Episódio 7

1076 Words
Jackson Russell ──❀•❀── Saí do escritório furiosa. Isabella decidiu me ignorar, não se despedir, e isso me deixou com um sentimento de tristeza e amargura que eu tanto odiava. Eu não conseguia suportar a ideia de ela me tratar daquele jeito. A decepção me consumia enquanto eu caminhava em direção ao elevador. Apertei o botão com mais força do que o necessário e esperei impacientemente. Quando as portas se abriram, entrei. Quando cheguei ao estacionamento, o meu motorista já estava me esperando na porta do carro. Sem dizer nada, ele abriu e eu entrei no banco de trás. Assim que entrei, peguei a garrafa de uísque que tinha no compartimento e a abri. Não esperei um segundo antes de tomar um longo gole. O álcool queimou a minha garganta, mas isso não ajudou a diminuir a raiva. Peguei o meu telefone e disquei o número de Isabella. Uma vez. Duas vezes. Seis vezes. Nada. Droga, como ela ousa não responder? Enviei-lhe dez mensagens, uma após a outra. Cada um mais desesperado e furioso que o outro, mas não houve resposta. — Droga, você é minha mulher, tem que me responder! Gritei em voz alta. O motorista, que não estava acostumado com os meus rompantes, olhou para mim pelo espelho retrovisor e perguntou: você está bem, senhor? — Não é nada demais! Eu rosnei. O resto da viagem foi um silêncio tenso e, quando finalmente chegamos à minha mansão, a última coisa que eu queria era encarar o apartamento onde tudo cheirava a ela, onde cada canto me lembraria da sua presença. Não, eu não aguentaria essa tortura hoje à noite. Então, vim para a minha casa. Entrei pela porta da frente e a governanta perguntou se eu ia jantar. Eu apenas olhei para ela e respondi com um breve "não". Subi para o meu quarto, tirei a roupa no processo e entrei no chuveiro. Meus pensamentos continuavam voltando para ela, xingando-a repetidamente. A lembrança da minha mãe voltou com uma violência que eu não esperava. Mãe, não vá. Mãe, não vá. Ouvi a voz da minha criança interior, aquele menino de sete anos que viu a sua mãe abandoná-lo. O dia mais triste da minha vida. Saí do chuveiro, sequei-me rapidamente e vesti um pijama. Deitei-me na cama, jurando a mim mesmo que não perderia o sono por causa da minha assistente. Mas foi inútil. A noite toda foi um inf*erno. Pesadelos, memórias que se misturavam com a realidade. Eu acordava de hora em hora, suando e xi*ngando no escuro. Na manhã seguinte, cheguei ao escritório mais cedo do que o habitual. Eu estava de mau-humor, e qualquer pessoa que me conhecia sabia disso. Os funcionários se afastavam de mim como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. E eles não estavam errados. Notei que Isabella ainda não tinha chegado. Uma parte de mim queria ligar para ela, mas outra parte, mais orgulhosa, decidiu não fazê-lo. Ele lhe contaria algumas verdades assim que a visse. Eu estava sentado no meu escritório, tentando me concentrar no trabalho, quando a porta se abriu e Matt entrou. — Acordou amargo hoje? Ele perguntou e parou quando viu a minha expressão. — Ora, é assim que eu sou. — Imagino que você esteja chateado com o memorando que enviaram para toda a empresa esta manhã. Disse ele, baixando a voz. Olhei para ele confusa. — Que memorando? O meu amigo abriu os olhos surpreso. — Então, você não viu o memorando que foi enviado pelo sistema da empresa. — Não, seu idi*ota, eu não vi! Cuspi, impaciente. O idi*ota passou a mão pelos cabelos claros e olhou para mim com pena e preocupação. — Recomendo que você abra, mas… não fique chateado. Pense com a cabeça fria. Então você a demite. Uma sensação de m*al-estar se instalou no meu estômago. Peguei meu laptop e o liguei rapidamente. Fui direto para a seção de negócios e procurei o memorando sobre o qual ele estava falando. Quando o encontrei e o abri, senti cada fragmento do meu coração se partir em mil pedaços. Uma foto de Isabella beijando Dan. No que parecia ser um karaokê. E acima da imagem, uma legenda: parece que a secretária da presidência não está satisfeita em dormir com o chefão, ela também dorme com o cara da contabilidade. Senhoras e senhores, temos mais uma vagabu*nda na Russell Company. Todo o sangue subiu à minha cabeça e senti a raiva me consumir completamente. — Desculpe, irmão, mas a empresa inteira está falando sobre isso. A fofoca espalhou-se como fogo esta manhã. Disse Matt. Os meus músculos ficaram tensos. Fechei os olhos por um segundo, tentando conter o ódio que queimava dentro de mim. — Droga, que idi*ota eu fui. Sussurrei entre dentes. — Ei, calma, amigo. Não vale a pena ficar todo nervoso. Ele tentou intervir, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do escritório se abriu. Isabella entrou, com a voz normalmente calma: chefe, os executivos da Colômbia estão quase chegando. — E você ainda tem coragem de aparecer aqui. Olhei para ela com desprezo. — Não entendi, fiz algo errado? Ela é tão cínica que ousa perguntar. Viro o laptop para que ela possa ver a aberração. Os seus olhos se arregalaram e ele levou a mão à boca ao vê-la beijando Dan. — Eu… Eu posso explicar, eu… Antes que ela pudesse terminar, peguei o laptop e o bati contra a parede, quebrando o silêncio com o barulho de metal e vidro quebrando. A traição, a dor, tudo me atingiu de uma vez, me lembrando que todas as mulheres são iguais. Falsas. Traidoras. Infiéis. Assim como a minha mãe. — Então é por isso que você não atendeu o m*aldito telefone! Gritei, dando um passo em direção a ela, mas Matt estava no caminho. — Relaxa, cara. Não faça algo que você vai se arrepender. Ele tentou me acalmar. — Eu posso explicar! Ela implorou, tremendo. — Eu não dou a mínima para suas desculpas, seu mentirosa! — Jackson, eu… — Quero você fora da minha empresa. E saia da minha vida, va*dia! Gritei, sentindo a raiva e a dor me consumirem completamente. Ela ficou paralisada, com lágrimas nos olhos. Mas eu não via mais a mulher que um dia amei, sim, porque, no fundo da minha alma escura... eu a amava. Acabei de ver outra traidora, assim como todos os outras. Assim como a minha mãe.
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