Saio dando bom dia apressadamente pelo corredor, gosto de parar para conversar com todos que conheço, mas hoje não posso me dar esse luxo, nem a minha xícara de café vou conseguir tomar, droga! Meu dia já começou m*l, como vou iniciar as visitas aos pacientes sem o meu café? Bem, vou ter que esperar ter algum intervalo para poder tomar.
— Bom dia pessoal, já vão começar? Pergunto aos outros residentes assim que entro na sala. Percebi que eles estão impacientes, o que será que aconteceu enquanto eu não estava, acho melhor perguntar logo de uma vez.
— Está acontecendo alguma coisa?
Eles falam que o professor que toma conta da nossa turma, pediu para todos esperarem que vai haver uma troca nas escalas. Que estranho, sempre passamos um mês ou mais em cada setor e não faz nem uma semana que comecei na clínica médica.
— Ele vai mudar nossas escalas, o que é uma droga, m*l comecei na ortopedia.
Eu entendo o sentimento de frustração dela, porque também estou sentindo a mesma coisa, m*l comecei na clínica médica, estava caminhando aos poucos e o médico decidiu fazer esta troca repentina, será que foi a pedido do diretor do hospital? Bem vamos saber agora, já que o nosso professor acaba de entrar na sala.
— Bom dia a todos, sei que vocês já estavam se acostumando aonde estavam, porém é necessário fazer uma troca, lembrando que isso não é comum acontecer, e que só vamos fazer isso por motivos de emergência, portanto aqui estão suas novas escalas, espero que se dêem bem e não se preocupem, no final desse, vocês irão retornar ao setor em qual vocês estavam agora, ok!
Todos pegamos de suas mãos os novos setores que iríamos ficar, chego a arregalar os olhos, quando observo que meu novo setor é a emergência, não imaginava que a pegaria logo agora? Sinceramente, sinto que não estou preparada ainda, mas não vou questionar a ordem do meu professor, vou me dirigir para a emergência e seja o que Deus quiser nesse plantão de hoje.
— Boa sorte a todos!
Digo isso já me dirigindo para assumir o meu posto na emergência, só espero que hoje seja tudo calmo, apesar de ser quase impossível lá, o hospital daqui sempre é muito movimentado por ser o único da cidade, além de suportar a todos habitantes, ainda abrange os pacientes da cidade vizinha, ou seja chega dias de estar super lotado.
— Bom dia meninas, hoje ficarei por aqui no setor de vocês. Todas respondem um tudo bem,Dra Elisa, não vejo a hora de estar formada, ainda não decidi em que área vou me especializar, mas acredito que em breve eu vou encontrar essa resposta, mas por enquanto tenho que manter o foco na minha residência apenas isso.
Quando eu pensava que seria tudo tranquilo, todos os médicos são chamados para a entrada, com certeza deve ter chegado um acidente grave, para solicitar uma equipe inteira: o paciente que está chegando não deve está nada bem. Me dirijo correndo junto com os outros para esperar na entrada pela ambulância que está trazendo o paciente.
— Mulher de 45 anos, acidente de carro, ficou presa nas ferragens, sofreu parada cardiorrespiratória a poucos minutos, tem uma fratura no fêmur esquerdo, deslocamento de clavícula, possui um corte profundo na cabeça.
Presto atenção em cada detalhe que a socorrista nos passa, isso é muito importante para sabermos como devemos proceder com o paciente e qual conduta devemos tomar.
— Precisamos de um acesso central, Elisa avise ao pessoal do setor de tomografia que vamos subir, precisamos descartar a possibilidade de um traumatismo craniano, ou até mesmo uma hemorragia.
Corro para informar as meninas que já deixem o setor de sobreaviso, pois assim que a minha colega conseguir o acesso estamos subindo.
— Meninas por favor deixem o pessoal que faz a tomografia de sobreaviso, assim que pegamos um acesso central naquele paciente vamos subir. Volto para o quarto, colocando os equipamentos que vão nos permitir verificar os sinais da paciente e com ela devidamente estabilizada, subimos para fazer a tomografia, agora, apenas eu e o Dr Tadeu, que é o neurocirurgião da nosso hospital, o resto da equipe voltou cada um aos seus postos, caso chegue outra emergência.
— Primeiro dia bem agitado, hein doutora Elisa.
— Tenho que me acostumar, vai fazer parte da minha futura rotina, Dr Tadeu.
Ele sorri, dizendo que vê poucas mulheres com o esforço e dedicação que eu tenho, claro já fiquei em alerta, digamos que o neuro é conhecido não apenas pelo seu bom trabalho, mas também por ser galanteador.
Entregamos a paciente nas mãos dos profissionais que iriam fazer a tomografia e saímos da sala, pois não iríamos poder permanecer lá.
O técnico nos chama para observar o exame de dentro da sua sala, aparentemente a paciente não sofreu nem um traumatismo craniano, o Dr Tadeu também concorda com a minha leitura do exame, o que já é um alívio.
— Vamos solicitar um leito de UTI para a paciente, o traumatismo craniano foi descartado, mas não podemos esquecer que ela teve uma parada cardiorrespiratória antes de chegar ao hospital, então um leito lá será melhor para que a paciente fique assistida 24 horas por dia. Concordo com o neuro, sem contar que existem todos os aparatos necessários por perto para socorrer a paciente.
— Então eu vou voltar lá para emergência, o senhor mesmo solicita a entrada dela? O doutor diz que sim, para eu não me preocupar, e que eu poderia voltar para assumir o meu posto na emergência.
O dia já começou agitado, mas não sei porque eu tinha a impressão de que conhecia aquela paciente, não sei, ela não me é estranha, talvez tenha visto ela na faculdade e não me lembro, ou não.
Ainda bem que só estou ficando a parte do dia, já imagino quando estiver formada e ter que dá plantões de 24 horas, tenho que me organizar para contratar uma pessoa que fique com o meu filho durante esse período, mas isso não preciso pensar agora, somente quando me formar, o que já não está muito longe.
No intervalo sigo para buscar o meu filho no colégio, vou deixar ele na casa dos meus pais e aproveito para almoçar com eles também.