Maria estava jogada na minha cama enquanto esperávamos a mamãe voltar do escritório.
Romano Carlucci era… uau. Apesar de todos os rumores sobre ele, o homem era lindo da cabeça aos pés. Algo nele me atraiu, não sabia dizer ao certo, ao mesmo tempo, queria sair correndo porque ele estava na minha casa para apontar o dedo em direção à minha irmã e possivelmente dizer: é ela!
Ultrajante.
Mamãe passou o dia inteiro falando sobre a presença do homem no jantar, como se estivéssemos recebendo um m****o da família real, ou o próprio temido Enzo Rafaelli, que eu nunca havia visto pessoalmente.
Depois que não conseguimos comparecer ao jantar de Ação de Graças em Nova Iorque, ela estava frustrada demais. Eu não tinha certeza se podia culpá-la por parecer tão obcecada por uma vida social ativa, considerando que não tínhamos muitas opções. Não as mulheres da família.
Receber um m****o importante da famiglia deixou minha casa agitada. Comandei a cozinha, preparei todo o cardápio e ainda ajudei minha irmã no preparo das sobremesas porque ela estava mais preocupada em se arrumar do que olhar o pudim no forno, que por sinal, estava com tantos furinhos que poderia ser confundido com uma peneira.
Se algum professor meu visse tal desplante, cairia desmaiado no chão.
Nosso convidado era um homem refinado. Ele sabia como se portar à mesa, cortar a carne no fio e a precisão correta, ainda por cima, foi capaz de perceber os temperos usados. Era educado, polido, não demonstrava nenhuma emoção e muito menos caiu em adulação no exagero da minha mãe. Ele foi direto e respeitoso. Frio.
Fazia parecer que os rumores eram verdadeiros e sua reunião após o jantar com meu pai foi longa demais.
— Dio! Mamma! Você levou uma vida! — Explodi quando entrou no meu quarto.
— E então? Ele gostou da Maria?
Mamãe estava sorrindo e ficou confusa.
— O que te faz pensar que ele gostou da sua irmã? — Ela franziu o cenho. — Olhou inadequadamente para ela em algum momento?
— Não. Por que?
— Ele foi respeitoso. Não posso dizer gentil, seria muito exagero. — Maria comentou, da sua posição de borboleta no centro da minha cama.
— Romano não se interessou pela sua irmã. Ele disse que ela é jovem, muito bonita e adorável, mas segundo seu pai, ele te escolheu.
— Mamãe falou diretamente comigo.
— Seu pai autorizou que tivessem encontros supervisionados para que possam se conhecer melhor.
Olhei para minha mãe sem ter certeza de que ouvi direito.
— Ele fez o quê?
— Você vai se casar! — Maria gritou e começou a pular na cama, feliz. Mamãe bateu palmas, unindo-se a ela em uma alegria que eu não compartilhava. Meu estômago estava torcido.
— Eu não vou me casar — falei baixo.
— O quê? Por quê?
— Não sei, mãe. O tempo todo pensei que ele escolheria minha irmã, porque bem, ela é perfeita e se encaixa no que os homens dessa família esperam como esposa.
— Sei que você não se arrumou, desceu com esse cabelo zoneado e sem um pingo de maquiagem no rosto… ainda assim, minha filha. Você é linda de tirar o fôlego. Minhas duas filhas são e eu sou extremamente orgulhosa disso — Ela sorriu — Eu sabia que ele sairia daqui encantado por uma das duas. Vocês são diferentes, o que prova que a escolha dele não foi baseada no que os outros esperam e sim, no que ele sentiu ao te ver.
— Não romantiza a situação. — Suspirei.
— Papai vai permitir encontros? Isso é inédito.
— Ele quer ter certeza de que vocês dois se darão bem. — Ela ajeitou meu cabelo. — Romano virá buscá-la para jantar. Seus guardas irão com você. Tudo bem?
— Não deixe de aceitar. — Maria interveio. — Por favor. São fofocas, você não sabe a verdade e como não cansa de me dizer, não vivemos em um conto de fadas. Aceita.
— Eu vou, mas não faço promessas. Se ele for arrogante ou minimamente i****a, irei chutá-lo e voltar para casa.
— Ele é um subchefe, Anastácia. A ordem do casamento partiu de uma pessoa acima de todos nós, por favor, não seja impulsiva. — Mamãe segurou meus ombros, me deu um beijo na bochecha e saiu.
Por que eles estavam permitindo a ilusão de que havia uma escolha da minha parte?