Capitulo11

801 Words
Bella ficou deitada no chão frio e úmido da adega escura, o corpo tremendo não só pela sensação de frio, mas também pela dor e humilhação que sentia. Ela havia tentado ser forte, mas a intensidade de tudo o que acontecera com ela, a brutalidade de Salvatore, a sensação de estar tão sozinha e vulnerável, a fez sucumbir às lágrimas. Ela chorava em silêncio, soluços abafados pela escuridão que a envolvia. Não sabia quanto tempo passou assim, mas o sono finalmente a venceu, e ela adormeceu no chão gelado, exausta tanto emocional quanto fisicamente. Ela foi acordada por vozes. O som a trouxe de volta à realidade, e, ao abrir os olhos, viu apenas a escuridão à sua volta. Mas as vozes eram mais próximas agora. Curiosa, Bella ouviu uma conversa: — O mestre não vai gostar da gente aqui — disse uma voz adulta, com um tom preocupado. — Eu não cozinhei a noite toda para ninguém comer! Além disso, não podemos deixar nossa hóspede com fome... — respondeu outra voz, mais firme. A voz mais baixa, infantil, interveio então: — Mamãe, a moça bonita está olhando para a gente. Bella levantou a cabeça lentamente, ainda tonta, e, ao olhar em volta, viu os olhos curiosos dos servos do castelo de Salvatore, observando-a. Eles se entreolhavam, mas ninguém parecia fazer movimentos agressivos, apenas cautelosos, como se temessem o que poderia acontecer com eles. Foi então que uma mulher baixinha e gordinha se aproximou com um sorriso acolhedor. Ela estava vestida com um uniforme simples, e seu olhar suave contrastava com o medo que Bella sentia. — Olá, senhorita Bella — disse a mulher, sua voz suave e amistosa. — Eu sou Francesca, e esses são Deogenes e meu filho Blen. Imaginamos que a senhorita esteja com fome... — ela olhou para Bella com um olhar de simpatia. Blen, o garoto, olhou para Bella com um sorriso tímido e disse: — Está frio, mamãe, e ela parece estar com fome. Bella, ainda se sentindo desorientada, olhou para eles com um olhar cansado. Ela queria dizer que estava bem, que não precisava de nada, mas a verdade era que sua fome estava começando a se manifestar, e seu estômago roncou baixinho, sem aviso. Bella corou, constrangida, e tentou ignorar, mas não conseguiu esconder o riso suave de Blen. — Não quero comer, obrigada — respondeu Bella, sua voz fraca e cheia de orgulho ferido. Mas o estômago de Bella não mentiu, e, ao ouvir o som do seu estômago roncando, Francesca sorriu, com um olhar de compreensão, e disse: — Nosso mestre é um pouco difícil, senhorita. Recomendo que coma antes de arrumar uma guerra com ele. — A mulher falou com suavidade, mas com uma certa seriedade que Bella não pôde ignorar. Sentindo-se mais pressionada, Bella olhou para a comida que Francesca havia colocado à sua frente. Ela estava esfomeada, mas seu orgulho ainda a fazia hesitar. Contudo, a fome venceu, e Bella pegou a comida, sentando-se no chão frio da adega. Ela comeu em silêncio, cada garfada sentida não apenas pelo estômago, mas também pela mente, que tentava processar tudo o que estava acontecendo. Quando terminou, suspirou profundamente, aliviada pela sensação de ter comido, mas ainda tensa com a situação. Ela olhou para Francesca e, com a voz firme, disse: — Por favor, me deixe sair. Eu... não posso ficar aqui. Francesca olhou para ela com uma expressão de pesar, balançando a cabeça lentamente. — Eu não posso fazer isso, senhorita Bella. Eu não posso perder meu emprego. Mas prometo que vou cuidar de você enquanto estiver aqui. — Francesca disse, com um toque de gentileza em suas palavras, como se tentasse lhe dar algum tipo de conforto. Deogenes, o homem mais velho e mais sério, entregou-lhe um saco de dormir e um cobertor grosso, dizendo com voz baixa, mas firme: — Você vai precisar disso. Mas, por favor, esconda isso assim que acordar de manhã. Não podemos deixar o mestre saber que estamos ajudando você, ou estaremos todos na rua. Bella olhou para ele, absorvendo as palavras. Ela sabia que ele estava certo. O medo de Salvatore dominava tudo ali, e ela estava nas mãos dele, mais do que nunca. Quando os servos começaram a se afastar, Deogenes murmurou mais uma vez: — Se o mestre descobrir... Não queremos estar na sua posição. Francesca deu um último sorriso caloroso a Bella e, com um aceno de cabeça, saiu da adega com seu filho, deixando Bella sozinha novamente. Ela se enrolou no saco de dormir e se deitou no chão frio, mas, apesar da exaustão, sabia que a luta estava apenas começando. Ela não sabia quanto tempo ficaria ali, mas algo dentro dela dizia que, ao enfrentar Salvatore, ela teria que ser mais forte do que jamais imaginou ser. ,,
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