3° Capítulo

2927 Words
No outro lado do prédio, os mais novos também estavam no intervalo. Os três estavam juntos conversando. O mesmo garoto que antes falou com a Laura na sorveteria, se aproximou do grupo. — Com licença... — Os três olharam para ele. — Estamos sendo chamados na secretaria, Laura. — Por quê? — Não sei, mas tem a ver com o clube de fotografia. — Ah sim. Eu já volto pessoal. — Saiu dali acompanhada do garoto. — Hum... Ele gosta dela — David falou bem próximo a Lucas para provocá-lo. — Por que acha isso? — Viu seus olhos brilhando na direção dela? — falou piscando os olhos rapidamente. — Eles se conhecem há um dia, isso não é possível — disse Lucas. — Por que não? Acha que ninguém pode se apaixonar pela Laura assim? Ela é linda e qualquer um pode se interessar — provocou ao ver que ele caiu no joguinho. Lucas ficou em silêncio olhando na direção dos dois até que eles sumiram do pátio. **** Matt estava sentado em um banco da escola. Estava pensativo, lembrava das coisas que Nick lhe disse e o que estava querendo agora. Se sentia muito enfurecido com a situação. Que droga! Ele nunca quis saber da Ana dessa maneira e agora se interessou de uma hora para outra? Só pode estar querendo o irritar! E o pior de tudo e o que o deixava com mais raiva, era que ele estava conseguindo. — Com licença... O loiro tirou os olhos do chão para ver quem falou. Era a menina que trocou papel com a Ana na sala. — Desculpa te atrapalhar, mas eu queria saber que dia sua banda vai tocar de novo aqui na escola. — Provavelmente na próxima festa. — Que bom. Acho vocês ótimos. — Obrigado. — Você está bem? — Sim. — Parece chateado... — Não é nada. — Se quiser conversar, pode falar. Matt ficou a olhando um tempo. — Você é bem amiga da Ana, não é? — Não tanto, mas sim. — Hum... — Ela não está falando direito com você, não é? — Por que acha isso? — Sei lá. Ela é meio louca... Parece que se afastou de você. — Ela está normal. — Ok. Pode me avisar quando for fazer algum show fora da escola? Gosto mesmo das suas músicas. — Tudo bem. A menina sorriu. — Até mais. — Foi embora e Matt suspirou. Em pouco tempo viu Nick se aproximando e respirou fundo. — Por que está aí sozinho? — Porque estou a fim. — Nossa senhora! Acordou com a macaca hoje? — O que você quer? — Te chamar para ver a partida de futebol depois da aula. Não tem ensaio com a banda mesmo, não é? — Não. — O que acha de ir? — Vou pensar. — A Ana vai jogar com a gente. Matt ficou pensativo quando ele disse isso. — Talvez eu vá. — Ok — Nick respondeu sorrindo. **** Na hora do jogo todos estavam na quadra. Nick também avisou os mais novos. Bianca fez questão de sentar ao lado de Matt. Estava ele, Bianca e Bruno sentados mais a cima e os mais novos abaixo na arquibancada. — A Ana vai jogar contra vários meninos? — Bruno perguntou. — Acho que sim. — Bom, ela joga bem, mas acho meio pesado. — Bobagem! E o tema aqui é outro mesmo. — Como assim? — os dois falaram juntos. — Não interessa pra vocês! Meus planos têm que funcionar e sei que vão. Matt e Bruno trocaram olhares confusos. Na parte de baixo, Lucas volta e meia olhava para a entrada do ginásio. Laura ainda não tinha voltado desde que o menino a chamou. O loiro suspirou e olhou a quadra. — Está preocupado com alguma coisa? — David perguntou irônico. — Não. — Não fica assim. O máximo que pode estar acontecendo é eles estarem se beijando por aí. — Cala a boca David! O menino caiu na gargalhada. Na quadra, Nick e Ana conversavam sobre algumas táticas do jogo. Um dos garotos do outro time se aproximou deles. — Esse jogo vai ser moleza — falou olhando a Ana. — Se eu fosse você, não a subestimaria... O menino riu. — Ela é uma garota! Elas não entendem de futebol. — Se não entendesse, não estava aqui — respondeu Ana. — Aposto que está aqui para conseguir ele. — Apontou para o Nick. Ana riu. — Eu não seria retardada de fazer algo que não sei por causa de um cara, por favor, né! — Bem, não importa seus motivos, hoje vamos ganhar facilmente. — Escuta aqui seu babaca, esse seu egozinho vai ser esmagado hoje! — Ana... — p**o para ver! — Então melhor preparar o bolso, querido! O garoto riu. — Veremos, mocinha — falou com ironia e virou as costas. Ana ameaçou ir para cima dele, mas Nick a segurou. — Não liga pra isso, ele implica com todo mundo. — Pois hoje ele vai comer a sujeira desse chão! Os jogadores se prepararam para começar o jogo. Um dos colegas de Nick não poderia jogar hoje e a Ana ficou no lugar dele. Era a única menina no time. — Vai ser o de sempre? Sem camisa contra com camisa? — o mesmo menino que implicou com Ana perguntou rindo. — Não seja i****a, Pablo — Nick o repreendeu. — Por mim sem problemas — disse Ana. Nick a olhou com os olhos arregalados. — Ficou louca? — Eles tiram a camisa né Nick! — Só que nosso time não quer tirar. — Problema de vocês! — Ei! O que está acontecendo aqui? — O professor se aproximou ao ver a confusão. — Ele quer que seja um time sem camisa e outro com, mas não quer que o time deles seja os sem camisa. — Pablo não precisa ser sem camisa. Tenho umas camisetas de cor amarela e azul, cada time usa uma cor. O garoto encarou Ana, que fez cara de deboche. — Ele é um grande i****a. Não sei como não o tiraram do time ainda — disse Yuri. — Era um favor que faziam! O garoto riu com o comentário. Em pouco tempo o jogo começou. Até mesmo os meninos do time de Nick tinham certo receio com Ana, mas quando o moreno jogou a bola para a ruiva e ela driblou quatro garotos, eles começaram a gostar dela. — Retiro o que disse quanto a ser desvantajoso para a Ana — disse Bruno. — Se tem um motivo que faz a Ana conseguir qualquer coisa, é falarem que ela não sabe e aquele menino implicou com ela. — Bem feito pra ele. Agora está com a cara no chão! — Os dois riram. Matt não desgrudava os olhos de Ana, nem prestava atenção na conversa dos dois. Será que está ficando louco? O loiro despertou quando viu os meninos abraçando-a. Tinha acabado de fazer um gol. Bianca olhou o loiro e franziu a testa. A cara era de dar medo... — Está tudo bem? — Por que não estaria? — perguntou sem tirar os olhos dela. Nesse momento estava sendo abraçada por Nick. O moreno a ergueu do chão. — Parece irritado. — Esse jogo não vai acabar nunca? — Você não precisa ficar até o final, Matt — disse Bruno. O loiro não respondeu e continuou olhando na mesma direção. Os mais novos estavam em silêncio e prestavam bastante atenção no jogo. David que gritava feito louco quando o time de Nick fazia gol. Laura sentou ao lado de Lucas, que era o último da "fila". — Perdi muita coisa? — Só quase o primeiro tempo todo. — A Ana está jogando bem? — Está dando um couro nesses meninos — David respondeu rindo. A menina ficou olhando a quadra para tentar acompanhar o que restava da partida. Lucas estava muito curioso do porquê ela demorou tanto, mas estava se segurando para não perguntar. O primeiro tempo acabou e os jogadores foram beber água e relaxar uns minutos. — Por que você demorou tanto, Laura? — David que perguntou e fez Lucas olhá-la. — Estávamos resolvendo as coisas do clube. — Tipo o que? — A diretora disse que tem um grupo de pessoas que vão fazer tipo um jornal da escola e pediu pra gente ficar encarregado das fotos. — Hum... E seu amiguinho? — O que tem? — Acha ele bonito? Laura deu de ombros. — Ele é um garoto legal. — Viu Luquinhas, eu sabia que ele ia fisgar ela... — David cochichou com Lucas e ele revirou os olhos. No canto da quadra os meninos elogiavam Ana pelo gol e por jogar tão bem. — Puxa tinha tanto tempo que não jogava. Achei que poderia dar algo errado. — O que te deu gás foi o Pablo, não é? — Ele contribuiu bastante no meu desempenho. Nick e Yuri riram. — Vou ao banheiro antes que comece — disse Nick. O moreno se afastou dos dois. — Você é uma garota incrível, além de jogar muito bem, tem uma personalidade diferente. — Isso é bom? — É. — Pena que alguns não acham — falou baixo. — Disse alguma coisa? — Não. Obrigada pelo elogio. Agora vamos fazer aquele babaca lamber esse chão! Yuri riu, nunca tinha conhecido uma garota assim. Bianca viu de longe os dois conversando e rindo. — Bruno você não acha que a Ana e o Yuri formam um lindo casal? — Eles estão namorando? — perguntou confuso. — Não. Ainda não. — Olhou Matt. O loiro olhava na direção dos dois e quando percebeu que a Bianca olhava ele, desviou o olhar deles. — Mas sei que isso vai acontecer. E eu dou todo apoio, ele é um garoto muito fofo, além de lindo, né? Convenhamos! — falou só para implicar com Matt. O loiro levantou e saiu dali. — O que deu nele? — Deve ser dor de cotovelo. Bruno fez cara de confusão, mas resolveu não perguntar. Sabia que a Bianca era louca. A menina ficou olhando o Matt, até que ele saiu da quadra. Por que ficou irritado se não a quis? O jogo começou de novo. Dessa vez Pablo estava marcando muito a Ana, quase não deixava ela se mexer. A ruiva já estava ficando nervosa e doida para acertar a cara dele, mas se fizesse poderia ser expulsa. Quando viu a oportunidade de pegar a bola, deu um cano nele e correu, o garoto a encarou com fúria quando fez gol. Já era o quinto do time deles enquanto o dele estava com dois. Isso não podia ficar assim! Matt voltou para a quadra, mas sentou perto dos mais novos, não queria ouvir Bianca falando aquelas coisas. — Você está bem? — Lucas perguntou. — Sim. O loiro sabia que não, mas Matt nunca assumiria mesmo. Pablo continuou marcando a Ana e deixando ela cada vez mais irritada. — Isso não vai acabar bem... Assim que Laura disse isso, Pablo derrubou Ana no chão. Esperou o momento certo para fazer isso. A menina logo colocou a mão no tornozelo, onde o garoto deu um chute. — Ficou louco? — Nick falou alto. — Eu fui na bola. — Seu... — Nick... — Ana segurou a calça dele quando ameaçou ir para cima do garoto. Yuri abaixou no chão. — Está tudo bem? — Meu tornozelo está doendo. — Melhor te levar a enfermaria. Consegue levantar? — Acho que sim... O garoto a ajudou. A ruiva tentou apoiar o pé no chão, mas não conseguiu. — Se tiver algo aqui que me impeça de jogar tênis, você está ferrado! — ameaçou o garoto, que riu. Yuri ajudou Ana a sair da quadra. — Que covarde! — disse David. — Muito — Lucas falou olhando o irmão. O loiro olhava na direção dos dois. Ana estava com um dos braços em volta do pescoço do garoto e andava pulando, mas estava com dificuldade para fazer isso, pois ele era bem mais alto do que ela. O menino a pegou no colo e saiu carregando dali. Nick estava atrás deles. — Vamos lá ver se ela está bem — disse Laura. Todos seguiram para a enfermaria. Tiveram que esperar do lado de fora, pois eram muitos e a enfermaria pequena. Lá dentro só estavam Nick, Ana e Yuri. — Foi uma entorse. — Vou poder jogar tênis? — Por enquanto não, querida. Ana xingou baixinho. — Não fica assim, Ana. Quando melhorar você vai poder jogar de novo — Nick consolou. — Mas antes eu o mato por isso. — Fica calma, ele não merece nem sua raiva — disse Yuri. — Verdade, mas eu preciso machucar ele. Os dois riram. A enfermeira enfaixou o tornozelo de Ana e disse para ficar com o pé para cima o máximo que conseguisse. Os três saíram da enfermaria. Nick ajudava Ana a andar. Ela estava muito irritada com o que aconteceu. — Você está bem? — Bianca se aproximou. — Estou. — O que aconteceu? — Laura perguntou. — Ele me deu um chute e eu consegui torcer o tornozelo — falou com raiva. — Que babaca! — disse Bianca. — Nem me fale! Ele vai ver só uma coisa! — Antes de pensar nisso, você tem que pensar em como vai pra casa, alguém pode te buscar? — disse Nick e Ana ficou pensativa. — Não. — Fechou os olhos respirando pesadamente. — Você pode levar ela, Yuri? — Eu tenho que acompanhar minha avó ao hospital daqui a pouco, mas se quiser eu levo. — Não precisa se preocupar, eu dou um jeito. — Qual? — Bianca perguntou. — Pego um táxi. — E tem dinheiro? — p***a! — Eu tenho. Um pequeno silêncio se fez quando o Matt disse isso. — Então você pode acompanhar ela até em casa? — Nick perguntou. — Posso. Ana engoliu em seco. — Eu vou junto — disse Bianca e Nick puxou para longe de todos. — Não vai não. — Por que não? — Eles precisam conversar, Bia. — Ok. Os dois voltaram para perto dos amigos. — Você vai, Bia? — Ana perguntou. — Não posso, lembrei que prometi ajudar o Nick. — Tudo bem. — Posso te ligar para saber como está? — Yuri perguntou. — Claro. — Preciso do seu número primeiro... — É mesmo. — Os dois riram. Ana falava o número dela para o garoto enquanto o Matt esperava com cara amarrada. — Se cuida. — Beijou a testa dela. — Pode deixar! Vou bolar um grande plano para machucar aquele i****a. O menino riu. Matt se aproximou de Ana e ela desviou o olhar. Merda! Tem que ser forte! O loiro a segurou pela cintura com um dos braços e ela colocou o seu em volta do pescoço dele. — Melhoras, Ana — disse Laura. — Obrigada. Os dois saíram dali. — Foi uma boa ideia deixar os dois sozinhos? — Bianca perguntou. — Descobriremos depois — respondeu Nick. Todos trocaram olhares confusos, apenas Lucas entendeu o que aquilo significava. Matt chamou um táxi e ajudou Ana a entrar no carro. Foram em silêncio o caminho todo. Ana não o olhava de jeito nenhum, mas não porque tinha raiva dele e sim porque tinha vergonha. Assim que chegou, o loiro pagou o homem e ajudou Ana a entrar no prédio. Os dois pararam em frente ao elevador e tinha um bilhete: Em manutenção. — É brincadeira, né? — falou nervosa. — E agora? — perguntou para si mesma. — Eu te ajudo a subir. — São três andares, Matt. — E daí? Você tem que ir pra casa, não é? — Não precisa, eu me viro. Matt revirou os olhos. — Você podia ser só um pouquinho agradecida. — Obrigada por me trazer, amanhã te dou o dinheiro do táxi. — Eu não quero dinheiro! — Ok. Então obrigada pela ajuda. Ela seguiu pulando até a escada e olhou para cima. Isso ia ser muito cansativo! A ruiva olhou para trás e viu Matt parado olhando-a de braços cruzados. Por que ela tem que ser tão teimosa? Ana segurou no corrimão e pulou um degrau, depois fez isso em mais três e olhou para trás de novo. Matt continuava na mesma posição, só que com uma cara de "você precisa de ajuda e sabe disso". A ruiva respirou fundo. — Pode me ajudar? — Achei que não ia pedir — disse cínico e se aproximou. Antes que ela pudesse responder, já estava fora do chão. Como não esperava que ele fosse pegá-la no colo, agarrou o pescoço dele com força. — O que está fazendo? — Achou que ia te ajudar a ir pulando até o terceiro andar? — perguntou subindo os degraus. — Tudo bem, Johnny bravo. Daqui a 15 degraus estará implorando pra que eu suba pulando — disse cínica. — Se você pesasse alguma coisa eu até imploraria — provocou. — Até parece que você está achando leve, já está até ofegante. Matt não respondeu. Ele não estava cansado, mas também não sabia porque sua respiração estava acelerada. — Pois não está pesado. — Ok. O loiro continuou subindo. — Espero que minha mãe tenha deixado a chave, senão, vou ter que ir para casa da vovó lá no sétimo andar... Matt arregalou os olhos e Ana caiu na gargalhada. — Brincadeira. O loiro sorriu um pouco. Que bom que o clima entre eles estava mais leve agora.
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