Episódio 9

1708 Words
Ele m*al conseguiu sorrir fracamente quando a jovem da alfândega lhe entregou o seu passaporte com um flerte mais do que evidente. Ela piscou para ele antes que ele avançasse, arrancando um sorriso ainda maior do rosto do agente. Entretanto, Willian continuou em direção à saída sem prestar muita atenção nela. Tinha coisas mais importantes para focar. Ele caminhou decididamente em direção à área de retirada de bagagem, pronto para chamar um táxi para seu próximo destino. Ele havia chegado à Espanha, a sua primeira parada, onde ficaria apenas um dia. O meio-dia o recebeu com um calor moderado, típico do início do outono naquela região. Ele sabia muito bem que não era verão, mas esse detalhe era irrelevante para ele. A sua mente estava ocupada com assuntos muito mais complexos. Embora o plano fosse ficar longe de casa por um mês inteiro, uma permissão concedida pelo FBI após os eventos que cercaram o seu casamento fracassado, ela carregava uma bagagem surpreendentemente leve: duas malas e uma mochila contendo os seus itens pessoais mais essenciais. Descrever-se como feliz era, no caso dele, algo complicado. Para dizer a verdade, ele se sentia mais nervoso do que qualquer outra coisa. Ele não tinha ideia do que aqueles trinta dias trariam, e a simples ideia de ficar completamente sozinho o deixava desconfortável. Sem a companhia do seu melhor amigo, Adam, e da sua família, ele temia que o seu tempo longe do mundo que conhecia pudesse ser mais prejudicial do que favorável. Ele sempre foi um homem independente, alguém que trabalhou duro desde cedo, mas também era profundamente voltado para a família. Desde a morte do seu pai alcoólatra e violento, Willian tentava manter a sua família unida. Ele jurou a si mesmo não repetir os erros do pai. Assim que teve oportunidade, ela começou a fazer terapia para curar as cicatrizes emocionais que aquele homem havia deixado na sua vida. Ninguém ignorava que uma das razões pelas quais ele havia decidido ingressar no FBI era justamente a necessidade de fazer justiça que, na juventude, ele não conseguira exigir diante do pai. Ele se lembrava claramente de como, quando criança, tentou defender a sua mãe do abuso daquele homem. Esse desamparo foi a força motriz que o levou a se tornar o que é hoje. Ele nunca se considerou um homem gentil ou particularmente acessível. As circunstâncias o endureceram, e essa dureza também o tornou desconfiado. O círculo de confiança deles era tão pequeno que, quando alguém traía esse vínculo, o golpe parecia uma facada profunda. A traição de Grace Langley, sua noiva, era uma ferida que ele sabia que não cicatrizaria naqueles trinta dias. Levaria muito mais tempo para ele superar o que ela tinha feito com ele. Depois de pegar as suas malas, ele saiu do aeroporto e entrou no táxi que o levaria a um hotel próximo onde havia feito reserva antecipada. Ele m*al teve tempo de se sentar quando o motorista começou a conversar. — Você vai ficar muito tempo? Perguntou o homem enquanto ligava o motor. Willian levantou os olhos do telefone, onde estava avisando a sua mãe e Adam que havia chegado em segurança. — Não, só ficarei aqui por um dia. Amanhã vou para a Grécia. Ele respondeu calmamente. — Ah, interessante. Embora não seja a época mais comum para visitar uma ilha paradisíaca. O taxista comentou com um sorriso enquanto o olhava pelo espelho retrovisor. — Há muitas tempestades durante esses meses, e o clima pode se tornar um problema para o turismo. — Não estou aqui para fazer turismo, propriamente dito. Disse Willian em voz profunda, deixando claro que a sua viagem tinha um propósito diferente. — Você é um agente? Perguntou diretamente o motorista. A pergunta deixou Willian perplexo, que franziu a testa e ficou imediatamente alerta. Os seus instintos, aprimorados por anos de experiência no FBI, entraram em ação. No entanto, a sua confusão aumentou quando viu que o homem começou a rir. — Desculpe, não queria te assustar. Ele se desculpou rapidamente. — Eu vi o distintivo bordado na mochila. Willian olhou para o assento ao lado dele, onde estava a sua mochila, e notou a insígnia que revelava a sua afiliação. Ele apenas assentiu, evitando dar mais detalhes. Mas o motorista continuou falando, sem se incomodar com a brevidade das respostas do passageiro. — Além disso, dá para perceber que você é esse tipo de homem: importante, americano, imponente. Willian balançou a cabeça e revirou os olhos diante do comentário. — A verdade é que não estou procurando nada disso. Comprei um veleiro. Ele disse finalmente, num tom mais relaxado. — E pretendo usá-lo para explorar algumas das ilhas gregas. Vou aproveitar minhas... Ele fez uma pausa para engoli. — Férias do FBI para clarear um pouco a mente e voltar mais recarregado. Você sabe, continue sendo aquele agente americano importante e imponente. O comentário fez o taxista rir, e Willian deu um leve sorriso. Felizmente, a viagem até o hotel foi curta. Chegando lá, ele pagou pelo serviço e, antes de sair do veículo, percebeu que o motorista o olhava com curiosidade. O homem, de sobrancelhas grossas e olhos claros quase escondidos atrás dos óculos de armação grossa, deu-lhe uma última recomendação. — Quando estiver na Grécia, visite Rodes. Ele sugeriu com entusiasmo. — Especialmente Falikari. Todos recomendarão Mykonos ou Santorini, mas em Rodes você encontrará a mistura perfeita de história e vida noturna. E, se me permite dizer, muitas jovens estudantes passeiam por suas praias. Willian olhou diretamente para ele, algo entre intrigado e divertido. Ele não respondeu, mas não conseguiu evitar que a recomendação ficasse gravada na sua mente enquanto se dirigia para o hotel. Ele sabia que essa jornada seria um desafio, mas também uma oportunidade de se encontrar, longe do caos e das traições que havia deixado para trás. Embora tenha acenado para o motorista, Willian acabou suspirando de cansaço quando o homem saiu para pegar as malas no porta-malas. Sem hesitar, ele deu uma gorjeta que fez o taxista sorrir alegremente, embora ele não tenha perdido tempo para conversar mais. Com um breve aceno de despedida, ele pegou os seus pertences e foi imediatamente para o hotel, tentando evitar qualquer interação desnecessária. Ao entrar, ele notou imediatamente a troca de olhares entre as jovens recepcionistas. Ambas, uma loira voluptuosa e uma morena magra, pareciam coordenar a sua atenção para ele quase ao mesmo tempo, como se estivessem competindo por sua atenção. Willian Voss aprendeu muito durante os seus anos no FBI, e uma das habilidades mais úteis que ele desenvolveu foi ler as pessoas ao seu redor. Era uma ferramenta que funcionava melhor com estranhos. Em círculos de confiança, ele tendia a baixar a guarda, mas com estranhos, os seus instintos estavam sempre alertas. Ele sabia como identificar com precisão quando alguém era genuíno, quando estava agindo por interesse próprio e quando tinha intenções ocultas. No caso das mulheres, era óbvio para ele como elas mudavam o tom de voz ou adotavam certos gestos sutis quando queriam atrair a atenção de um homem. — Só uma noite conosco, Sr. Voss? Perguntou a recepcionista loira, sorrindo enquanto ajustava deliberadamente o decote do seu uniforme. — Sim, amanhã estou partindo para a Grécia. Ele respondeu neutramente, pegando a chave do seu quarto. — Ah, que interessante. Imagino que alguma linda garota grega esteja esperando por você lá. Acrescentou a morena com um sorriso sedutor, inclinando-se ligeiramente sobre o balcão. — Talvez não seja apenas um, mas vários. Respondeu Willian com um toque de ironia, não dando mais informações do que o necessário. — Foi bom conhecer vocês, meninas. — O prazer é nosso, senhor. Responderam ambos em uníssono, claramente sincronizados. Com as chaves na mão, Willian pegou as suas malas e foi até o elevador, que só poderia ser acionado com o cartão-chave do hotel. Ele não tinha conexão com a internet na época, mas não se importou. A sua prioridade era chegar ao seu quarto, se acomodar e começar a organizar o seu itinerário. O quarto era confortável e razoável pelo que ele tinha p**o. Após verificar rapidamente o espaço, ele ligou para a recepção para solicitar a senha do Wi-Fi. — Precisa de mais alguma coisa, Sr. Voss? Perguntou a voz feminina do outro lado da linha. Pelo tom, ele sabia que era a loira. — Lembre-se de que você pode usufruir das nossas instalações: academia, piscina e café da manhã, que é servido das sete às onze da manhã. — Perfeito, obrigado pelo lembrete. Respondeu ele olhando para o relógio. Então, ele lambeu os lábios e, num tom indiferente, acrescentou: a propósito, que horas termina o seu turno? — Às quatro da tarde. — Ok, suba com a sua amiga. Quero go*zar nos seus pei*tos. Ele desligou a ligação sem esperar por uma resposta. Com um suspiro, ele levantou-se e começou a inspecionar o quarto. Pouco depois, ele tirou a roupa e entrou no chuveiro, aproveitando a água quente enquanto deixava o vapor relaxar os seus músculos. Quando terminou, ela envolveu-se no roupão fornecido pelo hotel e andou pela área, checando seu celular. Ele revirou os olhos ao ver uma ligação de Adam, o seu melhor amigo. — O que você está fazendo acordado a essa hora? Ele perguntou em resposta, com um tom que misturava diversão e cansaço. — Olá, amigo Adam. Cheguei em segurança e já sinto a sua falta. Como vai, meu amigo? Adam zombou do outro lado da linha, imitando o tom formal que eles usavam em ocasiões formais. A imitação fez Willian rir. — Faça de novo. Ele pediu, rindo, mas a ligação foi interrompida de repente. Ele m*al havia terminado de rir quando recebeu uma nova ligação. Sem hesitar, ele respondeu. — O número que você discou está fora de serviço. Ele foi tran*sar com as recepcionistas do hotel enquanto espera para viajar para a Grécia, onde talvez uma sereia o afunde no fundo do mar. Ele respondeu com a sua melhor voz robótica. ‍‌‌​​‌‌‌​‌​‌​‌​‌​‌​‌​‌​​‌‌​​‌​‌​‌​‌​‌​‌‌‍
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