo rir.
Se sentou na cadeira e eu comecei meu trabalho, hoje minha agenda está lotada.
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Já estava na hora do almoço e até agora nada de virem entregar meu almoço, vi o carro do meu pai sendo estacionado na porta do salão e logo as cliente se abanou quando ele saiu do carro.
Tudo umas quenga, sabe que ele é casado com cinco filho nas costas e fica nesse fogo!
Th: Toma aí teu almoço, tua mãe já tava surtando na minha cabeça pô. - ele falou me entregando um pote com comida dentro.
Luísa: Obrigada pai! - dei bastante ênfase na minha palavra, pois as clientes ficaram todas sem graças.
Ele beijou o topo de minha cabeça e saiu do salão, entrando no carro e acelerando logo em seguida.
Fiquei almoçando e pensando na relação de meus pais, eles são incríveis. Estão a quinze anos juntos e ainda sim, se apoiam, são parceiros e compreensivos um com o outro. Ele dono de morro e dona Gabriela, dona da máfia, mas claro, mesmo com suas obrigações ambos são muito presentes na vida de seus filhos.
Eu até cheguei a me envolver com um menino aqui do morro, ele trabalha em uma padaria movimentada daqui. Mas ele é ciumento demais, possessivo e bom, se tem algo que meus pais de ensinaram muito bem é não aceitar homem abusado. Então, simplesmente terminei. Mas ele ficou insistindo e meu pai foi resolver com ele, até hoje quando ele me ver abaixa a cabeça por medo. Quando a gente se envolvia, eu não contei pra ele que era filha do dono do morro, ele estranhava eu conhecer todo mundo mas até então, nem perguntava.
O dia foi passando, e a cada cliente que saia, entrava outras duas. Vi Layssa e Lucas passando na porta e rapidamente fui até eles.
Assim que eles me viram, ficaram parados na porta do salão se encarando. Raramente eu parar eles assim na rua.
Luísa: Estão indo para a casa agora ? - perguntei.
Eles me deram um abraço e me encararam.
Layssa: Estamos sim, a aula hoje foi puxada. - ela falou.
Lucas: Layssa brigou na escola. - ele falou dedurando.
Luísa: O quê ? - perguntei surpresa.
Layssa é uma menina doce e totalmente diferente do irmão, que vive se metendo em brigas. Ambos são diferentes em absolutamente tudo, e olha que são gêmeos!
Layssa: Fofoqueiro! - olhou f**o para o Lucas. - Irmã, a menina lá começou a falar sobre mamãe ser marmita do papai e eu me estressei, gritei com ela. - ela falou.
Luísa: E depois ? - perguntei.
Lucas: Depois a menina avançou nela, Layssa ficou perdida sem saber o que fazer. Pra melhorar tudo, o povo gravou a briga e ainda teve o namorado da garota que puxou o cabelo da Layssa! - ele se alterou.
Luísa: Gente, e ninguém fez nada ? - perguntei.
Lucas: Hã duvido, ninguém junta minha irmã na covardia não! Meti a p*****a no menó, ficou lá estirado maior tempo! - olhei pra ele perplexa.
Layssa: A diretora agora quer falar com a mamãe... e o papai. - ela deu continuidade.
Fiquei encarando ela um bom tempo, é tão meiga, tão doce. Mas fica brava quando vê alguém falando da mãe e também do papai, ela não gosta assim como ninguém de nós. E minha b******a nem é de briga, mas suponho que ela tenha batido mais já que tentaram juntar ela.
Luísa: Vocês sabem quem é a mãe dessa menina ? - perguntei.
Lucas: Não é nem difícil adivinhar né, Verônica. - ele falou.
Luísa: Tá bom então. Agora vão pra casa explicar o que aconteceu pra mamãe, a essa altura ela já deve ter recebido o vídeo! - falei dando um beijo em cada um.
Não parei de pensar nisso até o final do meu expediente, quando estava finalizando uma maquiagem pra casamento alguém chegou. Nem vi quem era, mas só por escutar os passos dava pra saber que tinha alguém.
Luísa: Olha, já encerrei por hoje. - eu falei.
Verônica: Eu quero ser atendida e vou, a não ser que você me coloque pra fora! - ela afirmou.
Nem perdi tempo, mandei mensagem pra minha mãe avisando que Verônica tava querendo arrumar problema e ela logo disse que viria. Por mais que o meu emprego tenha sido arranjado com a ajuda do meu pai, eu não gosto de ficar abusando não. E arrumar briga com essa songamonga seria abusar.
Agora, é esperar dona Gabriela que sempre acaba com ela.
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