Dilan não foi dormir com eles naquela noite, ele ficou em um dos apartamentos que tinha na cidade, para que eles pudessem bisbilhotar o quanto quisessem. Apesar de tudo ele queria que eles se sentissem em casa.
Ele estava em seu escritório, analisando os planos de um de seus próximos projetos, porém, toda sua atenção estava voltada para Nicole e aquele pirralho que era filho de sat*anás, do arcanjo, do anticristo e de todas as coisas rui*ns que podem ter uma pessoa. Uma criança de três anos não pode ser tão má, especialmente se estiver doente, mas aquela monstruosidade do m*al realmente não poderia se enquadrar em caraterísticas diferentes.
—Achei que você iria passar a noite com Nicole e seu filho. Disse Frederico, entrando em seu escritório sem bater. Como você passou a semana inteira incomodando ela, imaginei que não estaria disponível para ninguém agora que finalmente tinha conseguido o que queria.
— Não estou com humor para ser incomodado com esse tipo de coisa, Frederico. Ele estalou a língua. — Quero ficar sozinho por um momento.
— Problemas no paraíso?
— Pode ser que sim. Ele suspirou, exasperado. — Não me sinto nada bem agora. Confessou, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Acho que as coisas estão indo de m*al a pior agora e...
— Você não sabe como conquistar Nicole. Frederico concluiu por ele. — Eu te disse que Nicole não é uma pessoa má, que ela estava ferrada com as dívidas que tinha que pagar pela mãe, pouquíssimos filhos fazem coisas pelos pais doentes e ela fez o impossível para mantê-la viva.
— Você já me contou isso antes. Ele movia a caneta de um lado para o outro entre os dedos – A semente do m*al está me dando muitas dores de cabeça agora.
— Então você é o m*al. Ele olhou m*aldosamente para o amigo. — É seu filho, se você procurar uma foto sua de quando era criança e a única coisa diferente que vai encontrar é a cor dos olhos e os cabelos pretos. Que ele herdou de sua mãe.
— Aquela criança é como a cópia do filho do dia*bo, como é possível alguém ser tão inteligente?
— Você ficaria surpreso em saber que existem crianças que são muito mais espertas do que nós dois juntos e que têm a mesma idade do Jonas. Suspirou o seu amigo. —Nicole o levou ao médico, tudo estava normal e o que acontece com Jonas é que ele tem uma memória fotográfica fantástica.
— Eu entendo, acho que já sei de tudo isso...
Nicole sempre tenta ajudá-lo a levar uma vida normal, mas você sabe que por sua causa ele tem passado mais tempo em hospitais do que brincando com outras crianças...
—Os tratamentos para crianças como ele não são baratos, você pagou por eles?
—Isso é algo que você tem que perguntar ao seu pai. Frederico o fez parecer surpreso. —Seu pai me disse que se Jedward entrasse em crise e você não o ajudasse, ele assumiria a operação.
—Meu pai sabe da existência de Nicole?
— O que o seu pai não sabe? Essa seria a pergunta certa. Ele se virou para sair. —Eu tenho que fazer algumas coisas. É melhor você terminar os planos e ir para casa, porque se ficar aqui não vai conseguir trazer a sua família de volta.
Ele torceu o nariz e pegou o celular, procurando o aplicativo onde estavam localizados os vídeos das câmeras da casa. Nicole estava a uma distância segura, observando a equipe médica atender Jonas, aquele filho de sata*nás. Por causa dele, eu tive que ficar em outro lugar, pois não poderíamos ter uma vida íntim*a de casal com ele por perto. Durante anos eu me achei estéril, e por algum motivo sempre me protegi ao ter intimi*dade com uma mulher, porém, Nicole o fez quebrar aquela barreira que ele criou para si mesmo e ele nunca cuidou de si mesmo com ela e muito menos contou a ela que ele era estéril.
Ele trabalhou muitas horas, até receber uma mensagem do médico responsável por Jonas pedindo-lhe que comprasse alguns remédios para ele. Ele revirou os olhos, pois tinha que cuidar de tudo e ser pai nunca foi algo que estivesse ao seu alcance ou pensamentos. Até ele achou estranho entrar naquela posição, comprar o que dizia a receita e sair como se fosse um ladrão no meio da noite.
— Iremos para minha casa. Disse ele ao motorista, e ele assentiu.
No caminho, ele revisou tudo o que deixou pendente e quem o visse naquele estado diria para ele procurar um psiquiatra, pois estava se tornando um hábito para ele se afastar da empresa.
— Bom dia. Ele cumprimentou assim que entrou em casa e viu que a equipe médica não estava em lugar nenhum. — Onde eles estão...?
— Eles acabaram de sair. Disse Nicole, comendo um morango. — Achei que você não voltaria. Já que você saiu ontem à noite sem me contar nada, agora imagino que você deve estar muito feliz com tudo...
— Não estou aqui para discutir entre nós dois. Disse Dilan. — Trouxe o remédio que o médico receitou para Jonas.
— Você vai sair de novo? Nicole perguntou, caminhando até a cozinha. — Para saber se tenho que fazer mais jantar.
— Não, vou dormir aqui esta noite...
— Espere um momento. Disse sua esposa, virando-se para ele. — Você quer fazer as pazes com meu filho? Você quer fingir ser um bom pai agora que sabe que não vai conseguir nada comigo?
— Temos um acordo. Ele se aproximou. —Tenho respeitado tudo, tenho feito de tudo para que aquele pirr*alho fique bem...
— Ele é seu filho, não se esqueça disso. Mostrou Nicole.
— O que você diz é admirável, porém, Natacha não está nesta casa e você é minha esposa legalmente e em breve o seremos diante das leis de Deus.
— Que? Do que você está falando?
— Vamos nos casar na igreja. Ele ainda não a soltou. — Eu já te disse isso e iremos comprar os anéis assim que tivermos tempo.
—Você não vai ficar entediado comigo tão cedo pelo que estou vendo.
—Não, você vai ter que se acostumar a me ver sempre aqui, ontem à noite, deixei você dormir sozinha com o Jonas, para que você pudesse saber tudo que tem aqui, pois você não vai sair do meu lado por mais que queira .
—Não que eu tivesse outra opção, porque o transplante de rim tem prazo de validade e o que deram para meu filho é de alguém que faleceu...
—Não, são dois rins compatíveis de pessoas diferentes que ainda estão vivas, então essa monstruosidade do ma*l terá no máximo vinte anos antes de precisar de outro.
—Não chame ele assim, porque você também estava na criação. Supere o fato de que você não é estéril como pensava e procure alternativas para que ele te ame, pois você está fazendo tudo ao contrário. Ele sorriu para ela sem mostrar os dentes. — Se você quiser me vencer, terá que vencer o Jonas, porque nós dois viemos no mesmo pacote.
— Bem, será assim.
Dilan se virou, tirando o paletó e desabotoando os primeiros botões da camisa. Ela foi até a brinquedoteca, onde o encontrou dormindo em uma das almofadas, e o cheiro de remédio chegou às suas narinas. Os quebra-cabeças estavam perto dele, alguns m*al começaram a ser montados e outros pela metade.
— O que você está fazendo aqui? Jonas perguntou a ele, abrindo os olhos. — E a minha mãe?
— Ela está preparando o jantar. Respondeu ele, sentando-se no chão. — Algo está doendo?
—Estou com muito sono. Ele bocejou. — Me leve para a cama.
Ele levantou os braços para ela pegá-lo e ele o fez. Ele colocou-o nas pernas e pegou um dos quebra-cabeças que havia ali para montá-lo.
— Sua mãe me disse que eu tenho que me dar bem com você, porque você é meu filho. Ele começou a dizer, retirando as peças. —Porém, você não me ama e me trata m*al.
—Eu não te amo porque você não me ama. Ele descansou a cabeça no peito de Dilan. — Ela me disse que eu também tinha que me dar bem com você, porque você é meu pai, mas você me chama de cria do dia*bo e isso me incomoda.
— Você fala como se tivesse uma idade maior e não três anos. Ele comentou, colocando a primeira peça e Jonas fez o mesmo com a outra. — Sua mãe te levou ao médico?
— Sim, duas vezes e depois ela disse que não tinha mais dinheiro para me levar a outro médico. Respondeu Jonas, juntando as peças. — Falaram que eu tenho boa memória, que talvez eu tenha herdado isso do meu pai e aí ela se sentiu m*al.
— Sentiu? Porque?
—Porque ela disse ao médico que você não poderia ter filhos e que você a odiava por algo que não era culpa dela, mas de outra mulher má. Jonas falou sem pensar. — Minha mãe chorava à noite, porque ela não queria ficar longe de mim ou de você.
— Ela deveria ter me procurado se algo não estivesse certo.
— Se ela procurasse por você, você ficaria muito bravo com ela.
— Não vou mais ficar bravo com sua mãe, gosto muito dela...
— Ela é minha, minha mãe é minha. Decretou o dia*binho. — Encontre outra pessoa.
Bem, tudo isso seria difícil.