Estou há horas tomando coragem para falar com meu filho. Juro que não sei por onde começar, como falar de alguém que, para mim, tinha deixado de existir. Aliás, nunca pensei que iria precisar reviver o passado, muito menos ter que contar para meu filho sobre ele. — Oh, mãe? Levo um susto quando meu filho me chama. Corro até ele, preocupada que algo possa estar doendo devido ao acidente. — Está doendo alguma coisa, filho? Se estiver, por favor, me fale, Tarcísio, que a gente corre agora para o hospital. Ele diz que não está doendo nada, apenas está agoniado comigo andando pela sala de um lado para o outro, sem dizer uma palavra. Estou tão agoniada que nem percebi que estava fazendo isso. Bem, vou tomar fôlego e começar a falar, mas não é fácil. Parece que tem uma trava na minha garganta