Ele cerrou os dentes quando a sua esposa imóvel e a sua família chegaram na sala onde ele estava se reunindo com o seu advogado. Ele estava sozinho com o seu melhor amigo e a sua mãe, embora, com o passar dos dias, muitas pessoas tivessem vindo consolá-lo diante da terrível situação que a loira, que m*al sustentava o seu olhar, o havia feito passar. A sua mente passou por diferentes estágios e, neste ponto, uma semana depois do que aconteceu, ele sentia-se completamente indiferente.
Ele não estava pensando muito claramente, e tudo o que ele fez para abafar os seus pensamentos e a imagem clara que continuava passando na sua mente. Ele ficou com Adam por alguns dias no seu apartamento, mas então a sua mãe e tia vieram procurá-lo. Ele tinha ido à casa da mãe, onde as coisas não pareciam mais fáceis, e aquele olhar de tristeza ou pena não o ajudou em nada.
Após um breve encontro com os renomados advogados Romeu Novak e Susy Kozlov, que foram convidados para o casamento e foram embora antes que acontecesse o que já se sabia, ela entendeu que a infidelidade não era motivo para anulação, então ela deveria prosseguir com o divórcio imediato, e era isso que estava acontecendo naquela manhã. Os mesmos advogados recomendaram um especialista em direito de família, que estava encarregado de todo o processo e representação até aquele momento.
— Bom dia a todos. Disse o advogado Jonathan Castellanos. — Uma vez que ambas as partes estão reunidas, prosseguiremos com o que seria o divórcio de…
— Willian. A voz delicada de Grace atraiu o olhar dele para o dela. — Por favor, vamos conversar, peço que você me escute. Eu sei que estava errado, mas isso não pode terminar assim. Você tem que entender que foi você quem me empurrou para isso. Quando o advogado percebeu Willian fechando os punhos, ele apenas suspirou. — O amor que temos um pelo outro...
— Chega, Grace! Foi a mãe de Willian quem a impediu. — Você não pode vir aqui e falar de amor quando você não só tra*nsou com dois homens no dia do seu casamento, mas fez isso antes do casamento.
— Olha, Senhora, é melhor você não se envolver. Eles são adultos o suficiente para resolver isso sozinhos. Interrompeu o pai de Grace. — Além disso, Willian terá que pagar por todo o m*al que causou à minha filha. Grace não assinará nenhum divórcio até que esse homem pague os danos causados pela calúnia que recebeu contra ela e pela maneira como a humilhou na frente de todos. Continuou o homem chateado. — Não permitirei que ele ou qualquer outra pessoa menospreze o nome da minha filha, quando o que aconteceu poderia ter sido resolvido na privacidade das suas próprias vidas, como um casal, como todo mundo faz!
— Você é um velho idi*ota ou o quê? Perguntou a mãe de Willian, zombeteira. — Como você tem coragem de vir aqui e pedir dinheiro? Se você acha que as infidelidades se resolvem na íntim*idade, é porque você deve ser claramente um homem infiel. Continuou ela, chateada. — O meu filho não vai pagar nada a ninguém…
— O seu filho levantou uma arma contra a minha filha!
— E a sua filha se deixou fo*der por dois homens no dia do casamento!
O forte golpe de Willian na mesa conseguiu silenciar os dois. Lentamente, mas ameaçadoramente, o belo homem levantou-se. Grace engoliu em seco ao ver aquilo. Ela sentiu pena, pelo menos naquele momento, porque sabia muito bem que sim, Willian sempre a tratou como uma rainha, a viu como a sua prioridade e lhe deu o estilo de vida que ela queria e sentia que merecia. Não parecia justo para ela que ele a deixasse daquele jeito, que ele não a perdoasse por um erro como aquele que ela sabia que qualquer um poderia cometer.
— Você vai assinar os papéis. Disse o homem sério. — Sem refutar, sem dizer uma única palavra, você vai me libertar do que nunca existiu, de uma união que nunca deveria ter acontecido. Ela logo balançou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. — Porque você nunca me amou…
— Willian, por favor…
— Chega, Grace. Ele disse com firmeza. — Os seus lamentos não vão mudar nada. Não importa o quanto você chore, se você rasteja, se você se mata, se você fica pelada e enlouquece deixando qualquer um te fo*der. O problema é seu. Eu te dei tudo, absolutamente tudo, mas não te darei o resto da minha vida. Espero que você assuma a culpa pelo fato de ter causado isso...
— Foi um erro, meu amor, foi um erro. Quando ela se levantou, o seu pai a deteve.
— Pare de implorar, filha, esse homem não merece as suas lágrimas. Você terá que pagar…
— Sr. Langley! Gritou Willian, conseguindo surpreendê-lo. — Se você não ficar quieto, eu asseguro-lhe que os tiros que eu não dei no corpo da sua filha vão acabar no seu. Logo o advogado e o próprio Adam se levantaram para conter Willian, que não estava armado. — Não pagarei nada. Um aproveitador de mer*da como você não vai vir e ganhar dinheiro com essa situação. O ex-sogro dele acabou de arregalar os olhos. — Então cale a boca! Ele estalou os dentes. — Porque estou sendo muito atencioso ao não cobrar de vocês o que paguei para dar a essa mulher o casamento dos seus sonhos, ao não colocar na mesa aquele famoso acordo pré-nupcial que nos fizeram assinar, lembra? Ele tinha tanta certeza de que eu seria infiel, que não considerou que a sua filha seria a única que acabaria rolando por aí com qualquer coisa que cruzasse o seu caminho...
Só então Richard Langley olhou para baixo, suspirando profundamente, porque sabia que era verdade. Se Willian Voss decidisse fazer cumprir aquele contrato, já que eles ainda estavam legalmente casados, a família Langley perderia muito, incluindo tudo o que eles haviam conquistado graças ao trabalho e esforço do homem ferido, que apenas tensionou o maxilar quando retomou o seu espaço. Willian foi o primeiro a assinar. Ele nem hesitou, então o advogado moveu os papéis para onde Grace, chorando inconsolavelmente, e agora os tinha diante dela. Ela apenas balançou a cabeça quando viu o documento diante dos seus olhos. Ela sabia que se assinasse perderia tudo. Ela seria uma mulher de trinta e cinco anos, perdida, solteira e já conhecida por suas m*ás decisões.
Na semana passada, muitas pessoas pararam de falar com ela e lhe enviaram mensagens desagradáveis, chamando-a de va*dia e muito mais. Além disso, nenhum dos envolvidos, nem os dois com quem ela foi encontrada, nem os outros com quem ela teve encontros ocasionais, se aproximaram dela para consolá-la ou prometer qualquer ajuda.
— Willian. Ela tentou falar novamente, e quando ele olhou nos seus olhos, ela engoliu em seco. — Eu te amo. Ela sussurrou. — Você sabe disso muito bem. Somos aliados há anos, amigos, ninguém te conhece melhor do que eu, Willian. Você não pode me deixar, você não pode jogar fora dez anos de conhecimento mútuo e oito anos de relacionamento por causa de um deslize. Foi só isso, um deslize. Por eles eu nunca consegui sentir o que eu sentia por você, o que eu sinto por você. Ela continuou. — Peço para conversarmos, longe de todos: da sua família, da minha, dos advogados. Vamos para a Grécia, meu amor, por favor. Podemos superar isso, faça terapia…
— Você é quem precisa de terapia, Grace, e urgentemente. Ele a interrompeu com uma voz grave, mas falou suavemente. — Foi você quem destruiu aqueles anos. Nosso relacionamento, confiança, cumplicidade. Você jogou tudo fora por alguns pa*us. O seu jogo de palavras não significa nada para mim, e antes que a minha mente me governe e me force a fazer o que não fiz naquela noite, ordeno que você assine os m*alditos papéis para finalmente me livrar da sua presença na minha vida.
Ela soluçou profundamente, apertou o peito como se não conseguisse respirar e desmaiou nos braços do pai. Willian ficou ali, observando o espetáculo que a sua esposa imóvel estava dando ao lado do seu pai. Ele lambeu os molares com a ponta da língua, cruzou os braços e, quando pegou o celular, a mãe da jovem ficou em alerta, mas Willian nem se mexeu. Continuou gravando o show de Grace.
— Não fique aí parado, faça alguma coisa. Exigiu Richard Langley.
— Sr. Langley, a única coisa que poderíamos fazer é descobrir como colocá-los na cadeia por obstruir um processo legal. Adam foi firme com o homem, conseguindo surpreendê-lo. — Grace, todos nós aqui sabemos que você está fingindo. O show não vale nada agora. Assine e todos seguem com as suas vidas.
— E quem dia*bos é você?
Quando Adam lhe mostrou o seu distintivo de policial, Richard apenas engoliu em seco, colocou o rosto da filha inconsciente no seu colo e deu-lhe alguns tapinhas. Magicamente, Grace começou a recuperar a consciência. Pelo canto do olho, ela percebeu a indiferença com que Willian a olhava. Embora ele estivesse respirando pesadamente, ele não pareceu impressionado com a doença ou condição de saúde dela, então ela apenas engoliu em seco, olhando nos seus olhos.
— Talvez eu esteja grávida.
— Ótimo, você faz o teste e depois um aborto. Willian foi firme.
— Como você pode me dizer isso?
— Como você pôde tran*sar com dois homens no dia do nosso casamento?! Ele gritou para ela. — Assine definitivamente, Grace! Nada que acontece com você, o que você diz ou tenta fazer importa para mim. Ela engoliu em seco, sabendo muito bem que era mentira, mas, aos poucos, o amor que ele ainda tinha por ela estava deixando o seu sistema. — Se você não se importou comigo por oito anos, por que eu me importaria se você estivesse morrendo ou grávida agora? A pergunta séria a fez enxugar as lágrimas. — Assine. Ele ordenou.
Grace olhou para o pai, enxugou o rosto vermelho e pegou a caneta que o advogado lhe ofereceu, assinando os papéis do divórcio. Uma semana foi tudo o que ele durou casado com a pessoa que ele considerava o amor da sua vida, e ele não podia ne*gar que se ver naquele lugar o dividia. Uma parte dele, a que a amava, o convenceu de que talvez eles pudessem se recuperar do que havia acontecido, enquanto a outra só dava uma ordem: Mate-a e mate-se, afinal, que outro motivo havia para continuar?