PREFÁCIO

876 Words
Diante dos seus olhos enormes e selvagens, a arma caiu a poucos passos dela. Ouviu o alarme naquele local e observou a ondulação daquelas luzes amarelas, enquanto o homem forte, que m*al conseguira atordoar com o extintor que ainda tinha nas mãos, abanou a cabeça e, muito naturalmente, pegou uma faca com a mão enluvada. Imediatamente, ela jogou o extintor contra o corpo do homem, mas ele acabou jogando-o contra uma parede. A única coisa que pôde fazer naquele momento foi procurar a arma, que parecia pesada e desconfortável na suas mãos feridas. Levantou-a e apontou para ele, que sorriu m*aliciosamente e, em tom ameaçador, avisou-a de que não conseguiria, que ela nunca conseguiria. Mas, percebendo a presença de outras sombras ao fundo, ela não hesitou em atirar. O primeiro tiro a fez estremecer e sacudir todos os ossos das suas mãos, fazendo-a pular. Embora o tiro tenha atingido o ombro do homem, ele deu um passo à frente sem mostrar sinais de dor e ela atirou mais uma vez. O terceiro tiro conseguiu acertar com precisão o pé do homem, que finalmente caiu de joelhos. — Lá fora, os lobos vão comer você, princesa. O homem retrucou, enquanto ela olhava para ele com raiva reprimida. — Deixe o meu corpo para os lobos então. Eles serão mais gentis que os homens. Respondeu ela, com voz firme. A arma parecia mais leve nas suas mãos quando ela a apontou novamente. Os seus olhos fecharam-se no instante em que o último tiro acertou precisamente na cabeça do homem, que caiu morto a seus pés. Diante da cena que acabara de presenciar, ela não hesitou em largar a arma e seguir caminho. Ela sabia que estava ferida e que o seu corpo poderia falhar a qualquer momento, mas não parou. Ela agachou-se atrás de alguns barris grandes quando uma rajada de tiros, como uma poderosa tempestade, encheu o ar. Ela arrastou-se pelo espaço estreito até que, num canto, notou a porta dupla de metal a poucos metros de distância. O ferimento na perna impedia ela de se mover rapidamente. Ela tinha um hematoma cabeça e se sentia tonta. Já fazia muito tempo que ela não comia ou bebia direito e não conseguia determinar quantos dias se passaram desde que chegou àquele lugar. Mas ela estava determinada a não morrer ali. A sua respiração estava difícil, mas ela olhou para a mão, onde havia escrito a coisa mais importante. — O meu nome é Melina Kyrkos, tenho vinte e cinco anos e fui sequestrada. Repetiu ela, como um mantra. Com essas palavras, ela reuniu forças para se levantar e correr. Os tiros a obrigaram a se agachar e um grito escapou da sua garganta, mas a jovem conseguiu chegar à porta, que empurrou com todo o corpo. Ela caiu deitada no asfalto, sob uma forte chuva torrencial que atingiu a parte externa do local onde estava presa. Ela piscou rapidamente, tentando se ajustar ao novo ambiente, ao frio da chuva cobrindo seu corpo e à mudança de temperatura. Mas quando ouviu novos avisos, não hesitou em se reerguer. Ao longe, o latido dos cães a alertou e ela começou a correr. O seu corpo, naquele momento, parecia se libertar de todas as suas dores, dos seus questionamentos, das suas dúvidas. Ela se meteu entre os veículos, pisou na lama que quase impediu os seus passos, mas nada a fez recuar. Ela ouviu uma nova rajada de balas e percebeu como vários homens corpulentos saíram pela mesma porta por onde ela havia escapado. No entanto, ela logo alcançou uma cerca de metal. Ela estreitou os olhos ao notar um fio de energia na cerca, então imediatamente caiu no chão e começou a cavar. As suas unhas quebraram, a suas mãos estavam cansadas, mas nada a deteve até que ela conseguiu abrir um espaço por onde o seu corpo magro pudesse passar. — Pegue ela! Gritou a única voz feminina que ela ouviu até então, embora não fosse a primeira vez que a ouvia. Os cachorros bateram na rede, mas logo ela os viu cavando também, tentando sair pelo mesmo buraco que ela havia feito. Olhou para trás sem parar os passos e, ao longe, avistou enormes navios e veleiros. Sem hesitar e com o último suspiro que lhe restava, continuou correndo em direção ao porto. Ao avistar a caravana de veículos que percorria as ruas daquela ilha, não hesitou em embarcar no primeiro veleiro que encontrou. A sua respiração estava difícil. Ao ouvir uma voz masculina, que não reconheceu, vinda de uma cabine do veleiro, ela não hesitou em se cobrir com uma tenda preta na popa. Ela cobriu a boca para que a sua respiração agitada não a denunciasse e, ao olhar a informação escrita na sua mão, percebeu que a chuva intensa começava a apagá-la aos poucos. Ela sentiu o mundo desaparecendo para ela. — Eu sou Melina Kyrkos. Ela murmurou em voz baixa. — Tenho vinte e cinco anos e fui sequestrada. ‍​‌‌​ ‌‌‌​​‌​‌‌​‌​ ​‌ ‌‌‌​‌‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌ ‌‌‍
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