Jackson Russell
──❀•❀──
Saí do escritório furiosa. Isabella decidiu me ignorar, não se despedir, e isso me deixou com um sentimento de tristeza e amargura que eu tanto odiava. Eu não conseguia suportar a ideia de ela me tratar daquele jeito. A decepção me consumia enquanto eu caminhava em direção ao elevador.
Apertei o botão com mais força do que o necessário e esperei impacientemente. Quando as portas se abriram, entrei.
Quando cheguei ao estacionamento, o meu motorista já estava me esperando na porta do carro. Sem dizer nada, ele abriu e eu entrei no banco de trás. Assim que entrei, peguei a garrafa de uísque que tinha no compartimento e a abri. Não esperei um segundo antes de tomar um longo gole. O álcool queimou a minha garganta, mas isso não ajudou a diminuir a raiva.
Peguei o meu telefone e disquei o número de Isabella. Uma vez. Duas vezes. Seis vezes. Nada. Droga, como ela ousa não responder? Enviei-lhe dez mensagens, uma após a outra. Cada um mais desesperado e furioso que o outro, mas não houve resposta.
— Droga, você é minha mulher, tem que me responder! Gritei em voz alta.
O motorista, que não estava acostumado com os meus rompantes, olhou para mim pelo espelho retrovisor e perguntou: você está bem, senhor?
— Não é nada demais! Eu rosnei.
O resto da viagem foi um silêncio tenso e, quando finalmente chegamos à minha mansão, a última coisa que eu queria era encarar o apartamento onde tudo cheirava a ela, onde cada canto me lembraria da sua presença. Não, eu não aguentaria essa tortura hoje à noite. Então, vim para a minha casa.
Entrei pela porta da frente e a governanta perguntou se eu ia jantar. Eu apenas olhei para ela e respondi com um breve "não". Subi para o meu quarto, tirei a roupa no processo e entrei no chuveiro.
Meus pensamentos continuavam voltando para ela, xingando-a repetidamente. A lembrança da minha mãe voltou com uma violência que eu não esperava.
Mãe, não vá. Mãe, não vá.
Ouvi a voz da minha criança interior, aquele menino de sete anos que viu a sua mãe abandoná-lo. O dia mais triste da minha vida.
Saí do chuveiro, sequei-me rapidamente e vesti um pijama. Deitei-me na cama, jurando a mim mesmo que não perderia o sono por causa da minha assistente. Mas foi inútil. A noite toda foi um inf*erno. Pesadelos, memórias que se misturavam com a realidade. Eu acordava de hora em hora, suando e xi*ngando no escuro.
Na manhã seguinte, cheguei ao escritório mais cedo do que o habitual. Eu estava de mau-humor, e qualquer pessoa que me conhecia sabia disso. Os funcionários se afastavam de mim como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. E eles não estavam errados.
Notei que Isabella ainda não tinha chegado. Uma parte de mim queria ligar para ela, mas outra parte, mais orgulhosa, decidiu não fazê-lo. Ele lhe contaria algumas verdades assim que a visse.
Eu estava sentado no meu escritório, tentando me concentrar no trabalho, quando a porta se abriu e Matt entrou.
— Acordou amargo hoje? Ele perguntou e parou quando viu a minha expressão.
— Ora, é assim que eu sou.
— Imagino que você esteja chateado com o memorando que enviaram para toda a empresa esta manhã. Disse ele, baixando a voz.
Olhei para ele confusa.
— Que memorando?
O meu amigo abriu os olhos surpreso.
— Então, você não viu o memorando que foi enviado pelo sistema da empresa.
— Não, seu idi*ota, eu não vi! Cuspi, impaciente.
O idi*ota passou a mão pelos cabelos claros e olhou para mim com pena e preocupação.
— Recomendo que você abra, mas… não fique chateado. Pense com a cabeça fria. Então você a demite.
Uma sensação de m*al-estar se instalou no meu estômago. Peguei meu laptop e o liguei rapidamente. Fui direto para a seção de negócios e procurei o memorando sobre o qual ele estava falando. Quando o encontrei e o abri, senti cada fragmento do meu coração se partir em mil pedaços.
Uma foto de Isabella beijando Dan. No que parecia ser um karaokê. E acima da imagem, uma legenda: parece que a secretária da presidência não está satisfeita em dormir com o chefão, ela também dorme com o cara da contabilidade. Senhoras e senhores, temos mais uma vagabu*nda na Russell Company.
Todo o sangue subiu à minha cabeça e senti a raiva me consumir completamente.
— Desculpe, irmão, mas a empresa inteira está falando sobre isso. A fofoca espalhou-se como fogo esta manhã. Disse Matt.
Os meus músculos ficaram tensos. Fechei os olhos por um segundo, tentando conter o ódio que queimava dentro de mim.
— Droga, que idi*ota eu fui. Sussurrei entre dentes.
— Ei, calma, amigo. Não vale a pena ficar todo nervoso. Ele tentou intervir, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do escritório se abriu.
Isabella entrou, com a voz normalmente calma: chefe, os executivos da Colômbia estão quase chegando.
— E você ainda tem coragem de aparecer aqui.
Olhei para ela com desprezo.
— Não entendi, fiz algo errado? Ela é tão cínica que ousa perguntar.
Viro o laptop para que ela possa ver a aberração.
Os seus olhos se arregalaram e ele levou a mão à boca ao vê-la beijando Dan.
— Eu… Eu posso explicar, eu…
Antes que ela pudesse terminar, peguei o laptop e o bati contra a parede, quebrando o silêncio com o barulho de metal e vidro quebrando.
A traição, a dor, tudo me atingiu de uma vez, me lembrando que todas as mulheres são iguais. Falsas. Traidoras. Infiéis. Assim como a minha mãe.
— Então é por isso que você não atendeu o m*aldito telefone! Gritei, dando um passo em direção a ela, mas Matt estava no caminho.
— Relaxa, cara. Não faça algo que você vai se arrepender. Ele tentou me acalmar.
— Eu posso explicar! Ela implorou, tremendo.
— Eu não dou a mínima para suas desculpas, seu mentirosa!
— Jackson, eu…
— Quero você fora da minha empresa. E saia da minha vida, va*dia! Gritei, sentindo a raiva e a dor me consumirem completamente.
Ela ficou paralisada, com lágrimas nos olhos. Mas eu não via mais a mulher que um dia amei, sim, porque, no fundo da minha alma escura... eu a amava. Acabei de ver outra traidora, assim como todos os outras. Assim como a minha mãe.