Logo, Sofia preparou duas tigelas de sopa de macarrão com carne e legumes e serviu na mesa. Eles pareciam deliciosos. Nenhum dos dois falou, Rafael, provavelmente por fome, terminou o prato em poucos minutos.
Assim que Rafael terminou, disse para Sofia: vá dormir, vou trabalhar um pouco no estúdio. Amanhã jantaremos na casa do vovô, voltarei à tarde para buscá-la.
— Não se preocupe em voltar, posso pegar um táxi até a casa do vovô. Vou me ajustar ao horário em que você também estará chegando: não tem problema, eu voltarei para pegar você. Não se complique com o táxi.
— Está bem.
Sofia continuou tomando a sua sopa em silêncio, sem dizer mais nada.
Rafael dirigiu-se para as escadas.
No dia seguinte, quando Sofia se levantou, Rafael já tinha ido para o escritório. Ao meio-dia, ela preparou algo para comer sozinha. Embora não tivesse apetite, pensando no bebê que esperava, forçou-se a tomar sopa e comer arroz. Logo após a limpeza, alguém tocou a campainha. Sofia foi abrir a porta, e encontrou a mulher que estava com Rafael na televisão.
Ela era realmente linda, como um cisne. Sofia pensou consigo mesma.
— Olá. Sou Pilar Oliveras, amiga do Rafa.
— Eu sei. A voz de Sofia era baixa, ela se sentia como um patinho feio diante daquele esplêndido cisne.
Sofia se afastou para deixar ela entrar.
— Posso te servir alguma coisa?
— Um copo de água, por favor.
Sofia serviu-lhe um copo de água.
— Bem, desculpe aparecer sem avisar, mas o Rafa deixou ontem o relógio na minha casa e desde então não consegui contato com ele. Estava perto e decidi trazer para ele. A voz de Pilar era agradável, o seu sorriso era brilhante, mas suas palavras pareciam cortantes.
— Vou entregá-lo a você.
— Obrigado por se dar ao trabalho, Sra. Oliveras. Sofia suprimiu o seu desconforto, mas seu tom era um pouco rígido. — Hoje não me sinto muito bem, então não vou insistir para que você fique e eu possa te oferecer algo para comer. Se não houver mais nada, vou descansar.
— Eu entendo, não vou incomodar mais você. Descanse, eu irei embora. Pilar despediu-se com um sorriso educado.
Ao saírem do apartamento, o sorriso de Pilar esfriou. Ela teria sido a dona daquela casa.
Rafa foi buscá-la no aeroporto e a levou para o hotel. Ela derramou água propositalmente nele, fazendo-o tirar o relógio e deixá-lo esquecido quando foi ao banheiro se secar.
Quando soube que ele havia se casado, Pilar não acreditou. Ela sabia que Rafa havia esperado por ela todos aqueles anos e confiava que ele continuaria a esperar. Rafa foi leal, ela foi seu primeiro amor. Apesar da sua ausência, ela estava sempre atenta às suas novidades, sabendo que ele não tivera nenhuma mulher ao seu lado. Ela não conseguia acreditar que ele realmente havia se casado, e menos ainda devido a um acordo do seu avô Isaac. A sua esposa parecia tão jovem, ela era maior de idade? Não importa quem ela era, ela não desistiria facilmente. Ele não podia mais continuar dançando devido a uma lesão no pé, Rafa tinha que ser dela.
Depois que Pilar saiu, Sofia olhou para o relógio. Sem dúvida era do Rafael, ele usava há anos, era presente de formatura do avô Isaac. Ele até se lembrou de tê-lo visto na mesa de cabeceira e notado as iniciais RF gravadas na parte de trás dele. Foi o toque do telefone que tirou Sofia dos seus pensamentos.
Era uma ligação do Rafael. Ela atendeu.
— Estou a dez minutos de casa, prepare-se para sair.
— Está bem.
Sofia se recompôs, escondendo as suas emoções, e trocou de roupa antes de esperar Rafael na porta. Poucos minutos depois, o carro de Rafael chegou e ela entrou sem dizer uma palavra. Rafael notou a atitude estranha da esposa, mas como normalmente não lhe dava a devida atenção, então ignorou.
Sofia estava muito emocionada com a gravidez e também pensava em como contar a Rafael que Pilar tinha vindo devolver o relógio, e se perguntava se deveria colocá-lo secretamente na mesa de cabeceira ou contar diretamente para ele.
Então, durante todo o caminho, os dois permaneceram em silêncio. Ao chegar na antiga casa, Alba já estava preparando a comida e Sofia estava pronta para entrar para ajudar.
Rafael pegou a mão dela e disse: Alba está quase terminando, é melhor não entrar hoje, descansar um pouco.
Rafael viu que ela estava distraída durante todo o caminho e não sabia o que estava acontecendo com ela, então preferiu que ela descansasse.
— Ah, tudo bem, então irei ao jardim ver as flores que o vovô plantou.
Sofia não fez questão de ajudar na cozinha e achou que seria legal ir ver as flores do jardim.
— Ok, vou ao escritório procurar o vovô.
— Está bem.
Depois disso, eles se separaram.
Rafael chegou ao escritório e vovô Isaac jogou diretamente nele o porta-lápis que tinha em mãos. Rafael não se esquivou e bateu bem na testa, machucando-o.
Vovô Isaac, segurando o jornal, bateu na mesa e gritou: inútil, olha o que você fez! Você saiu por aí causando problemas, você até virou notícia.
— Já providenciei para que retirassem a notícia.
— Você acha que Sofia não sabe? Você tem uma esposa tão boa e não sabe como valorizá-la. Você vai se arrepender um dia e não venha chorando.
— Foi você quem insistiu para que nos casássemos. Quando concordei em me casar, já deveria saber que isso iria acontecer.
— Você, você, você… eu vou te matar! Disse vovô Isaac e se aproximou de Rafael com a sua bengala.
Nesse momento, Sofia entrou comendo e impediu o vovô Isaac: vovô, cuide da sua saúde, não fique bravo. Sofia ajudou o vovô Isaac a se sentar. E então ela olhou para o homem à sua frente, com a testa ferida.
Sofia chegou na porta no momento em que Rafael declarava: foi você quem insistiu para que nos casássemos. Ela não queria escutar a conversa. Alba tinha terminado de cozinhar e ia chamá-los para comer.
Ao ouvir a voz chateada do vovô, Sofia correu para dentro. Por um lado, ela estava preocupada que o vovô ficasse muito e******o e se machucasse, e, por outro lado, ela estava preocupada com Rafael. Afinal, o vovô foi soldado e ainda tinha forças. Ela ficou preocupada que Rafael se machucasse, mas ao entrar viu que ele já estava ferido. Rafael, em momentos assim, não sabia falar baixo ou pelo menos evitar discussões.
O mordomo, ao ouvir o barulho, também subiu rapidamente, Sofia pediu ao mordomo que ajudasse o avô a descer as escadas.
Sofia encontrou iodo e abordou Rafael para desinfetar o seu ferimento.
— Não é nada, é só um arranhão, não há necessidade.
— Um arranhão também precisa de desinfecção, se piorar será um problema.
Com um cotonete embebido em iodo, ele limpou delicadamente. Rafael também se sentiu muito frustrado por dentro. No dia anterior, ele foi ao aeroporto buscar Pilar, levou-a ao hotel e depois foi fazer hora extra no escritório. Já era muito tarde, então ele decidiu dormir durante o intervalo do escritório. Ele não esperava que houvesse jornalistas esperando no aeroporto e, assim que a notícia se espalhou, decidiu excluí-la. Não sabia se Sofia tinha visto a notícia. Ela não se importava nem um pouco? Talvez ela já a tivesse visto e o seu mau-humor naquele dia era por causa disso. Por que não perguntei diretamente a ela?