1° Capítulo

3124 Words
O despertador tocou mostrando que um novo dia começou. Laura se espreguiçou e levantou da sua cama. A menina foi até a porta da sacada de seu quarto e olhou para fora. O céu estava sem nuvens e bem azul. Apesar de ter sol, não estava tão calor assim, ventava um pouco, mas estava um clima gostoso. A porta do quarto se abriu, revelando seu irmão. — Se arrume, temos que ir. — Eu sei. O garoto saiu do quarto e ela colocou sua roupa. Arrumou seu cabelo, que era na altura dos ombros e seguiu para a cozinha. Assim que chegou, viu seu irmão devorando um grande pedaço de pão. — Nicolas! Não mastigue de boca aberta! Quantas vezes eu tenho que falar? — a mãe deles brigou com o garoto. — Desc..lpa mãe. A mulher colocou a mão no rosto quando ele falou ainda com o pão na boca e Laura deu uma risadinha. Assim que terminaram o café da manhã, os dois se despediram e seguiram para a escola. — Está na mesma sala que os meninos? — Sim. Ficamos todos juntos. — Que bom. — E você, já conheceu alguma garota? — Tem bastante garotas na minha turma, mas ainda não conheci nenhuma — disse sorrindo. — Hum... Isso não vai demorar a acontecer, afinal de contas, você é bonito e não vai passar despercebido. — É, mas o Matt está na mesma sala que eu! — Riu com o próprio comentário. — Assim ele tira a atenção delas para ele. — Nick você também é muito bonito. Eu vejo as meninas te olhando. — Tudo bem, mas ele chama mais atenção. Não que eu tenha inveja. Até porque ele chama atenção até de quem não quer — disse rindo. Laura revirou os olhos. — Até mais tarde — falou quando chegaram ao portão. Cada um tinha que ir para um lado, pois eram de anos diferentes. Nick seguiu seu caminho e encontrou Ana olhando o quadro de avisos. A garota tinha os cabelos ruivos na altura dos cotovelos. Segurava uns livros em suas mãos. O moreno se aproximou dela. — Oi, Ana! Bom dia. — Bom dia. — Aconteceu alguma coisa? — Não. Nick levantou uma sobrancelha. Conhecia sua amiga muito bem e aquele “não”, não o convenceu mesmo! Mas antes que ele conseguisse falar alguma coisa, Matt se aproximou deles. — Oi, Matt! — O moreno o cumprimentou com um aperto de mão. Ana, que olhava o quadro de avisos, apertou com força os livros em suas mãos, o que não passou despercebido por Nick. — Preciso ir! Até mais. — A ruiva saiu dali andando em passos largos. — Sabe o que aconteceu com ela? — Não — mentiu. Tinha os olhos grudados na garota, que andava rápido tentando fugir dele. — Hum... Ela está estranha, não acha? — Por que está dizendo isso? — perguntou sem olhá-lo. — Me pareceu que ela ficou nervosa quando te ouviu. — Deve ser impressão sua, Nick. — Deve ser. — Vou entrar. Não quero me atrasar. — Ok... O loiro se afastou andando rápido. — Esses dois estão muito estranhos — falou sozinho. **** No outro lado do prédio, os adolescentes caminhavam pelos corredores da escola seguindo para suas salas. Laura já estava sentada em sua carteira e esperava a professora chegar. Não sentava na frente, mas também não no fundo, onde os bagunceiros ficavam. Ela viu seus dois amigos entrando e sorriu para eles, que retribuíram o sorriso. Lucas e David sentaram no canto da sala um atrás do outro. Laura estava na fileira ao lado, ficando sentada na cadeira ao lado da de David. A aula correu normalmente e o sinal tocou para que fossem embora. Como eram os primeiros dias de aula, todos estavam saindo mais cedo. Nick e Laura se encontraram no portão da escola para poder ir embora juntos, afinal, Nick tinha mania de proteger ela. — Algum problema? — Não é nada. — Tem certeza? Parece preocupado... Os dois caminhavam em direção à sua casa. — Eu achei o Matt e a Ana estranhos hoje, mas não deve ser nada demais. Ele não falou mais nada e Laura deu de ombros. Matt sempre estava estranho e Ana de vez em quando tinha umas crises nervosas. Então achou que não era mesmo nada demais. **** Ana saiu da escola e foi direto para casa. Bianca estava com ela. Sabia que tinha algo errado com Ana mesmo ela não contando e foi atrás dela para descobrir o que era. — O que aconteceu, Ana? — perguntou sentando na cama da ruiva. — Eu fiz uma coisa impulsiva... — O que? — Dei um beijo no Matt. Bianca a olhou de boca aberta. — Eu queria só falar que gosto dele, mas fiquei tão nervosa que quando vi, já tinha feito. — Estou passada! Eu sabia que tinha uma quedinha por ele, mas nunca pensei que teria coragem de contar. — Eu não contei, Bia. Eu estraguei tudo! — Por que? O que ele disse? — Que sentia muito. As duas ficaram em silêncio. Ana olhava o chão e a Bianca pensava no que dizer agora. — Não liga pra isso, Ana. Tem tantos garotos que gostam de você naquele colégio. — E de que me importa isso, Bia? Eu o queria. A menina ficou em silêncio. — Mas isso não importa mais! Sei que vai passar e eu não posso deixar que os outros percebam. Duvido que ele conte para alguém mesmo. **** Lucas estava na casa do irmão nesse momento. Ele e Matt foram separados no dia que os pais resolveram se divorciar. Lucas morava com a mãe e Matt com o pai. Lucas ia passar uns dias na casa do pai. Matt estava fazendo o almoço e parecia não prestar atenção no que estava fazendo, afinal, colocava açúcar no lugar do sal. — Matt... — Que? — Isso é açúcar. — Ah! Droga! — resmungou e tirou a panela do fogão. Tinha estragado toda a comida. — Porcaria! — Tem alguma coisa errada? — Não. — Eu sei que tem. Seu almoço não é o melhor do mundo, mas nunca vi você o fazer com a cabeça tão longe. Matt encarou o irmão com o rosto sério. — Eu cozinho muito bem! — Claro! — falou irônico. — Então por que o mestre cuca errou a receita hoje? — Engraçadinho! Eu só me distraí... — E por quê? — Por nada. — Certo. Se distrai e é por nada — disse irônico. — Por acaso tem a ver com alguma garota? — O loiro percebeu que o irmão ficou tenso quando perguntou. — Hum... Já vi que sim. Posso saber quem? — Não quero falar sobre isso, Lucas. — Por quê? — Porque não. Lucas suspirou. Era difícil arrancar algo de seu irmão, mas no fim ele sempre conseguia. — Mais uma louca que se declarou? — Eu disse que não quero falar. — Eu só quero saber o que te deixou tão distraído. Você gosta dela? — Lucas! — Qual o problema em responder? — O problema é que você conhece! — respondeu irritado. — E daí? Matt suspirou nervoso. — Foi a Ana. O loiro mais novo ficou uns segundos em silêncio olhando seu irmão. — Ela se declarou? — Me beijou do nada. — E o que você fez? — Eu não quero falar disso, Lucas. — Saiu de perto dele e seguiu para o quarto. O menino foi atrás. — Você disse que não gosta dela? — Quase isso... — Por que fez isso? — Porque eu quis. — Mas eu pensei que você gostass... — Vamos parar por aqui! — falou bem alto. Lucas resolveu não perguntar mais, pois poderia ficar com o olho roxo. **** Quando estava quase escurecendo, as meninas foram se encontrar em uma lanchonete. Bianca tinha chamado as duas e disse que era algo de extrema urgência. Como sabiam que podia ser qualquer coisa, pelo fato de Bianca ser meio louca, foram para não levarem bronca depois. Ana e Laura estavam sentadas à mesa esperando a Bianca, que tinha se atrasado. — Verdade que o David se declarou para você? — a ruiva perguntou surpresa. — É sim, mas nós somos amigos. — Não gosta dele? — Só como amigo mesmo. — Entendi. Mas será que vai parar pelo menos de te perseguir? — Acho que agora ele entendeu que somos amigos. — Por que você acha isso? — Porque eu disse isso pra ele. — Hum... Ele ficou chateado? — Espero que não. Eu gosto muito do David, mas não dessa forma. Pra mim ele também não gosta de mim, apenas pensa que gosta. — Concordo com você. Ainda mais quando você e o Lucas ficam juntinhos por aí. Ele morre de ciúmes! Acho que pensa que tem que ganhar dele e por isso fica te perseguindo. — Como assim ganhar dele? — Ganhar do Lucas. — Mas isso não faz sentido algum. — Claro que faz! Vocês vivem grudados e ele fica com ciúmes e quer ganhar do Lucas provando que pode ficar com você. — Mas eu e o Lucas somos amigos. — Por enquanto, querida. — Ana ergueu as sobrancelhas. Laura ficou confusa e não respondeu nada. Bianca finalmente apareceu e sentou em uma das cadeiras. — Que demora! — Ana reclamou. — Desculpa. É que meu secador queimou. — As duas reviraram os olhos. — Que é? Não posso sair com o cabelo desarrumado! — Estamos aqui há 2 horas esperando você, Bianca! — Não exagera, Ana! Eu nem demorei. — Por que chamou a gente aqui? — Laura perguntou para mudarem de assunto. — É uma coisa muito importante! — Fala logo! — Ana falou nervosa. — Precisamos achar um namorado para a Ana — disse olhando a ruiva e fez Laura olhar também. **** No terceiro dia de aula, tudo corria bem. O professor explicava a matéria, enquanto os alunos anotavam em seus cadernos. Ana estava sentada em frente a Nick e Matt atrás do moreno. Volta e meia ele olhava na direção de Ana, mas a ruiva não direcionou o olhar a ele uma única vez. Ela não anotava nada no momento. Estava pensativa, lembrava do dia que a Bianca veio com uma ideia absurdamente i****a de arrumar um namorado para ela. Claro que ela fez um escândalo e proibiu as meninas de se meterem em sua vida, mas sabia que para a Bianca, isso não valia e que ia fazer de tudo para conseguir alguém para ela. Alguém a cutucou e fez olhar para o lado. Era Tifany, uma das meninas do tênis. A garota entregou um papel a Ana. A ruiva abriu e leu. Posso te pedir um favor? Ana escreveu no papel e entregou a ela perguntando qual o favor. Pode me ajudar a me aproximar do Mathew? Estou pedindo porque vocês são amigos e etc... A ruiva respirou fundo ao ler e respondeu: Sinto muito, mas eu não posso fazer isso. Se quer, faça por si mesma. Amassou o papel e colocou na mesa da garota. Logo saiu da sala pisando forte. — O que será que aconteceu? — Nick cochichou com o Matt. — Sei lá. — Olhou a garota que trocava bilhetes com Ana. A menina sorriu assim que viu que ele a olhava. Matt deu um meio sorriso para não ser grosseiro e voltou sua atenção ao professor. Ana andava pelos corredores com raiva, mas não raiva da menina e sim dela por ficar nervosa com isso. Era para não se importar! A ruiva se aproximou do bebedouro e bebeu um pouco de água. Assim que se virou para voltar para a sala, deu de cara com Lucas. — Que susto! — Desculpa. — O que faz aqui? — A professora me pediu para trazer umas coisas. — Hum... — Você está bem? — Estou. Por quê? — É que... — Pensou e parou de falar. — Que...? — Não é nada. Eu preciso ir. — Tentou sair, mas Ana o segurou. — Pode abrindo a boca! — Matt me contou o que aconteceu... Os dois ficaram em silêncio por um tempo. Até que a Ana puxou o garoto pelo pulso e o colocou contra a parede. Lucas arregalou os olhos. — Não conte isso para ninguém! — Não vou contar. — Então jura aqui para mim... — Ana eu não vou contar. — Jura! — falou mais alto. — Tá bom! Eu juro que não vou contar. — Ok. — Soltou ele. — Olha... Eu acho que ele só ficou assustado. Ele gosta muito de você. — Não precisa falar essas coisas, Lucas. Eu entendi perfeitamente que somos só amigos. — Mas... — Preciso voltar para a sala. Não conte a ninguém ou eu te mato. — Tudo bem. Ana saiu de perto dele andando rápido. O loiro voltou para sua sala. Queria poder ajudar os dois, mas como eram cabeças duras, ia ser difícil. **** No fim das aulas os mais novos seguiram juntos para fora do colégio. Os mais velhos iam sair mais tarde, então os novos decidiram ir ao parque conversar um pouco. David, Laura e Lucas estavam no portão da escola. David olhava um casal abraçados encostados na parede e tinha um semblante triste. — Está tudo bem? — Laura perguntou. — Vai todo mundo começar a namorar e eu vou ficar sozinho — falou melodramático. — Claro que não, David. — Por quê? Você mudou de ideia? — Não. Só que com certeza você vai achar alguém legal. Está cheio de pessoas novas na escola. — Hunf! Lucas deu uma risadinha da cara que o David fez. — Está rindo de que? — perguntou irritado. — Estou rindo porque quero. — Meninos! — Laura brigou com eles. — Ele que começou! — David disse emburrado e a Laura revirou os olhos com o jeito infantil do garoto. — Não importa. O que vamos fazer? Os três ficaram em silêncio depois da pergunta. — Que tal um sorvete? — David sugeriu. — É uma boa ideia — disse Laura e David sorriu largamente. Os três seguiram para a sorveteria. David ia na frente um pouco cabisbaixo. — O que ele tem? — Lucas cochichou com a Laura. A menina suspirou. Achava que era porque ela não tinha aceitado ficar com ele. — Acho que porque eu disse não... — Não a que? Laura desviou o olhar dele. — Ele se declarou para mim. Os dois ficaram em silêncio. Lucas olhava na direção de David agora. O menino andava até um pouco curvado para frente, coisa normal segundo Lucas, já que ele sempre foi melodramático. Ninguém falou mais nada até que chegaram na sorveteria. Os três sentaram em uma mesa. Laura olhava David com um pouco de pena. Não queria que ele ficasse assim por sua causa. Se sentia culpada. O moreno levantou da cadeira. — Vou ao banheiro. — Saiu dali. — Lucas... — Oi. — Você acha que eu devo dar uma chance ao David? O loiro ficou em silêncio por uns segundos. — Você quer? — Eu não quero que ele fique sofrendo por minha causa. — Laura... Você não tem que ficar com uma pessoa só porque ela ficou chateada. A menos que você goste dele, aí sim você deve ficar com ele. — Não quero que sofra. — Mas você nem sabe se é exatamente por isso. — É... — Você precisa parar de pensar só nos outros, Laura. Tem que fazer suas vontades também. — Eu sei — disse olhando suas mãos. — Então não faça o que não quer. A menina sorriu um pouco. Lucas sempre a aconselhava da maneira mais correta possível. Por isso sempre pedia sua opinião em praticamente tudo. — Obrigada. — Se aproximou e deu um beijo na bochecha dele. Lucas sorriu. David voltou a sentar na cadeira e então os dois o olharam. — Está tudo bem com você? — o loiro perguntou. — Sim. — Não parece — disse Laura. — Eu só não quero ficar sozinho... Laura olhou o Lucas e ele suspirou. — Por que acha que vai ficar? — Lucas perguntou. — Todos já estão começando a namorar e eu estou aqui. — O ano m*l começou, David. Está cheio de meninas novas e bonitas na escola agora. Laura se sentiu um pouco incomodada ao ouvir Lucas dizer isso, mas ignorou. — Eu sei, mas... — E você é o capitão do time. Acha mesmo que nenhuma garota vai te enxergar? David ficou pensativo. Talvez ele tenha razão. — Tem razão! Estou sofrendo por antecedência. Aposto que elas vão gostar mais de mim do que de você! Afinal, futebol é muito mais interessante do que basquete! Laura e Lucas reviraram os olhos. O David voltou. Uma menina de cabelos castanhos se aproximou da mesa deles. — Olá. Já fizeram os pedidos? — Ainda não — respondeu Laura. — O que vocês vão querer? —A menina deixou os ombros caírem ao ver que os dois olhavam a garçonete sem piscar. — O que você indica? — David perguntou apoiando o cotovelo na mesa sem tirar os olhos da menina. — Hum... Eu adoro o banana split. — Não sei o que é isso, mas eu quero. Laura revirou os olhos e olhou na direção de Lucas. O loiro olhava a garçonete e então virou o rosto na direção da menina. — Que foi? — Vou querer só uma casquinha de morango mesmo. A menina anotou os pedidos. — E você? — perguntou a Lucas. — Pode ser uma casquinha de chocolate — respondeu ainda olhando Laura. Ela estava de um jeito esquisito... — Tudo bem, já volto. — Obrigada. — Acho que fui ao céu e voltei — David falou suspirando. — Por que não perguntou o nome dela? O moreno deu um salto na cadeira. — Como não pensei nisso antes? Já volto! — Saiu de perto meio que correndo. — Tem alguma coisa errada com você? — Lucas perguntou assim que o David deixou a mesa. — Não — respondeu sem olhá-lo. — Engraçado porque eu tenho certeza que tem. Os dois ficaram em silêncio e Laura o olhou surpresa. — Por que diz isso? — Você mudou depois que a garçonete veio aqui. — Não... — Por que não quer me dizer? — Lucas arqueou uma sobrancelha. — Não tem o que dizer. — Aposto que tem. — E se nem eu souber o que dizer? Os dois ficaram em silêncio se olhando. Agora ele ficou completamente confuso e ela desviou o olhar do dele. O que será que isso quer dizer?
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD