Dois meses depois
Ângela
O tempo está indo rápido demais e meu estado está cada vez pior, já não consigo mais sair tanto, minhas dores estão cada vez mais fortes. Estou aproveitando todo o tempo que tenho para ficar com a Lilly.
Sei que meus dias de vida não serão muitos e meu fim está cada vez mais perto. Minha opção de não fazer o tratamento com internação foi justamente para não deixar a Lilly sozinha. Quero aproveitar o máximo de tempo possível com a minha pequena.
Se o médico tivesse me dado esperança que eu iria me curar com certeza eu faria todo o tratamento, mas ele disse que o tratamento seria apenas para prolongar meus dias, mas que não iria evitar a minha morte.
Vou vivendo um dia de cada vez e aproveitando ao máximo com a Lilly e sempre conversando com ela de uma forma suave para ela entender que eu não vou está com ela por muito tempo.
O Christian entrou em contato comigo para conhecer a Lilly, saímos para tomar sorvete com ela, foi um momento agradável, ela não contamos nesse dia quem ele era, queria ver a reação dela e dele para depois revelar a ela o que ele representa na sua vida.
Marcamos mais um encontro para hoje. Estou insistindo bastante com ele para ir se aproximando dela, para que quando eu partir os dois poderão ter um laço mais forte.
Combinamos hoje de leva-la para comer pizza. Eu não passei o dia muito bem, tomei meus remédios, mas mesmo assim tive fortes dores, mas não queria desapontar minha pequena e também não queria desmarcar com ele para não fazer com que ele se afaste.
A Vic passou o dia aqui comigo, para me ajudar com a Lilly. Ainda bem que as duas se dão muito bem e eu vou precisar pedir ao Christian que leve a Vic com ele quando eu não estiver mais aqui.
Hoje vou contar a ele sobre a minha doença, ainda não falei nada porque eu precisava que ele conhecesse a Lilly primeiro e convivesse com ela um tempo.
__ Ângela eu já dei o banho na Lilly e deixei ela arrumada, você vai precisar de mim para mais alguma coisa.
__ Não Vic, você ja me ajudou demais hoje.
__ Você sabe que pode contar comigo sempre que quiser.
__ Eu sei, você é minha salvadora.
__ Você melhorou?
__ Sim, as dores diminuiu mais.
__ Você vai encontrar com o pai da Lilly?
__ Vou. Preciso que ele vá se acostumando com ela.
__ Eu não me conformo que você não quis lutar para viver.
__ Eu estou lutando Vic, só que não adianta eu ficar presa numa cama de hospital sabendo que não vou sobreviver mesmo, aqui pelo menos eu posso está ao lado dela e curtir todo o tempo que me resta com ela.
__ Nesse ponto você tem razão, se ficasse internada não ia conseguir ficar com a Lilly e ela sentiria muita falta de você.
__ E eu dela, você não sabe o quanto está difícil para mim, eu quero poder ter mais tempo com ela, espero que consiga. Vic eu vou deixar minha pequena em suas mãos, por favor não a deixe sozinha.
__ Mas, se o pai dela não quiser que eu fique com ela.
__ Eu vou pedir isso a ele, a Lilly não conviveu com ele e ela não pode ficar só com ele, a irmã dele é uma cobra e pode querer faze alguma coisa com ela, você não pode deixar minha pequena Vic.
__ Está bem, até porque eu não vou deixar ninguém fazer a minha princesinha sofrer.
__ Assim eu fico mais tranquila.
Conversamos mais um pouco, fui tomar banho e a Vic ficou olhando a Lilly enquanto eu me arrumava, assim que terminei eu perguntei se ela nao queria ficar aqui em casa.
Claro que ela aceitou, a Vic mora sozinha e sempre a chamo para ficar aqui, assim nem ela e nem eu fica só.
__ Lilly meu amor vamos.
__ A Vic não vai com a gente mamãe.
__ Hoje não meu amor, vamos encontrar uma pessoa, depois vamos sair nós três.
__ A gente vai ver aquele homem de novo.
__ Sim.
__ Tá bom. Tchau Vic.
__ Tchau minha princesa.
Saio com a minha pequena que vai falante todo o caminho, escolhi uma pizzaria que sempre vamos, lá tem uma área de lazer para as crianças e podemos deixar sem nos preocupar até nosso pedido chegar.
Chegamos e estaciono e me doreciono para a nossa mesa.
__ Vou brincar mamãe, daqui a pouco eu venho tá bom.
__ Está sim meu amorzinho, cuidado.
__ Tá bom.
Ela já sai toda faceira, logo a Julia vai a seu encontro, ela é a moça que cuida das crianças na área de lazer. Não demora muito vejo o Christian entrando e assim que me vê vem ao meu encontro.
__ Oi Ângela.
__ Oi Christian, tudo bem.
__ Tudo, veio sozinha? Achei que esse encontro era para conhecer melhor a Lilly.
__ Eu não vim sozinha, a Lilly foi brincar, sempre que venho aqui ela brinca um pouco e só depois que o pedido chega que ela vem.
__Ah sim. Já fez o pedido?
__ Não, estava te esperando.
Ele já chama o garçom e fomos escolher a pizza e as bebidas.
__ Me acompanha no vinho?
__ Obrigado, mas eu não posso beber.
__ Não pode ou não quer? Me lembro que você adora um bom vinho.
__ Sim, mas eu não posso beber.
__ Você mudou muito Ângela.
__ Precisamos mudar Christian.
Hoje eu queria conversar com você sobre a Lilly.
__ Eu estou tentando me aproximar dela Ângela, mas isso vai acontecer gradativamente e você não pode querer que eu simplesmente seja um pai para uma criança que nem conhecia. Se você quisesse realmente que eu fosse presente na vida dela devia ter me procurado antes.
__ Deveria, mas eu não queria. A minha vontade mesmo era de criar a minha pequena sozinha, se fosse só a minha vontade você jamais saberia que a Lilly era a sua filha.
__ E porque você resolveu mudar de ideia?
__ Porque as circunstâncias da vida me fez ter que ir contra ao que eu pensei e queria para a minha vida e da minha filha. Quando você me expulsou da sua vida e duvidou que o filho que eu carregava era seu, prometi a mim mesma que você jamais saberia daquela criança, mas o que eu planejei não foi o que a vida planejou.
__ Porque você não chega logo ao ponto? Você não tem condições de cria-la e por isso que resolveu me procurar?
__ Não Christian, você sabe que eu jamais dependi de ninguém na minha vida, desde que eu saí do abrigo que lutei dia após dia para viver e mesmo com a Lilly eu jamais iria deixar de lutar e não iria te procurar por isso.
__ Então por que me procurar agora já que podia cuidar dela sozinha. Eu não estou preparado para ser pai.
__ Eu sei disso, mas você é a única pessoa depois de mim que a Lilly tem e eu não quero que a minha filha passe por tudo o que passei.
__ Mas, você não iria deixar isso acontecer.
__ Não, se eu pudesse ficar com ela todo o tempo, mas não vou.
__ Não estou entendendo onde você quer chegar Ângela.
__ Eu estou com um câncer terminal Christian, tenho pouco tempo de vida e eu não posso deixar a Lilly ir para um abrigo se ela tem um pai que pode cuidar e ser a família dela.
__ Você está brincando comigo, isso não pode ser sério.
__ Não estou brincando, isso é muito sério. Se não fosse por isso com certeza eu teria te procurado.
__ Desde quando você sabe?
__ Descobri há dois meses.
__ E como está o tratamento?
__ Eu não estou fazendo tratamento Christian, meu câncer está no nível 4 e o tratamento seria apenas para tentar prolongar por um período de tempo a minha vida, mas nada muito longo e eu optei por não ficar todo o tempo internada e longe de minha pequena, quero aproveitar cada minuto que me restar de vida ao lado dela.
__ Você devia tentar o tratamento Ângela.
__ Não Christian, eu já decidi. Eu só quero que você me prometa que vai cuidar da Lilly quando eu não estiver mais aqui, faça por ela e pelo tempo que ficamos juntos. Não deixe minha pequena desamparada.
__ Como eu vou cuidar de uma criança Ângela?
__ Cuidando Christian, eu tenho uma pessoa que me ajuda a cuidar dela e você precisa levá-la com você, assim ela vai te ajudar a cuidar dela.
__ Eu nao sei como fazer isso, mas eu vou ter que fazer.
__ sim, por favor não deixe a Lilly desamparada, não deixe minha pequena ir para um abrigo.
__ Ela é minha filha Ângela, por mais que eu não tenha convivência com ela não a deixaria num abrigo.
Fico mais aliviada que ele tenha aceitado a ideia de criar a Lilly e levar a Vic com ela, assim minha pequena não vai se sentir tão descolada na casa dele, mas espero que a Vic ajude minha pequena nessa nova fase que ela vai ter, sei que não será fácil, mas minha pequena vai conseguir.