Bella estava sentada ao lado do berço, olhando atentamente para o pequeno Henrico, que finalmente começava a ceder ao sono. Os oito meses de vida do bebê haviam sido marcados pela tragédia. A morte de sua mãe, Helena, havia deixado uma lacuna imensa, não apenas para Bella, mas também para o próprio Henrico, que, apesar de tão jovem, agora tinha que viver sem o calor do afeto maternal que todos ao seu redor desejavam, mas não podiam substituí-lo.
A dor da morte de Helena ainda pairava na casa, como uma sombra que não se dissipava. Bella sentia o peso de sua perda, mas havia algo mais que a inquietava. Enquanto cuidava do sobrinho, ela percebia que ele não era apenas um lembrete de sua cunhada falecida; Henrico era a única parte viva de Helena, uma conexão direta com tudo o que havia sido perdido. Ela o olhava com uma ternura imensa, desejando poder dar-lhe o que ele realmente precisava: o amor e a proteção que sua mãe lhe teria dado, se estivesse ali.
Jordan, o irmão de Bella e o pai de Henrico, após a morte de Helena, havia se entregue à boêmia, vivendo uma vida de excessos e se afundando cada vez mais em sua própria dor. Ele se afastara de tudo e todos, incluindo seu filho, deixando Bella, com apenas 18 anos, para assumir a responsabilidade de cuidar do pequeno ser. A menina que ainda era uma adolescente não tinha escolha, mas sentia um amor incondicional pelo sobrinho, ainda que a carga sobre seus ombros fosse imensa.
Apesar de ter empregadas para cuidar de Henrico, babás que se revezavam ao longo do dia, Bella não conseguia se afastar do bebê por muito tempo. Ela sabia que, mais do que os cuidados básicos de alimentação e troca de fraldas, o que Henrico realmente precisava era do toque, do carinho e do afeto de uma família, algo que não poderia ser substituído por ninguém, nem mesmo por uma babá dedicada.
Enquanto o bebê estava em seu colo, com os olhos lentamente se fechando após o choro insistente que tinha tomado conta dele por horas, Bella acariciava sua testa com as pontas dos dedos, sentindo a maciez de sua pele e a suavidade de seus cabelos. Sua mão deslizava com cuidado por seu pequeno rosto, a respiração dele ficando mais tranquila a cada toque gentil. Bella sentia uma ligação profunda com Henrico, uma conexão que ia além dos laços de sangue. Ele era parte de sua irmã, e agora, ele era sua responsabilidade. Ela sabia que não poderia falhar com ele.
O quarto estava silencioso, exceto pelo som suave da respiração do bebê, e Bella se permitiu por um momento fechar os olhos também, sentindo seu próprio coração se apertar. Ela sabia que Henrico cresceria sem jamais conhecer o amor de sua mãe, a voz acolhedora de Helena que sempre estava por perto, e isso a consumia por dentro. Mas ela estava decidida a dar a ele tudo o que Helena teria dado, mesmo que sua capacidade fosse limitada. Bella beijou a testa do bebê com um carinho maternal, um gesto de afeto que ela soubera tão bem fazer por sua irmã, e agora estava fazendo por Henrico.
— Você é tão especial, Henrico... — sussurrou Bella para ele, sua voz baixa e carregada de emoção. — Mesmo sem sua mãe, você nunca vai estar sozinho. Eu vou estar aqui para você. Vou te amar do jeito que Helena faria, e mais do que isso. Vou te dar tudo o que eu puder, e sei que sua mãe ficaria orgulhosa de você.
Henrico finalmente adormeceu, e Bella o colocou suavemente no berço, certificando-se de que ele estava confortável, antes de se afastar um pouco para observá-lo com carinho. Ela sentia algo profundo dentro de si ao vê-lo dormir em paz, uma sensação de amor imenso e protetor. Embora soubesse que o futuro de Henrico não seria fácil, Bella faria o impossível para garantir que ele crescesse com o amor e a segurança que Helena, sua mãe, teria dado a ele se estivesse ali.
Enquanto olhava para o pequeno Henrico, Bella sentiu uma conexão inquebrantável com ele. Ela estava ali, não apenas por obrigação, mas porque, de alguma forma, Henrico e ela haviam se tornado um. Ambos estavam ligados pela dor da perda, mas também pela promessa silenciosa de não deixar a memória de Helena morrer, de cuidar dele e amá-lo como sua própria família, como ela mesma teria feito, como Helena teria feito.
Bella sabia que não poderia mudar o que acontecera, mas podia mudar o futuro de Henrico. Ela faria com que ele sentisse o carinho de uma família, mesmo que fosse apenas ela para oferecer isso. No fundo de seu coração, Bella tinha a certeza de que sua irmã ficaria orgulhosa do que ela estava fazendo. Afinal, Henrico agora era a última parte de Helena que restava, e ele merecia ser amado com toda a força que ela tinha.