Eu tinha que consertar isso. Jackson estava convencido de que o havia traído, e a única pessoa que poderia refutar essa ideia absurda era Dan. Eu precisava que ele explicasse ao meu chefe que tudo foi um m*al-entendido, que foi ele quem me beijou, não eu.
Ao chegar ao departamento de contabilidade, senti os olhares de vários funcionários sobre mim, alguns surpresos, outros claramente sabendo mais do que deixavam transparecer. Eles sussurravam entre si, mas eu não prestei atenção.
Vi Dan rindo com alguns colegas de trabalho na sua mesa, relaxado, como se nada do que tivesse acontecido fosse problema dele. Conforme me aproximei, notei o monitor do computador dele e o reflexo do que todos estavam olhando: a m*aldita foto.
O meu coração parou por um segundo. Eles estavam realmente rindo disso? O que causou?
— Dan, o que é isso? Perguntei, apontando para a tela.
O loiro tentou esconder rapidamente, mas não conseguiu esconder a malícia refletida nos seus olhos nem as risadinhas cúmplices dos seus amigos.
— Eh… nada de importante, só estávamos olhando umas coisas, Isa. Respondeu ele com aquele sorriso despreocupado que naquele momento achei insuportável.
— Preciso falar com você em particular. Pedi, tentando manter a calma, mesmo que por dentro eu estivesse prestes a explodir.
Ele olhou para mim por um momento, depois assentiu e levantou-se, convidando-me para entrar no seu escritório. Eu sabia que os outros estavam nos observando enquanto nos afastávamos, mas isso não importava. Eu tinha que esclarecer tudo antes que fosse tarde demais.
Quando chegamos ao seu pequeno cubículo, fechei a porta atrás de mim, sentindo o meu corpo tremer levemente devido à tensão.
— Por favor, preciso que você vá explicar ao Jackson o que aconteceu, eu disse imediatamente, sem rodeios. Ele acha que eu o traí, que fui eu quem te beijei, mas você sabe que não foi esse o caso. Preciso que você diga a verdade a ele.
Dan soltou uma risada suave, como se o que eu estivesse pedindo fosse uma piada.
— E por que você tem que se explicar para ele?
O meu coração batia mais rápido, a perplexidade começava a se combinar com a raiva.
— Porque Jackson acabou de me demitir da empresa. Expliquei, tentando manter a calma. — Ele e eu… tínhamos um relacionamento. Não é oficial, mas estávamos juntos, e agora ele acha que eu o traí com você. Você tem que dizer a ele que não foi nada disso, que foi você quem me beijou.
Ele inclinou-se na minha direção, cruzando os braços, como se tivesse acabado de ganhar uma partida de xadrez que eu nem sabia que estávamos jogando.
— Então você estava com o chefe? O seu tom de voz mudou drasticamente. — E você me beijou mesmo ficando com ele?
A minha mente ficou em branco. O que diab*os ele estava dizendo?
— Foi você quem me beijou! Gritei, incapaz de conter a minha descrença. Como ele ousou mudar a história desse jeito?
Ele deu de ombros, a sua expressão tão calma como se a sua recusa não estivesse destruindo a minha vida naquele momento.
— Você tem alguma maneira de provar isso, Isabella? Ele pergunta, e eu quero acordar desse pesadelo. — Porque, pelo que vejo, é a palavra de uma mulher que está chateada com o chefe dela contra o meu.
As minhas mãos tremiam de raiva. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Ele sabia o que tinha acontecido. Ele sabia que não era assim que tinha acontecido, mas estava claro que ele estava gostando.
— Você não pode fazer isso comigo. Sussurrei, a minha voz quase um sussurro enquanto a realidade da situação se instalava na minha mente.
Tudo o que eu pensava que podia consertar estava desmoronando diante dos meus olhos.
— Por que não? Ele respondeu indiferente. — Você já se meteu em problemas suficientes sozinha, Isa. Agora, talvez você queira pensar sobre as suas opções, porque não vou entrar nisso sozinho. Você causou os seus próprios problemas ao dormir com ele, e eu não vou perder o meu emprego.
Ficou bem claro para mim: Dan tinha orquestrado tudo.
— Por que você está fazendo isso comigo? Eu o questionei.
— Meses de rejeição podem cobrar o seu preço de um homem.
— Acabei de ser demitido da empresa, estou sem emprego por causa de uma mentira sua!
— Você deveria ter me escutado primeiro.
— Você é um doente. Cuspi com raiva.
— Talvez, mas não sou eu quem vai passar por uma va*dia aqui.
A minha mão bateu com força no seu rosto. Nunca bati em ninguém na minha vida. A sua bochecha logo ficou vermelha com a marca dos meus dedos.
— A vida vai te pagar pelo dano que você me causou hoje. Juro!
Não importava o que ele dissesse ou fizesse. Eu não tinha provas, e ele estava certo sobre uma coisa: para Jackson, eu já era culpado.
Os meus olhos encheram-se de lágrimas, mas eu não ia lhe dar o prazer de me ver chorar. Não na frente dele. Eu me endireitei, enxuguei uma lágrima perdida que havia escapado e me virei, sem dizer mais nada. Não havia sentido em implorar mais. Não havia nada que eu pudesse fazer para mudar a situação.
Sai do cubículo e caminhei e caminhei rapidamente pelos corredores, com os olhares curiosos dos outros funcionários pregados a mim. Eu me senti mais humilhada do que nunca. Eu confiei no Dan para consertar tudo, e em vez disso ele me esfaqueou pelas costas.
O amor da minha vida expulsou-me. A minha reputação na empresa foi destruída. E agora nem sequer eu tive a oportunidade de limpar o meu nome.
Lágrimas começaram a rolar pela minha bochecha, enquanto eu juntava as minhas coisas e saía do prédio, de coração partido e certa de que um dia todos me pagariam pela humilhação. Sai jurando para mim mesmo que eu faria todos pagarem.