Capitulo 2

1443 Words
Anos depois A tempestade rugia lá fora, o vento cortava a noite com sua fúria, enquanto o som do trovão parecia engolir a mansão Romano. Salvatore Romano estava sentado em seu escritório, sozinho, observando o quadro escuro da janela. À sua volta, o silêncio da casa era interrompido apenas pelos estalos da madeira e o som abafado da chuva contra as vidraças. Seu olhar estava fixo em nada, e sua mente, porém, estava distante. Há mais de uma década, ele se tornara o grande líder da máfia na Sicília, e a guerra com a família Bianchi nunca cessara. Mas, naquela noite, nada parecia ser mais importante do que Helena, sua irmã. Ela sempre fora sua responsabilidade, sua rosa intocada. Desde a morte de seus pais, Salvatore jurara protegê-la, e era isso que o consumia agora. O telefone tocou abruptamente, quebrando a quietude. — Senhor Romano, — disse uma voz feminina, fria e implacável. — Aqui é da administração da Harvard University. Estamos tentando entrar em contato com Helena Romano. Ela não compareceu às aulas em dois semestres consecutivos. Gostaríamos de saber se há alguma atualização sobre seu paradeiro. Aquelas palavras, tão simples e diretas, atingiram Salvatore com a força de um soco. Helena... desaparecida? A última vez que soubera dela, ela estava em Harvard, tentando buscar um futuro diferente, longe das sombras da máfia, mas agora... nada. A ausência de respostas era insuportável. Desligando o telefone, Salvatore imediatamente acionou sua rede de contatos. Em poucos minutos, ele soubera a verdade: Helena não estava mais em Harvard. Ela havia sido sequestrada. E quem mais poderia ser responsável senão os Bianchi, a família rival com quem os Romanos travavam uma guerra sem fim? Ele não hesitou. O ódio pelos Bianchi queimava mais forte do que nunca, mas naquele momento, o que importava era resgatar Helena. Ele não permitiria que os Bianchi tocassem nela, nem que ela fosse uma peça de sua vingança. Com seus homens mais confiáveis — Vincenzo, Domenico e Antonio — Salvatore partiu para Londres. Ele sabia que se os Bianchi estavam envolvidos, isso seria algo pessoal. Jordan Bianchi, o filho do líder da facção rival, provavelmente estava por trás do sequestro. Ele não podia deixar Helena nas mãos de um Bianchi. Não poderia. A missão era clara: resgatar Helena e, se necessário, destruir tudo o que fosse preciso. *** A noite na mansão Bianchi estava silenciosa, mas havia algo no ar que a tornava palpável, como se a calmaria fosse uma ilusão prestes a ser quebrada. A chuva caía forte lá fora, mas dentro da mansão, tudo parecia estar em perfeita ordem. Até que, de repente, um alarme de invasão soou, cortando o silêncio com um som estridente. O eco de uma ameaça iminente fez o sangue de Jordan Bianchi ferver. Ele acordou em um pulo, os olhos arregalados de pânico. O alarme não era um bom sinal. Ele se levantou rapidamente da cama, olhando para Helena, que ainda dormia tranquilamente ao seu lado, completamente alheia à situação. Mas ao ouvir o alarme, ela acordou assustada, seus olhos se arregalando ao perceber o que estava acontecendo. — Fique aqui — disse Jordan, sua voz rouca e apressada, enquanto se levantava e puxava uma jaqueta. — Não saia de onde está, Helena. Vou cuidar disso. Helena tentou protestar, mas sabia que ele não a ouviria. Ele era o tipo de homem que tomava decisões sem hesitar, sem olhar para trás. Ela olhou para ele com um olhar carregado de medo, mas ele não parecia notar. Jordan pegou a arma na gaveta e desceu as escadas da mansão, com passos rápidos e firmes. O som de tiros distantes ecoava pelo corredor, e ele sabia que a situação estava prestes a se tornar ainda mais caótica. Ele parou no meio das escadas, a arma em mãos, e viu a figura de Salvatore Romano com seus homens posicionados no fundo da sala. O confronto estava prestes a acontecer. Salvatore, o chefe da máfia siciliana, e Jordan, ambos estavam ali com um único objetivo: um queria resgatar sua irmã, e o outro a tinha como refém. — Salvatore, você é um homem ousado, vindo até aqui! — gritou Jordan, sua voz firme, mas com um toque de desafio. — O que você quer comigo agora? Salvatore se aproximou, sua postura calma, mas seu olhar estava cheio de raiva. Ele sabia que nada mais importava além de salvar Helena. — Eu exijo que você entregue minha irmã, Jordan. Já chega de joguinhos — disse Salvatore com voz firme, as palavras saindo como uma ameaça. — Ela não está aqui para ser uma moeda de troca. Ela está aqui contra a sua vontade. Entregue-a agora. Jordan olhou para ele com desprezo, a arma levantada. Ele não se intimidou. — Você não entende, Salvatore — disse Jordan com um sorriso cínico, tentando controlar o ódio que se formava dentro de si. — Helena é minha. Ela me ama, e eu a amo. Não vou deixá-la ir embora. O silêncio pairou por um momento, e então, os tiros começaram a ecoar. A troca de tiros foi instantânea e violenta. O som de balas ricocheteando nas paredes e o cheiro de pólvora preenchiam o ar enquanto ambos os lados disparavam sem piedade. O medo não tinha espaço ali; era uma guerra, e eles estavam prontos para lutar até o fim. Jordan foi atingido primeiro, uma bala rasgando seu ombro e depois uma na perna. Ele gritou de dor, mas continuou disparando, sem dar atenção à sua própria dor. A adrenalina tomava conta dele, e ele estava mais focado do que nunca. Salvatore não recuava, atirando com precisão, seus homens ao seu lado, mas a batalha estava longe de ser decidida. Foi então que o grito cortante de Helena ecoou pela mansão, um grito que fez o coração de todos falhar por um momento. Jordan virou-se rapidamente, com a dor no corpo, e correu em direção à escada. Lá, ao fundo, ele a viu. Helena estava na beira da escada, caída e sangrando, seu corpo tremendo. O medo e a angústia se espalharam pelo coração de Jordan, mas ele não hesitou. Ele correu até ela, esquecendo a luta ao seu redor, seu único foco agora era ela. — Helena! — ele gritou, sua voz rasgada pela dor. — Não, não, por favor, não faça isso! Salvatore, que também tinha ouvido o grito, correu atrás de Jordan, mas o destino parecia c***l demais. Quando Jordan chegou até Helena, ele a pegou nos braços, sua mão tremendo enquanto ele tentava estancar o sangue que escorria de sua barriga. Seus olhos, aqueles olhos que sempre pareciam ter uma resposta para tudo, agora estavam cheios de desespero. — Helena, não! — ele disse, sua voz quebrando com a dor. — Não me deixe! Ela levantou a cabeça, seus olhos fixos nos de Jordan, com um sorriso fraco em seus lábios, mas a dor era evidente. Ela sabia que o fim estava próximo, e tentou falar, mas a voz falhou. — Eu... eu... te amo, Jordan... — ela sussurrou, seu corpo fraquejando em seus braços. — Mas... você... não pode... salvar-me... Jordan a segurou com força, como se pudesse impedir o destino de levá-la, mas o sangue continuava a escorrer. Ele sentiu seu próprio corpo tremendo, e o peso da dor de ver a mulher que amava morrer em seus braços foi esmagador. — Não, Helena! — ele gritou novamente, desesperado, mas as palavras não foram suficientes. No momento seguinte, ela se foi, seus olhos perdendo a vida e se fechando lentamente. No entanto, o som dos tiros não cessou. Salvatore, em meio ao seu próprio sofrimento, viu o que acontecia. Ele estava ali, observando a morte de Helena, e um ódio profundo e incontrolável tomou conta dele. Não importava mais a guerra, não importava mais nada. Ele olhou para Jordan com olhos de fogo, mas o sentimento de perda e vingança o dominou. — Você matou minha irmã! — gritou Salvatore, sua voz fria e cortante. Mas antes que ele pudesse fazer mais, uma bala atingiu-o no peito, vindo de um dos homens de Jordan. Salvatore caiu, sangrando, mas ainda de pé, lutando pela última vez. O caos continuava a se desenrolar na mansão Bianchi. A batalha, a perda, tudo estava acontecendo tão rápido que ninguém sabia mais o que era real e o que era apenas dor. No fim, todos estavam quebrados. Jordan havia perdido Helena, sua vida e seu coração quebrados ao vê-la morrer nos seus braços. Salvatore, atingido, ainda estava de pé, mas a dor que ele sentia, a dor de perder sua irmã para sempre, estava além do que qualquer palavra poderia descrever.
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