O seu melhor amigo, um tenente da polícia de Los Angeles, m*al conseguiu colocá-lo no banco de trás do seu próprio carro. Willian gritou: Me solte.
Ele não sabia mais o que fazer. A traição o atingiu profundamente, e ele realmente se sentiu perdido. Não era um relacionamento qualquer. Foram oito anos da sua vida com a mulher com quem ele já havia construído um futuro, com quem ele achava que teria um lar.
Ele não conseguia parar de se sentir culpado, se perguntando se realmente tinha sido sua ausência, a sua necessidade de crescer como agente do FBI, que havia condenado o seu relacionamento e a sua vida privada. Ele cobriu o rosto com as duas mãos, notando o governador e a sua esposa preocupada conversando com o seu melhor amigo. Ele sabia que tinha cometido um erro, que poderia até perder o emprego e o distintivo pelo que havia acontecido, mas naquele momento, e diante do que não conseguia tirar da cabeça, não conseguia pensar em mais nada.
Sim, eu queria matá-los, todos os três. O pensamento percorreu-o como uma corrente elétrica cr*uel e determinada por todo o seu corpo e chegou à mão que segurava a arma todo esse tempo. Quando viu o grupo de pessoas agitadas saindo do hotel, ele presumiu que a polícia já havia sido chamada. Ele estava confiante de que o seu melhor amigo, o tenente Adam Mezher, estaria no cargo, mas suspirou e enxugou o rosto quando os guarda-costas do governador chegaram para buscá-lo e a sua esposa.
Ele não conseguia descer, não conseguia dizer adeus a eles. Ele não queria que mais ninguém o visse naquele estado. Foi Adam quem cuidou dele, deixando os seus dois primos, a sua tia e a sua mãe, os seus únicos familiares naquele evento, com perguntas na ponta da língua e preocupação nos olhos. Quando Adam assumiu o volante, Willian só conseguiu suspirar, olhando para o hotel onde uma ambulância já estava estacionada na porta da frente.
— Tire-me daqui antes que eu realmente os mate. Ele pediu sem olhar para o amigo, com o olhar fixo na janela traseira.
Adam suspirou, mas ligou o carro e saiu do estacionamento lotado do hotel. A comoção alertou a polícia, e ele próprio recebeu vários telefonemas dos seus superiores quando souberam do local onde a ordem pública estava sendo perturbada. Mas naquele momento, Adam não era o tenente, ele era o melhor amigo do homem abatido no banco de trás, que apenas engoliu em seco ao se ver nas ruas de Los Angeles.
A manhã de sábado havia chegado, e embora ele pensasse que terminaria o seu casamento amando o corpo da sua esposa ou mesmo apenas dormindo, ele nunca poderia ter previsto esse final para o que deveria ter sido o dia mais feliz da sua vida. E foi, foi até que ele a encontrou no meio deles, gemendo, se contorcendo de prazer, sendo possuída por aqueles corpos, segurada por aquelas mãos.
Ele bateu no teto novamente, e Adam apenas suspirou.
— Vou cobrar de você, se você amassar o teto do meu carro. Ele disse com firmeza e seriedade. Willian deu um sorriso que m*al podia ser considerado um sorriso e então se virou para olhar para si mesmo no espelho. — Não sei o que dizer. Adam disse mas suavemente. Willian deu de ombros.
— Acho que não há muitas palavras adequadas para dizer que sinto muito que a sua esposa tenha te traído no dia do seu casamento. Ele olhou para a janela. — Com dois, Adam. Ela estava com os dois ao mesmo tempo. Ela nunca deixou tocar na bun*da dela! O seu amigo teve que apertar mais o volante. Era informação demais para o seu gosto. — Eu não a reconheci. Eu olhei para ela ali, no meio deles. Ouvi os seus suspiros, vi como a seguravam e não a reconheci.
Ele balançou a cabeça diante das suas memórias, porque elas voltavam para ele como uma bola de demolição que não conseguia mais destruir nada. No final do dia, ele se sentiu destruído.
— O véu no chão, os famosos saltos Jimmy Choo que ela queria muito usar no grande dia… Você sabe quantos pares ela comprou? Ele engoliu em seco. — Seis. Seis m*alditos pares desses sapatos porque ela teria que trocar de vestido três vezes e precisava de algo que combinasse todas as vezes. Ele encontrou o olhar de Adam no espelho novamente. — Eu dei tudo a el. Ele concluiu. — Tudo de mim. O meu tempo, a minha vida, o meu amor, a minha confiança, e a mantive como rainha. Eu a mantive como rainha. Ele repetiu, quase sem voz.
— Isso é uma me*rda, Willian. Adam finalmente deixou escapar. Ele parou no acostamento e virou-se para o amigo. — Isso é uma m*erda, nem acredito. Se é difícil para mim processar, não consigo nem imaginar o que você está passando. É como…
Willian enxugou o rosto com força, afastando o cabelo macio e grisalho. Não foram apenas oito anos de relacionamento que Grace Langley jogou fora com a sua infidelidade. Fazia dez anos que eles se conheceram por meio de amigos em comum. Para Willian Voss, que já era agente do FBI na época, a bela loira de grandes olhos azuis o hipnotizou desde o primeiro momento, e descobrir que eles tinham muito em comum o encorajou a continuar aquela amizade que evoluiu com o tempo.
Dois anos de amizade, depois veio o namoro, e depois de três anos veio o noivado. Ele sentia que a sua vida estava finalmente encontrando um caminho estável, construindo um relacionamento próspero, progredindo no seu trabalho no FBI, um emprego que ele gostava e que lhe oferecia um estilo de vida gratificante e positivo, especialmente depois da sua última promoção. Ele sabia muito bem que tudo o que havia feito, até mesmo os períodos de ausência de casa, era em benefício deles, porque pelo menos para ele era o mais importante.
— Tenho quarenta e três anos. Ele disse suavemente. — Trabalhei a vida toda, tentei quebrar os moldes tóxicos e violentos que o meu pai deixou. Trabalhei em mim mesma para ser a melhor versão de mim mesma e me sentir merecedora disso. Comprei uma casa pensando no nosso futuro, nos filhos que ela sempre dizia que iríamos adotar ou até tentar ter. Ela me olhou nos olhos e me disse essas coisas. Se Grace dissesse pular, eu perguntaria a ela qual a altura? Eu merecia isso?
— Não, Willian, claro que não, claro que não.
— Talvez eu a tenha negligenciado demais. Talvez eu tenha demorado muito para pedi-la em casamento ou até mesmo para me casar com ela.
— Ah, cara, nós dois sabemos que nada disso justifica o que ela fez. Nada. Willian apenas balançou a cabeça, mas naquele momento a sua cabeça estava uma bagunça. — Você fez tudo certo, você fez tudo certo, mas ela falhou. Foi ela que não só falhou com você como mulher, mas também falhou com a sua própria palavra, com seus próprios votos...
— Acabamos de nos casar! Ele gritou, e novamente o seu punho bateu no teto do carro. — Droga, ela jurou na frente de mais de cem convidados que me amava, que estaria lá para mim nos bons e ma*us momentos, que seria fiel a mim! Ele continuou, exasperado. — E algumas horas depois ela estava trans*ando com dois… dois! O golpe no mesmo local fez Adam apenas suspirar. — Os dois tra*nsaram com ela! Ele continuou. — Na cama onde eu ia dormir com ela mais tarde, onde eu provavelmente ia fazer amor com ela também… Eu a odeio! Ele gritou. — Eu a odeio. Eu deveria tê-la matado, Adam, eu deveria ter matado todos os três assim que os encontrei.
— E depois? Adam o tirou do seu ataque de raiva e fúria. — Você na prisão e eles mortos, e pronto? A sua vida inteira foi arruinada por causa de um… Ele fez uma pausa.
Willian olhou para ele, e Adam tentou organizar os seus pensamentos.
— Eu entendo que você esteja magoado, chateado e certamente sobrecarregado com as piores ideias que já teve na sua mente, mas acredite em mim, matar Grace e os seus amantes, não resolveria nada. Na prisão, você teria sido consumido pela sua raiva da mesma forma. Willian ouviu atentamente. — Agora é a sua vez... Quando o seu amigo permaneceu em silêncio, ele olhou nos seus olhos. — Hora de seguir em frente, Willian, hora de continuar. Você foi enganado, você foi ferido, e eu não vou minimizar a infidelidade que você sofreu, mas você não vai se deitar e morrer por causa disso. Você é um homem inteligente, confiante, e bonito... Ele deu de ombros.
— Tenho quarenta e três anos. Ele disse novamente, finalmente recostando-se no assento. — Sou um homem de quarenta anos.
— Ei, ei, mas respeito, tenho quarenta e um anos. Respondeu Adam confiante, e ambos sorriram, ainda que brevemente. — As estradas são velhas, Willian, e sabe de uma coisa? Elas continuam jogando poeira. Grace arruinou o melhor relacionamento que ela poderia ter encontrado na vida, mas isso não pode condená-lo. Ela que está condenada. Embora Willian não olhasse para ele, Adam fixou o olhar no céu ainda escuro de Los Angeles. — Você tem quarenta e três anos, mas não está morrendo. Na verdade, você está no melhor momento da sua vida. Você ainda é um homem ágil, tem um bom emprego e ele lhe permite estar em qualquer lugar dos Estados Unidos para trabalhar, caso queira tirar um tempo e se mudar de Los Angeles. Você pode até tirar férias…
Foi então que Willian olhou para ele seriamente.
— Não vou embora só de Los Angeles. Disse ele com voz séria, acomodando-se no seu assento. — Vou mudar de país. Adam franziu a testa.
— Que? E para onde dia*bos você vai?
— Para a Grécia. Ele respondeu confiante. — Onde eu iria passar a minha lua de mel, onde há um lindo veleiro de quarenta e dois pés esperando por mim e a minha esposa. Mas chegarei sozinho e embarcarei na aventura de conhecer as ilhas gregas.
— Sozinho? Você vai velejar sozinho nessas águas?
— Talvez eu encontre uma sereia que me afogue no fundo do mar. Ele murmurou. — Embora agora eu só queira me afogar em álcool. Adam, leve-me para um bar e, se eu sobreviver a este dia, leve-me para o aeroporto amanhã.