A Bella e a Fera da Máfia

Capitulo 5

Era uma manhã cinzenta e fria quando Angel chegou à mansão Bianchi, sua visita habitual à amiga Bella, agora uma necessidade ainda mais urgente. Ela sabia que Bella estava enfrentando o peso da perda de Helena, e com o sobrinho Henrico agora sob seus cuidados, Angel se preocupava profundamente com o estado emocional da amiga. E mesmo se ela querendo negar, ela se preocupava muito com Jordan se o seu bem-estar, até porque o homem estava sofrendo e toda Sicilia comentava as suas aventuras nos bordeis. Ao chegar na entrada da casa, Angel não esperava ver a cena que encontrou.

Jordan estava ali, na entrada da mansão, sujo e completamente desalinhado. O seu cabelo bagunçado, a roupa suja, e o olhar vazio nos olhos eram um reflexo de um homem que havia se entregado completamente à boemia e à dor. Bella jamais o tinha visto daquela maneira, e isso a abalou profundamente. Ela não sabia se deveria ficar brava ou sentir pena dele. No fundo, ela sabia que ele também estava sofrendo, mas não conseguia entender como ele podia se perder tanto, negligenciando tudo o que ele tinha e, principalmente, o sobrinho de Helena.

— Jordan! — Angel gritou com desespero, tentando fazer o irmão de Bella se reagir. Ela se ajoelhou ao lado dele, segurando sua cabeça em seu colo, mas a cena era mais do que o que ela podia aguentar. Aquele homem que ela conhecia tão bem, agora parecia um estranho. Seu cheiro era forte, misturando álcool com o odor de charuto, um perfume de decadência.

O grito de Angel atraiu a atenção dos seguranças, que correram até ela. Luício, um dos capangas de Jordan, apareceu primeiro, e ao ver a situação, imediatamente se aproximou para ajudar.

— O que está acontecendo? — Luício perguntou, observando Jordan inconsciente nas mãos de Angel.

— Ele... ele está totalmente fora de si, Luício! — Angel gritou, a dor em sua voz evidente. — Ele está completamente perdido. O que está acontecendo com ele? Ele não é mais o Jordan que eu conheci!

Enrique, outro dos seguranças, se aproximou com mais calma, balançando a cabeça, visivelmente entediado com a situação.

— Deixe comigo, Angel. — Ele disse, tentando pegar o chefe das mãos dela. Quando fez isso, Jordan quase caiu no chão, mas Enrique conseguiu segurá-lo com firmeza.

— Ele está bem. Muito bem, na verdade... só está bêbado. Muito bêbado. — Enrique disse com um sorriso irônico. — Isso é o que acontece quando você decide fazer da boemia seu lar, não é?

Angel, exasperada e sem paciência, tentou resistir, mas Bella apareceu na porta, vendo toda a cena. Ao ver Jordan naquela situação, a dor tomou conta de sua expressão. Ela nunca imaginou que veria o irmão daquela maneira, e isso a machucava mais do que qualquer outra coisa.

Bella respirou fundo, tentando manter a calma. — O que aconteceu com ele? — Ela perguntou, sua voz tensa e preocupada.

Enrique e Luício começaram a arrastar Jordan para o interior da mansão, mas Angel ficou parada, observando o irmão de sua amiga sendo levado como um peso morto, seu rosto contorcido de vergonha. Não demorou muito até que o levaram para o quarto, e Enrique, sem hesitar, aplicou um banho frio nele para tentar trazê-lo de volta à consciência.

A água fria foi o suficiente para Jordan começar a acordar, mas ele estava confuso, não entendendo onde estava nem o que havia acontecido. Seus olhos estavam meio arregalados e, ao olhar para a sala, finalmente reconheceu onde estava.

Bella e Angel ficaram sozinhas na sala, os olhos de Angel fixos em Bella, cheia de preocupação.

— Bella, você está bem? — Angel perguntou, aproximando-se da amiga. Ela sabia que Bella estava preocupada com mais coisas do que apenas o estado de Jordan. Ela sabia da responsabilidade que ela tinha com Henrico, e a pressão de cuidar dele estava começando a afetá-la.

Bella soltou um suspiro pesado, sua expressão distante. — Eu não sei, Angel... Eu realmente não sei. Ele... Jordan está tão perdido, e eu não sei o que fazer. O que aconteceu com ele? Ele... ele me traiu e, agora, está afundado nessa vida de decadência. E tudo o que eu posso fazer é olhar para ele, como se eu não pudesse fazer nada.

Angel colocou a mão sobre o ombro de Bella, tentando confortá-la, mas ela também estava preocupada com algo mais.

— E Henrico? Como está o menino? — Ela perguntou, tentando mudar de assunto para algo que Bella pudesse controlar. — Ele está bem?

Bella olhou para baixo, seus olhos suavizando ao falar de Henrico. — Ele está bem. Mas... Angel, não é fácil. Eu queria tanto que Helena estivesse aqui. Eu sinto tanto a falta dela... e Henrico, ele precisa de tanto. Eu sou a única pessoa que pode dar a ele o que ele precisa, mas não sei se estou à altura disso.

Angel apertou o ombro de Bella com mais firmeza, olhando-a nos olhos. — Você vai dar tudo a ele, Bella. Eu sei disso. Mas você precisa descansar, precisa de ajuda.

Bella afastou-se ligeiramente de Angel, os olhos tristes. — Eu não posso pedir ajuda. Não... não quando todo mundo tem medo do que Salvatore Romano pode fazer. E não, Angel, eu não posso deixar que ele saiba sobre Henrico. Eu não posso.

Angel ficou em silêncio por um momento, observando sua amiga com preocupação. — Você tem razão. Salvatore... ele é perigoso, não há dúvida. Mas talvez seja melhor que ele saiba sobre Henrico. Eu sei que você tem medo da reação dele, mas... Jordan e Helena se amavam, Bella. Isso deveria ser dito a ele.

Bella balançou a cabeça, a dor ainda evidente em seus olhos. — Não cabe a mim decidir isso, Angel. Eu nem sequer conheço Salvatore. Não posso envolver esse homem, não agora. Ele é... ele é um enigma, e eu não posso arriscar.

Angel respirou fundo, entendendo as palavras de Bella, mas não concordando completamente. Ela sabia que a verdade deveria ser revelada, mas também entendia o medo e a dor que Bella estava sentindo.

— Você tem razão, Bella. Vamos lidar com isso do seu jeito. Só saiba que, se precisar de mim, estou aqui.

Bella assentiu, e, por um momento, a sala ficou em silêncio, enquanto o peso das palavras e das decisões pairava no ar.