Episódio 1

1630 Words
A sua figura elegante caminhava entre os convidados reunidos naquela linda sala. Os parabéns vieram e desapareceram entre os presentes. Alguns até o abraçaram, dando-lhe uma espécie de bênção para esta nova etapa da sua vida, que ele sentia ter chegado no melhor momento. Após uma das suas missões mais importantes, conhecida como The Los Cabos Raid, ele foi promovido nos anos seguintes, depois que todos os envolvidos obtiveram as suas condenações. Essa dedicação e esforço não só lhe renderam o novo cargo de vice-diretor assistente do FBI, mas também adiaram um pouco a data do casamento. Mas finalmente ele conseguiu: viveu o casamento dos seus sonhos com a mulher por quem estava apaixonado há anos. A sua agora esposa, paciente, compreensiva e, certamente, um pilar para a vida que ele desejava ter, estava ao seu lado. Depois de localizar os seus sogros numa mesa, ele ergueu os olhos quando viu um casal se aproximando dele. Sem hesitar, ele foi para onde eles estavam. — Governador. Ele cumprimentou com voz profunda. — Você está indo embora agora? — Sim, temos que ir agora. Disse o governador da Califórnia e um homem que considerava um amigo, Magnus Kensington, que estava acompanhado da esposa. Ainda é difícil para nós não atendermos as crianças nos momentos de descanso. — Além disso, a babá já está pedindo uma folga. Acrescentou, a divertida Morgana Turner, a renomada escritora e esposa do governador. — Foi um evento lindo, maravilhoso, e com certeza agradecemos pelo convite. — Era impossível não incluí-los na lista de convidados de honra. Respondeu ele, e o casal à sua frente sorriu. — Você parte amanhã para a Grécia, bem, então, só vamos nos ver em alguns meses? Perguntou o governador. — A minha esposa... Ele começou a procurar por ela ao redor da sala. — Grace e eu planejamos ficar com a família por algumas horas. Se conseguirmos acordar antes das onze, tomaremos um café antes com todos. Morgana e Magnus assentiram, sorrindo. — E talvez partiremos até domingo para nossa lua de mel, agora mais descansados. — É um bom plano. Disse Morgana. — E onde está a sua esposa? Ela perguntou, enquanto os três olhavam em volta. — Eu gostaria de me despedir dela também. — Sim, claro, eu vou... Ele sorriu fracamente quando um homem que ele não reconheceu se aproximou dele, franzindo a testa, entregando-lhe um pedaço de papel que ele abriu naquele exato momento. — Uhm, eu vou procurá-la. — Sim, sim, claro, de qualquer forma, se estiver ocupada, não se preocupe. Acrescentou o governador com segurança. — Foi uma honra fazer parte de um momento tão importante para você e para ela. Espero que, ao regressarem, nos permitam convidá-los para nossa casa. Um jantar um pouco mais ínt*imo, com Adam, claro. O sorriso do noivo se alargou ao ver o seu melhor amigo e padrinho se entregando na pista de dança com uma das damas da festa de casamento. Apesar disso, ele m*al conseguia sorrir. Ele olhou novamente para o bilhete na sua mão. Cinco palavras simples. Vá para o seu quarto. Encheram o seu peito com uma pressão desconfortável. Com uma careta que pretendia ser um sorriso para o casal à sua frente, ele desculpou-se e dirigiu-se para a saída. Ele tentou encontrar o homem que lhe entregara o bilhete. Ele não tinha certeza se era garçon ou convidado, afinal estava vestido quase igual aos demais presentes, mas isso não o impediu. Ele encontrou alguns hóspedes no corredor do luxuoso hotel e outros no pátio. Até a sua cunhada se aproximou dele, que o olhou surpresa. — Por que essa expressão? Ela perguntou. — Você viu a sua irmã? — Uhm, ela me disse que estava indo para o quarto retocar a maquinagem, porque o bolo está chegando e ela não quer aparecer com o rosto brilhante nas fotos. Acho que ela ia até trocar de vestido também. Ela franziu a testa. — Por que, Willian? Por que você tem essa expressão? — Por que você não está ajudando ela a trocar de roupa? — Porque ela me disse que não precisava de ajuda. Acho que ela está com as amigas da faculdade. Você sabe bem que Grace costuma ser mais próxima das amigas do que de mim, levando em consideração que ela escolheu uma delas como madrinha e não a sua própria irmã. Ela encolheu os ombros, mas depois procurou o olhar do noivo tenso. — Algo rui*m está acontecendo? Ele engoliu em seco, mas logo ne*gou e sorriu fracamente para ela, o melhor que pôde. — Não não. O governador e a sua esposa estão indo embora, querem se despedir dela e eu não quero fazê-los esperar, eles têm que ver os filhos. A cunhada dele apenas assentiu, mas ele apenas apertou suavemente os dedos dela. — Você poderia ver se eles estão bem e oferecer-lhes pelo menos uma última taça de champanhe enquanto procuro a minha esposa? — Claro, claro. Neste ponto, ele sabia muito bem que a sua cunhada Jade não tinha ideia de onde a sua irmã estava, mas esse palpite intenso não era algo que ele iria ignorar. Ele sempre usou a sua habilidade de ler rapidamente o ambiente, de se conectar com segurança à sua intuição e de pensar racionalmente, mesmo em momentos em que ela poderia ser ofuscada. Ele nunca se considerou um homem desconfiado. Afinal, não precisava ser assim. Ele conhecia a qualidade do relacionamento que tinha e da mulher incrível que estava ao seu lado, com quem se casou e a quem ambos juraram lealdade, companheirismo, fidelidade e honestidade até que a morte os separasse. Mas havia algo na atmosfera, no bilhete, no desaparecimento que, ele agora entendia, acontecera há muito tempo, da sua agora esposa, que não o deixaria em paz até que a encontrasse. No saguão, ele encontrou algumas das suas ex-colegas de faculdade, que se levantaram quando o viu. Elas agiram tão rapidamente que Willian olhou para elas confuso. — Onde você está indo? Perguntou uma delas. — Para o meu quarto. Ele respondeu com firmeza. — Acho que a noiva está se trocando por causa do bolo. — Sim, sim, me disseram algo assim, mas vou para o meu quarto, também quero me trocar. Embora não fosse do feitio dele dar explicações, os rostos daqueles que ele considerava amigos da sua esposa deixaram ele alerta. — O governador está de partida e quero deixar-lhe uma lembrança especial. Em alguns minutos estarei aqui em baixo. Ele deu de costas e procurou o elevador, aproveitando para subir com um hóspede que já estava dentro do elevador. No luxuoso hotel onde seria realizado o casamento, eles alugaram três quartos: dois pequenos, onde os noivos se preparavam para o grande momento e faziam as suas sessões de fotos separadamente, e um luxuoso, que seria onde eles passariam a primeira noite de núpcias. Foi para esse último que ele se dirigiu. No caminho, o seu queixo tenso e a sua barba, com alguns fios grisalhos, refletiam-se nos espelhos decorativos do corredor. Com firmeza, livrou-se da gravata-borboleta que de repente sentiu que o sufocava e, ao chegar ao quarto, não mexeu na maçaneta, nem tocou a campainha. Ele simplesmente procurou a chave no porta-cartão e abriu-a, encontrando a confirmação do seu palpite, a resposta à pressão no seu peito, uma verdade que quebrou quem ele era. O trio nem notou a presença deles. Um deles estava de costas para ele, e a sua esposa estava entre eles, penetrada pelos dois. Os gemidos dos três o deixaram enjoado. A forma como a levaram, como se ela fosse uma prost*ituta barata, fez com que ele apertasse a mandíbula. O véu estava no chão e ela m*al usava o segundo vestido que usara na primeira valsa como marido e mulher. Ele sentiu uma lágrima quente escorrer por seu rosto, engoliu em seco diante da realidade e então, quando a sombra da sua presença foi perceptível para aquele que possuía a sua esposa, ela mesmo assumiu a responsabilidade de romper a união. — Oh meu Deus, Willian! Disse ela, separando-se da outra e ajeitando o vestido para ficar na beira da cama. — Quê? O que você está fazendo aqui? — Oh... Ele ofegou numa risada lamentável. — Sinto muito, desculpe. Eu não sabia que não deveria interromper o seu trio, com dois dos meus padrinhos! Eles já estavam se vestindo. Um m*al conseguiu vestir a calça e o outro a boxer, enquanto ela m*al usava o vestido branco justo que abraçava o seu corpo. — Devo deixar você terminar, minha esposa? Ele perguntou com um tom de voz frio— Ou você já teve orgas*mos suficientes com o p*au de outras pessoas? Ela engoliu em seco e naquele momento estava apenas chorando, neg*ando. — Me desculpe, me desculpe, meu amor, eu não... — Há quanto tempo, Grace? Ele perguntou com uma frieza incomparável. — É a primeira vez. Ela respondeu entre suspiros. — E estou bêbada, não queria fazer isso. O nosso relacionamento tem sido especial, mas também tem sido solitário... Ela tentou se aproximar dele, mas Willian deu um passo para trás. — Meu amor, por favor, foi um erro, um deslize, nada mais. Eles não representam nada para mim. Tudo isso foi… Ao vê-la unir as mãos em oração, ele apenas ne*gou. — Não deixe isso abalar o que temos, eu estou te implorando, por favor, não. Ela caiu de joelhos diante dele. — Eu te amo, eu te amo, e isso não... ‍​‌‌​ ‌‌‌​​‌​‌‌​‌​ ​‌ ‌‌‌​‌‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌ ‌‌‍
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