Ouvindo as palavras do médico, Sofia não pôde deixar de colocar as mãos na barriga, incrédula de que já havia uma pequena vida crescendo dentro dela.
Ultimamente ela tinha tido pouco apetite e náuseas, ela pensou que poderia ser uma gastrite. Ela tinha planejado ir ao hospital para conseguir um rémedio que fizesse ela melhorar, mas nunca imaginou que estaria grávida.
Deixando o hospital com os resultados em mãos, Sofia hesitou em contar a Rafael a notícia. Ele pegou o seu celular, abriu o contato tão marcado no seu coração, mas fechou novamente. Ela hesitou, incapaz de se decidir. Sentou-se ao lado dos jardins na entrada do hospital.
Três anos atrás, quando o seu avô estava gravemente doente, ela o levou para a cidade para ver um médico. No hospital, eles encontraram um homem velho, que acabou por ser o companheiro de armas do seu avô e tinha sido salvo por ele.
Aquele homem era o avô do Rafael. Os dois anciãos, tendo perdido contato por anos, ficaram emocionados ao se encontrarem novamente. Dada a gravidade da doença do seu avô, que estava preocupado em deixá-la sozinha se algo acontecesse com ele, ele confiou ela aos cuidados do avô de Rafael, que imediatamente a aceitou como neta e pressionou o seu neto Rafael a se casar rapidamente com ela. Pouco depois do casamento, o seu avô faleceu.
Quando o avô Isaac perguntou se ela queria se casar com Rafael, ela acenou timidamente.
Ela gostava de Rafael, embora não soubesse exatamente quando esse sentimento começou, talvez a partir daquela primeira vez que ela o viu no hospital.
Quando ele entrou no quarto, o sol iluminando o seu perfil, destacando o seu rosto perfeito e olhos profundos…
Ela acreditava que Rafael havia concordado em se casar por vontade própria, mas, na realidade, era uma pressão imposta por seu avô. Então, o seu casamento com Rafael foi mais um acordo do que um vínculo amoroso. Na noite anterior ao seu registro civil, Rafael apresentou a ela um contrato para assinar.
— O meu avô, com lágrimas e ameaças, insiste que eu me case com você. Se você quer tanto, o título da Sra. Amorós é seu, mas me desculpe, não posso lhe oferecer mais que isso. Vamos nos divorciar em três anos.
O acordo estabelecia que eles se divorciariam após três anos, sem filhos envolvidos. Sofia receberia a vila em que moravam juntos e uma quantia considerável como compensação.
Ela assinou o contrato sem lê-lo com cuidado, para não mostrar a sua vulnerabilidade ou dor, entregando-o rapidamente a Rafael.
No dia seguinte, eles receberam a sua certidão de casamento, não fizeram uma cerimônia, apenas carregaram cada um a sua certidão em mãos.
— Sofia, lamento que você tenha que passar por isto, o casamento terá de esperar. Disse-lhe o avô Isaac. Embora o seu neto tivesse concordado em se casar, ele rejeitou qualquer ideia de celebrar um casamento, deixando Sofia numa posição desconfortável.
— Não se preocupe, vovô, eu entendo. Sofia respondeu com uma voz suave, dirigida ao Avô de Rafael.
Depois de se casarem, eles se mudaram para a casa de Rafael. Como ele não gostava de estranhos na casa, eles não contratavam empregados. Sofia não trabalhava fora, passava os dias preparando o jantar e esperando Rafael, que raramente voltava para casa, muitas vezes deixando Sofia jantando sozinha.
Durante o primeiro ano, os dois viveram tranquilamente, dormindo em quartos separados e visitando a casa do seu avô nos fins de semana para comer juntos. Os pais de Rafael morreram num acidente de avião quando ele era apenas uma criança, deixando o seu avô Isaac na dolorosa posição de enterrar os seus filhos. Uma situação que ele ainda não consegui superar. Naquela época, Rafael tinha acabado de entrar no ensino médio e já era muito maduro para a sua idade, o que marcou uma mudança na sua personalidade de ser alguém extrovertido para se tornar mais reservado e taciturno. Felizmente, a presença de Rafael foi um apoio vital para o seu avô, que o criou e o viu se tornar um homem de sucesso, fundando a sua própria empresa após a formatura, tornando-se o orgulho do seu avô.
Como chefe, Rafael estava sempre ocupado. Sofia, que sempre ficava muito sozinha, acabou se afeiçoando profundamente pelo Senhor Isaac.
A mudança entre eles talvez tenha começado um ano depois de se casar. Certa noite, Rafael chegou muito tarde, claramente bebeu demais, e foi levado para casa por seu motorista.
Sofia, correu para ajudá-lo, junto com o motorista, para levá-lo para o seu quarto, onde ela costumava dormir sozinha. Com o motorista ali, não parecia certo para Sofia revelar a sua verdadeira situação.
Depois de acomodar Rafael na cama e ver o motorista sair, Sofia começou a desabotoar a sua camisa, sentindo o calor subir incontrolavelmente no rosto. Assim que ela se levantou para sair, ela sentiu a mão de Rafael der repente segurar o seu braço. Perdendo o equilíbrio, ela caiu sobre ele.
Rafael abraçou-a firmemente, murmurando: não me deixe. Sofia ficou tensa, sem saber o que fazer, quando Rafael de repente se virou, mudando de posição.Olhando para ela confusa por alguns segundos, o seu rosto jovem parecia ainda mais infantil com o álcool. Então, de repente, ele a beijou, deixando Sofia completamente em branco, permitindo assim que o homem em cima dela pegasse o que quisesse. Na manhã seguinte, temendo o encontro com o homem que até agora era um estranho para ela, Sofia levantou-se cedo, suportando o desconforto entre as pernas, tomou banho e preparou o café da manhã antes de Rafael sair do seu quarto.
— Ontem à noite…
— Venha, tome o café da manhã. Ela disse rapidamente, sabendo que a noite anterior tinha sido um acidente e ela não queria ouvir nada que pudesse entristecê-la, cortando assim o que ele estava prestes a dizer.
Sentaram-se para o café da manhã em silêncio.
— Então eu vou comprar os comprimidos para você, disse Rafael.
Sofia olhou para ele.
— Não podemos ter filhos. Ele disse friamente.
— Eu sei, eu mesmo vou comprá-los. Disse Sofia, sentindo uma dor no coração, mas mantendo um leve sorriso no rosto.
Desde então, a maneira como eles se relacionavam parecia mudar, de estranhos vivendo sob o mesmo teto depois de se casarem, para ser um casal que não falava sobre amor.
Moravam no mesmo quarto, dividiam a mesma cama, viviam uma vida normal de casal, embora ele sempre voltasse tarde para casa para abraçá-la por trás.
Ela lhe enviava mensagens para saber se ele voltaria para jantar, e as visitas à antiga casa tornaram-se mais frequentes. O avô, agora mais velho, queria ver os bisnetos, por isso perguntava-lhes muitas vezes quando teriam filhos, pressionando-os, principalmente porque já estavam casados há quase três anos.
O som de uma mensagem de w******p interrompeu os meus pensamentos.
Não voltarei para jantar em casa esta noite. Era uma mensagem de Rafael.
Tudo bem. Pensando no que agora eu estava carregando, eu respondi com outra mensagem: não beba muito.
Sem esperar resposta, eu decidi não contar ainda a Rafael sobre a gravidez. Embora o nosso relacionamento parecesse muito próximo nos últimos dois anos, eu sabia que ele nunca havia dito “eu te amo”. Ele não me amava.
Portanto, eu tinha muitas dúvidas, mas o que eu tinha certeza era que queria ficar com o bebê.
Com a ausência de Rafael naquela noite, eu planejei visitar o vovô Isaac, já que ele não estava se sentindo bem ultimamente e já fazia um tempo desde a minha última visita.